sábado, 30 de abril de 2011

Sondagem: resultados

Encerrada esta tarde a sondagem

De que vai prescindir para diminuir a dívida portuguesa?

a votação foi a seguinte:
    De comprar sapatos novos - 3 (16%)
    De comer em restaurantes - 3 (16%)
    De usar telemóvel e tv cabo - 1 (5%)
    A sério, tenho escolha? - 11 (61%)

Total - 18

Muito obrigada a todos os votantes; vou agora meditar sobre o que estas respostas podem indicar para o futuro da economia nacional ;-)

Ainda?

Imagem © Patrick McDonnell para Mutts

Recebi hoje por email (recebo uma tira todos os dias) e achei que podia aplicar-se a muita gente:
  • à chamada troika FMI-FEEF- BCE;
  • ao desgoverno do sr. José Sousa;
  • a certos partidos que só aparecem em tempo de eleições;
  • aos dinossauros da política;
  • aos portugueses;
  • etc. (aceitam-se sugestões na caixa de comentários)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Más notícias

Os melros morreram: esta manhã encontrei-os caídos no chão e já sem vida.

Considero a hipótese de estender uma rede meio metro abaixo do ninho, para o caso de voltar a ser usado.

(Hoje, no meu jardim)

domingo, 24 de abril de 2011

Reestruturando a dívida

aqui e aqui contei a história das dívidas da cidade de Salamina ao nobre Brutus, como exemplo de uma dívida incobrável devido aos juros exageradíssimos (48% ao ano).

Quando chegou à província para que fora nomeado governador, Cícero encontrou muitas comunidades nessa situação: sem poderem pagar as dívidas ao juro que tinham contratado com os publicanos.

Que fez Cícero? Publicou um édito em que proibia a contratação de juros superiores a 12% ao ano, e promoveu a reestruturação das dívidas existentes exigindo o pronto pagamento do capital numa data por ele fixada, acrescido de juros de 12% independentemente do valor previamente acordado. Se no entanto o pagamento não fosse efectuado na data definida, o juro a pagar seria o do contrato.

Na maior parte dos casos, segundo conta, (Ad Atticum, VI, I, 16), todas as partes ficaram contentes e agradecidas. O sócio de Brutus, parece (Ad Atticum, VI, II, 7), foi uma excepção, tendo-se recusado a ser reembolsado nessas condições, mas Salamina ficou gratíssima.

Já pensei mandar esta história de Cícero para os rapazes do FMI e companhia, mas receio que me respondam algo como Vocês ainda não chegaram aos 12% ou Enquanto tiverem fins de semana de quatro dias (e meio) não se podem queixar.

Proporções

Para um índice de massa corporal normal, poderá dizer-se que a velhice se aproxima quando a idade supera o peso?

Já nasceram

Não há ainda fotos, mas os melros já nasceram: hoje avistei um montinho de penugem a respirar.
A mãe visita-os e tem passado as noites no ninho.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Auguri, Roma

Não é qualquer cidade que pode festejar o dia exacto da sua fundação e uma história de mais de vinte e sete séculos.

Roma pode: celebra hoje o seu 2764º aniversário (tomara eu saber como se diz isto por extenso) e eu gostava de lá estar a acompanhar cerimónias como o traçado do sulco, que imagino deve ser uma imitação do que fez Rómulo ao traçar o limite da povoação, o chamado pomerium, no interior do qual não era permitido o uso de armas, e as festas das Parilia, de cujos detalhes originais pouco se sabe a não ser que eram ritos purificatórios de origem pastoril e incluíam saltos por cima de fogueiras, coisa que eu ainda fiz quando era criança, por altura dos Santos Populares.

Esta data coincide com a batalha de Munda, em Espanha, em 45 BCE (ou 708 aUc), que pôs fim à guerra civil entre César e os pompeianos. César venceu, claro, mas foi uma batalha duríssima na qual, segundo ele mesmo disse, combateu não só pela vitória mas pela própria vida.

Parabéns, Roma. Parabéns, César.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Romper ou não romper

Antes do desacordo ortográfico podíamos escrever rotura ou ruptura, era igual e ninguém se incomodava.

