quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Epitáfio

No Bandeira ao Vento o JB fala-nos do epitáfio que Benjamin Franklin imaginou para si próprio.
Há cerca de dois meses o Samizdata perguntava aos seus leitores o que escolheriam como epitáfio.
Já há muito tempo sei exactamente o que quereria para mim; e o meu desejo, hoje em dia, é merecê-lo.

Vixit, dum vixit, bene.

P. Terentius Afer, Hecyra, Acto III;461

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O lixo de uma mulher...

... é o tesouro de outra mulher.

Isto dizem (mais ou menos) os americanos, justificando uma instituição maravilhosa que têm, o garage sale ou yard sale. Em resumo, espalham uns cartazes pela vizinhança a anunciar o evento, abrem a porta da garagem ou do pátio, e põem à venda aquilo que já não lhes interessa a preços de chinês.

A Isa resolveu recomeçar a vida no Brasil, o que acho fantástico porque também gostava de ter coragem para me ir embora para outro país, e está a tentar vender os tarecos e o carro: um blog sale, neste caso.

Ide ver o que ainda há, pode ser que vos interesse.

Je dis que rien ne m'épouvante

Às vezes dou por mim com uma ária de ópera, ou apenas uma frase, na cabeça, e quando tomo consciência disso apercebo-me do que me apoquenta.
Há uns anos era Ridi, Pagliaccio, e desde há uma semana ou duas é esta:


Porquê? Porque eu julgava que já nada me espantava (não direi assustava) mas todos os dias as figuras públicas deste país conseguem deixar-me boquiaberta com o que fazem e dizem. A imaginação delas é muito superior à minha, tenho de admiti-lo.

De todas as mais recentes, destaco esta, a que cheguei via We have Kaos in the Garden: Francisco Balsemão quer que o Estado dê benefícios fiscais às empresas que continuem a apostar na publicidade. Claro que o facto de o grupo de media dele viver das receitas da publicidade não tem nada que ver. Nada!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Chuva e vento Parte II

Não tenho tratado minimamente do meu jardim, e se ele precisa! Precisa de poda, precisa de limpeza, precisa de tratamentos anti-fungos, só não precisa de rega.
Nos cinco minutos de sol desta manhã fui lá fora ver o que floria. Aí vai.

rosmaninho (Rosmarinus officinalis)
margaridas amarelas (Euryops pectinatus)
petúnias (Petunia)
gerânio (Pelargonium)
crassula
rosa (Rosa)


E esta também :-) erva-azeda (Oxalis corniculata)





(Hoje, no meu jardim)

Chuva e vento

Quem pensa que no Algarve não há Inverno engana-se.
Só que no Algarve, no Inverno, há amendoeiras em flor.

(Albufeira, Janeiro 2009)


quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O homem mais poderoso do mundo

Notícia do Telegraph:

Barack Obama 'to be allowed to continue using BlackBerry in White House'
President Barack Obama is to be allowed to continue using a BlackBerry in the White House, it has been reported.
By Jon Swaine
Last Updated: 8:48AM GMT 22 Jan 2009

(...)
It was previously thought that security and legal concerns would force him to give up his beloved handheld email device.
(...)
George W Bush closed his AOL email account when he became president.
(...)


Faz-me lembrar o Poema do fecho-éclair de António Gedeão.

Foto © BlackBerry

O casamento gay Parte II

O sr. José Sousa, cujo partido há três meses atrás votou contra uma proposta do Bloco de Esquerda para permitir o casamento civil aos homossexuais, promete agora que se for reeleito mandará legislar a favor desse casamento.

Se por um lado isto não é mais que uma manobra eleitoral primária e condescendente (assume que os homossexuais são estúpidos e desmemoriados), por outro parece ter levado a uma reacção igualmente primária do pessoal da direita, sobretudo o PP (Partido do Portas), que assumindo-se em oposição julga defender os valores conservadores e a estabilidade familiar e social condenando o casamento gay.

A direita está assim a cair na armadilha. O que a direita deveria dizer é que o Estado não deveria meter-se na vida das pessoas, e que por isso mesmo deveria permitir o casamento a quem quisesse contraí-lo. Por isso mesmo a definição de casamento deveria ser alterada para ser independente do sexo. Já apresentei aqui argumentos a favor dessa alteração.

