quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Manifesto ateu

Se eu acreditasse num deus único, seria o príncipe do mal, um que tivesse criado um mundo imperfeito, aí tivesse largado criaturas com sensibilidade e raciocínio, e estivesse agora refastelado a assistir ao espectáculo do seu sofrimento.

Nesse mundo mal acabado haveria tempestades e terramotos, vulcões, inundações e secas. Plantas e sobretudo animais teriam como principal objectivo a própria sobrevivência e para tal desenvolveriam competências como a crueldade e a indiferença. No limite, maltratar o outro evoluiria de necessidade a prazer.

Para alguns, como último refinamento, criaria os conceitos de bondade e de justiça para que, na ausência destas à sua volta, sentissem ainda maior a miséria.

Nesse contexto, a melhor hipótese de felicidade seria, provavelmente, manter o mais baixo perfil possível.

A esse deus eu votaria o maior ódio e desprezo. Felizmente para a minha sanidade mental, não acredito nele. Shit happens, é tudo.

sábado, 17 de novembro de 2018

Sede de acreditar

It is pitiable. He has a thirst for belief. Almost anything might do to satisfy it.

Lawrence Durrell, idem, pg 63