segunda-feira, 30 de junho de 2008

Arte na América

Às vezes esqueço-me de quão boa é a boa pintura. Já só raramente tenho paciência para frequentar galerias, mas de vez em quando entro num museu e fico deslumbrada.
Aconteceu agora na National Gallery of Art em Washington: entrei pelo West Building e deparei-me logo com os Tintorettos, os Tizianos, um pequeno Velazquez e os Tiepolos. Quase tive vontade de chorar.


(National Gallery of Art, Washington DC, Junho 2008)

Mais adiante, um pintor copiava um auto-retrato de Rembrandt - que inveja. E numa outra salinha estavam vários Vermeers.
E pode-se fotografar! E há frescos renascentistas italianos nas paredes de outra sala!
Voltei no dia seguinte. Vi o East Building também, incluindo a exposição temporária de peças do Afeganistão. Largos anos de visitas a outros museus deram-me treino para ver numa hora o que deveria levar vários dias. Ainda assim, quanto desejaria regressar!

Jingle bell, lá não há cartel

Não há cartelização dos preços dos combustíveis nos Estados Unidos: na meia dúzia de estados que atravessei o preço da gasolina normal variava entre U$4.099 e U$4.499 por galão: de qualquer forma, cerca de metade do valor por que a pagamos cá.

"A Capital da Nação"

Em comparação com Manhattan, achei Washington serena e tranquila: é certo que estive lá muito pouco tempo, mas senti-me bem no bairro de Georgetown, com casas e ruas de dimensão normal.

No Mall, depois de a segurança da Casa Branca correr com toda a gente à chegada duma comitiva VIP (presumivelmente o próprio presidente) entretive-me a fotografar as grandes magnólias que marcam as avenidas.

(Washington, Junho 2008)

Traduções

Não sou a primeira a dizê-lo mas, sabendo que sempre se perde alguma coisa numa tradução, é realmente irritante comprar um livro (Poemas de amor do antigo Egipto, por sinal na FNAC e não na Byblos) e depois ser informada de que se trata da tradução portuguesa da tradução inglesa da tradução italiana do texto egípcio :-(

domingo, 29 de junho de 2008

Pizarria

Não fui a Paderne na sexta-feira mas ontem estive no Teatro das Figuras em Faro a ouvir Artur Pizarro e a Orquestra do Algarve dirigida por Patrick Lange num concerto preenchido por obras de Mozart: as aberturas do Don Giovanni e das Bodas de Fígaro, e os concertos nºs 19 e 22. Gostei: gostei da formação, de gente quase toda muito jovem, gostei da direcção precisa e clara de Lange, e gostei da atitude de Pizarro, que toca como quem brinca, e ofereceu dois encores ao público que empenhadamente aplaudira todos os andamentos de todas as peças tocadas ;-)

Estudando os clássicos

Dos dois livros de T. P. Wiseman que acabei de ler, Cinna the Poet e Catullus and his World, retiro, além de factos que desconhecia, várias noções interessantes, das quais a primeira é que há mais pessoas que, fascinadas por um personagem histórico, se dedicam obsessivamente, ao longo de décadas de vida, a estudá-lo e a partir dele as gentes e os costumes da República Romana tardia, alargando pouco a pouco os horizontes do seu conhecimento, prontas a rever aquilo que pensavam ter descoberto.

(Sirmione, Junho de 2007)

A segunda é a confirmação de algo que já pensava: que nos faz falta, para entendermos os autores e pensadores antigos, conhecer os livros que eles liam e que não chegaram até nós. Os poemas de Catullus, maravilhosos como são, remetem para Sappho, para Callimachus e provavelmente para outros poetas; e saber isso enriquece a leitura.

A terceira é que as respostas às perguntas podem estar onde não nos lembrámos de procurar; e que se as encontrarmos podem fazer desabar toda a construção do que pensávamos saber. E a quarta é que há mais perguntas, e às vezes o melhor de tudo é encontrar, não uma resposta, mas uma outra pergunta.

sábado, 28 de junho de 2008

Romeo e Giulietta

Daqui a pouco às 18:30, no site da Radio France (e julgo que depois se pode ouvir em diferido durante as 24 horas seguintes), a transmissão de I Capuleti e i Montecchi de Bellini, que esteve em cena na Opéra de Paris há poucas semanas, com Anna Nebtreko na Giulietta e Joyce DiDonato no Romeo.
Não vou conseguir ouvir tudo hoje, por isso espero que o diferido seja verdade.