E sou só eu que acho estranha esta aparente homofobia quando é voz corrente que dirigentes partidários à esquerda e à direita são ou têm práticas homossexuais?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Inconstâncio

Notícia do Público:

Constâncio: condições económicas degradaram-se em duas semanas
20.01.2009 - 14h40
Por Lusa

O governador do Banco de Portugal (BdP) admitiu hoje que as condições económicas se degradaram e que, caso o banco central apresentasse agora previsões, estas seriam mais negativas que as divulgadas no passado dia 6 de Janeiro.
(...)


Voltaremos ao assunto daqui a duas semanas, está bem?

Nós chamamos-lhes impostos

Parliament once fought a war to establish the principle that it alone should be allowed to raise revenue through taxation.
Daniel Hannan, no seu blog

The days of limited government for the advancement of personal liberty and freedom are fading more each day.
We revolted against Britain for a fraction of the tax burden we have now.

O meu amigo M., americano, republicano, conservador, ontem, por e-mail

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Revelação

Ouvido hoje na Antena 2:

A democracia portuguesa é uma democracia de advogados, com a lógica da representação de clientes
Joel Costa, in Questões de Moral

Ah, finalmente começa a fazer sentido.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Vai um mergulho no Hudson?

Já que hoje estou numa onda de posts informativos, li no Telegraph um artigo sobre as precauções que podem aumentar as probabilidades de sobrevivência em caso de colisão ou aterragem forçada de avião.
Em português e em resumo:
  • ter um plano
  • ouvir o aviso de segurança da tripulação, ler as instruções, ou pelo menos saber onde estão as saídas de emergência mais próximas - contar o número de filas de assentos para a frente e para trás
  • preferir os assentos traseiros (estatisticamente mais seguros), depois os sobre as asas, e finalmente os da frente*
  • proteger a cabeça, o corpo e as pernas contra o embate, com almofadas ou bagagem
  • apertar o cinto de segurança e, na altura de o desapertar, lembrar-se que não funciona como o cinto do carro
  • em caso de fumo, cobrir o nariz e a boca com um pano molhado (com urina se necessário)** para evitar inalá-lo
  • não rastejar pois pode-se ser esmagado/a
  • esquecer a bagagem e manter as mãos livres ***
  • controlar o pânico, não ficar parado/a e escapar o mais depressa possível

* Deve ser por isso que a primeira classe é à frente. Hum?
** Talvez dê para usar as cuecas.
*** Excepto a que segura as cuecas.

Em Janeiro faz o rastreio

O Van Dog Blog alertou para a campanha de rastreio gratuito da leishmaníase canina, uma doença terrível (dá cabo do fígado, do baço e dos rins da vítima e dá sinais cutâneos) que parece ter grande prevalência no Algarve e que é transmissível aos humanos através de mosquitos.

Imagem de ONLeish

O Observatório do Algarve divulga a iniciativa e os nomes de três clínicas veterinárias que participam no rastreio.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O hálito do Dragão

Estou profundamente chocada: abri hoje o site da Meez e dei de caras com novos items com o tema do F. C. Porto!

Isto exige um protesto veemente, mas nem sei o que dizer.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Que grande banquete

A animação hoje no meu jardim tem sido extraordinária: todos os pardais da vizinhança têm vindo banquetear-se com a alpista que pus lá fora para eles.
Chilreiam de tal maneira que o meu cão anda nervoso, e até uma gaivota já veio investigar.
Infelizmente não gostam de fotografias, e logo que me ouvem fogem, portanto esta foi a melhor que consegui. Nela só se vêem (mal) três pardais, mas juntam-se muitos mais de cada vez.

(Hoje, no meu jardim)

Corrente musical

A Xantipa passou-me mais uma corrente, e a esta não consigo resistir. A ideia é responder a algumas perguntas com títulos de canções de um único autor ou intérprete (individual ou colectivo).
Depois é preciso passar a dita corrente a quatro pessoas e postar uma fotografia nossa.
Em relação às perguntas e respostas, aí vão: todos os títulos são de árias de ópera de Händel.

Passo a corrente à Moura Aveirense, à Io, ao Paulo e ao Álvaro Santos Pereira.

Quanto à foto... bem... fica a Meez, está bem?

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A casa dos murmúrios

Inacreditável o anúncio murmurado de que a cantora estava indisposta e não cantaria todo o programa: a maioria das pessoas nem o ouviu, o que infelizmente foi o prenúncio do que se seguiria.

