Com que então preocupado
Porque além do outro lado
Do mundo um operário
Vive e morre escravizado
Com trinta euros por mês
Sem folgas e sem horário
Sem direitos laborais
Sem protecções sindicais
A produzir esses bens
Que ficam por dois vinténs
E matam a comp'tição,
Deixando por sua vez
Sem ter alma ou coração
O Ocidente enrascado
Lembre-se do que estudou
Do tempo do bisavô
Quando a Europa crescia
E se industrializou
A mão-de-obra da altura
Labutava a pão e vinho
Sem direitos sem ventura
Sem saúde ou luz do dia
Assim foi duzentos anos
Quem dera que os humanos
Aprendessem mais depressa
A China na sua pressa
Vai seguindo p'lo caminho
Que a Europa já trilhou
Melhor fora que pensasse
No desolador impasse
Da vida que o arrasta
De casa para o trabalho
Do trabalho para casa
Sem o menor golpe de asa
A pagar a prestações
Férias e televisões
E o colégio das crianças
Sem tempo para pensar
Sem poder dizer já basta
'té ao dia em que as finanças
o retiram do baralho
num tremendo desenlace
Vai para o desemprego
Põe umas coisas no prego
Mas não deixa de fumar
À espera que a crise passe
Como se ela passasse
Só por você desejar
Mas quando se senta à mesa
As notícias não são boas
Andam doidas as pessoas
O governo desgoverna
Tentando passar a perna
Aos mercados.
Sem pensar
Compra na loja chinesa
Um vago desassossego.
Porque além do outro lado
Do mundo um operário
Vive e morre escravizado
Com trinta euros por mês
Sem folgas e sem horário
Sem direitos laborais
Sem protecções sindicais
A produzir esses bens
Que ficam por dois vinténs
E matam a comp'tição,
Deixando por sua vez
Sem ter alma ou coração
O Ocidente enrascado
Lembre-se do que estudou
Do tempo do bisavô
Quando a Europa crescia
E se industrializou
A mão-de-obra da altura
Labutava a pão e vinho
Sem direitos sem ventura
Sem saúde ou luz do dia
Assim foi duzentos anos
Quem dera que os humanos
Aprendessem mais depressa
A China na sua pressa
Vai seguindo p'lo caminho
Que a Europa já trilhou
Melhor fora que pensasse
No desolador impasse
Da vida que o arrasta
De casa para o trabalho
Do trabalho para casa
Sem o menor golpe de asa
A pagar a prestações
Férias e televisões
E o colégio das crianças
Sem tempo para pensar
Sem poder dizer já basta
'té ao dia em que as finanças
o retiram do baralho
num tremendo desenlace
Vai para o desemprego
Põe umas coisas no prego
Mas não deixa de fumar
À espera que a crise passe
Como se ela passasse
Só por você desejar
Mas quando se senta à mesa
As notícias não são boas
Andam doidas as pessoas
O governo desgoverna
Tentando passar a perna
Aos mercados.
Sem pensar
Compra na loja chinesa
Um vago desassossego.