terça-feira, 31 de janeiro de 2012

sábado, 28 de janeiro de 2012

Neve

O Jr. fez nestas férias a sua estreia na neve junto ao Wolfgangsee. Pensei que ficasse atrapalhado, como quando pisou areia pela primeira vez, mas agora é um senhor e não se deixou intimidar.

(Wolfgangsee, Janeiro 2012)

E em Munique nevou! Para quem vive em países onde é habitual, a neve é um empecilho. Para mim, que só vou de visita, é exótica e encantadora, acho graça aos flocos que caem, a ficar com o casaco todo branco e a sacudi-los à porta do hotel.

Na manhã seguinte, já de partida, atravessei uma cidade de conto de fadas.



(München, Janeiro 2012)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Elefante em Salzburgo

A trabalheira que me dá escolher hotéis quando viajo está para além do imaginável. E nem sempre vale a pena repetir um hotel onde estive bem antes, porque pode bem acontecer ter-se degradado entretanto, ou simplesmente a filosofia ter mudado. Por isso, se de quando em quando penso em falar dos hotéis do meu contentamento, acabo por desistir.

Hoje refiro aquele em que fiquei em Salzburgo por uma razão particular, e não apenas por ser muito simpático e confortável, estar em plena Altstadt e perto de tudo, ser dog-friendly e ter um restaurante onde se come bem. É que o Hotel Elefant tem uma relação especial com Portugal.

Para além dos diversos elefantes, maiores e menores, espalhados pelas zonas públicas do hotel há, na sala do restaurante, pendurado do tecto, um longo friso de madeira esculpida que conta a história do bicho: trata-se de Salomão, o protagonista do livro A Viagem do Elefante de Saramago e foi naquela sala e olhando para aquele friso que o escritor se inspirou para contar a história.

Eu não tinha ideia, fù puro caso, mas muito engraçado.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Ajudas técnicas

O médico:

A senhora não pode dobrar o joelho nos próximos tempos.

A doente:

Não faz mal, eu tenho duas amuletas.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Don Carlo em Munique

Esta viagem estava programada desde que em Outubro a Bayerische Staatsoper me atribuiu bilhetes para a récita de 19 de Janeiro do Don Carlo de Verdi (uma qualquer!, pedira eu) com um elenco encabeçado por Jonas Kaufmann, e que incluía René Pape, Anja Harteros e Mariusz Kwiecien. Quando Kaufmann cancelou os últimos recitais de 2011 confesso que tremi... mas quem faltou à chamada foi Kwiecien, substituído por Boaz Daniel.

Achei o Nationaltheater enorme e um tanto confuso, com uma mistura de estilos: a fachada e a sala neoclássicos, o resto moderno. O público, muito bem vestido e educado, poucas tosses e longos aplausos.


A encenação de Jürgen Rose foi banal; responsável também pelos cenários, luzes e figurinos, fez opções sem qualquer originalidade: cenário minimalista e claustrofóbico, crucifixo gigante encostado a uma parede do princípio ao fim, roupas sem coerência temporal, muitos trench-coats, uma espécie de procissão de semana santa sevilhana na cena do auto-de-fé, e o toque ousado dos condenados nus em palco. Mas Rose anda nisto há tanto tempo que é possível que já não consiga inovar-se. E a fogueira foi realmente acesa.

Sobre a concepção dos personagens, de referir apenas que o príncipe foi historicamente informado, ou seja, frágil, doentio, com quedas e desmaios; o marquês de Posa com óculos fez-me lembrar o príncipe Pierre Bezukhov da série War and Peace dos anos 70, e a pobre Eboli foi mais uma vez iludida com uma beltà que não lhe concederam. A paixão entre Carlo e Elisabetta podia ter sido mais desgarradora, sobretudo no acto final, em vez de os intérpretes cantarem cada um para seu lado encostados às paredes.

Os intérpretes, esses, foram realmente fantásticos. Jonas Kaufmann (Carlo), acerca de cuja voz já li críticas ácidas (pequena, artificialmente escurecida, etc), tem na verdade uma voz belíssima, aveludada, com gradações de cor, expressiva, perfeitamente projectada nos fortes e com pianíssimos celestiais. Anja Harteros (Elisabetta di Valois) tem uma voz grande, muito bonita, com os agudos perfeitos, que vale particularmente a pena ver ao vivo num teatro. René Pape (Filippo) é extraordinário, uma voz de baixo sem esforço em qualquer dos extremos da tessitura, linda e doce.
Anna Smirnova (Eboli), que vimos na transmissão do Don Carlo do Met há pouco mais de um ano, achei muito melhor ao vivo, embora não ao nível dos outros três. Também longe dos outros o barítono Boaz Daniel, que achei um bocadinho arrastado (falta de fôlego? cansaço?) mas empenhado.
O Grande Inquisidor foi, como no Met, Eric Halfvarson, em muito boa voz, dramaticamente exagerado na conversa com o rei mas excelente de autoridade na cena da revolta popular.
Nenhuma falha a apontar aos cantores nos papéis menores. A orquestra muito bem, sob a direcção do maestro Asher Fisch, sem arrastar os tempos, mas dando espaço ao que devia ser enfatizado.

