quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

O Bicho Mau

Notícia do Expresso:

Hospital de Cascais
Chefes de serviço vão apresentar pedido de demissão
A partir de amanhã, sexta-feira, os cirurgiões de Cascais estão impedidos de operar doentes com cancro. Os casos terão de ser transferidos para outras unidades. Os chefes de serviço está já a preparar a demissão em bloco.
Vera Lúcia Arreigoso
13:04 Quinta-feira, 31 de Jan de 2008

O Hospital de Cascais termina esta quinta-feira toda a actividade cirúrgica oncológica. A partir de amanhã, os doentes ali diagnosticados terão de ser transferidos para os hospitais Egas Moniz e São Francisco Xavier, em Lisboa.
(...)
Segundo estava já previsto pelo recém-demissionário ministro da Saúde, Correia de Campos, o Hospital de Cascais vai ainda perder os tratamentos de quimioterapia. Esta transferência ainda não tem uma data precisa para acontecer mas foi justificada com a necessidade de concentrar e racionalizar os recursos do Serviço Nacional de Saúde.


Isto é ridículo. Há cancros e cancros. Enquanto há situações que necessitam de tratamentos auxiliares que pode ser mais apropriado fazer no mesmo local (mas Cascais fica a dois passos de Lisboa!) ou que necessitam de técnicas mais complexas que é melhor concentrar num serviço em que o pessoal tenha mais treino, há outras que os cirurgiões de Cascais ou de outro hospital semelhante estão mais que aptos a resolver sem qualquer problema, e se calhar com muito mais conforto para os pacientes.

É a história inversa à das aposentações negadas a pessoas com cancro. Há cancros que, uma vez resolvidos, não impedem a pessoa de trabalhar, e os protestos em relação a juntas médicas que encheram os media o ano passado e obrigaram a mudar algumas regras tinham muito de aproveitamento político da ignorância geral.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Amendoeiras em flor


(Hoje, em Albufeira)

O ímpeto legislativo

Since it came to power, the Labour government has introduced 2,685 pieces of legislation every year. And each has been either ill-conceived, draconian, bonkers, bitter, dangerous, counter-productive, childish, wrong, thoughtless, selfish, or designed primarily to make life a bit more miserable for everyone except six people in the BBC, 14 on The Guardian and Al Gore.

Jeremy Clarkson, in The Sunday Times, January 27, 2008


Não posso deixar de simpatizar com o sentimento, e de achar que a frase é igualmente válida para a legislação em Portugal nas últimas décadas, ou na Europa desde que se inventou o Parlamento Europeu.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Remodelação

No dia 26 (sábado passado) Correia de Campos dá ao Expresso uma entrevista em que explica que está tudo bem com ele, o sinistério e a saúde dos portugueses.

No dia 29 (hoje) Correia de Campos é substituído como sinistro da saúde e declara ao
Sol que «não estavam reunidas as condições para continuar».

Vale a pena andar a par do que eles dizem? Ou sequer conhecer-lhes os
nomes?

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

E no que diz respeito a comida

Desde que se passem os Pirinéus, o meu cão entra em qualquer lado excepto em museus (mas entra nas cafetarias dos museus).


( Café Cathedral, Budapest, Janeiro 2008)


Andrássy utca

(Ópera, Budapest, Janeiro 2008)


É provavelmente hoje a rua mais bonita de Pest. Ali ficam as melhores lojas e a Ópera. Infelizmente não havia nada no programa para a noite de 21 de Janeiro.

An der schönen blauen Donau

Estive em Budapest há muitos anos, quando os comunistas ainda mandavam. lembro-me que achei que as margens do Danúbio eram lindas, mas que afastando-me duzentos metros os prédios e as ruas estavam degradados e a fealdade imperava, sobretudo no lado de Pest.

Hoje já há muita coisa recuperada, e durante o dia com as lojas abertas e as pessoas na rua (a Váci utca, que é a rua pedonal, à noite está deserta, com as portadas de ferro trancadas, como em Madrid) o ambiente é muito agradável.

As margens do Danúbio continuam lindas.

