Herculaneum, circa 40 BCE. At the villa Pisonis the Epicurean School of Philodemus of Gadara is an informal gathering place for those who enjoy discussing philosophy, literature, general politics, the nature of things and how to live better.
terça-feira, 31 de março de 2009
Perspectivas e cenários
Notícia do Financial Times:
Barclays in talks on £3bn iShares deal
By Martin Arnold, Peter Thal Larsen and Jane Croft in London
Published: March 31 2009 11:52 Last updated: March 31 2009 14:17
Barclays has entered exclusive negotiations with CVC Capital Partners, the private equity group, to sell the exchange traded funds business of its iShares subsidiary in a deal worth about £3bn.
The move came a day after Barclays shunned a UK government insurance scheme designed to ring-fence toxic assets on banks’ balance sheets.
(...)
The detailed stress tests carried out by the Financial Services Authority examined how Barclays would perform in a UK recession lasting at least two years and tested a number of different scenarios including a 50 per cent fall in house prices as well as declines in gross domestic product and in commercial property.
(...)
Claro que não percebo nada dos problemas e dos planos do Barclays, mas o que me chamou a atenção foram os estudos feitos sobre cenários não-optimistas.
Faz-me lembrar, por oposição, o último Orçamento de Estado deste desgoverno, e se calhar os Orçamentos anteriores, que já em plena crise se baseava em cenários de crescimento económico.
Não era optimismo: era burrice ou maldade. E continua a ser.
Barclays in talks on £3bn iShares deal
By Martin Arnold, Peter Thal Larsen and Jane Croft in London
Published: March 31 2009 11:52 Last updated: March 31 2009 14:17
Barclays has entered exclusive negotiations with CVC Capital Partners, the private equity group, to sell the exchange traded funds business of its iShares subsidiary in a deal worth about £3bn.
The move came a day after Barclays shunned a UK government insurance scheme designed to ring-fence toxic assets on banks’ balance sheets.
(...)
The detailed stress tests carried out by the Financial Services Authority examined how Barclays would perform in a UK recession lasting at least two years and tested a number of different scenarios including a 50 per cent fall in house prices as well as declines in gross domestic product and in commercial property.
(...)
Claro que não percebo nada dos problemas e dos planos do Barclays, mas o que me chamou a atenção foram os estudos feitos sobre cenários não-optimistas.
Faz-me lembrar, por oposição, o último Orçamento de Estado deste desgoverno, e se calhar os Orçamentos anteriores, que já em plena crise se baseava em cenários de crescimento económico.
Não era optimismo: era burrice ou maldade. E continua a ser.
segunda-feira, 30 de março de 2009
Músico de filmes
Ouvi logo de manhã na Antena2 a notícia da morte de Maurice Jarre - é possível que eu não soubesse o nome do compositor das bandas sonoras dos filmes monumentais (ou imperiais, depende do cinema em que os vi) de David Lean como Lawrence of Arabia, Dr. Zhivago, Ryan's Daughter e Passage to India?
Mais que possível, verdade: Jarre, que eu soubesse, era o inenarrável Jean-Michel, o tal electromúsico que foi casado com a extraordinária Charlotte Rampling - e que afinal é filho de Maurice.
Uma pesquisa simples revelou-me que Maurice Jarre foi igualmente o autor da música de mais uma boa meia dúzia de filmes bem diferentes mas marcantes, desde The Night of the Generals a The Year of Living Dangerously ou Fatal Attraction... ou o terceiro Mad Max, quem diria?
Mais que possível, verdade: Jarre, que eu soubesse, era o inenarrável Jean-Michel, o tal electromúsico que foi casado com a extraordinária Charlotte Rampling - e que afinal é filho de Maurice.
Uma pesquisa simples revelou-me que Maurice Jarre foi igualmente o autor da música de mais uma boa meia dúzia de filmes bem diferentes mas marcantes, desde The Night of the Generals a The Year of Living Dangerously ou Fatal Attraction... ou o terceiro Mad Max, quem diria?
domingo, 29 de março de 2009
A morte de Cleópatra
Rogueclassicism é um site/blog cujo autor, David Meadows, é muito considerado por ter informações actualizadas (embora às vezes falhe ao não verificar as suas fontes) acerca de descobertas arqueológicas, conferências e outras notas sobre a antiguidade clássica.
Hoje atira com a notícia do Telegraph (que também não terá feito o melhor jornalismo) segundo a qual Michael Jackson irá pôr à venda the 6ft-wide Cleopatra's Last Moments, signed and dated 1892, by the little-known artist D Pauvert, which carries an estimate of $30,000 to $50,000. Tanto o Telegraph como Meadows mostram uma imagem do que se pretende ser o dito quadro, mas que é, afinal, La mort de Cléopâtre que vi em Roma na exposição sobre Júlio César e que, segundo o catálogo (que também tem falhas!) foi pintado em 1874 por Jean-André Rixens e pertence hoje ao Musée des Augustins de Toulouse.
A não ser, claro, que se trate de uma cópia pelo tal D Pauvert do original de Rixens.
Hoje atira com a notícia do Telegraph (que também não terá feito o melhor jornalismo) segundo a qual Michael Jackson irá pôr à venda the 6ft-wide Cleopatra's Last Moments, signed and dated 1892, by the little-known artist D Pauvert, which carries an estimate of $30,000 to $50,000. Tanto o Telegraph como Meadows mostram uma imagem do que se pretende ser o dito quadro, mas que é, afinal, La mort de Cléopâtre que vi em Roma na exposição sobre Júlio César e que, segundo o catálogo (que também tem falhas!) foi pintado em 1874 por Jean-André Rixens e pertence hoje ao Musée des Augustins de Toulouse.
