segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Contagem decrescente II

Daqui a pouco mais de 24 horas, e por alguns dias:

- não lerei jornais portugueses :-)
- não me lembrarei do Sr. Silva nem do Sr. Sousa :-)
- não me peocuparei com o trabalho :-)
- não passearei pela web :-o
- não estarei com o meu cão :,-(
- ...

Hmmmm.... Vou fazer as malas.
Mapa daqui

domingo, 21 de outubro de 2007

O Melro e o Padre Cura

Vem este título* a propósito da noite de Gala de sexta-feira passada no S. Carlos, que serviu para apresentar dois cantores que vão aparecer mais vezes esta temporada e umas habilidades de José Cura.

A primeira parte foi preenchida com algumas árias e coros de ópera. Infelizmente, há uma boa razão para que nos espectáculos de ópera a orquestra fique no fosso: desta vez a Sinfónica Portuguesa encheu o palco e por várias vezes abafou completamente os cantores.

Estes cantaram mas não me encantaram; é possível que a ária de Liù, Signore ascolta, não tenha sido a mais bem escolhida para fazer brilhar Chelsey Schill, e admito que venha a revelar-se uma Gilda interessante, com uma voz cristalina. Johannes von Duisburg, hirto em palco, tem um vibrato nas notas longas que me incomoda. Medonho mesmo, foi pôr Maurício Ferrer, que está na mudança de voz, a cantar o pastor do início do terceiro acto da Tosca.

Quanto a José Cura, parece querer seguir os passos de Placido Domingo, desde cantar árias de barítono (que pena ter desaparecido do YouTube um clip em que Domingo contracenava consigo próprio a fazer Almaviva e Figaro) a reger a orquestra.

Mas para reger uma orquesta Cura tem ainda muito que aprender: no 1º andamento da 9ª Sinfonia de Beethoven achei-o uma distracção tão alarmante, com a batuta a fazer de metrónomo, que tive de fechar os olhos. O 2º andamento é tão genial (adoro aquelas pausas, as dissonâncias, a maneira como os temas são desdobrados pelos vários instrumentos - acho que está lá tudo o que os compositores do séc. XX quiseram fazer, mas em bom) que nem o Cura mo conseguiu estragar. O resto, confesso que achei uma seca.

Isto está mau. Veremos o que acontece com a continuação da temporada, mas acho melhor começar a sério a ver os programas de outras cidades pela Europa fora.

*Na realidade o título refere-se ao poema de Guerra Junqueiro, e não tem de facto à primeira vista que ver com o espectáculo em causa. O melro tem, mas é outra história.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Watson, a inteligência e os jornalistas

Notícia do Público:

Declarações polémicas ao “Sunday Times”
James Watson diz que os negros são menos inteligentes que os brancos
17.10.2007 - 12h12 PUBLICO.PT
James Watson, Nobel da Medicina em 1962, um dos homens responsáveis pela descoberta da estrutura molecular do ADN, a dupla hélice da vida, precursor da genética, acredita que os negros são menos inteligentes que os brancos. As suas declarações, publicadas num trabalho no “Sunday Times”, de domingo passado, estão a envolver o cientista, mais uma vez, numa acesa polémica.

Notícia do Sunday Times:
October 17, 2007
Black people 'less intelligent' scientist claims
Helen Nugent
One of the world’s most respected scientists is embroiled in an extraordinary row after claiming that black people are less intelligent than white people.

Agora experimentem ler o artigo. Há várias citações de James Watson, e em nenhuma delas o cientista afirma que os negros são menos inteligentes do que os brancos. Diz só que têm uma inteligência diferente, e que o seu raciocínio evoluiu de modo diferente.

Diferente não quer dizer mau, como os homossexuais estão fartos de nos fazer notar. Mau é andar-se perdido no labirinto do politicamente correcto.