Foto © Christian Leiber para Opéra National de Paris

Bolha

Empregado de empresa de manutenção de piscinas, ontem:
"Se eu tapar a tomada de aspiração e impedir a entrada de água, forma-se uma bolha de ar na bomba."
Eu:
"Mas esse ar vem de onde?"
Ele:
"Forma-se... ar. Ou vácuo, vá."

Ground Zero

Não tinha percebido ainda o que iam os nova-iorquinos fazer para substituir as torres gémeas. Fui ver: acho que vão ser mais uns prédios altos.
O preço do imobiliário em Manhattan não parece ter descido nada.


(New York City, Junho 2008)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Chomsky 2008

Entrevista de Noam Chomsky a Al Jazeera:

As far as the elections are concerned, I forget the exact figure but by about three to one people wish that the elections were about issues, not about marginal character qualities and so on. So I'm right in the mainstream.
(...)
Well, when a big segment of corporate America shifts its position, then it becomes politically possible and has political support. So, therefore, you can begin to talk about it.
(...)
[T]he public is the same, it's been saying the same for decades, but the public is irrelevant, is understood to be irrelevant. What matters is a few big interests looking after themselves and that's exactly what the public sees.
(...)
[Barack Obama] presents himself - or the way his handlers present him - as basically a kind of blank slate on which you can write whatever you like and there are a few slogans: Hope, unity … change. And it does arouse enthusiasm and you can understand why.
(...)
[O]ne of the few journalists who really covers Iraq intimately from inside is Nir Rosen, who speaks Arabic and passes for Arab, gets through society, has been there for five or six years and has done wonderful reporting. His conclusion, recently published, as he puts it, is there are no solutions.

Streets of Philadelphia

Não me considero muito patriótica, mas acho graça quando descubro uma rara bandeira portuguesa no estrangeiro.




(Philadelphia, Junho 2008)


Confiança nas pessoas

A propósito do boneco que ilustra este post lembrei-me dos questionários que tive de preencher para entrar nos Estados Unidos, e que continham perguntas como esta:

"Já participou em actividades terroristas, ou planeia participar em actividades terroristas durante a sua permanência nos Estados Unidos da América?"

Gostava de saber se alguém já respondeu Sim a isto.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Dói-me

Juro que me dói o coração, a alma, a garganta e os olhos. Hoje cheguei a casa e os pedreiros que estão cá a trabalhar estavam a podar a minha árvore, a Lagunaria Patersonii que os amigos deste blog me ajudaram a identificar e que dava personalidade ao jardim desde que a palmeira teve de ser eutanasiada.

Palavra de honra que se alguém faz mais alguma destas podas há aqui uma cena de faca e alguidar que há-de ficar na história.
(Hoje, no meu jardim)

terça-feira, 24 de junho de 2008

Cães em Nova Iorque

Não se percebe: há imensos cães a passear os donos pela cidade, todos muito bem tratados, sociáveis, bem educados. No hotel Four Seasons o meu cão teve cama, prato, garrafa de água e guloseimas.


(New York City, Junho 2008)

No entanto, os restaurantes recusam-lhes a entrada com um ar histérico como se a FDA fosse irromper por ali dentro de metralhadoras em punho e fechar-lhes a casa por lá ter entrado um animal imundo.
Nisso são ainda mais mouros do que nós.

Terraços de Nova Iorque

Os arranha-céus de Manhattan têm encantos escondidos, que só se descobrem quando se olham a partir de outros arranha-céus.


(New York City, Junho 2008)

segunda-feira, 23 de junho de 2008

NYC Parte I: Central Park

Não me lembrava que Nova Iorque fosse tão barulhenta. Sair do hotel e andar meia dúzia de metros era cansativo por causa do barulho de carros, de máquinas, de pessoas. Ainda assim, andei quilómetros, mas o único lugar calmo era o Central Park, ainda o grande amor dos novaiorquinos - e meu.