A não ser, claro, que se trate de uma cópia pelo tal D Pauvert do original de Rixens.
Imagem Musée des Augustins
Praias do Algarve
Quando eu era criança a minha praia era a Rocha, que era uma praia grande mas mais pequena do que hoje, acabando logo ali com um túnel a poente para uma série de outras praias e estendendo-se para nascente até ao molhe e à Fortaleza, que a separavam do rio.
Alugávamos toldo à época, sempre o mesmo ou quase o mesmo, e os vizinhos repetiam-se igualmente. Lembro-me do comandante M. que me chamava Madama Butterfly, ignorando, coitado, de que formas isso me influenciaria mais tarde.
A praia da Rocha chamava-se assim porque no meio havia uma rocha plana, onde tinham sido escavados degraus e donde na maré cheia os miúdos mergulhavam, apesar de todos os avisos de perigo.
A praia do Vau ficava mais longe, passeava-se de carro até lá mas não a frequentávamos. Agora que a Rocha está transformada de maneira irreconhecível, o Vau ainda tem características de praia Algarvia, com túnel e tudo. Para o lado da Rocha, inevitavelmente, avista-se a selva de betão.
Alugávamos toldo à época, sempre o mesmo ou quase o mesmo, e os vizinhos repetiam-se igualmente. Lembro-me do comandante M. que me chamava Madama Butterfly, ignorando, coitado, de que formas isso me influenciaria mais tarde.
A praia da Rocha chamava-se assim porque no meio havia uma rocha plana, onde tinham sido escavados degraus e donde na maré cheia os miúdos mergulhavam, apesar de todos os avisos de perigo.
A praia do Vau ficava mais longe, passeava-se de carro até lá mas não a frequentávamos. Agora que a Rocha está transformada de maneira irreconhecível, o Vau ainda tem características de praia Algarvia, com túnel e tudo. Para o lado da Rocha, inevitavelmente, avista-se a selva de betão.
(Praia do Vau, Março 2009)
sexta-feira, 27 de março de 2009
Um país desvalorizado
Notícia do Expresso:
Défice público mantém-se nos 3,9% do PIB
Portugal mantém a previsão do défice público de 2009 em 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB), mas a dívida subirá para além dos 70%, anunciou o INE.
Lusa
11:03 Sexta-feira, 27 de Mar de 2009
Perante isto, não resisto a postar o discurso que o Parlamentar Europeu e blogger conservador britânico Daniel Hannan dirigiu esta terça-feira ao Primeiro-Ministro Gordon Brown. Pode ser que inspire alguém.
Défice público mantém-se nos 3,9% do PIB
Portugal mantém a previsão do défice público de 2009 em 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB), mas a dívida subirá para além dos 70%, anunciou o INE.
Lusa
11:03 Sexta-feira, 27 de Mar de 2009
Perante isto, não resisto a postar o discurso que o Parlamentar Europeu e blogger conservador britânico Daniel Hannan dirigiu esta terça-feira ao Primeiro-Ministro Gordon Brown. Pode ser que inspire alguém.
Em flor - detalhe
Um ramo da árvore do post anterior, à atenção do Paulo.
Há alguns anos descobri que para mim a felicidade não é um estado sustentado mas uma iluminação que pode ser deflagrada pelo simples deparar com uma árvore linda ao virar a curva.
(Albufeira, Bairro dos Pescadores, Março 2009)
Há alguns anos descobri que para mim a felicidade não é um estado sustentado mas uma iluminação que pode ser deflagrada pelo simples deparar com uma árvore linda ao virar a curva.
quinta-feira, 26 de março de 2009
quarta-feira, 25 de março de 2009
Say Cheese
Porque terá desaparecido o queijo Havarti do único supermercado onde conseguia encontrá-lo?
Terei um gosto tão raro?
Foto © Continente
Terei um gosto tão raro?
Foto © Continente
segunda-feira, 23 de março de 2009
1,179 €
É o preço de um litro de gasolina de 95 octanas, hoje, na GALP da Via do Infante.
Tem estado a aumentar discretamente um cêntimo por semana.
Andamos todos distraídos?
Tem estado a aumentar discretamente um cêntimo por semana.
Andamos todos distraídos?
domingo, 22 de março de 2009
Carros de antigamente
Como em Portugal os horários não se cumprem, ainda fui a tempo de encontrar os Albufeira Classic Cars expostos na Praia dos Pescadores. Lindos! Acho os carros, como as motas, objectos de arte. Havia desde os realmente antigos (um Hurtu de 1896, por exemplo) a outros que ainda lembro da minha infância.
E estava o meu carro preferido de todos os tempos: não, não é um Porsche.
E estava o meu carro preferido de todos os tempos: não, não é um Porsche.
(Albufeira, Março 2009)
sábado, 21 de março de 2009
Correnteza
A Moura Aveirense passou-me a corrente, e tendo-a já em tempos recebido da mesma mão, vou aceitá-la de novo e tentar fazê-la seguir.
O livro que estou a ler é o Itinerarium ad loca sancta de Egéria, na versão de Alexandra Brito Mariano e Aires A. Nascimento. Estou a lê-lo para o meu curso de língua e cultura latina na U. Algarve: ao contrário dos tradutores/editores acho a Egéria, uma monja dos século IV que dos confins aqui da Ibéria empreendeu uma peregrinação à Palestina, uma fraca escritora. Mas adiante: a 5ª frase da página 161 é:
21.2. Vimos também no lugar perto do poço, por terra, a pedra enorme que o bem-aventurado Jacob retirou do poço, pedra que ainda hoje está à vista.
(Admitamos que se não estivesse à vista seria difícil que a tivessem visto...)