Não sei como é habitualmente ao vivo Marijana Mijanovic, mas é tão delgada que é natural que mesmo que não estivesse doente fosse difícil ouvi-la nas últimas filas do grande auditório da Gulbenkian. Eu tive a sorte de ficar na terceira fila, e confirmei com outras pessoas que fez diferença.

Mesmo assim achei a voz velada e a coloratura frágil: se calhar a senhora fica melhor em gravação. Se calhar não tem fôlego para aguentar as longuíssimas linhas melódicas de Händel. Se calhar estava doente e fez o melhor que pôde nas circunstâncias: cortou as duas árias mais exigentes, mas no fim ofereceu-nos um encore. Hoje tinha outro recital em Munique, e se calhar era verdade que tinha de poupar-se um bocadinho.

A Orquestra de Câmara de Basileia, que a acompanhou e nos deu três Concerti grossi do opus nº 3, é composta por gente muito jovem e precisaria, na minha opinião, de uma direcção mais experiente para lhe extrair todo o potencial.

Felizmente houve os danos colaterais: reencontrar o Paulo, conhecer a Io e a MJ, com quem tinha falhado uma combinação anterior, e o Ezequiel: os prazeres reais da blogosfera.

Fausto no S. Carlos

Se nos convencermos de que vivemos no lugar mais periférico da Europa e de que o Teatro de S. Carlos é um teatro de província onde hoje em dia não vêm cantar as vozes de ouro da ópera, as expectativas quando lá vamos baixam drasticamente e não saímos tão frustrados.

Não me desagradou esta encenação do Fausto, ao contrário por exemplo do que me disseram o Paulo e o Joaquim, porque na sua fealdade parece acentuar a questão central desta história, que é a mesquinhez dos preconceitos sociais e religiosos do pequeno mundo de Marguerite - já que Fausto e o seu pacto com o diabo são só um ponto de partida.

Quanto aos intérpretes, não estiveram mal. No papel de Fausto gostei do tenor Andrej Dunaev, que tem uma voz bonita, o que já me tinha parecido no único clip que encontrei dele no YouTube. Como actor, não soube dar distinção ao seu personagem, e talvez fosse exagero o tremor senil do primeiro acto, mas não me pareceu nada mal em tronco nu em casa de Marguerite :-) Tem, como os outros, um francês horrível.

Kevin Short em Mephistophélès compôs um mano trocista e gingão, um diabo que parece não se levar a sério mas na cena da igreja com Marguerite revela o seu carácter infernal. Pareceu-me haver algum esforço no Veau d'Or.

Patrizia Biccirè começou mal mas foi melhorando; a ária das jóias não passou da (tal) mediania mas no terceto final superou-se. Infelizmente, e não sei se por culpa dela se do encenador, a sua Marguerite não tinha graça nem encanto.

Em relação aos secundários, reparo que Kristina Wahlin, que fez um tímido Siébel, será a Agrippina de Händel em Abril: espero para ver.

E depois disto tudo alguém sabe o que se passa com o website do S. Carlos, onde desde ontem não se consegue entrar? Será vergonha?

sábado, 10 de janeiro de 2009

Furor regulador ou...

Notícia do Público (via Hoje há Conquilhas...):

Projecto de lei apresentado na AR
Deputados socialistas querem reduzir sal no pão

09.01.2009 - 17h35 Lusa
Deputados socialistas apresentaram na Assembleia da República um projecto de lei que pretende reduzir o sal utilizado no pão e que as quantidades deste tempero usadas na confecção de alimentos pré-embalados estejam claramente visíveis nos rótulos.
(...)
"Faz por isso todo o sentido a introdução duma regulação, que promova alguma harmonização no teor salino do pão nacional, que nos aproxime dos valores já praticados por noutros países e que contribua para uma redução gradual do consumo de sal pelos cidadãos, segundo as recomendações da Organização Mundial de Saúde" (...)


Socorro! Está tudo muito politicamente correcto, e a seguir vai-se ver e tiram-nos o sal da manteiga.

Se os limites de sal não forem respeitados, a proposta socialista prevê coimas "no montante mínimo de 500 euros e máximo de 3500 euros, tratando-se de pessoas singular, e no montante mínimo de 750 euros e no máximo de 5000 euros, tratando-se de pessoa colectiva".
(...)