(Chain Bridge, Budapest, Janeiro 2008)

domingo, 27 de janeiro de 2008

Deste que se assina

O Fleischmarkt é um dos bairros mais antigos de Viena, e nele fica o restaurante Griechenbeisl, que se orgulha de existir desde 1447.

Até aqui tudo bem; o restaurante é muito simpático, tem várias salas, e come-se lindamente (de resto comi quase sempre lindamente nesta viagem, incluindo em cafetarias de museu e comboios. Até a comida da TAP foi melhor que o costume!).

O único senão: a sala Mark Twain é decorada, nas paredes e no tecto, com assinaturas de celebridades, desde Mozart a Pavarotti passando por Egon Schiele.

Não pode ser verdade. Ou antes: não duvido que Pavarotti tenha assinado, mas muitas das outras são obviamente da mesma idade e feitas pela mesma mão, que não as dos respectivos donos.

Foto © Griechenbeisl

Rosas em Janeiro

Entretanto, no Algarve...


(Hoje, no meu jardim)

Nos jardins dos Habsburgos

Não é uma instalação do Christo.
Não são fiscais da
ASAE encapuçados.
Não são frades em penitência.
São as roseiras do
Hofburg protegidas contra o frio do Inverno.

(Hofburg, Viena, Janeiro 2008)

As igrejas de Viena

A Stephansdom estava em obras, cheia de andaimes e taipais, mas agora usam-se taipais com a foto da porção da obra tapada, o que é simpático.

Viena tem uma série de igrejas barrocas com interiores lindíssimos, como a Jesuitenkirsche na zona do Fleischmarkt, na qual a missa de domingo é ao som de música de Mozart, ou de Haydn, e enche de fiéis - talvez mais fiéis à música que à igreja.


(Jesuitenkirsche, Viena, Janeiro 2008)

No domingo passado era a Missa Longa de Mozart. Infelizmente o padre não se calava, pelo que saí antes do Credo.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A geometria de Einstein

Space is a secondary concept. The concept of space is in fact entirely dependent on the notion of time. Given a clock, we can think of all the events that are simultaneous with the clock striking noon. These make up space.

Lee Smolin, The trouble with Physics, NY, 2007, pg. 82

The Alexandria Quartet de Lawrence Durrell é a transcrição genial para a Literatura da teoria da relatividade de Einstein. Os três primeiros volumes, Justine, Balthazar, Mountolive, correspondem às três dimensões espaciais na medida em que relatam os mesmos eventos de perspectivas diferentes, enquanto o último, Clea, corresponde à dimensão temporal, levando a história a uma época posterior e derivando consequências.
As diferenças nos vários relatos aparecem como a modificação da própria matriz espaço-temporal pela proximidade de cada um dos protagonistas como matéria/energia.

Podia ser um conceito brilhante e uma execução chata; não é de todo. História, personagens, contexto, escrita, perfazem um fortíssimo candidato ao grande romance do século XX.

Flat Stanley

O Flat Stanley é um projecto escolar interactivo canadiano. Baseia-se num livro já com 40 anos, e tem como intenção estimular as crianças a escrever.

No final do ano passado, a minha sobrinha mandou-me um Flat Stanley pelo correio, pedindo-me que o levasse comigo para o trabalho, a passear, ao restaurante ou a algum lugar turístico, e que o devolvesse com fotografias e uma carta a explicar o que ele andou a fazer.

O início de Janeiro foi muito aborrecido para o Flat Stanley porque choveu bastante e não saiu de casa com medo de se molhar. Este fim de semana desforrou-se: foi a Viena, a Budapeste e a Lisboa.

Daqui a pouco despedir-me-ei dele à boca de um marco de correio.



(Terreiro do Paço, Lisboa, Janeiro 2008)

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

O jogo das escondidas

A propósito da visita de Luís Filipe Menezes ao hospital de Faro, durante a qual se conseguiu milagrosamente retirar as macas do serviço de Urgência (não sei para onde, ainda não terá sido para a lavandaria*), pergunto-me que vantagem vêem as administrações em mostrar uma realidade virtual aos políticos visitantes.