Passo a corrente à Isa, à Isabela, ao Van Dog (sempre quero ver o que lê um cão), ao João Quaresma e a quem mais quiser pegar-lhe :-)
O livro que estou a ler é o Itinerarium ad loca sancta de Egéria, na versão de Alexandra Brito Mariano e Aires A. Nascimento. Estou a lê-lo para o meu curso de língua e cultura latina na U. Algarve: ao contrário dos tradutores/editores acho a Egéria, uma monja dos século IV que dos confins aqui da Ibéria empreendeu uma peregrinação à Palestina, uma fraca escritora. Mas adiante: a 5ª frase da página 161 é:
21.2. Vimos também no lugar perto do poço, por terra, a pedra enorme que o bem-aventurado Jacob retirou do poço, pedra que ainda hoje está à vista.
(Admitamos que se não estivesse à vista seria difícil que a tivessem visto...)
Passo a corrente à Isa, à Isabela, ao Van Dog (sempre quero ver o que lê um cão), ao João Quaresma e a quem mais quiser pegar-lhe :-)
sexta-feira, 20 de março de 2009
Chegou a primavera
quinta-feira, 19 de março de 2009
Da cultura da celebridade
Uma das coisas em que o mundo mais mudou nos últimos cinquenta anos foi na maneira de viver o tempo. Os ritmos de trabalho tornaram-se alucinantes, as horas que restam são para o trajecto entre a casa e o trabalho, dorme-se o mínimo e não há tempo para se gozar o dinheiro que se ganha.
Por isso a nossa capacidade de atenção é reduzida, e os quinze minutos de fama de Warhol chegam-nos perfeitamente. As notícias, para o serem, têm de ser bombásticas e os desmentidos são irrelevantes.
Isto a propósito do suposto retrato de Shakespeare anunciado há uma ou duas semanas. Que interessa aos jornais tradicionais que este retrato não se pareça nada com nenhuma das duas figurações fidedignas do escritor? Ou que interessa que o esqueleto encontrado em Éfeso não tenha nada que o identifique como o da irmã de Cleópatra, ou que o busto pescado em Arles não seja sequer parecido com as moedas de César?
A quem interessa, por outro lado, avançar estas pseudo-identificações? Aos jornais, mas infelizmente, e isto também diz muito acerca da nossa cultura actual, sobretudo aos historiadores, cientistas e outros estudiosos. Porque assim podem esperar além do reconhecimento warholiano, um financiamento para estudar um achado relacionado com o Divino Júlio, mas quem lhes assegura uma bolsa para limpar o rosto de Caius Ignotus?
Por isso a nossa capacidade de atenção é reduzida, e os quinze minutos de fama de Warhol chegam-nos perfeitamente. As notícias, para o serem, têm de ser bombásticas e os desmentidos são irrelevantes.
Isto a propósito do suposto retrato de Shakespeare anunciado há uma ou duas semanas. Que interessa aos jornais tradicionais que este retrato não se pareça nada com nenhuma das duas figurações fidedignas do escritor? Ou que interessa que o esqueleto encontrado em Éfeso não tenha nada que o identifique como o da irmã de Cleópatra, ou que o busto pescado em Arles não seja sequer parecido com as moedas de César?
A quem interessa, por outro lado, avançar estas pseudo-identificações? Aos jornais, mas infelizmente, e isto também diz muito acerca da nossa cultura actual, sobretudo aos historiadores, cientistas e outros estudiosos. Porque assim podem esperar além do reconhecimento warholiano, um financiamento para estudar um achado relacionado com o Divino Júlio, mas quem lhes assegura uma bolsa para limpar o rosto de Caius Ignotus?
(Aedes Divi Iulii, Forum Romanum, Roma, Março 2009)
De cães e canis
Há em Portugal mais pessoas do que se imagina que, com pena dos animais vadios e abandonados, criaram estruturas para os recolher e cuidar deles.
Normalmente esses canis ficam sobrelotados rapidamente, e é muito complicado conseguir a adopção dos animais recolhidos. É claro que acontecimentos mediáticos como o que se espera que venha a acontecer am Abril, a adopção de um cão de canil pela família Obama, levam a períodos de maior procura - mas sendo os humanos como são, algum tempo depois o mais natural é que os animais voltem a ser abandonados ou pelo menos descurados.
Pergunto-me às vezes se não andaremos a fazer demais pelos cães e gatos, se não seria melhor deixá-los soltos por aí, a fazerem pela vida como pudessem e a controlar a população de forma Darwiniana, em vez de os enjaularmos em más condições à espera de donos imaginários.
No entanto, os cães parecem precisar mais de companhia humana do que da de outros cães. Àparte o habitual cumprimento, é raro ver dois cães a passear ou descansar juntos: um ajuntamento de cães significa somente que ali anda uma fêmea com cio.
Normalmente esses canis ficam sobrelotados rapidamente, e é muito complicado conseguir a adopção dos animais recolhidos. É claro que acontecimentos mediáticos como o que se espera que venha a acontecer am Abril, a adopção de um cão de canil pela família Obama, levam a períodos de maior procura - mas sendo os humanos como são, algum tempo depois o mais natural é que os animais voltem a ser abandonados ou pelo menos descurados.
Pergunto-me às vezes se não andaremos a fazer demais pelos cães e gatos, se não seria melhor deixá-los soltos por aí, a fazerem pela vida como pudessem e a controlar a população de forma Darwiniana, em vez de os enjaularmos em más condições à espera de donos imaginários.
No entanto, os cães parecem precisar mais de companhia humana do que da de outros cães. Àparte o habitual cumprimento, é raro ver dois cães a passear ou descansar juntos: um ajuntamento de cães significa somente que ali anda uma fêmea com cio.