No entanto passam-se coisas no Central Park, que é um jardim vivo, onde as pessoas passeiam os seus cães, ou correm, ou andam de bicicleta, onde os pais ensinam baseball aos filhos. Voltei várias vezes e sempre me senti restaurada.


(New York City, Junho 2008)

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Sim ou sopas

Enquanto os camionistas voltam à estrada, aparentemente contentes com as concessões obtidas (baixa de portagens à noite, majoração das despesas de combustíveis no IRC, imposto de camionagem inalterado durante 3 anos, indexação do frete ao aumento dos combustíveis, sanções para quem não lhes pagar no prazo máximo de 30 dias, forma especial de pagamento do IVA, apoios para a renovação de frotas, subsídios para a formação profissional), a GALP volta a subir preços dos combustíveis e o Tribunal de Justiça das Comunidades Europeias manda subir o preço do IVA nas portagens sobre o Tejo.

É para rir ou para chorar?

The Irish vote

Today we are all Irish.


(Graphic © Kaos)

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Camionistas em greve

Notícia de Al Jazeera:

UPDATED ON:
WEDNESDAY, JUNE 11, 2008
15:18 MECCA TIME, 12:18 GMT

NEWS EUROPE
Spain strike continues amid tension

(...) Spain entered the third day of a strike that has caused nationwide fuel and food shortages and travel chaos.
(...)
Portuguese drivers have joined the strike and there have also been protests in France over the impact of record oil prices, now at highs of more than $139 per barrel.
(...)


Esta parece ser a grande diferença entre este protesto e outros, anteriores, que talvez obrigue o desgoverno do Sr. Sousa a maiores cuidados e algumas concessões: não é uma coisa local, mas sim enquadrada pela grande força reivindicativa dos espanhóis.
Entretanto, o
Algarve à míngua de combustível prevê um fim de semana complicado, não só com as gasolineiras esgotadas mas também com possíveis falhas no abastecimento alimentar, embora ninguém vá morrer de fome por causa disso.

E eu, prestes a entrar em férias, confesso que me preocupo com a
suspensão do abastecimento aos aviões no aeroporto de Lisboa.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A solidez do euro

O que é isto?
Um euro inflacionado?
Um euro em crise?
Um euro separatista?
Feito em Espanha em 1999, e desfeito a semana passada, no bolso de um colega, em Portugal.



(Faro, Junho 2008)

E te, beltate ignota...

No meu jardim há uma árvore que está agora em flor. Ainda ninguém me soube dizer o nome; os vizinhos por vezes queixam-se do lixo que faz, mas eu acho-a linda.

(Hoje, no meu jardim)

sábado, 7 de junho de 2008

Smith

O Expresso online tem agora uma secção, O Cantinho do Smith, que se ocupa dos problemas dos animais, com artigos e links úteis.
Parece-me uma iniciativa louvável.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Ruínas

A propósito deste post, tenho de admitir que um país em que tudo seja moderno me interessa muito pouco.



(Castle Campbell, Escócia, Junho 2005)

quarta-feira, 4 de junho de 2008

JFK dá?

As letras que temos de copiar para o Blogger acreditar que somos gente e não máquinas têm às vezes combinações engraçadas.
Agora mesmo, n'
A Senhora Sócrates, eram jfkda.
Se dá ou não, e o quê, não sei.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

YSL

Yves St Laurent morreu ontem.

Que me lembre, nunca usei uma peça de roupa criada por ele; mas o seu perfume Opium foi, julgo, o primeiro de que realmente gostei.


Foto © YSL

PSD

Sobre as eleições para a presidência do PSD, e o comentário seria o mesmo fosse qual fosse o vencedor:
Plus ça change, plus c'est la même chose.

A hora dos cardos

Ou ando mais atenta ou há este ano uma profusão de flores nos campos como eu nunca tinha visto. Calculo que seja a primeira alternativa.



(Guia, Maio 2008)