Estes, encontrando tudo limpo e arrumado, a funcionar de modo aparentemente tranquilo, e às vezes até vasos com plantas nos corredores (no Hospital de Santa Maria, há uns anos), só podem sair com a ideia que está tudo bem, e ficar perplexos com as histórias de protestos, demissões e outras confusões.

*Na história da lavandaria, quem está a apontar o cerne da questão é o enfermeiro Nuno Manjua, quando afirma: "Quanto mais espaço, mais pessoas se internam, e essa não pode ser a solução"

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Asas nas próteses

Notícia do Público:

Próteses flexíveis no lugar das pernas dão-lhe vantagem, diz estudo
Oscar Pistorius: atleta amputado proibido de participar nos Jogos Olímpicos

14.01.2008 - 21h53 Duarte Ladeiras
A Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) afastou Oscar Pistorius dos Jogos Olímpicos (JO) de Pequim 2008. Esta decisão baseia-se num estudo segundo o qual as próteses flexíveis, feitas de carbono, que o sul-africano usa para substituir as duas pernas, podem dar-lhe uma significativa vantagem em relação aos velocistas sem deficiência.

É possível. Duvido que qualquer dirigente ou membro da IAAF gostasse de substituir as próprias pernas pelas próteses de Pistorius.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Quase

Ontem vi um bocadinho da entrevista a José Medeiros Ferreira no programa Diga lá Excelência da rtp2, em que ele quase disse que o governo pede aos portugueses como se estes não tivessem direito a ser felizes.

Os trabalhos e os dias

Lido no blog A Era do Cacau:

O ser humano desde o inicio dos tempos que trabalha para poder ser preguiçoso, trabalha é verdade, mas para poder não fazer nada.

Isto será verdade, ou será apenas por hoje se trabalhar em ambientes de stress, em competição desenfreada, e sem condições para fazer realmente bem cada tarefa?

Os super-polícias

Nem tudo o que luz é ouro, nem tudo o que se lê é certo. Mas as notícias sobre a ASAE enchem os jornais e enchem-nos a paciência.

A capa da edição impressa do
Expresso desta semana é:

TIRO, ASSALTO, LUTA CORPO-A-CORPO E COMBATE AO TERRORISMO
Polícia americana
e SIS treinam ASAE

António Nunes peiu apoio dos serviços secretos e da SWAT,
polícia especial americana

A Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE) está a treinar os seus agentes em tácticas paramilitares.

E o
Sol afirma:
Ontem
Proibidas de vender

ASAE apreende material genuíno em lojas de grandes marcas

Por Sandra Nobre
Não são só as contrafacções que atraem a atenção da ASAE. As lojas de marcas de luxo, como a Cartier, a Hermès ou a Louis Vuitton, também não escapam ao inspector-geral António Nunes, visto não terem licenças para vender alguns produtos que hoje comercializam

Fantástico. Estou mesmo a vê-los, encapuçados, metralhadora em punho, a entrarem de rompante na Hermès no Chiado para apreenderem umas sandalitas de salto alto porque a loja só pode vender lenços, carteiras e perfumes (e como é que se lembraram de investigar se assim era?).

Valha-nos a
informação veiculada pel' A Voz da Abita, de que apesar de já servirem para quase tudo, desde apreender jeans contrafeitos a fechar restaurantes ou a prender fumadores, ainda não têm meios nem formação para fazerem a fiscalização da actividade das pescas no mar ;-)

sábado, 12 de janeiro de 2008

Sobre a lei anti-tabaco

Miguel Sousa Tavares, na edição impressa de hoje do Expresso:

Até ver, a minha saúde é assunto meu, e a liberdade é assunto de todos(...)

Em primeiro lugar, enquanto todos pagarmos a saúde de todos (via impostos) a saúde de cada um também se pode considerar assunto de todos.

A esplanada do café do bairro está cheia de gente, velhos incluídos, que tomam o pequeno-almoço e o café da manhã ao frio.

Talvez seja altura de os donos de cães, escorraçados para as esplanadas por uma lei inexistente (vá lá, alguém que a conheça faça o favor de ma citar), estarem mais acompanhados.