(Roma, Março 2009)
Não percebo como fizemos isto, mas parece que humanizámos os cães.quarta-feira, 18 de março de 2009
Poço sem fundo?
No meio de tanto pacote de estímulo que parece escoar-se para as mãos de alguns, e da discussão sobre regulação dos mercados com uma tendência maioritária para a aprovação de um maior peso do estado (via Desmitos), pareceu-me interessante esta perspectiva do economista brasileiro Ladislau Dowbor.
Alguns extractos:
A moeda representa direitos sobre produtos comerciais. São papéis, e mais recentemente puros sinais magnéticos nos computadores. É fácil de produzir. Quanto aos bens da economia real, estes têm de ser, de facto, produzidos com esforço, matérias-primas, factores de produção.(...)
[Há] 680 biliões de dólares (...) emitidos no mercado de derivados, sob várias formas. Ora, o PIB mundial é da ordem, apenas, de 60 biliões.(...)
Quem garante que depois da descida há uma subida? Se houver mudanças estruturais, sim. Mas através dos mecanismos oligopolizados de finanças internacionais existentes, e que chamamos por alguma confusão mental de "mercados", seguramente que não.(...)
Quanto aos organismos reguladores, Joseph Stiglitz já mostrou como são as mesmas pessoas que ora estão no Tesouro, ora no FMI, ora na Wall Street, ora na Reserva Federal. Em vez de prestarem serviços financeiros, essencialmente se serviam, e ninguém gosta de estragar festas, sobretudo quando participa.(...)
Neste sistema, se não houver controlo externo, político, sobre como são manejados os nossos recursos, simplesmente continuaremos a nos matar de trabalho para produzir um mundo de coisas idiotas, em vez de reduzir a jornada de trabalho, evoluir para um consumo menos denso em Barbies e mais denso em cultura, com maior presença dos bens gratuitos (família, passeios, festas, eventos culturais). (...)
Ninguém perderia nada em se fechando os grandes sistemas de especulação.(...)
Há um pano de fundo em todo o processo, é que o sistema capitalista exige uma permanente dinâmica de expansão para não cair.(...)
Alguns extractos:
A moeda representa direitos sobre produtos comerciais. São papéis, e mais recentemente puros sinais magnéticos nos computadores. É fácil de produzir. Quanto aos bens da economia real, estes têm de ser, de facto, produzidos com esforço, matérias-primas, factores de produção.(...)
[Há] 680 biliões de dólares (...) emitidos no mercado de derivados, sob várias formas. Ora, o PIB mundial é da ordem, apenas, de 60 biliões.(...)
Quem garante que depois da descida há uma subida? Se houver mudanças estruturais, sim. Mas através dos mecanismos oligopolizados de finanças internacionais existentes, e que chamamos por alguma confusão mental de "mercados", seguramente que não.(...)
Quanto aos organismos reguladores, Joseph Stiglitz já mostrou como são as mesmas pessoas que ora estão no Tesouro, ora no FMI, ora na Wall Street, ora na Reserva Federal. Em vez de prestarem serviços financeiros, essencialmente se serviam, e ninguém gosta de estragar festas, sobretudo quando participa.(...)
Neste sistema, se não houver controlo externo, político, sobre como são manejados os nossos recursos, simplesmente continuaremos a nos matar de trabalho para produzir um mundo de coisas idiotas, em vez de reduzir a jornada de trabalho, evoluir para um consumo menos denso em Barbies e mais denso em cultura, com maior presença dos bens gratuitos (família, passeios, festas, eventos culturais). (...)
Ninguém perderia nada em se fechando os grandes sistemas de especulação.(...)
Há um pano de fundo em todo o processo, é que o sistema capitalista exige uma permanente dinâmica de expansão para não cair.(...)
Subsídio de peso
Notícia do Telegraph:
Family who are 'too fat to work' say £22,000 worth of benefits is not enough
A family of four with a combined weight of 83 stone say they are "too fat to work" and need more than the £22,000 they currently receive in benefits.
By Urmee Khan
Last Updated: 4:12PM GMT 17 Mar 2009
Philip Chawner, 53, and his 57-year-old wife Audrey weigh 24st. Their daughter Emma, 19, weighs 17st, while her older sister Samantha, 21, weighs 18st.
The family from Blackburn claim £22,508 a year in benefits, equivalent to the take-home pay from a £30,000 salary.
The Chawners, haven't worked in 11 years, claim their weight is a hereditary condition and the money they receive is insufficient to live on.
(...)
"All that healthy food, like fruit and veg, is too expensive. We're fat because it's in our genes. Our whole family is overweight," she added.
(...)
Às vezes quase que me passo com a desresponsabilização das pessoas. Eu não tenho nada contra quem é gordo, só contra este tipo de desculpas. Como dizia o D., nos campos de concentração nazis não havia gordos. E não, não se engorda com água. Nem com ar. Se trabalhassem talvez não tivessem tanto tempo livre para dar ao dente. Valha-me deus.
Nota: 1 stone = 6.35 kg. Os pais desta família pesam 150 kg cada um; as filhas, 107 e 114.
Family who are 'too fat to work' say £22,000 worth of benefits is not enough
A family of four with a combined weight of 83 stone say they are "too fat to work" and need more than the £22,000 they currently receive in benefits.
By Urmee Khan
Last Updated: 4:12PM GMT 17 Mar 2009
Philip Chawner, 53, and his 57-year-old wife Audrey weigh 24st. Their daughter Emma, 19, weighs 17st, while her older sister Samantha, 21, weighs 18st.
The family from Blackburn claim £22,508 a year in benefits, equivalent to the take-home pay from a £30,000 salary.
The Chawners, haven't worked in 11 years, claim their weight is a hereditary condition and the money they receive is insufficient to live on.
(...)
