segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Contagem decrescente II

Daqui a pouco mais de 24 horas, e por alguns dias:

- não lerei jornais portugueses :-)
- não me lembrarei do Sr. Silva nem do Sr. Sousa :-)
- não me peocuparei com o trabalho :-)
- não passearei pela web :-o
- não estarei com o meu cão :,-(
- ...

Hmmmm.... Vou fazer as malas.
Mapa daqui

domingo, 21 de outubro de 2007

O Melro e o Padre Cura

Vem este título* a propósito da noite de Gala de sexta-feira passada no S. Carlos, que serviu para apresentar dois cantores que vão aparecer mais vezes esta temporada e umas habilidades de José Cura.

A primeira parte foi preenchida com algumas árias e coros de ópera. Infelizmente, há uma boa razão para que nos espectáculos de ópera a orquestra fique no fosso: desta vez a Sinfónica Portuguesa encheu o palco e por várias vezes abafou completamente os cantores.

Estes cantaram mas não me encantaram; é possível que a ária de Liù, Signore ascolta, não tenha sido a mais bem escolhida para fazer brilhar Chelsey Schill, e admito que venha a revelar-se uma Gilda interessante, com uma voz cristalina. Johannes von Duisburg, hirto em palco, tem um vibrato nas notas longas que me incomoda. Medonho mesmo, foi pôr Maurício Ferrer, que está na mudança de voz, a cantar o pastor do início do terceiro acto da Tosca.

Quanto a José Cura, parece querer seguir os passos de Placido Domingo, desde cantar árias de barítono (que pena ter desaparecido do YouTube um clip em que Domingo contracenava consigo próprio a fazer Almaviva e Figaro) a reger a orquestra.

Mas para reger uma orquesta Cura tem ainda muito que aprender: no 1º andamento da 9ª Sinfonia de Beethoven achei-o uma distracção tão alarmante, com a batuta a fazer de metrónomo, que tive de fechar os olhos. O 2º andamento é tão genial (adoro aquelas pausas, as dissonâncias, a maneira como os temas são desdobrados pelos vários instrumentos - acho que está lá tudo o que os compositores do séc. XX quiseram fazer, mas em bom) que nem o Cura mo conseguiu estragar. O resto, confesso que achei uma seca.

Isto está mau. Veremos o que acontece com a continuação da temporada, mas acho melhor começar a sério a ver os programas de outras cidades pela Europa fora.

*Na realidade o título refere-se ao poema de Guerra Junqueiro, e não tem de facto à primeira vista que ver com o espectáculo em causa. O melro tem, mas é outra história.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Watson, a inteligência e os jornalistas

Notícia do Público:

Declarações polémicas ao “Sunday Times”
James Watson diz que os negros são menos inteligentes que os brancos
17.10.2007 - 12h12 PUBLICO.PT
James Watson, Nobel da Medicina em 1962, um dos homens responsáveis pela descoberta da estrutura molecular do ADN, a dupla hélice da vida, precursor da genética, acredita que os negros são menos inteligentes que os brancos. As suas declarações, publicadas num trabalho no “Sunday Times”, de domingo passado, estão a envolver o cientista, mais uma vez, numa acesa polémica.

Notícia do Sunday Times:
October 17, 2007
Black people 'less intelligent' scientist claims
Helen Nugent
One of the world’s most respected scientists is embroiled in an extraordinary row after claiming that black people are less intelligent than white people.

Agora experimentem ler o artigo. Há várias citações de James Watson, e em nenhuma delas o cientista afirma que os negros são menos inteligentes do que os brancos. Diz só que têm uma inteligência diferente, e que o seu raciocínio evoluiu de modo diferente.

Diferente não quer dizer mau, como os homossexuais estão fartos de nos fazer notar. Mau é andar-se perdido no labirinto do politicamente correcto.

A Lei e a Ética

Notícia do Público:

Bastonário fala de arrogância
Ministério obriga Ordem dos Médicos a adaptar Código Deontológico à lei do aborto
18.10.2007 - 11h40 Catarina Gomes
Com base num parecer da Procuradoria-Geral da República, o Ministério da Saúde (MS) concluiu que a Ordem dos Médicos vai ter que alterar o seu Código Deontológico em relação ao aborto por desrespeitar a lei actual que despenalizou a interrupção voluntária da gravidez por opção da mulher até às dez semanas. O bastonário da Ordem dos Médicos (OM) qualifica o acto do ministro da saúde de "inútil, arrogante e prepotente".
(...)
"Nós não somos idiotas", responde o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, para dizer que nunca "nenhum médico foi penalizado por cumprir a lei" que se sobrepõe a um código deontológico. E refere-se a um parecer da Provedoria de Justiça que dizia que a deontologia não tinha que ser alterada para se adaptar à lei tratando-se de princípios éticos da profissão. Obrigar a OM a mudar a deontologia é um "acto inútil", porque nada muda, mas que vale pelo seu simbolismo: trata-se de "um Governo arrogante que quer impor a um grupo profissional que mude a sua ética porque houve mudança na lei".

Interessante mesmo é ler os comentários a esta notícia. Perceber que há portugueses para quem a culpa dos problemas da Saúde em Portugal é dos médicos (até a falta de enfermeiros! Ah como esfrega as mãos de contente esta gente diante da próxima aplicação do ponto digital, aka controle biométrico da assiduidade). Perceber que há portugueses que não distinguem deontologia e lei. Perceber que há portugueses que não sabem fazer contas, nem sabem que o resultado deste referendo, não sendo vinculativo, só se tornou lei porque era o resultado que interessava à maioria socialista. E, por outro lado, perceber que há portugueses que entendem perfeitamente o que se está a passar.

O bastonário está farto deste desgoverno. Estamos todos. Eu, que sou a favor da despenalização do aborto, e espero nunca ter de fazer nenhum, acho que as leis mudam conforme o que é conveniente para os povos, mas que a ética não se muda ao sabor das leis.

Falem baixo

Notícia do Sol:

5a-feira, 18 Outubro
Estudo sobre saúde
Altura na idade adulta afecta qualidade de vida
Um estudo britânico revela que as pessoas baixas consideram ter pior saúde física e mental do que as pessoas com um tamanho considerado normal
(...)
Os resultados realçam que quanto mais baixas são as pessoas, mais baixa é a classificação que atribuem à sua qualidade de vida.

Ganda nóia, hem?

O livro dos recordes da estupidez

Se não existe, deveria existir, e nele caberia certamente a iniciativa mundial «Levanta-te» contra a pobreza, cujo objectivo, segundo o Sol, era reunir centenas de estudantes universitários numa cama gigante para que os participantes se «deitem juntos» e «despertem juntos contra a pobreza».
O telejornal da RTP de ontem enfatizava a pretensão de uma entrada no Guinness Book of Records, o que parece confirmar-se.
A "iniciativa", organizada em Portugal pela Associação PAR, teve apoios da Delta cafés e da TMN.

Ah, que generosidade!
Se tivessem entregue o dinheiro ao Banco Alimentar contra a Fome, às Misericórdias, aos orfanatos, não teria sido mais útil no alívio da pobreza?