O sr. José Sousa diz e repete que deu o seu melhor pelo seu (nosso) país. Provavelmente di-lo-á outra vez no debate desta noite.
Eis a conclusão a tirar, se quisermos ser simpáticos: o melhor dele não chega.
Adenda: o João Vacas, no blogue 31 da Armada, concluiu o mesmo.
A Rita Maria passou-me uma corrente, e eu prometi responder. É uma série de perguntas sobre livros, pelo que não deve ser muito complicado. Vou tentar:
1. Existe um livro que lerias e relerias várias vezes?
Não muitos, mas de facto gosto de ler e reler a correspondência de Cícero, que é uma espécie de janela aberta sobre os sentimentos e as atitudes, não só do próprio Cícero mas de toda aquela geração de Romanos.
Uma cusquice, se quiserem.
2. Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
Alguns, e recentemente O Ano da Morte de Ricardo Reis de José Saramago, um livro muito bem escrito mas que me maça tanto, tanto, que acabei por desistir.
3. Se escolhesses um livro para ler para o resto da tua vida, qual seria ele?
Essa é uma perspectiva assustadora. Um só livro? Posso fazer batota e escolher umas Obras Completas? É que mesmo assim...
4. Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
Muitos, mas ainda espero lê-los.
5. Que livro leste cuja 'cena final' jamais conseguiste esquecer?
Do Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett, a cena final do 2º acto:
Jorge: "Romeiro, romeiro, quem és tu?"
Romeiro: "Ninguém!"
Cai o pano lentamente.
6. Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?
A minha mãe lia-me histórias: passar eu a lê-las foi a sequência natural, e tornei-me uma leitora voraz. Lia ficção, claro: comecei pelas histórias de fadas em livros de pano, depois em cartão com ilustrações em relevo que se podiam mexer, e entre texto puro e duro e banda desenhada, vim por aí fora.
7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?
Neste momento estou a ler um chatérrimo, o Mário que me perdoe: Selected Poems de Emily Dickinson. Todos os dias me pergunto se valerá a pena acabá-lo.
8. Indica alguns dos teus livros preferidos.
Quem quiser mesmo saber pode ir ali acima ver o meu perfil completo.
9. Que livro estás a ler neste momento?
Três: o já citado Selected Poems of Emily Dickinson, o segundo volume das Lettere ad Attico de Cícero e Furious Love de Sam Kashner e Nancy Schoenberger, acerca do romance entre Elizabeth Taylor e Richard Burton. Ele escrevia cartas lindíssimas.
10. Passa o questionário a dez outras vítimas.
Dez? Não me atrevo. Sugiro-o à Moura Aveirense, à Xantipa, ao Mário, se tiverem paciência, e a quem mais aqui apareça e se inspire. Se fosse cinema propunha-o à Isa, se fosse música ao Fernando Vasconcelos... Se responderem, irei ler as respostas com todo o gosto.
No Facebook, o Paulo colocou uma foto deste quadro de Monet, a propósito de ter visto há pouco tempo um campo cheio de papoilas, bem perto de Lisboa.
Fiquei logo a sonhar com um campo de papoilas. Aqui só as vejo em pequenos tufos na berma das estradas, embora isso já me ponha bastante contente.
(Guia, Maio 2011)
Mas tenho, para troca, um campo cheio de malmequeres :-)
(Guia, Maio 2011)
Este video de auto-promoção lusa anda a correr a blogosfera e o Facebook a uma velocidade tal que deve escapar aos radares da polícia de trânsito.
O certo é que, soube-o pelo 31 da Armada e confirmei no twitter do próprio, já chegou ao suposto destinatário, o ministro dos negócios estrangeiros finlandês Alexander Stubb, um homem de quarenta e três anos, doutorado em política internacional, e que nasceu num 1º de Abril.
Talvez por isso lhe achou graça:
alexstubb Alexander Stubb
Great stuff from Portugal: http://youtu.be/XXw5fMIYGqg. Thanks to all who sent the link!
8 hours ago
não deixando no entanto de o pôr no seu devido lugar:
alexstubb Alexander Stubb
@bossito I think it's a funny video. Not to be taken too seriously - especially if you're a Finn.
5 hours ago
A fúria homicida dos que habitualmente não têm poder recai sobre os mais fracos: as mulheres, as crianças, os velhos.
Mulheres jornalistas que trabalham em cenários de convulsão social ou militar correm riscos tremendos. A revolução egípcia desta primavera poderá ter sido muito bonita, mas teve os seus momentos negros, e a jornalista americana Lara Logan contou ao programa 60 minutes o que lhe aconteceu.
A mim vieram-me as lágrimas aos olhos diversas vezes durante a entrevista. Não só por ela, embora também, e muito, por ela que sofreu e veio contar, mas igualmente pelas outras mulheres que sofrem todos os dias e não contam. A quem ninguém vale. Pelos séculos dos séculos, até quando?