"All that healthy food, like fruit and veg, is too expensive. We're fat because it's in our genes. Our whole family is overweight," she added.
(...)
Às vezes quase que me passo com a desresponsabilização das pessoas. Eu não tenho nada contra quem é gordo, só contra este tipo de desculpas. Como dizia o D., nos campos de concentração nazis não havia gordos. E não, não se engorda com água. Nem com ar. Se trabalhassem talvez não tivessem tanto tempo livre para dar ao dente. Valha-me deus.
Nota: 1 stone = 6.35 kg. Os pais desta família pesam 150 kg cada um; as filhas, 107 e 114.
terça-feira, 17 de março de 2009
Primi, secondi e contorni
É tão bom comer numa esplanada mesmo no Inverno. Adoro estes aquecedores. A gastronomia quase nunca correspondeu, infelizmente, apesar da proximidade dos jardins de Lucullus, esse homem refinadíssimo a quem devemos a importação das primeiras cerejas. A pensar no turista semi-culto, até se inventou um vinho de Falerno tinto!
(Restaurantes de Roma, Março 2009)
Idos de Março em Roma Parte II
Em Março, dizia-me o Paulo, Roma há-de ter menos turistas que no Verão.
Pois. Talvez. Mesmo assim mal se conseguia andar na Via Condotti, não foi fácil fotografar a Fontana di Trevi, e para ver os frescos da Casa de Augusto foi preciso esperar na fila.
Pois. Talvez. Mesmo assim mal se conseguia andar na Via Condotti, não foi fácil fotografar a Fontana di Trevi, e para ver os frescos da Casa de Augusto foi preciso esperar na fila.
(Roma, Março 2009)
Os Idos de Março em Roma
Não podia realmente perder a que é, segundo os curadores, a primeira exposição sobre Júlio César: pouco publicitada, está ainda até aos primeiros dias de Maio no Chiostro del Bramante, escondido atrás da Piazza Navona.
Bem organizada, com um imponente e pesadíssimo catálogo que ainda mal tive tempo de folhear, reune muitas peças de época, desde armas a jóias, peças de mobília, moedas e esculturas, inclui alguns dos mais conhecidos retratos póstumos do próprio César, e ainda uma variedade de iconografia tardia, incluindo cinematográfica, inspirada pelo mito cesarista.
No dia 15, domingo, não só havia flores aos pés da estátua de César na Via dei Fori Imperiali e sobre o altar do Divino Júlio no Forum Romanum, como ainda deparei com o Gruppo Storico Romano, pronto a assinalar a data vestido e equipado à maneira.
Bem organizada, com um imponente e pesadíssimo catálogo que ainda mal tive tempo de folhear, reune muitas peças de época, desde armas a jóias, peças de mobília, moedas e esculturas, inclui alguns dos mais conhecidos retratos póstumos do próprio César, e ainda uma variedade de iconografia tardia, incluindo cinematográfica, inspirada pelo mito cesarista.
No dia 15, domingo, não só havia flores aos pés da estátua de César na Via dei Fori Imperiali e sobre o altar do Divino Júlio no Forum Romanum, como ainda deparei com o Gruppo Storico Romano, pronto a assinalar a data vestido e equipado à maneira.
(Roma, Março 2009)
quinta-feira, 12 de março de 2009
As cores das coisas
1 2 3 4 5 6 7 8 9
A Io já o tinha dito, omitindo apenas o nome: para o JB as letras e os números têm cores, e quando ele o diz parece um bocadinho incrédulo.
Para mim também têm (não as mesmas), e julguei que a causa era uma colecção de letras e números em plástico com que brinquei na infância, muito antes de saber ler, não sei mesmo se antes de saber falar, e que ainda guardo.
Contudo fui hoje procurá-las para confirmar, e só têm as três cores básicas, amarelo, azul, encarnado, o que não justifica o 1 preto, o 7 verde, ou o d cinzento.
Para mim também têm (não as mesmas), e julguei que a causa era uma colecção de letras e números em plástico com que brinquei na infância, muito antes de saber ler, não sei mesmo se antes de saber falar, e que ainda guardo.
Contudo fui hoje procurá-las para confirmar, e só têm as três cores básicas, amarelo, azul, encarnado, o que não justifica o 1 preto, o 7 verde, ou o d cinzento.
(Albufeira, Março 2009)
E os sons que também têm cores? E os Rolling Stones que iam mais longe ainda?quarta-feira, 11 de março de 2009
História Trágico- Marítima
Notícia n'Al Jazeera:
UPDATED ON:
Wednesday, March 11, 2009
13:32 Mecca time, 10:32 GMT
NEWS EUROPE
Sarkozy to declare decision on Nato
Nicolas Sarkozy, the French president, is expected to formally announce his decision that France should rejoin Nato's military command, after a 43-year absence from the inner committee.
(...)
However, there is opposition to rejoining Nato in France within parliament and from the public, with critics saying they do not want to forfeit France's ability to make its own military decisions.
Jaap de Hoop Scheffer, Nato's secretary-general, has previously assured France that it would lose no sovereignty if it returned to the alliance's military command, and promised it would be awarded key posts within the organisation.
Já há umas três semanas o blog A Voz da Abita avisava:
O Comando NATO de Oeiras
O DN informou que Portugal se arrisca a perder poder no Comando da NATO em Oeiras. Por a França pretender passar agora a integrá-lo e em posição de Comando.
(...)
O pessoal não pensa muito nisto, mas os militares explicam, e faz sentido, que a razão pela qual é importante termos submarinos, fragatas, aviões, etc, é aprendermos a usá-los (e podermos participar honrosamente nas alianças com que nos comprometemos).