A Lei e a Ética

Notícia do Público:

Bastonário fala de arrogância
Ministério obriga Ordem dos Médicos a adaptar Código Deontológico à lei do aborto
18.10.2007 - 11h40 Catarina Gomes
Com base num parecer da Procuradoria-Geral da República, o Ministério da Saúde (MS) concluiu que a Ordem dos Médicos vai ter que alterar o seu Código Deontológico em relação ao aborto por desrespeitar a lei actual que despenalizou a interrupção voluntária da gravidez por opção da mulher até às dez semanas. O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) qualifica o acto do ministro da saúde de "inútil, arrogante e prepotente".
(...)
"Nós não somos idiotas", responde o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, para dizer que nunca "nenhum médico foi penalizado por cumprir a lei" que se sobrepõe a um código deontológico. E refere-se a um parecer da Provedoria de Justiça que dizia que a deontologia não tinha que ser alterada para se adaptar à lei tratando-se de princípios éticos da profissão. Obrigar a OM a mudar a deontologia é um "acto inútil", porque nada muda, mas que vale pelo seu simbolismo: trata-se de "um Governo arrogante que quer impor a um grupo profissional que mude a sua ética porque houve mudança na lei".

Interessante mesmo é ler os comentários a esta notícia. Perceber que há portugueses para quem a culpa dos problemas da Saúde em Portugal é dos médicos (até a falta de enfermeiros! Ah como esfrega as mãos de contente esta gente diante da próxima aplicação do ponto digital, aka controle biométrico da assiduidade). Perceber que há portugueses que não distinguem deontologia e lei. Perceber que há portugueses que não sabem fazer contas, nem sabem que o resultado deste referendo, não sendo vinculativo, só se tornou lei porque era o resultado que interessava à maioria socialista. E, por outro lado, perceber que há portugueses que entendem perfeitamente o que se está a passar.

O bastonário está farto deste desgoverno. Estamos todos. Eu, que sou a favor da despenalização do aborto, e espero nunca ter de fazer nenhum, acho que as leis mudam conforme o que é conveniente para os povos, mas que a ética não se muda ao sabor das leis.

Falem baixo

Notícia do Sol:

5a-feira, 18 Outubro
Estudo sobre saúde
Altura na idade adulta afecta qualidade de vida
Um estudo britânico revela que as pessoas baixas consideram ter pior saúde física e mental do que as pessoas com um tamanho considerado normal
(...)
Os resultados realçam que quanto mais baixas são as pessoas, mais baixa é a classificação que atribuem à sua qualidade de vida.

Ganda nóia, hem?

O livro dos recordes da estupidez

Se não existe, deveria existir, e nele caberia certamente a iniciativa mundial «Levanta-te» contra a pobreza, cujo objectivo, segundo o Sol, era reunir centenas de estudantes universitários numa cama gigante para que os participantes se «deitem juntos» e «despertem juntos contra a pobreza».
O telejornal da RTP de ontem enfatizava a pretensão de uma entrada no Guinness Book of Records, o que parece confirmar-se.
A "iniciativa", organizada em Portugal pela Associação PAR, teve apoios da Delta cafés e da TMN.

Ah, que generosidade!
Se tivessem entregue o dinheiro ao Banco Alimentar contra a Fome, às Misericórdias, aos orfanatos, não teria sido mais útil no alívio da pobreza?

terça-feira, 16 de outubro de 2007

É a economia, estúpida

Pois é, nunca fui muito certa em contas, mas faz-me confusão como se pode prever valores de inflação de 2,1% para 2008 quando o barril de petróleo não pára de subir (agora anda pelos 85 dólares em Nova Iorque e 82 dólares em Londres), quando o preço da electricidade no continente vai subir 2,9%, o preço dos táxis subiu de 40 para 42 cêntimos por quilómetro (5%), a água no Porto pode aumentar entre 8 e "menos de 5%", as rendas dos escritórios em Lisboa subiram uma percentagem indeterminada (embora o aumento da procura tenha números da ordem dos 31%) e finalmente o preço do pão pode aumentar 10% este ano.

Afinal o que é que desce para compensar estas subidas?
(Até tenho medo da resposta)

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Separar para Reciclar

Um simpático presente para os amigos: uma caixa de plástico com tampa, que se pode comprar na Pollux, contendo três baldes coloridos para separar resíduos.

Costuma resultar, sem ser preciso estardalhaço. Na próxima visita, é provável que os amigos já estejam a separar e reciclar.




Contagem decrescente I

Finalmente (em breve) vou ter férias. Nem de propósito encontro este site que recria a encarnado (porque não a verde?) o mapa do mundo por países visitados.




Posto assim, parece que conheço meio mundo. Mas não é verdade: só amostras.

