segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Nixon in China

Subscrevo inteiramente a excelente crítica feita pelo Joaquim no blog In Fernem Land a esta ópera de 1987, vista no último sábado no grande auditório da Fundação Gulbenkian em transmissão diferida do Met.
Eis os pontos principais:

O libretto de Alice Goodman, com "mais qualidade literária que eficácia teatral" como diz o Joaquim, evolui desde uma apresentação razoavelmente objectiva dos factos e personagens que protagonizaram a histórica visita do presidente dos EUA à China de Mao Zedong, até uma interpretação simbólica e quase onírica.

A música orquestral de John Adams, que também dirigiu, é típica do chamado minimalismo musical, repetitiva e obsessiva, "com pequenas e significativas variações graduais" (mais uma vez nas palavras do Joaquim - pelo contrário, em entrevista no intervalo, o encenador Peter Sellars encontra-lhe "enormes variações e contrastes") o que se torna cansativo numa obra desta duração. As partes vocais, por outro lado, parecem fortemente influenciadas por Wagner e Strauss. O resultado é um bocadinho complicado. A propósito, leia-se a opinião do próprio Adams no seu blog Hell Mouth.

As vozes são boas, embora James Maddalena, no protagonista, revele desgaste; as mais interessantes são as das mulheres, em especial a escocesa Janis Kelly (aos 55 anos!) como Pat Nixon e a sul-coreana Kathleen Kim, espectacular como Chiang Ch'ing, a senhora Mao.

A encenação e direcção de Peter Sellars é, para citar mais uma vez o Joaquim, "impecável" e perfeitamente adequada (com algumas coisinhas irritantes como o avião descer na vertical): afinal, a ideia original para esta ópera é dele... Os bailados coreografados por Mark Morris são excelentes.

Pode ser que a Gulbenkian transmita, na próxima temporada, a Satyagraha de Phillip Glass, que seria interessante comparar.

Fica aqui o início da grande ária de Chiang Ch'ing no segundo acto, I am the wife of Mao Zedong:

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Temporal

Nem areia nem flores de amendoeira: a princesa nórdica da lenda teria visto esta manhã na mourama, senão neve, pelo menos granizo, e um temporal a sério, com tudo a que tinha direito.

(Hoje, no meu jardim)


Não é frequente, mas já tem acontecido.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A Prisão de Stanford

A selvajaria humana, já o tenho dito, está para além da minha compreensão. E no entanto, segundo uma experiência realizada por psicólogos americanos faz agora quarenta anos, está ao alcance de qualquer pessoa normal quando em circunstâncias (in)apropriadas.

Foi na Universidade de Stanford, California, que um laboratório de psicologia resolveu levar a cabo a experiência: colocar numa falsa prisão 9 rapazes normais guardados por outros 9 rapazes normais, todos voluntários pagos recrutados por anúncio.

Em breve tanto os "guardas" como os "prisioneiros" adoptaram comportamentos típicos e extremos, e até os observadores se deixaram arrastar para posições inesperadas.

O resultado foi tão perturbador que o programa, que devia durar duas semanas, terminou em seis dias.

A história está contada aqui, onde cheguei através do blog do Rui Monteiro, Onde Mudar... Psicologia.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Para sempre / Forever

Para o meu amigo Antony, que gostava tanto de Joan Baez / For my friend Antony, who loved Joan Baez:

The King's Speech

Quem tem seguido mais ou menos a carreira de Colin Firth desde que saltou para o conhecimento geral como Mr. Darcy na série televisiva Pride & Prejudice de 1995, e viu o seu trabalho não só em filmes mais recentes (Mamma Mia, Love Actually, Bridget Jones's Diary) como nos mais antigos e esquecidos (Apartment Zero, Valmont, Hostages) e nos inolvidáveis Shakespeare in Love e The English Patient, há muito tempo espera e deseja para ele um Oscar.

Nomeado o ano passado pelo belíssimo A Single Man, está este ano nas listas com o papel principal em The King's Speech, que fui ontem ver.

O filme é interessante, bem feito, com algumas fraquezas do ponto de vista da correcção histórica, apontadas por exemplo neste artigo da revista Slate. Por sua vez o IMDb lista numerosos erros factuais e de continuidade. Algumas dessas falhas parecem propositadas, pois são referências que mesmo quem, como eu, já só raramente vai ao cinema, não deixará de entender.

Curiosamente o elenco também remete para outros filmes e também joga com as referências que entendemos mais ou menos facilmente. Os cenários e a fotografia criam o ambiente um bocadinho sufocante que de certo modo justifica e amplifica a gaguez do príncipe, depois rei George VI, interpretado por Colin Firth, que encarna magnifica e empaticamente o esforço, o desespero, o orgulho, e os momentos de descontracção.

Imagem do site oficial


A banda sonora inclui, além de temas compostos propositadamente por Alexander Desplat, algumas peças clássicas favoritas: a abertura das Nozze di Figaro e o concerto para clarinete de Mozart, o concerto nº5 para piano e o alegretto da 7ª sinfonia de Beethoven.

Quem tiver curiosidade pode ouvir no Youtube o discurso original feito pelo rei George VI.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Pergunta

Vejo as reacções aos acontecimentos no Egipto e apetece-me perguntar: que idade tinha você no 25 de Abril?


Imagem de Wikimedia Commons

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Lembrando o Egipto

Estive no Egipto há meia-dúzia de anos. Não no Egipto profundo, nem sequer no Egipto real, mas apenas no Egipto turístico, dos resorts e dos cruzeiros no Nilo. O outro, entrevi-o apenas, num olhar ou num gesto, e não era bonito.

(Casa de Howard Carter, Vale dos Reis, Luxor, Março 2005)


(Karnak, Março 2005)


(Navios de cruzeiro, Nilo, Março 2005)


(Cairo, Março 2005)


(Cairo, Março 2005)



Não era bonito, mas era compreensível.

(Cairo, Março 2005)

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Visita inesperada

Depois de um inverno frio e chuvoso em que o jardim esteve abandonado, aparecem surpresas.

(Albufeira, Fevereiro 2011)


Sim, eu sei que ainda estamos no Inverno. Mas dir-se-ia que não são só as amendoeiras que me querem convencer do contrário.

Saudades do verão

Idade

Conheci dias duradouros,
o sol tão longo entre manhã e tarde.
Um levantar súbito de luz
por trás da crista das heras no muro velho,
e depois descer no verão entre grades verdes
e para além do portão como a cair no Hades,
no inverno. Não havia tempo
nos dias longos, mas a passagem diária
do sol abençoado.


Fiama Hasse Pais Brandão, in Três Rostos, Lisboa, 1989

encontrado aqui, na sequência desta conversa.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Os carros mais bonitos Parte VI

De todos os modelos da MG o A é, para meu gosto, o mais bonito.

(Pêra, Janeiro 2011)


Este site para entusiastas da marca tem, além de muita informação, imagens de carros de colecção amorosamente restaurados e também dos modelos mais recentes, o MGF e o MGTF, que também não são de deitar fora.