Ah, já estou mais sossegada. Afinal, como era de prever, o PS quer lá saber da saúde pública: quer é mais multas para repôr algum nos cofres do Estado.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Muitas notas

Este fim-de-semana promete música: na tarde de sábado o Faust de Gounod no S. Carlos, e na de domingo um recital da contralto Marijana Mijanovic na Fundação Gulbenkian com um programa de Händel e Vivaldi onde até dois dos concerti grossi do primeiro me consolam de não poder ir também ao CCB ouvir Il Giardino Armonico.

Estou tão contente que nem quero pensar no que foi a época passada no S. Carlos, nem na questão de onde foram eles buscar estes cantores, só espero que o Fernando Vasconcelos tenha razão quando repete que ao vivo é outra coisa.

Quanto à Mijanovic, conheço-lhe gravações do muito bom ao nem tanto, mas parece que agora está em grande forma.

Terei acaso o prazer de encontrar alguns dos amigos bloggers?

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Retrato do artista

Notícia do Expresso:

EUA: National Portrait Gallery adquire retrato de Obama feito por artista de rua
Lisboa, 08 Jan (Lusa) - Um retrato de Barak Obama, feito pelo designer gráfico Shepard Fairey durante a campanha do então candidato democrata norte-americano, vai integrar a colecção permanente da National Portrait Gallery dos Estados Unidos.
Lusa
12:16 Quinta-feira, 8 de Jan de 2009

Lisboa, 08 Jan (Lusa) - Um retrato de Barak Obama, feito pelo designer gráfico Shepard Fairey durante a campanha do então candidato democrata norte-americano, vai integrar a colecção permanente da National Portrait Gallery dos Estados Unidos.
(...)São da sua autoria as capas dos álbuns "Monkey Business", dos Black Eyed Peas, "Zietgeist", dos Smashing Pumpkins, e "Mothership", dos Led Zeppelin, e o cartaz do filme "Walk the Line".
Tem trabalhos nas colecções do Museu de Arte Moderna em Nova Iorque, Museu de Arte de Los Angeles e Victoria e Albert Museum de Londres.


Ah? É assim que se define um artista de rua?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Fazendo escola

Obviamente Muhammed Saeed al-Sahaf, ex-ministro da informação do Iraque, e Mahmoud al-Zahar, o tal líder do Hamas, não têm o monopólio das parvoíces. Em Portugal Pino & Lino são os reis dos disparates, e as calinadas de George W. Bush têm corrido o mundo inteiro.

Alegrem-se os que conseguem rir sem reticências perante este tipo de baboseiras: o presidente-eleito dos Estados Unidos, de quem tantos esperam tanto, já tem um assinalável curriculum. Ver aqui e aqui (via Canis canem edit).

Onde é que já ouvi isto?

Notícia de Al Jazeera:

UPDATED ON:
Monday, January 05, 2009
18:53 Mecca time, 15:53 GMT

News Middle East
Hamas confident of Gaza victory

A senior Hamas official says that "victory is coming" for Palestinian fighters as they battle an Israeli ground offensive in the Gaza Strip.
(...)


E não foi assim há tanto tempo...


Foto daqui

sábado, 3 de janeiro de 2009

Discordia mundi

Montar um armário para guardar baldes e vassouras parece ser fácil para todos os povos cuja língua entendo menos para os franceses.

Quanto aos russos e gregos, só pelo tempo que levam a ler as instruções deve compensar pagar a alguém para fazer a montagem...

(Hoje, no Leroy Merlin da Guia)

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Celebrando Darwin

Se fosse preciso uma prova da superioridade da teoria da selecção natural de Darwin (cujo bi-centenário se celebra em Fevereiro deste ano) sobre a de Lamarck, bastaria pensar-se nas unhas dos pés.

As unhas dos pés não servem rigorosamente para nada. Ou antes, servem para assunto de anedota, que nem para uma conversa decente servem (Olá, está bom? - Não, imagine, tenho uma unha do pé encravada, ou pior, Não, sabe, tenho uma micose numa unha do pé). As mulheres, que gostam de atribuir às coisas uma função, nem que seja decorativa, pintam-nas.
Mas de facto, função própria, não têm.

Sendo assim, se Lamarck tivesse razão, já se teriam por esta altura atrofiado e desaparecido, o que obviamente não é o caso. Mas se falássemos com Darwin, ele encolheria os ombros e diria que são irrelevantes para a sobrevivência da espécie. Ter mais unhas ou menos unhas dos pés não interessa nada. Por isso aí estão, relíquias dos primórdios da nossa evolução.