(München, Janeiro 2012)

Foi um serão belíssimo, e tive a oportunidade, já de regresso a casa, de assistir à transmissão directa online da récita de ontem. Já está, aos bocadinhos, no Youtube, mas certo é que, como diz o Fernando Vasconcelos, ao vivo é outra coisa.

Nota em 28/01/12: os videos foram retirados a pedido da Bayerische Staatsoper. Espero que isso signifique que haverá um DVD.

domingo, 22 de janeiro de 2012

A cidade da música

Como disse o Paulo, a Áustria perdeu a gargalhada (ahahah), mas Salzburg ainda tem motivos para sorrir: principalmente Mozart, que é todo um negócio - de resto, na belíssima cidade velha, música e negócio estão tão entrelaçados como a madressilva e a corriola*.

Diante da catedral, que foi, como tantas na Europa central, reconstruída depois da segunda guerra mundial, reparei numa estátua coberta por uma protecção anti-gelo, coisa de que a Teresa falou já não me lembro em que post e eu nunca dera conta.



Visitei a casa onde nasceu Mozart


e comi um dos famosos Mozartkugeln, mas infelizmente não coincidi com a Mozartwoche, o festival de inverno. Tão pouco fui aos jardins Mirabell que foram cenário no filme The Sound of Music porque não me pareceu que em Janeiro estivessem com o seu melhor aspecto. Mas passeei, apesar do frio, pela Getreidegasse com as suas bonitas lojas e, ainda mais bonitos que as lojas, os letreiros de ferro forjado, dourado e pintado que as assinalam.


Até o McDonalds tem um.

(Salzburg, Janeiro 2012)

Comi no restaurante Carpe Diem uma espécie de tapas denominadas fingerfood, muito recomendáveis a quem não precise de grandes doses.



*Sleep thou, and I will wind thee in my arms.
(...)
So doth the woodbine the sweet honeysuckle
Gently entwist (...)


Shakespeare, A Midsummer Night's Dream, IV.1, citado por Martin Gardner in The New Ambidextrous Universe, Mineola, 2005, pg 55

A Europa sem crise

Um breve passeio pela Europa sem crise - ou quase - levou-me primeiro a Genève.

O jet d'eau continua activo e altivo, do alto dos seus 140 metros:


À porta dos melhores hoteis parqueiam em segunda fila os carros imponentes:


Até os pardalitos se banqueteiam com sushi:


E para quem julga que os suíços não têm imaginação, talvez não seja bem assim:

(Genève, Janeiro 2012)

sábado, 14 de janeiro de 2012

Assalto

Notícia do Correio da Manhã:

Lisboa
Quaresma assaltado por gang armado
Foi em Lisboa! Conheça todos os pormenores do roubo ao jogador português do Besiktas. Quem o assaltou, o que lhe levaram.
13 Janeiro 2012
Por: Henrique Machado

(...) Ricardo Quaresma, à porta de casa de um amigo (...) foi anteontem roubado em 44 mil euros, entre objectos pessoais e dinheiro.
(...)
O ataque armado ocorreu de uma forma rápida e eficaz, pelas 00h40, sem que Quaresma e o amigo, que estava consigo no carro, tivessem tempo ou hipótese de reagir - foram ameaçados de morte pelos três assaltantes armados e de rostos cobertos por capuzes.
O atleta de 28 anos, que começou no Sporting e se celebrizou no FC Porto, agora ao serviço do Besiktas da Turquia, foi o único alvo do gang - que o reconheceu e reparou no brinco que usa sempre na orelha esquerda.
Nada foi roubado ao amigo, que ali vive (...)
A Zona J de Chelas é considerada um dos mais problemáticos bairros da capital - associado ao tráfico de droga e onde as polícias já capturaram vários gangs por roubos.(...)


Um bom argumento contra o racismo e a xenofobia é quando um cigano sofre um assalto.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Bairro Alto

O Estado dá-me cabo da cabeça e da bolsa e o estado das ruas de Lisboa deu-me cabo dos pés. O Bairro Alto ao sábado de manhã é... diferente, com as funcionárias da Câmara a varrer os milhares de copos de plástico que o pessoal da noite bebeu na sexta-feira e atirou para o chão (a rua na foto tem poucos bares).