A descoberta, há alguns anos, que a natureza é assimétrica, foi para mim singularmente libertadora.
A assimetria não só nos livra da dicotomia branco / preto como nos leva, para além das óbvias gradações de cinzento, à cultura da cor.
Daí ao pensamento out of the box vai um passo que é fundamental que seja dado para se fugir aos moldes e às modas.
Vem isto a propósito da situação portuguesa, da crise, do memorando de entendimento e da insustentabilidade da segurança social.
Desde há algum tempo que todos os economistas e aprendizes afinam pelo mesmo diapasão (sim, mudei de metáfora, e daí?) e repetem em coro que a crise é estrutural, que as soluções, mesmo drásticas, não solucionam, e que as reformas têm de acabar porque a natalidade é baixíssima e o desemprego das gerações mais novas significa menos dinheiro para pagar as aposentações dos mais velhos.
Isto é assim porque as reformas assentam, dizem-nos, num esquema em pirâmide ou de Ponzi, em que quem chega depois paga com juros o investimento de quem chegou primeiro. Os esquemas de Ponzi desmoronam-se como é evidente quando a base da pirâmide é insuficientemente larga.
No entanto, não há razão para que as aposentações continuem a seguir esse esquema, e é essencial que não o sigam de modo restrito: o dinheiro em jogo tem de ser aplicado e rentabilizado antes de ser usado para pagar as reformas dos mais velhos.
Além disso, quando os mais velhos de agora morrerem, hão-de sobrar as gerações mais novas, que são menos gente e, pelo menos por essa razão, por um lado mais fáceis de empregar e por outro mais baratas de reformar.
Como consequência, é possível que se enrasquem apenas uma ou duas gerações, incluindo a minha e a geração rasca. Quem está agora reformado talvez se safe ainda com os meus descontos, e a geração à rasca com a dos filhos, os agora bebés que, se os deixarem, terão formação digna, profissão condigna e emprego gratificante, já que os trabalhos menos diferenciados poderão ser desempenhados, cada vez mais, por máquinas.
Estou assim hoje: armada em Jules Verne. Descongelem-me no próximo século e digam-me se acertei - se houver dinheiro para me congelar, naturalmente.
O sr. José Sousa veio dizer que está tudo bem no melhor dos mundos, que não vão ser precisos nenhuns dos terríveis sacrifícios que esperávamos, e ninguém lhe ligou porque estava tudo a ver se o Real Madrid de José Mourinho conseguia vencer o Barcelona.
Já agora: não conseguiu.
Soube logo de manhã a notícia da morte de Osama Bin Laden, quase dez anos depois do atentado do 11 de Setembro que lhe pôs a cabeça a prémio.
Não senti alegria nem vontade de festejar, mas apenas a impressão de um objectivo finalmente cumprido. Idealmente deveria ter sido captura e julgamento, e há quem proteste pelo assassinato, mas não havia, pois não? dúvidas em relação à sua responsabilidade por actos terroristas, que tornassem necessário um martírio ao som dos urros de extremistas de todos os lados.
Na verdade, lembrei-me desta cena:
Quanto a mim, nem sequer lhe perdoo. Não tenho que lhe perdoar. Isso é coisa para fazerem, ou não, os familiares e amigos das suas vítimas.
Pensei fazer um post sobre o casamento real inglês e os trapinhos mas não tenho nada a acrescentar ao que já foi dito: a noiva muito elegante, a irmã muito noiva, a rainha igual a si própria, a Beckham muito grávida, as manas York impossíveis, Letizia a desaparecer, a Princesa Real vestida com os cortinados da sala, o casal John-Furnish muito bem, e as tendências a aproximarem-se do meu gosto pessoal - excepto os chapéus, naturalmente.
E então?
Então não há como uma boa história de príncipes e princesas para os republicanos comentarem durante o fim-de-semana.
Notícia do Expresso:
Weddar: "app" portuguesa de meteorologia já corre meio mundo A aplicação de iPhone Weddar, desenvolvida por portugueses, ainda nem uma semana tem, mas o certo é que já conquistou utilizadores de uma ponta à outra do globo. 8:00 Sábado, 30 de abril de 2011 (...)
A ideia é brilhante: quando queremos ir à praia, ou a uma esplanada, ou dar um passeio à aldeia ali ao lado, pouco interessa que o Instituto de Meteorologia preveja aguaceiros para todo o dia na capital de distrito, mas sim que alguém no local nos diga se está porreiro, pá.
Imagem © Weddar
O Weddar é, assim, uma espécie de Twitter especializado, em que cada um pode dizer como está o tempo na sua zona, e perguntar como está no sítio que lhe interessa.
Gosto. Pena que só funcione, por enquanto, no iPhone.