Agora encontro rutura e pergunto-me que raio de palavra é esta.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sondagem

Depois de ler este post do Álvaro Santos Pereira, que afirma claramente que não é só o desgoverno que gasta demais mas também as pessoas, e na perspectiva kennedyana do que poderemos fazer pelo nosso país, lembrei-me de lançar uma consulta popular, aí na coluna do lado direito deste blogue*, para saber que espécie de sacrifícios estaremos dispostos a fazer nos próximos três anos (dizem que é o prazo para começarmos a recuperar, não é que eu acredite).

Os desempregados sem subsídio não precisam responder.

*Decidi hoje passar a usar a versão aportuguesada de blog, para poupar nos itálicos.

domingo, 17 de abril de 2011

Aeroporto internacional de Beja

Notícia do Público:

Primeiro avião descolou de Beja rumo a Cabo Verde com quase 70 pessoas a bordo
13.04.2011 - 19:38 Por Lusa
Quase 70 passageiros partiram hoje, ao final da tarde, rumo a Cabo Verde, a bordo do primeiro avião comercial a descolar do aeroporto de Beja, um Boeing da companhia cabo-verdiana TACV.
(...)


A notícia já tem uns dias, e quem a leu em oblíquo, ou não passou dos títulos dos jornais, ficou com a ideia de que o fantástico novo aeroporto internacional, ainda não certificado, tinha estreado com um voo que, longe de ser um fútrico charter trazendo quatrocentos chineses, levara setenta cabo-verdianos.

Mas houve quem lesse com mais atenção e percebesse que se tratou realmente de um voo fretado pela Câmara de Ferreira do Alentejo, levando 40 autarcas e empresários (há assim tantos naquela terra?) e 27 turistas (calculo que igualmente habitantes da terra) para uma cerimónia de geminação com um município de Cabo Verde.

Para tal se mobilizaram funcionários para toda a operação aeroportuária, PSP e GNR para a segurança, e o sinistro das Obras Públicas e comitiva para o discurso inaugural.

Ponham na conta da Finlândia, fachavor.

sábado, 16 de abril de 2011

A cruz da solidariedade

Não sei se já tinha contado que junto de alguns ecopontos no Algarve há agora uns contentores onde se pode pôr sacos com roupa, calçado ou brinquedos para distribuir por quem precisa.

Eu temia que alguma coisa lhes acontecesse, e realmente este, junto do qual passo muitas vezes, já foi arrombado.

(Albufeira, Abril 2011)


Dizem-me que é obra de ciganos, para vender nas feiras. É possível. Provavelmente é, pelo menos, de quem não precisa tanto como aqueles a quem seria distribuído o conteúdo dos sacos.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O problema

Eu não escrevo mais nada aqui hoje, mas ide ler este post, ide, e dizei-me se não é o texto mais perfeito e hilariante sobre o problema que se poderia desejar ter escrito.

Obrigada, Paulo, por mo teres indicado.

Le Veau d'Or

Preparava-me para escrever sobre a inclusão de Fernando Nobre nas listas eleitorais do PSD, que me trouxe isto à cabeça, e cuja utilidade para o PSD me parece ser somente, pois por muito que procure não vejo outra, ele não ser candidato por outro partido, quando me lembrei desta frase no blog do João Afonso Machado:

Há mundo em quantidade suficiente para nos pouparmos a semelhante tormento.

Tem toda a razão. E logo hoje que passam cinquenta anos sobre o primeiro voo espacial tripulado por Yuri Gagarin, que o Google e o Youtube celebram com logotipos e links especiais.

Que se lixe a baixa política portuguesa. Major Tom to ground Control: Now it's time to leave the capsule if you dare.

Não há almoços grátis

Alguém devia explicar muito bem explicadinho que o FMI, não sendo o diabo em pessoa(s), também não é a fada madrinha, e que eufemismos como resgate ou bail-out significam apenas que, quando já ninguém nos queria emprestar dinheiro e quem no-lo tinha emprestado estava a tentar desfazer-se dos papéis em que tínhamos assinado promessas de pagamento passando-os a outros otários, vamos afinal receber mais dinheiro emprestado para pagar o que devemos, a troco de gastarmos muito menos, e que como já ninguém acredita nas nossas promessas andarão por cá uns figurões a verificar se é verdade que gastamos muito menos, até que consigamos pagar não só os empréstimos antigos como estes novos que nos vão conceder.

Bom mesmo seria que alguém explicasse muito bem explicadinho como é que vamos pagar tudo isso, já que não produzimos praticamente nada e importamos praticamente tudo o que consumimos.