Taboo or not taboo

Notícia do Correio da Manhã (juro que só lá fui à procura do bilhete postal de José Medeiros Ferreira - gosto mais dos posts no blog dele):

Política
2007-10-15 - 14:14:00
Candidato à liderança do grupo parlamentar do PSD
Santana Lopes acaba com tabu
Pedro Santana Lopes acabou esta segunda-feira com o tabu sobre a sua eventual candidatura à liderança do grupo parlamentar do PSD, ao revelar que está disponível para desempenhar o cargo.

Vamos lá, todos em coro: Oooooh! Aaaaaah! Surpresa!

domingo, 14 de outubro de 2007

Só me faltou ir a Fátima - Parte II

Como se vê a diferença entre um sobreiro e uma azinheira?
Abana-se a árvore.
Se caírem bolotas, é sobreiro.
Se caírem nossas-senhoras, é azinheira.

(contada, há muitos anos, pelo DF)

Jobs for the boys

A propósito deste post do 31 da armada, lembrei-me mais uma vez desta frase de Cícero (e passei uma boa parte do dia a reler a correspondência à procura da frase em questão):

miserius nihil quam ipsa victoria, quae, etiamsi ad meliores venit, tamen eos ipsos ferociores impotentioresque reddit, ut, etiamsi natura tales non sint, necessitate esse cogantur; multa enim victori eorum arbitrio, per quos vicit, etiam invito facienda sunt.

(não há nada mais triste que a própria vitória, a qual, ainda que seja alcançada pelos melhores, no entanto os torna mais ferozes e descontrolados, já que mesmo que o não sejam por natureza, a isso serão levados pela necessidade; com efeito o vencedor, mesmo constrangido, tem de fazer muitas vontades àqueles por quem venceu)

M. T. Cicero, Ad Familiares, IV, 9

foto: VRoma

Sobre as relações entre homens e mulheres

Não vês que confundiram no teu país a coisa que não tem sensibilidade, nem pensamento, nem desejo, nem vontade; que se larga, que se toma, que se guarda, que se troca, sem que ela sofra e sem que ela se queixe, com a coisa que não se troca, não se adquire, que tem liberdade, vontade, desejo, que pode dar-se ou recusar-se por um momento, dar-se ou recusar-se para sempre, que se queixa e que sofre, e que não saberia transformar-se num efeito de comércio sem que se esqueça o seu carácter e se faça violência à Natureza?

Denis Diderot, Supplément au voyage de Bougainville, in Clara Pinto Correia, Mapa Múndi, 2006, pg. 226

Para ler o Supplément na língua original, clicar aqui.

sábado, 13 de outubro de 2007

Memória curta

Segundo o Sol, Luís Filipe Menezes dedicou largos minutos a criticar o Governo, recordando as promessas não cumpridas por José Sócrates.
«O actual primeiro-ministro rompeu um ciclo virtuoso da democracia. Até hoje, ninguém tinha renegado os compromissos eleitorais», acusou, classificando o comportamento de José Sócrates como «imperdoável».


Ah sim? Porque Durão Barroso não aumentou os impostos assim que foi eleito, depois de prometer que os ia baixar?
José Sousa vai mais longe, concordo, mas nem aí é pioneiro.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O cruel destino dos cedros

Chorai, cedros do Líbano, a sorte cruel da vossa raça. Vós que guardastes os tesouros de Príamo e o altar de Salomão, sois agora miniaturas bacocas de igrejas modernaças para vender a beatas.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

À procura de um shampoo

Fui ao supermercado à procura de um shampoo que não pertencesse a uma companhia que faça testes em animais. Não esperava que fosse tão difícil.

Pantene, Head&Shoulders são Procter&Gamble, que faz testes em animais;
Herbal Essences são Clairol, que não testa esta linha mas outras sim;
Fructis, UltraSuave são Garnier, que pertence à L'Oréal que parece que faz testes;
Elvive é L'Oréal, ditto;
Palmolive é Colgate-Palmolive, que faz testes;
Dove, Organics são Unilever, que faz testes.

Nivea é Beiersdorf, que não faz testes. Estou safa.

Eles vêm aí!

