Já passou uma semana e ainda não comentei a transmissão directa MetLive in HD para a Fundação Gulbenkian da ópera Maria Stuarda de Donizetti.
Eu não conhecia esta ópera, não conhecia sequer uma ária, e achei-a tão bonita que não entendo porque não é mais representada.
Esta encenação de David McVicar foi, como já me vai habituando, simples mas eficaz*, com uma boa caracterização das duas figuras principais, as rainhas Isabel I de Inglaterra e Maria da Escócia, primas e adversárias nas guerras político-religiosas do século XVI - mas não, que se saiba, e ao contrário do que propõe o libretto, no coração do duque de Leicester.
A acção foi deixada na época a que pertence, os cenários, embora simplificados, representam o que é suposto representarem, os figurinos, de uma forma geral, são apropriados, com a provável excepção do horrendo fato de caça de Elisabetta. Gostei das movimentações do coro, que por vezes parecia posar para um pintor - e que cantou, como é costume, muito bem. A orquestra do Met foi dirigida por Maurizio Benini.
Maria foi interpretada por Joyce DiDonato, que é, na minha opinião, uma cantora maravilhosa. Já tive o privilégio de a ver em palco duas vezes** e estou entusiasmadíssima com a perspectiva de a voltar a ver no próximo sábado, novamente em recital, desta vez em Lisboa. Tem uma belíssima voz, uma técnica impecável, uma atitude fantástica. Desde os momentos mais líricos aos mais dramáticos, nunca me decepciona. Também já cantou o papel da antagonista.
Desta vez quem fez a Elisabetta foi a soprano Elza van den Heever: tem uma voz um bocadinho áspera mas cheia, afinada, e com um bom domínio da coloratura. Duas curiosidades: começou a carreira como mezzo-soprano, e rapou o cabelo para lhe assentarem melhor as perucas deste papel. Talvez tenha exagerado um tanto os tiques que McVicar lhe encomendou.
O tenor Matthew Polenzani fez Leicester: tem uma voz de timbre agradável (nesta transmissão não encontrei o metal do Don Pasquale) e, não sendo grande actor, esteve aceitável no palco. Gostei do baixo Matthew Rose, que vi em Londres, agora no papel de Talbot; Joshua Hopkins em Cecil e Maria Zifchak na aia, ouviram-se com prazer.
* Acabei de ler uma crítica de Jorge Calado que usa exactamente as mesmas palavras para a definir.
**Conforme contei aqui e aqui.
Eu não conhecia esta ópera, não conhecia sequer uma ária, e achei-a tão bonita que não entendo porque não é mais representada.
Esta encenação de David McVicar foi, como já me vai habituando, simples mas eficaz*, com uma boa caracterização das duas figuras principais, as rainhas Isabel I de Inglaterra e Maria da Escócia, primas e adversárias nas guerras político-religiosas do século XVI - mas não, que se saiba, e ao contrário do que propõe o libretto, no coração do duque de Leicester.
A acção foi deixada na época a que pertence, os cenários, embora simplificados, representam o que é suposto representarem, os figurinos, de uma forma geral, são apropriados, com a provável excepção do horrendo fato de caça de Elisabetta. Gostei das movimentações do coro, que por vezes parecia posar para um pintor - e que cantou, como é costume, muito bem. A orquestra do Met foi dirigida por Maurizio Benini.
Maria foi interpretada por Joyce DiDonato, que é, na minha opinião, uma cantora maravilhosa. Já tive o privilégio de a ver em palco duas vezes** e estou entusiasmadíssima com a perspectiva de a voltar a ver no próximo sábado, novamente em recital, desta vez em Lisboa. Tem uma belíssima voz, uma técnica impecável, uma atitude fantástica. Desde os momentos mais líricos aos mais dramáticos, nunca me decepciona. Também já cantou o papel da antagonista.
Desta vez quem fez a Elisabetta foi a soprano Elza van den Heever: tem uma voz um bocadinho áspera mas cheia, afinada, e com um bom domínio da coloratura. Duas curiosidades: começou a carreira como mezzo-soprano, e rapou o cabelo para lhe assentarem melhor as perucas deste papel. Talvez tenha exagerado um tanto os tiques que McVicar lhe encomendou.
O tenor Matthew Polenzani fez Leicester: tem uma voz de timbre agradável (nesta transmissão não encontrei o metal do Don Pasquale) e, não sendo grande actor, esteve aceitável no palco. Gostei do baixo Matthew Rose, que vi em Londres, agora no papel de Talbot; Joshua Hopkins em Cecil e Maria Zifchak na aia, ouviram-se com prazer.
* Acabei de ler uma crítica de Jorge Calado que usa exactamente as mesmas palavras para a definir.
**Conforme contei aqui e aqui.