Posto isto, algumas questões:
1. não fumo e o tabaco incomoda-me;
2. acho que se fazem leis em excesso;
3. não me parece mal que se protejam os não-fumadores, mas não seria mais simples deixar os donos das tascas decidirem se se pode ou não fumar nas suas instalações, e cada um escolher as que frequenta?
4. onde vou agora jantar com os meus amigos que fumam?

E para terminar, adorei estas etiquetas do blog
Edições Pirata (via BioTerra):

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Teatros de Ópera classificados

Por outro lado, veja-se a classificação atribuída aos principais teatros de ópera mundiais, segundo um comentador (que assina CrewMantle) do OperaChic e posto em discussão pela autora do blog:

THE list,

Top Tier (in no order as they are equal)

Teatro alla Scala
The Royal Opera House, Covent Garden
The Metropolitan Opera

Ritorna vincitor

Já farta de posts sobre chatices, aqui vai uma boa notícia recolhida no blog OperaChic: Rolando Villazon, depois de seis meses afastado dos palcos, voltou à Ópera Estatal de Viena, praticamente recuperado, mais cuidadoso com a voz, e muito nervoso.

Enhorabuena, y que le vaya muy bien!


Os lucros do lixo

Aprendo no Euronews que o lixo napolitano é um negócio que rende seis mil milhões de euros por ano e lembro-me das discussões passadas sobre a co-icineração e outros meios de dispôr do lixo português.
Gostava de saber como é que o lixo rende tanto dinheiro, e, em Portugal, a quem.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Imigração

A propósito do comentário do Filipe Tourais a este post, estive mais uma vez a pensar no problema da imigração - legal e ilegal.

O problema é este: se damos a estas pessoas autorização de residência, temos obrigação de lhes dar emprego - ou vamos mantê-las em acampamentos e alimentá-las com rações? Não foi para isso que deixaram patria, amici, parenti.

E que empregos temos para elas? Aqueles que, com os tiques das sociedades afluentes que pretendemos ser, não queremos para nós: pedreiros, canalizadores, cabeleireiros, mulheres de limpeza, empregados de mesa, lojistas: no fundo as actividades que sustentam a economia. Os portugueses agora têm que se qualificar, licenciar-se mesmo que na Universidade Independente, e viver do subsídio de desemprego enquanto os marroquinos, os senegaleses, os ucranianos ou os moldavos trabalham para eles.

Dizem que se deve encorajar a imigração legal porque os descontos destes trabalhadores para a Segurança Social permitem mantê-la a funcionar. Mas estes descontos servem é para pagar o subsídio dos portugueses que ficam no desemprego. Dizem que os filhos deles aumentam as estatísticas de natalidade e vão mais tarde contribuir para a mesma Segurança Social. Mas esses filhos também já não estão dispostos a fazer o trabalho dos pais, e vão qualificar-se e engrossar as fileiras dos subsídio-dependentes.

Devemos então devolvê-los aos seus países e às suas vidas miseráveis? Eu não sei qual é a solução. Suspeito que deve ser outra, deve ser investir nesses países - não para os explorar
mas para os desenvolver. Só que mesmo que isso seja feito, ou seja que se ensine o homem a pescar, enquanto aprende e não aprende, se não se lhe der um peixe pode morrer de fome.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O cavalo do poder

Francisco Balsemão no Expresso de sábado passado:

Vencer o conservadorismo
0:01 Sábado, 5 de Jan de 2008
Mal-grado a globalização, a Web, a clonagem, a liberalização do aborto ou o casamento dos homossexuais, as coisas não mexem, no plano político e social, porque os detentores do poder querem conservá-lo, querem manter-se no poder.

Quem estuda um bocadinho de história sabe que isto é verdade. Não há nada de novo sequer nesta frase, mas se calhar é bom recordá-la de vez em quando.

domingo, 6 de janeiro de 2008

A Praia dos Tomates

Diz o Kaos, e muito bem, que nesta história do cancelamento do rally Lisboa-Dakar o vencedor é o terrorismo.

Pouco depois do ataque às torres gémeas do WTC alguém, já não me lembro quem, disse que a melhor maneira de enfrentar o terrorismo seria continuarmos a viver e a fazer o que nos dá prazer (é possível que esta última parte tenha sido acrescentada por mim).
Lembro-me também de a senhora Thatcher, quando primeira-ministra, recusar negociar com terroristas e raptores.
Julgo que ainda haverá educadores a afirmar que quando se cede a uma criança birrenta se está a programar um futuro com mais birras.