Notícia do DN:

Lisboa 09.10.07
SOCIEDADE
Governo quer duas mil vagas em Medicina
(...)
O ministro da Saúde defendeu ontem, durante a inauguração da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho (UM), em Braga, que é preciso aumentar para duas mil as actuais 1400 vagas de ingresso ao curso de Medicina em todo o País.
(...)
Correia de Campos defendeu que é "socialmente injusto" que os "melhores intelectos do País sejam exportados para a Galiza e para a República Checa".
(...)

Em primeiro lugar, agradeço pela parte que me toca a afirmação de que os médicos representam os melhores intelectos do País.
Em segundo lugar, lembro a inundação de médicos que o País sofreu quando nos primeiros cursos pós-25 de Abril eles se formaram aos milhares.
A não ser, claro, que se pretenda chumbar durante o curso metade dos melhores intelectos.

Tarados da animação


Empresa pode ligar Faro a Viena já no próximo Verão
Low cost promove "amor a bordo"

09-10-2007 15:54:00
A SkyEurope, que pode vir a voar a partir de Faro, quer transportar 50 mil passageiros durante o primeiro ano de operação em Portugal. Empresa tem pacote inovador, chamado “speed dating”.
(...)
"Temos 25 mulheres descomprometidas e 25 homens descomprometidos a bordo do avião e, de dois em dois minutos*, os passageiros trocam de parceiros, de modo a que toda a gente fale com toda a gente", explicou o director comercial da SkyEurope
(...)
A bordo dos aviões da SkyEurope, os passageiros podem ainda assistir a um desfile de moda, fazer provas de vinhos, ou saborear um café expresso.
(...)

Isto faz-me lembrar** aqueles hoteis e navios de cruzeiro com tudo incluído e animação a toda a hora.
Yuk!

* dois minutos?
** no mínimo!

Blogs verdes

O site australiano Blog Action Day propõe que num determinado dia todos os bloggers escrevam sobre um determinado tema; no próximo dia 15 de Outubro o tema é o ambiente.


Não sei se a ideia deles é que isto sirva para alguma coisa, mas a proposta é engraçada.
Por outro lado, é mais uma maneira de nos fazer andar em manada.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

O Tratado Europeu

O We have Kaos in the Garden tem um link para um site sobre o novo tratado europeu.

Ali se encontra o texto do novo projecto, da Constituição chumbada, do tratado de Nice, e, para quem gosta de petições online (não é o meu caso), a hipótese de assinar uma petição a favor do referendo a este tratado, que os senhores políticos, com medo do resultado, não querem fazer.

Por acaso, e se fugirmos ao populismo básico, é um assunto digno de discussão, como o é o regime político em que vivemos. Vale a pena ler este post n'A Voz da Abita.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Ópera no Algarve


Ópera canta-se em Portimão
07-10-2007 9:56:00
Portimão vai receber quatro espectáculos de ópera no mês de Outubro: Gala de Ópera “Momentos”, “La Traviata”, “Fidelio” e “Tosca”.
A iniciativa da Câmara Municipal de Portimão conta com a participação da Orquestra do Norte, a Direcção Artística do Maestro Ferreira Lobo e Encenação de Carlos Avilez (Óperas La Traviata e Tosca).
Durante à apresentação à imprensa, o Ferreira Lobo salientou o facto das Noites de Ópera de Portimão ser o primeiro festival do género que se realiza fora do Teatro Nacional São Carlos.
(...)
Todos os espectáculos vão ter lugar no Auditório Municipal de Portimão, às 21h30, e são para maiores de oito anos.
(...)

Informação no site da Câmara Municipal de Portimão:

Noites de Ópera de Portimão Orquestra do Norte e
Ensamble Cant’ arte
(...)
Uma oportunidade para assistir a extraordinárias interpretações e encenações de ópera mundialmente famosas e conhecer solistas e intérpretes de reconhecida qualidade artística internacional.
(...)
Programa
- Dia 16 Gala de Ópera - Momentos
- Dias 19 e 20 La Traviata, de Verdi
- Dia 23 Versão Concerto Fidelio, de Beethoven
- Dias 26 e 27 Tosca, de Puccini

Não sei o que quer dizer o primeiro festival do género que se realiza fora do Teatro Nacional São Carlos, visto que este verão terá havido um festival de ópera em Óbidos. Ambos enfermam do mesmo problema, que é falta de informação relevante online, nomeadamente quem são os solistas e intérpretes de reconhecida qualidade artística internacional.