Quem é que sabe que tínhamos uma escola de draga-minas à qual acorriam militares estrangeiros, e que a perdemos, assim como ao último draga-minas, e ao saber acumulado?
Nem tudo o que é antigo é bom, mas há tradições que devíamos acarinhar. Não é só a fábrica de faianças Bordalo Pinheiro que não devíamos deixar afundar, nem é só para o pastel de nata que devíamos reclamar origem demarcada. O nosso conhecimento do mar e das coisas do mar devia ser preservado, acarinhado e encorajado.
UPDATED ON:
Wednesday, March 11, 2009
13:32 Mecca time, 10:32 GMT
NEWS EUROPE
Sarkozy to declare decision on Nato
Nicolas Sarkozy, the French president, is expected to formally announce his decision that France should rejoin Nato's military command, after a 43-year absence from the inner committee.
(...)
However, there is opposition to rejoining Nato in France within parliament and from the public, with critics saying they do not want to forfeit France's ability to make its own military decisions.
Jaap de Hoop Scheffer, Nato's secretary-general, has previously assured France that it would lose no sovereignty if it returned to the alliance's military command, and promised it would be awarded key posts within the organisation.
Já há umas três semanas o blog A Voz da Abita avisava:
O Comando NATO de Oeiras
O DN informou que Portugal se arrisca a perder poder no Comando da NATO em Oeiras. Por a França pretender passar agora a integrá-lo e em posição de Comando.
(...)
O pessoal não pensa muito nisto, mas os militares explicam, e faz sentido, que a razão pela qual é importante termos submarinos, fragatas, aviões, etc, é aprendermos a usá-los (e podermos participar honrosamente nas alianças com que nos comprometemos).
Quem é que sabe que tínhamos uma escola de draga-minas à qual acorriam militares estrangeiros, e que a perdemos, assim como ao último draga-minas, e ao saber acumulado?
Nem tudo o que é antigo é bom, mas há tradições que devíamos acarinhar. Não é só a fábrica de faianças Bordalo Pinheiro que não devíamos deixar afundar, nem é só para o pastel de nata que devíamos reclamar origem demarcada. O nosso conhecimento do mar e das coisas do mar devia ser preservado, acarinhado e encorajado.
domingo, 8 de março de 2009
sexta-feira, 6 de março de 2009
Águas de Março
Não sei quem é o autor desta frase, e acho que a tinha visto noutro sítio, mas hoje já só a encontrei citada aqui:
Estou tão farta de chuva que até a água que bebo já me enerva!
Estou tão farta de chuva que até a água que bebo já me enerva!
(Hoje, no meu jardim)
quinta-feira, 5 de março de 2009
Uniões de facto
Notícia do Público:
Propostas do PS são hoje debatidas no Parlamento
PSD acusa socialistas de quererem aproximar o regime das uniões de facto ao do casamento
05.03.2009 - 08h56 São José Almeida, Andreia Sanches
O PSD está contra as alterações que o PS pretende introduzir no regime de uniões de facto e que hoje são debatidas na generalidade em sessão plenária da Assembleia da República.(...)
O projecto socialista (...) altera o regime de uniões de facto em vigor desde 2001 (...)
Segundo Ana Catarina Mendonça Mendes, vice-presidente da bancada do PS, o objectivo do diploma - elaborado pelo professor de Direito da Universidade de Coimbra, Guilherme Oliveira, um dos autores da lei do divórcio - é "reforçar a protecção jurídica de quem vive em união de facto". (...)
Também a jurista Rita Sassetti contesta o que considera "uma colagem aos direitos do casamento" que, acredita, foi feita a pensar nos casais constituídos por pessoas do mesmo sexo que, à luz da lei, não podem casar. Para além disso, continua, "está-se a querer tratar as dissoluções das uniões de facto como se fossem divórcios". (...)
Parece evidente que o PS pretende com isto dar mais uns presentinhos àqueles a quem não quer dar o casamento com nome e tudo. O regime jurídico das uniões de facto, que inicialmente só pretendia conceder protecção social ao elemento sobrevivo (normalmente a companheira de muitos anos que por morte do companheiro se via desapossada de casa e rendimento) tem evoluído nesse sentido e por essa razão.
O que parece estar esquecido é que há pessoas que vivem juntas porque não querem um casamento: não querem um compromisso legal, querem estar juntas enquanto estão e depois cada um vai à sua vida. O estatuto de união de facto junta burocracia e conflito ao que podia ser simples.
Na realidade, e como é vulgar, a legislação só complica. Deixem casar quem quer casar, e viver junto quem não quer saber de heranças e indemnizações.
Propostas do PS são hoje debatidas no Parlamento
PSD acusa socialistas de quererem aproximar o regime das uniões de facto ao do casamento
05.03.2009 - 08h56 São José Almeida, Andreia Sanches
O PSD está contra as alterações que o PS pretende introduzir no regime de uniões de facto e que hoje são debatidas na generalidade em sessão plenária da Assembleia da República.(...)
O projecto socialista (...) altera o regime de uniões de facto em vigor desde 2001 (...)
Segundo Ana Catarina Mendonça Mendes, vice-presidente da bancada do PS, o objectivo do diploma - elaborado pelo professor de Direito da Universidade de Coimbra, Guilherme Oliveira, um dos autores da lei do divórcio - é "reforçar a protecção jurídica de quem vive em união de facto". (...)
Também a jurista Rita Sassetti contesta o que considera "uma colagem aos direitos do casamento" que, acredita, foi feita a pensar nos casais constituídos por pessoas do mesmo sexo que, à luz da lei, não podem casar. Para além disso, continua, "está-se a querer tratar as dissoluções das uniões de facto como se fossem divórcios". (...)