Hoje, porém, a atitude geral parece ser diferente. Talvez tenha sido o politicamente correcto que nos levou a isto? Ou o politicamente correcto já era uma expressão do medo?

Seria respeito pelos pretos ou outra coisa qualquer que levou os americanos a chamarem-lhes afro-americanos, como se os brancos nascidos em África não fossem africanos, ou se os pretos nascidos noutro continente tivessem sempre de ser made in outro lado?
Seria respeito pelos judeus ou outra coisa qualquer que levou ingleses e americanos a implantar o estado de Israel na Palestina, onde havia comunidades muçulmanas que passaram a ser descriminadas quando não expulsas?
Será respeito pelos muçulmanos ou outra coisa qualquer que nos faz censurar cartoons, proibir o uso de cruzes ao pescoço, aceitar burkas nas nossas comunidades?
Será acto de humanidade ou outra coisa qualquer o que leva o Bloco de Esquerda a pedir a
concessão de autorização de residência aos 23 imigrantes ilegais apanhados no Algarve, como se tivéssemos capacidade de dar uma boa qualidade de vida a esses e aos próximos candidatos?
Será preocupação com a segurança do Rally o que levou o presidente francês a pressionar a organização do rally para o cancelar, ou antes com a dos interesses franceses no norte de África e no Médio Oriente?

Teremos perdido os tomates na praia*? Quando? Todos? Definitivamente?

*
A Praia dos Tomates chamava-se originalmente Praia dos Tomates da Inglesa, porque ali ficava uma espécie de horta onde a proprietária os cultivava. Foram-se os tomates, ficou o nome. O simbolismo parece-me apropriado.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Cavalos mongóis em Chernobyl

O marido e a filha de Mary Beard (mais conhecida pelos seus 2 volumes sobre religiões romanas, entre outros estudos clássicos, e autora do blog A don's life) visitaram Chernobyl no mês passado.

foto © Tim Mousseau

A explosão do reactor nuclear já foi há quase vinte e dois anos! E, para além das vítimas dos primeiros tempos, parece que a região tem recuperado muito bem e se tornou numa espécie de
santuário de vida selvagem em que prosperam muitas espécies consideradas em vias de extinção.

No entanto, enquanto há seis anos o articulista afirmava que não existiam aberrações genéticas nessas espécies, parece que isso
não é bem assim. De qualquer forma é extraordinário e levou-me a procurar saber como está Hiroshima actualmente. Florescente e cheia de flores! E com um milhão de habitantes dos quais a terceira geração não parece ter herdado problemas relacionados com a explosão da bomba atómica.

Obviamente, há que ter precauções, mas talvez seja uma boa ideia revermos os nossos medos em relação à energia nuclear.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Bhutto, verdade e consequência

Vale a pena ler esta entrevista com Benazir Bhutto (via Portugal for Ron Paul).

Também é muito interessante este
artigo do Washington Post, apontado pelo mesmo blog. Mais uma vez percebo que da missa nem sei metade.

Detesto o terrorismo, que defino simplesmente como a violência exercida sobre alvos não militares com a intenção de obter publicidade para uma causa ou um grupo. Detesto a violência em geral, que tem como consequência mais violência em retaliação, ou pelo contrário a submissão por medo.
Detesto a falta de memória colectiva e a martirização dos mortos com o apagamento dos seus defeitos. Também detesto o excesso contrário, a diabolização de quem já não se pode defender (a princesa Diana deu origem a ambos os processos).

Benazir Bhutto, parece, não era flor que se cheirasse. Mas condeno em absoluto o seu assassínio.

Quanto ao filho de 19 anos, estudante em Inglaterra, nomeado agora seu herdeiro político, fez-me de repente lembrar o "primeiro imperador"* de Roma, Augusto, adoptado por testamento de Gaio Júlio César. Veremos se tem razão de ser a analogia.

*Esta designação é incorrecta, mas isso é outra história.