Oxalá sejam bons. Oxalá os cães não ladrem e os carros não buzinem, porque tudo isso se ouve no Auditório Municipal. Com todos os defeitos, e farta de maus espectáculos (recordo, na Fundação Pedro Ruivo, em Faro, uma Turandot pindérica), sentir-me-ia muito tentada a lá ir, até porque acredito que se deve encorajar estas iniciativas. Espero, contudo, não estar no Algarve nessa altura.

E a propósito, a Fundação Pedro Ruivo apresenta este ano o

Ciclo de Ópera
Sábado, 10 Novembro 2007 . 21:30 . Auditório Pedro Ruivo - Bodas de Figaro
Domingo, 11 Novembro 2007 . 21:30 . Auditório Pedro Ruivo - Rigoletto

Também não há informação detalhada online.

Massa crítica

Há uma teoria que diz que se houver um número suficiente de pessoas a trabalhar numa área necessariamente aparecerão algumas que se salientarão.

Pode ter sido esta teoria a inspirar uma afirmação do sinistro da Ciência de que faltava meio milhão de investigadores na Europa, e que já referi em mais do que um post.

Hoje leio no Sol:

2a-feira, 8 Outubro
Obras de Arte
Imitações são especialidade em vilarejo chinês

Gostava de ter um Van Gogh para mostrar às visitas mas anda sem vontade de roubar um banco ou um museu? Vá a Shenzhen, a sul da China, onde milhares de artistas reproduzem obras de arte em grande quantidade
É um pequeno vilarejo em Shenzhen, de nome Dafen. Nele, podemos ver centenas de Mona Lisas e trabalhos impressionistas pelas janelas do estúdios dos jovens.
«A pintura a óleo é um grande negócio na China. Cerca de 60% dos trabalhos a óleo no mundo são produzidos em Shenzen», afirmou o presidente da Shenzhen GWBJ Art, Zhang Jingxuan. «Temos cerca de 5000 artistas que pintam tudo - clássico, impressionista, abstracto - todos os temas».
A habilidade dos artistas de Dafen para produzir réplicas em massa faz com que as pinturas sejam vendidas a preços muito convenientes. E se alguém não conseguir encontrar aquela obra de museu ou paisagem que deseja, os artistas locais podem fazer uma cópia rapidamente.
«Eu adorava pintar e arte quando era jovem. Então escolhi esta profissão. E eu adoro pintar Veneza», disse Ma Haibin, pintor de 33 anos que trabalha em Dafen há 10.

Porque é que Dafen ainda não produziu grandes artistas por mérito próprio?

domingo, 7 de outubro de 2007

Só me faltou ir a Fátima

Sexta feira fui ver Fados de Carlos Saura: acredito que Saura goste de fado, mas este filme não vai atrair ninguém para esta música: não há argumento nem história, não há cenários, não há explicações, há uma tentativa de modernidade com um rap de homenagem a Alfredo Marceneiro, e de resto alguns excelentes cantores já envelhecidos e um clip lamentável de Amália a ensaiar, já sem voz nem encanto.

A fotografia em tons sépia, embora muito bonita, encoraja-nos a pensar no fado como uma canção de outros tempos. Na sequência na casa de fados os cantores parecem um bando de ceguinhos (é impressionante como a maioria dos fadistas canta de olhos fechados).

Para nostálgicos de fados.

***

Sábado ofereceram-me bilhetes para o jogo Sporting x Vitória de Guimarães. Ainda não tinha ido ao novo estádio; é divertido, com as cadeiras de diversas cores que dão ideia de que a casa nunca está vazia (estava a três quartos). É também muito íngreme mas confortável.

Na primeira parte o Sporting jogou pessimamente, com os jogadores sem saber o que fazer à bola, falhando passes, chutando para fora... O Guimarães dominou claramente.

Paulo Bento fez duas substituições no intervalo, e a tendência mudou na segunda parte, com algumas exibições decentes (Izmailov) e culminando nos três golos do Sporting.

Comprei finalmente um cachecol :-)

***

Domingo visitei a exposição O Corpo Humano como nunca o viu; para mim, como cirurgião, foi bastante interessante, mas não recomendo a estômagos sensíveis. No departamento de Anatomia da Faculdade de Medicina de Lisboa/Hospital de Santa Maria há algumas preparações do mesmo género, embora não tão completas.

