Esta é uma das minhas óperas preferidas: a música é linda do princípio ao fim, a história é credível os personagens polidimensionais.
Fui ontem ao S. Carlos ver a encenação de Robert Carsen dirigida por Lothar Koenigs com os solistas alternativos.
Gweneth-Ann Jeffers não me encantou: já sem falar da sua fraca figura empoleirada nuns saltos de 10 cm sobre o plano inclinado que tanto se usa agora no S. Carlos, a voz não é bonita, é pobre em inflexões e resvala frequentemente para o vibrato. Mas como actriz não é má, e compôs uma Tosca jovem, ingénua, que brinca às divas (genial a cena em que, alvoroçada pelas insinuações de Scarpia, não deixa de colocar os óculos escuros e assinar autógrafos) e é arrastada para uma situação insolúvel.
Gostei do tenor Emil Ivanov, que tem uma voz clara e doce, mas suficientemente forte para se fazer ouvir por cima dos insuportáveis fortissimos da orquestra, a que não resistiu sequer, por exemplo, o verso final de Scarpia no primeiro acto, "Tosca, mi fai dimenticare Iddio", que não se ouviu.
Foi este, na minha opinião, o grande erro de Koenigs, que parece não ter entendido que o dramatismo de uma ópera não tem a mesma solução orquestral de uma sinfonia, e que é preciso deixar brilhar os cantores.
Quanto a Johannes von Duisburg (Scarpia), a quem já me vou habituando, tem uma voz que não me é desagradável, mas tem também, aparentemente, dois problemas: um de dicção, que o faz arrastar as frases, e outro de locomoção, que o faz andar como um soldado russo em parada, o que distrai da maldade básica do seu personagem.
Achei o coro bem, e notei que no fim nem ele nem o seu director vieram agradecer (já terá sido despedido?). Gostei de Mário Redondo no Angelotti e de Luís Rodrigues no Sacristão, antes de ser engolido pela orquestra.
A cenografia variou entre o bem conseguido (jogos de luz no segundo acto) e o absurdo (confusão entre teatro e igreja no primeiro acto, entre outros).
Espera-se agora a próxima temporada.
Fui ontem ao S. Carlos ver a encenação de Robert Carsen dirigida por Lothar Koenigs com os solistas alternativos.
Gweneth-Ann Jeffers não me encantou: já sem falar da sua fraca figura empoleirada nuns saltos de 10 cm sobre o plano inclinado que tanto se usa agora no S. Carlos, a voz não é bonita, é pobre em inflexões e resvala frequentemente para o vibrato. Mas como actriz não é má, e compôs uma Tosca jovem, ingénua, que brinca às divas (genial a cena em que, alvoroçada pelas insinuações de Scarpia, não deixa de colocar os óculos escuros e assinar autógrafos) e é arrastada para uma situação insolúvel.
Gostei do tenor Emil Ivanov, que tem uma voz clara e doce, mas suficientemente forte para se fazer ouvir por cima dos insuportáveis fortissimos da orquestra, a que não resistiu sequer, por exemplo, o verso final de Scarpia no primeiro acto, "Tosca, mi fai dimenticare Iddio", que não se ouviu.
Foi este, na minha opinião, o grande erro de Koenigs, que parece não ter entendido que o dramatismo de uma ópera não tem a mesma solução orquestral de uma sinfonia, e que é preciso deixar brilhar os cantores.
Quanto a Johannes von Duisburg (Scarpia), a quem já me vou habituando, tem uma voz que não me é desagradável, mas tem também, aparentemente, dois problemas: um de dicção, que o faz arrastar as frases, e outro de locomoção, que o faz andar como um soldado russo em parada, o que distrai da maldade básica do seu personagem.
Achei o coro bem, e notei que no fim nem ele nem o seu director vieram agradecer (já terá sido despedido?). Gostei de Mário Redondo no Angelotti e de Luís Rodrigues no Sacristão, antes de ser engolido pela orquestra.
A cenografia variou entre o bem conseguido (jogos de luz no segundo acto) e o absurdo (confusão entre teatro e igreja no primeiro acto, entre outros).
Espera-se agora a próxima temporada.