E finalmente poderia explicar muito bem explicadinho que aqueles de nós que se julgam a salvo por viverem dentro das suas possibilidades vivem na realidade acima das possibilidades de quem lhes paga os ordenados ou as pensões ao fim do mês.

Treino de pontaria

Não sei porquê as novas portagens lembram-me as barracas de tiro ao alvo das feiras de antigamente.

(A22 Via do Infante, Abril 2011)

domingo, 10 de abril de 2011

Le Comte Ory

Este sábado na Fundação Gulbenkian houve transmissão directa do Met.

Foi uma delícia. Eu gosto de Rossini, diverte-me, e embora esta não seja uma das suas melhores óperas, tem árias dificílimas, conjuntos complexos, uma orquestração rica e números de vaudeville típicos, que nas mãos (e vozes) certas podem ser um entretenimento fantástico.

Foi o caso: a encenação de Bartlett Sher muito bem conseguida - o trio do segundo acto foi muito mais engraçado do que eu imaginava -, os cantores muito bons, com os três principais (Juan Diego Florez, Diana Damrau e Joyce DiDonato) em grande forma, conjugando com brilhantismo as dificuldades da coloratura com o ritmo da movimentação em palco e uma mímica impecável, os secundários óptimos (o barítono Stéphane Degout com uma belíssima voz aveludada), os figurinos e cenários bonitos, a sincronia sem falhas, a orquestra acompanhando e sublinhando sem nunca abafar.


O único senão: quem é que não lê as provas do programa de sala da Gulbenkian, e deixa passar disparates como Juan Diego Flórez MEZZO-SOPRANO, ou CANTADO EM ITALIANO, COM LEGENDAS EM INGLÊS?

terça-feira, 5 de abril de 2011

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Música no fim-de-semana

Decorreu no Cine-Teatro Louletano o Festival de Música da Caixa Geral de Depósitos.

Convidado para um recital a solo e um concerto com a Orquestra do Algarve, que também dirigiu, o violoncelista Ivan Monighetti, que eu já conhecia. Ouvir um recital de violoncelo solo não é fácil, e a sala, na quinta feira ao fim da tarde, estava meio vazia, mas ontem e hoje à noite estava bastante mais composta.

No entanto parece que as pessoas gostaram: o público algarvio é maioritariamente desconhecedor das convenções deste tipo de espectáculos e aplaude quando lhe dá na cabeça, nomeadamente entre andamentos, o que costuma deixar os músicos um bocadinho atrapalhados mas sorridentes.

Eu também gostei, e mais do que isso, diverti-me. As interpretações de Monighetti são simultaneamente elegantes e cheias de energia. De todas as peças tocadas só conhecia as suites nº 2 e 3 de Bach. A sonata Per Slava de Penderecki mereceu, num sussurro ao meu ouvido, a definição de música para desenhos animados, o que sendo verdade não é mau. Divertido também, de forma inesperada, e com temas muito bonitos, o Concerto em Dó maior de Haydn, de que aqui deixo o primeiro andamento.


No último concerto, com a Metropolitana de Lisboa dirigida pelo maestro Nir Kabaretti, fiquei rendida ao segundo andamento da Sinfonia nº 41 de Mozart mais ainda que às encantadoras fugas do último.

Duas perguntas:

como se mantém um instrumentista focado quando toca uma nota falsa?

como se mantém um instrumentista concentrado quando um membro (ou dois) do público tem um ataque de tosse imparável no meio do andamento lento?

E uma descoberta, de como o afinar de instrumentos duma orquestra pode ser interessante, mesmo bonito, se começar por um naipe e continuar pelos outros em sequência, como um gato a espreguiçar-se.

sábado, 2 de abril de 2011

Maestrinho

Este clip veio por email, e deixou-me a sorrir como uma tonta, porque o miúdo é tão engraçado, gosta tão obviamente da brincadeira, passou tantas horas dos seus poucos anos de vida a ver vídeos com grandes maestros e grandes orquestras, conhece tanto esta música e sabe tão bem o que está a fazer, que tomara muita gente grande.


Claro que houve muito mais pessoas a achar-lhe graça, e entre elas o maestro Misha Rachlevsky, director da Orquestra de Câmara Kremlin, que o convidou para "reger" a orquestra num concerto nos Estados Unidos. Deve ter sido uma revelação fantástica para o garoto, que anda a aprender violino - e desafina .

Oxalá esta paixão e esta alegria continuem pela vida fora. Muitas felicidades para o Jonathan Okseniuk.