Há uns anos, em Barcelona, vi uma ou duas peças semelhantes, etiquetadas como arte.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Prémios IgNobel

A ler no Público.
Ou de como a ciência pode ser divertida.

O 5 de Outubro

A propósito, não sabia que 5 de Outubro também é de boa memória para os monárquicos: segundo alguns, terá sido o dia em que a independência foi reconhecida por Afonso VII de Castela e Leão no tratado de Zamora; segundo outros foi o dia em que reuniram as primeiras Cortes do Reino em Lamego.

Ou seja, podemos passar a gostar deste feriado :-)
foto © Acscosta

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Real, Real

No 31 da Armada confrontam-se monárquicos e republicanos. Na procura de uma bandeira do Portugal monárquico para pôr neste blog, encontrei uma história interessante das bandeiras portuguesas. Apesar de ser na Wikipedia (já escrevi o que penso da Wikipedia), parece haver confirmação no site da Acção Monárquica Tradicionalista e também no site Bandeiras de Portugal.

No fim de tudo, continuo com dúvidas sobre qual a minha bandeira: a de D. João I, que vigorava ao tempo do infante D. Henrique (a minha escolha para o maior português), a de D. João II, o meu rei preferido, a da restauração de 1640 (hint, hint), ou simplesmente a última bandeira da monarquia?

Vou pôr aqui as quatro e meditar sobre o assunto :-)


bandeiras © António Martins

Canil em Faro?


Faro tem um canil no horizonte
04-10-2007 14:00:00
O presidente da Câmara de Faro, José Apolinário, afirmou hoje, no Dia do Animal, que até o seu mandato acabar vão ser adiantadas as obras de um canil/gatil municipal.

Na sequência de uma manifestação organizada por duas associações não governamentais, a MAF (Movimento Pró-Animal de Faro) e a ADAPO (Associação de Defesa dos Animais e Plantas de Olhão), onde participaram cerca de 200 crianças de escolas de Faro, José Apolinário veio a público manifestar a sua intenção de, até 2009, começar as obras de um canil municipal.
(...)
Clementina Frade, presidente do MAF, afirma que esta promessa é uma “óptima notícia” e que só espera “que seja mesmo cumprida”, porque considera que é uma obra de extrema urgência para o município.
Até agora, no município de Faro, não existia qualquer canil, havendo só um protocolo entre o canil de São Francisco, em Loulé, que Clementina admite estar “sobrepopulado”.
(...)
“As crianças são fundamentais para a sensibilização”, constata Clementina, admitindo que os “adultos de amanhã” são mais sensíveis a estas questões e que a mensagem é sempre entregue aos pais, que muitas vezes têm o poder de mudar algo.

É importante haver um canil para acolher os animais abandonados? É, mas mais importante é educar as pessoas e dar-lhes condições para não abandonarem os animais.

Sem isso, não vamos a lado nenhum. Os canis são como os serviços de urgência dos hospitais: quanto mais se constroem, mais a eles as pessoas recorrem. Hoje em dia há quem tenha mesmo a "lata" de telefonar para os canis a avisar que vai abandonar os animais!

Eu já "avistei" o Canil de S. Francisco, construído por alguém de bom coração. É confrangedor. As instalações, mais que sobrelotadas, têm um ar degradado. Há avisos para que não se deixem animais à porta (o que significa que há quem os deixe). No dia em que lá fui não havia humanos à vista, mas cá fora havia de facto vários cães e gatos.

Enquanto as pessoas não respeitarem os animais domésticos, fizerem ninhadas porque acham graça, sem pensarem no futuro dos filhotes, não se responsabilizarem pelos actos dos seus animais e julgarem que "eles na natureza se safam", e enquanto, por outro lado, se fecharem as portas dos hoteis, dos restaurantes e dos transportes colectivos aos animais, o problema do abandono não tem solução.

E as crianças, ao contrário do que se diz, estão menos atentas. Podem ser mais sensíveis mas é de um ponto de vista egoísta (o que é normal), pois não têm consciência das repercussões sobre o animal em si. E não são responsáveis, nem podem ser responsabilizadas.