Grande parte daqueles prédios não tem obras há décadas, e provavelmente senhorios e inquilinos reagiram de maneira diferente à nova lei do arrendamento de que se falou no princípio do ano.


Princípio? Ainda mal passou uma semana e já se fala em mais austeridade e desvios orçamentais...

(Lisboa, Janeiro 2012)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Artur Pizarro na Gulbenkian

Sexta-feira passada estive na Gulbenkian para o recital de Artur Pizarro com a Orquestra Gulbenkian dirigida por Lawrence Foster.

Um alinhamento um tanto estranho: a orquestra começou sozinha com o piano escondido atrás e acabou da mesma forma. Não achei a primeira peça (Orpheus) particularmente interessante e não fiquei para os Prelúdios finais. A orquestra portou-se muito bem, com destaque para o oboé, os violoncelos e contrabaixos, mas o que me interessava era Pizarro a tocar Liszt.

Liszt, que conheço mal, e começou a vida como intérprete virtuoso, foi um compositor notável e, nas suas obras tardias, um inovador, anunciando o impressionismo e para além dele. Os dois concertos para piano têm uma construção muito firme e interessante, o Concerto nº 2 em lá maior em particular - apesar de, como ouvi comentar, a música ser talvez mais difícil do que bonita. Certo é que qualquer das peças para piano tocadas na Gulbenkian permite ao solista brilhar, ou deverei antes dizer, exige que ele brilhe.

A transcrição da abertura do Tannhäuser pareceu-me muito fiel, embora não seja obviamente possível pôr num só piano a majestade de uma grande orquestra wagneriana; no entanto as cascatas de som de violinos e violoncelos traduzem-se nas escalas cristalinas sobre as quais voam as mãos do pianista. Houve notas falhadas no início, mas deixaram de ter importância perante o resto da execução. A ária Oh du mein holder Abendstern no início da segunda parte não teve escolhos, e em ambos os concertos para piano Pizarro emocionou e empolgou. Já o vi tocar várias vezes e acho sempre extraordinária a sensação que transmite de facilidade, leveza e alegria. Merece mil vezes os aplausos que recebe.

Infelizmente não encontrei na rede nenhuma destas peças tocada por ele, mas deixo a sua Rapsódia Húngara nº15.

Obediências

Estou farta de ouvir gente próxima da Opus Dei escandalizar-se com os ritos, os segredos e as influências da maçonaria.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Os políticos

Os políticos podem bem não ser capazes de resolver os problemas do nosso mundo mas, como temos visto, podem agravá-los de um modo muito significativo.

Manuel Maria Carrilho, hoje, no Diário de Notícias.

Não posso estar mais de acordo.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O preço certo

Notícia do Expresso:

Barão capitalista britânico dá prémio a quem inventar "saída ordeira" do euro
Simon Wolfson, dono da Next, cadeia retalhista de moda, vai atribuir um prémio de 290 mil euros ao economista que apresentar até 31 de janeiro a melhor proposta de como um ou vários membros da zona euro poderão "sair ordeiramente" da moeda única.
Jorge Nascimento Rodrigues (www.expresso.pt)
9:05 Quarta feira, 4 de janeiro de 2012

(...)
Simon Wolfson, de 43 anos, que é filho do fundador da Next,(...) tem as inscrições abertas para o Prémio até 31 de janeiro. Os interessados poderão consultar as regras no link seguinte: http://www.policyexchange.org.uk/pages/wolfsoneconomicsprize.cgi
(...)


Duzentos e noventa mil euros? Deve estar a brincar. Como dizem os americanos, esta é a pergunta para um milhão de dólares. Pelo menos.

Céu azul e sol radioso

Onde andam os agricultores em Portugal, que ninguém se queixa da seca?



* Eu também não me queixo, era o que faltava.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Privilégio

Apesar de tudo, é um privilégio viver numa cidade onde se vê o sol levantar-se e pôr-se sobre o mar.

(Albufeira, Dezembro 2011: madrugada)


(Albufeira, Janeiro 2012: poente)

domingo, 1 de janeiro de 2012

Bom ano novo

Curiosamente à meia-noite nenhuma das quatro televisões nacionais passou imagens do fogo-de-artifício madeirense, o mais antigo e famoso do país. Hoje, no jornal das 7, a SIC Notícias pretendeu convencer-nos que (houve mas) causou incêndios e desalojou pessoas.
Na procura por um bode expiatório para o mau viver, a Madeira e Alberto João Jardim estão na fila, mas seria preciso tanto?

Felizmente o resto do mundo ignora essa guerra e aqui fica um testemunho, com os meus votos de bom ano para os amigos deste blogue: haja saúde, alegria e força para levar por diante os projectos de cada um.

Foto do Daily Mail