Parece evidente que o PS pretende com isto dar mais uns presentinhos àqueles a quem não quer dar o casamento com nome e tudo. O regime jurídico das uniões de facto, que inicialmente só pretendia conceder protecção social ao elemento sobrevivo (normalmente a companheira de muitos anos que por morte do companheiro se via desapossada de casa e rendimento) tem evoluído nesse sentido e por essa razão.
O que parece estar esquecido é que há pessoas que vivem juntas porque não querem um casamento: não querem um compromisso legal, querem estar juntas enquanto estão e depois cada um vai à sua vida. O estatuto de união de facto junta burocracia e conflito ao que podia ser simples.
Na realidade, e como é vulgar, a legislação só complica. Deixem casar quem quer casar, e viver junto quem não quer saber de heranças e indemnizações.
quarta-feira, 4 de março de 2009
Orlando Villazon
Terá Rolando Villazón encontrado a sua própria voz?
Sempre gostei deste tenor mexicano, mas inicialmente porque tinha um timbre muito semelhante ao de Plácido Domingo - possivelmente forçado e talvez por isso em grande parte responsável pelos problemas vocais que Villazón sofreu nos últimos dois anos.
Numa altura complicada da sua carreira, com falhas na Lucia do Met e cancelamentos para Paris e Baden-Baden (via Opera Chic) parece querer enveredar pela música barroca e o novo disco, Handel, tem lançamento mundial a meados deste mês. Podem ouvir-se excertos aqui, por cortesia da editora, e também alguns clips no Youtube.
A voz está completamente diferente. A emoção continua, o esforço foi-se. Já não soa a Don Plácido. Numa primeira audição, gosto.
Sempre gostei deste tenor mexicano, mas inicialmente porque tinha um timbre muito semelhante ao de Plácido Domingo - possivelmente forçado e talvez por isso em grande parte responsável pelos problemas vocais que Villazón sofreu nos últimos dois anos.
Numa altura complicada da sua carreira, com falhas na Lucia do Met e cancelamentos para Paris e Baden-Baden (via Opera Chic) parece querer enveredar pela música barroca e o novo disco, Handel, tem lançamento mundial a meados deste mês. Podem ouvir-se excertos aqui, por cortesia da editora, e também alguns clips no Youtube.
A voz está completamente diferente. A emoção continua, o esforço foi-se. Já não soa a Don Plácido. Numa primeira audição, gosto.
Trancas à porta
Notícia do Observatório do Algarve:
Ladrão fica preso dentro de carro roubado
03-03-2009 18:35:00
Um ladrão que tentava assaltar um carro, na Austrália, teve azar. Ficou trancado dentro do automóvel. Depois, foi só esperar pela polícia.
(...)
"O indivíduo, ao entrar no carro, trancou-se sem querer lá dentro e não conseguia sair", afirmou à agência Reuters fonte da polícia sul-australiana.
Qual chip de matrícula, qual cartracking do ACP. Um carro destes é que era.
Ladrão fica preso dentro de carro roubado
03-03-2009 18:35:00
Um ladrão que tentava assaltar um carro, na Austrália, teve azar. Ficou trancado dentro do automóvel. Depois, foi só esperar pela polícia.
(...)
"O indivíduo, ao entrar no carro, trancou-se sem querer lá dentro e não conseguia sair", afirmou à agência Reuters fonte da polícia sul-australiana.
Qual chip de matrícula, qual cartracking do ACP. Um carro destes é que era.
terça-feira, 3 de março de 2009
Milk
Comecemos pelo princípio: Milk é um filme político, interessante, com uma excelente interpretação de Sean Penn no protagonista. Passa-se em S. Francisco nos anos setenta do século passado, antes do aparecimento do HIV e da explosão da SIDA na comunidade gay daquela cidade.
Imagem Wikimedia Commons
Talvez a localização e a datação precisas contribuam para nos arriscarmos a reagir com um Felizmente estas coisas já não acontecem. Mas não é verdade: basta lembrarmo-nos da aprovação há poucos meses da Proposition 8 que cancelou o direito ao casamento gay na Califórnia.
Se pensarmos que em Portugal não se matam homossexuais, nós que temos amigos ou colegas homossexuais tenderemos a negar a existência de homofobia. Mas não é verdade: basta lembrarmo-nos de que na recente discussão sobre o casamento gay houve quem argumentasse comparando a homossexualidade à bestialidade, à poligamia ou ao incesto.
E se pensarmos nisso, quando é que um candidato a um cargo público neste país ousou assumir-se como homossexual?
Imagem Wikimedia Commons
Talvez a localização e a datação precisas contribuam para nos arriscarmos a reagir com um Felizmente estas coisas já não acontecem. Mas não é verdade: basta lembrarmo-nos da aprovação há poucos meses da Proposition 8 que cancelou o direito ao casamento gay na Califórnia.
Se pensarmos que em Portugal não se matam homossexuais, nós que temos amigos ou colegas homossexuais tenderemos a negar a existência de homofobia. Mas não é verdade: basta lembrarmo-nos de que na recente discussão sobre o casamento gay houve quem argumentasse comparando a homossexualidade à bestialidade, à poligamia ou ao incesto.
E se pensarmos nisso, quando é que um candidato a um cargo público neste país ousou assumir-se como homossexual?
segunda-feira, 2 de março de 2009
Baixotes
Artigo no Expresso:
ACTUALIDADE
Ser baixo não tira Poder
De Napoleão a Medvedev, a História está repleta de líderes baixos. Há casos em que a altura se torna assunto de Estado.
Isabel Lopes
20:20 Domingo, 1 de Mar de 2009
(...)
Portugal tem também os seus "baixinhos", "baixotes", "rodinhas baixas".
(...)