Mais ópera, por favor

Ontem saí da Fnac contente com alguns CDs apetitosos. Não tinham Jarousski mas tinham Kozená e ao ouvir o Sherza infida lembrei-me de que o Paulo, do Valkirio, escrevera há uns três ou quatro dias que sonhava com um Ariodante completo, possivelmente com a Vesselina Kasarova no papel principal.

Agora que o barroco está revalorizado, não percebo porque não programa o S. Carlos algumas dessas óperas maravilhosas. O ano passado tivemos, para alegria e orgulho, a estreia mundial contemporânea do Motezuma de Vivaldi, uma produção minimalista que viveu de cantores e músicos muito bons e uma direcção de cena capaz. Este ano, nada.

E a propósito, também o ano passado tivemos de Mozart o Così fan Tutte em versão encenada (eu vinha de uma viagem comprida e trinta e tal horas sem dormir, mas mesmo assim valeu a pena); este ano teremos La Clemenza di Tito em versão de concerto. Porquê?

A ópera é um espectáculo total desde há pelo menos 2500 anos: o teatro na antiguidade, com actores que cantavam, com coros, com bailarinos e músicos, não é mais nem menos do que o que conhecemos por ópera. Quem me dera que alguém musicasse Ésquilo ou Menandro para ouvidos actuais.

Não percebo porque se fazem versões de concerto: com os cenários miserabilistas que hoje se usam (uma cruz, uma cadeira, uma padiola no Motezuma, duas camas no Così, para falar somente de duas produções recentes), não é por estes que fica muito mais caro.
Só se for pelo encenador, mas valham-me os deuses, eu nem peço muito, certamente não estou a sonhar com o Woody Allen.

E já agora: a Gulbenkian, que pode prever que cantores carismáticos como a Bartoli esgotem auditórios, não pode contratá-los para dois espectáculos em vez de um só?

E finalmente: quando se aperceberão os promotores de concertos de que quem gosta realmente de música não está disposto a sofrer com a acústica (ou falta dela) de um pavilhão Atlântico?

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O Cozinheiro Sueco

Notícia do Público:

ASAE encerra cozinhas dos hospitais de Santa Maria e Dona Estefânia
02.10.2007 - 21h06 Lusa
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica encerrou hoje as cozinhas dos hospitais de Santa Maria e Estefânia, confirmaram fontes das duas unidades de saúde, que remeteram mais esclarecimentos para aquela entidade.

Ainda bem. Se os bombeiros também lá forem fiscalizar, hão-de fechar mais do que as cozinhas.

É extraordinário como o Estado impõe regras de qualidade e segurança, não poucas vezes exageradas*, enquanto as instalações dos serviços públicos não cumprem minimamente essas regras.
Alguém viu um exercício de simulação de incêndio num hospital público? Há saídas de emergência no Hospital de Santa Maria? Detectores de incêndio? Sprinklers? As (poucas) mangueiras são testadas?

Quem entrar num hospital, numa escola, num serviço camarário, e olhar em volta com atenção à procura destas coisas, ficará elucidado.

*Quem sabe que os hoteis são obrigados a registar a qualidade da água das piscinas quatro vezes ao dia e a ter um nadador-salvador no local, ou a registar a temperatura de todos os pratos que saem da cozinha?


ASAE: cozinhas hospitalares encerradas devido a falta de condições higieno-sanitárias
03.10.2007 - 14h32 Lusa
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) esclareceu hoje que o encerramento das cozinhas dos hospitais de Santa Maria, D. Estefânia, em Lisboa, e de Leiria se deveu à falta de condições higieno-sanitárias das instalações.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

... e desmentidos

Notícia do Portugal Diário (e do Sol):

Soares explica a «desgraça» no PSD
2007/09/30 19:15
Afinal, «desgraça» foi a «eleição fratricida» no PSD e não Menezes
Mário Soares esclareceu este domingo, em declarações à agência Lusa, que nunca comentou a vitória de Luís Filipe Menezes nas eleições internas do PSD e que o que considera uma «desgraça» é o enfraquecimento do maior partido da oposição.
(...)
Fonte da organização da campanha de Luís Filipe Menezes disse à Lusa que Mário Soares ligou esta tarde ao novo líder do PSD para «lhe dar um abraço e felicitá-lo pela vitória».

Ah bom. Ficamos esclarecidos. Sendo assim...