"Ministro da Defesa não tem que ser Schwarzenegger" era o apelativo título de uma entrevista publicada há 13 anos pelo Expresso com António Vitorino (...) Não deixa, porém, de sugerir o nome de Marques Mendes: "Tem a proeza de ter menos um centímetro do que eu."
(...)
A conversa com Luís Marques Mendes já estava agendada. O antigo líder do PSD manifestou uma única dúvida quanto a fazer declarações para este texto: "Se a minha estatura nunca me incomodou nem prejudicou, o que dizer sobre o tema?" Que nunca ganhou ou perdeu eleições por ter 1,61 metros de altura (...)
Ao contrário da jornalista, eu acho que tamanho tem importância: como em relação aos cães, que quanto mais pequenos mais têm que ladrar para se fazerem notar.
Mas o que me interessa aqui é outra coisa: um artigo tão comprido para nos tentarem convencer que Marques Mendes e António Vitorino medem mais de um metro e meio de altura?
Tenham dó.
ACTUALIDADE
Ser baixo não tira Poder
De Napoleão a Medvedev, a História está repleta de líderes baixos. Há casos em que a altura se torna assunto de Estado.
Isabel Lopes
20:20 Domingo, 1 de Mar de 2009
(...)
Portugal tem também os seus "baixinhos", "baixotes", "rodinhas baixas".
(...)
"Ministro da Defesa não tem que ser Schwarzenegger" era o apelativo título de uma entrevista publicada há 13 anos pelo Expresso com António Vitorino (...) Não deixa, porém, de sugerir o nome de Marques Mendes: "Tem a proeza de ter menos um centímetro do que eu."
(...)
A conversa com Luís Marques Mendes já estava agendada. O antigo líder do PSD manifestou uma única dúvida quanto a fazer declarações para este texto: "Se a minha estatura nunca me incomodou nem prejudicou, o que dizer sobre o tema?" Que nunca ganhou ou perdeu eleições por ter 1,61 metros de altura (...)
Ao contrário da jornalista, eu acho que tamanho tem importância: como em relação aos cães, que quanto mais pequenos mais têm que ladrar para se fazerem notar.
Mas o que me interessa aqui é outra coisa: um artigo tão comprido para nos tentarem convencer que Marques Mendes e António Vitorino medem mais de um metro e meio de altura?
Tenham dó.
domingo, 1 de março de 2009
Slumdog Millionaire
Duas idas ao cinema numa semana é obra. No multiplex local encontram-se os filmes que ganharam os principais prémios da Academia, e fui então ver Slumdog Millionaire e Milk.
Gostei de ambos. Andei pela Índia em turismo em 2006 e fiquei fascinada por aquele mundo diferente de tudo o que conheci antes ou depois. Adorei, mas percebi que me limitara a tocar a superfície, e que abaixo da espuma das ondas havia correntes e recifes.
Paradigmático é o trânsito nas cidades: para um ocidental, é o caos absoluto. Fica-se logo desorientado pela condução pela esquerda, e depois pelo volume e variedade de veículos e peões. No entanto, se se estiver atento, percebe-se que há regras: não necessariamente as nossas, mas há-as.
Slumdog Millionaire aborda alguns aspectos sob a superfície turística, nomeadamente a violência que organiza, explora e perpetua a pobreza. Seria interessante saber como foi feito este filme, que é uma criação ocidental mas usa actores, temas e linguagem colhidos nas produções de Bollywood. E que bons são os pequenos actores! A Índia adora o cinema, e aposto que estes miúdos sonham vir a ser os novos Amitabh Bachchan e Aishwarya Rai.
Mas este (como Milk, mas a esse já lá irei num post separado) é um filme político, e as suas consequências serão políticas. Já se diz que algumas das crianças irão deixar as suas barracas nos bairros de lata para morarem em casas. Isto, é claro, significa desenraizá-las. Será bom? Transformar-se-ão em estrelas de cinema, em profissionais competentes, ou voltarão aos subúrbios como marginais e criminosos?
Que estes meus comentários não distraiam do principal: Slumdog Millionaire é um filme que vale a pena ver: é bem feito, com uma boa história, bem representado, e do qual se sai bem disposto.
Gostei de ambos. Andei pela Índia em turismo em 2006 e fiquei fascinada por aquele mundo diferente de tudo o que conheci antes ou depois. Adorei, mas percebi que me limitara a tocar a superfície, e que abaixo da espuma das ondas havia correntes e recifes.
Paradigmático é o trânsito nas cidades: para um ocidental, é o caos absoluto. Fica-se logo desorientado pela condução pela esquerda, e depois pelo volume e variedade de veículos e peões. No entanto, se se estiver atento, percebe-se que há regras: não necessariamente as nossas, mas há-as.
Slumdog Millionaire aborda alguns aspectos sob a superfície turística, nomeadamente a violência que organiza, explora e perpetua a pobreza. Seria interessante saber como foi feito este filme, que é uma criação ocidental mas usa actores, temas e linguagem colhidos nas produções de Bollywood. E que bons são os pequenos actores! A Índia adora o cinema, e aposto que estes miúdos sonham vir a ser os novos Amitabh Bachchan e Aishwarya Rai.
Mas este (como Milk, mas a esse já lá irei num post separado) é um filme político, e as suas consequências serão políticas. Já se diz que algumas das crianças irão deixar as suas barracas nos bairros de lata para morarem em casas. Isto, é claro, significa desenraizá-las. Será bom? Transformar-se-ão em estrelas de cinema, em profissionais competentes, ou voltarão aos subúrbios como marginais e criminosos?
Que estes meus comentários não distraiam do principal: Slumdog Millionaire é um filme que vale a pena ver: é bem feito, com uma boa história, bem representado, e do qual se sai bem disposto.
(Mumbai, Dezembro 2006)
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