Herculaneum, circa 40 BCE. At the villa Pisonis the Epicurean School of Philodemus of Gadara is an informal gathering place for those who enjoy discussing philosophy, literature, general politics, the nature of things and how to live better.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Estímulos
Todos os políticos e analistas falam em estimular a economia através do financiamento às empresas, mas eu pergunto, essas empresas vão fabricar o quê para vender a quem, se praticamente só há dinheiro para comprar produtos chineses?
Maldita gasolina!
O preço da gasolina 95 subiu hoje, no posto Galp da via do Infante, para €1,707, o valor mais alto de sempre. O barril de petróleo Brent está ligeiramente acima dos 125 dólares.
Lembro-me dos célebres 147 dólares que o barril atingiu em Julho de 2008 e pergunto-me quem exactamente é que nos está a roubar.
E a propósito, resolvi afixar na coluna do lado um widget com a actualização diária do preço do petróleo.
Lembro-me dos célebres 147 dólares que o barril atingiu em Julho de 2008 e pergunto-me quem exactamente é que nos está a roubar.
E a propósito, resolvi afixar na coluna do lado um widget com a actualização diária do preço do petróleo.
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Er... nani
Ontem, sábado, foi dia de Ernani, na transmissão MetLive in HD para a Fundação Gulbenkian. Para esta ópera fui praticamente virgem, tendo apenas lido a história e nunca tendo ouvido, que soubesse, uma ária sequer. A verdade é que não fiquei encantada, apesar dos coros verdianos e de algumas árias notáveis. Foi engraçado reconhecer diversos trechos e soluções musicais que Verdi reciclou em óperas posteriores (La Traviata, Rigoletto...).
A encenação do já falecido Pier Luigi Samaritani é muito clássica, como é hábito no Met, com uns cenários grandiosos que, como a realização cinematográfica mostrou, dão uma trabalheira a montar e a mudar. A direcção musical foi de Marco Armiliato, que não me empolgou; mas a função da orquestra, numa ópera, pode ser acompanhar os cantores e dar pouco nas vistas - não? O coro, que segundo parece andou a ensaiar aos bochechos, portou-se bem, particularmente no terceiro acto.
Em relação aos cantores secundários não tenho comentários, mas quanto aos principais, começo pelo protagonista, que foi uma desilusão. Temos visto tenores fantásticos nestas transmissões, de Alagna a Calleja a Kaufmann, e este Marcello Giordani tem uma voz feia, agreste, que pode chegar onde deve mas não apetece voltar a ouvir. A soprano Angela Meade, em Elvira, foi decididamente belcantista, tem voz e técnica e, penso, possibilidades de progredir. Soou sempre metálica, mas como noutras ocasiões não sei se o é realmente ou é um problema da transmissão. Emagrecer era capaz de lhe fazer bem: estou convencida de que, para uma cantora, não há vantagem nenhuma em ser obesa, já que obriga os músculos respiratórios a um trabalho muito maior* e, do ponto de vista cénico, também complica a vida.
Don Carlo, rei de Espanha, foi cantado pelo barítono Dmitri Hvorostovsky, um menino querido do público do Met, a quem basta aparecer e produzir uns sons bonitos para receber uma ovação, mas que me pareceu frio e inexpressivo. É certo que a direcção de cena foi, para os principais, completamente inexistente. É triste hoje em dia ver cantores prantarem-se de frente para o público e não terem qualquer interacção em palco, como foi por exemplo o caso do confronto entre Ernani e Carlo, de espadas na mão, a ladrarem mútuas ameaças sem a mínima convicção nem o mínimo movimento.
No meio disto tudo brilhou como Silva Ferruccio Furlanetto, que é um senhor, cantou lindamente e passou as emoções todas que lhe competiam, paixão, orgulho, decepção, raiva. Não faço ideia se ainda tem voz para encher o Met porque, mais uma vez repito, a amplificação altera a realidade, mas é uma voz muito bonita e distinta.
Afinal nem tudo o que vem do Met é ouro, mas a próxima temporada, apresentada num dos intervalos, traz mais uma série de transmissões a não perder.
* Sei que há quem não concorde comigo (o Paulo, por exemplo), mas estou convencida de que a perda de qualidade da voz de alguns sopranos famosos que emagreceram teve mais a ver com o desgaste e a passagem dos anos do que com a perda de peso.
A encenação do já falecido Pier Luigi Samaritani é muito clássica, como é hábito no Met, com uns cenários grandiosos que, como a realização cinematográfica mostrou, dão uma trabalheira a montar e a mudar. A direcção musical foi de Marco Armiliato, que não me empolgou; mas a função da orquestra, numa ópera, pode ser acompanhar os cantores e dar pouco nas vistas - não? O coro, que segundo parece andou a ensaiar aos bochechos, portou-se bem, particularmente no terceiro acto.
Em relação aos cantores secundários não tenho comentários, mas quanto aos principais, começo pelo protagonista, que foi uma desilusão. Temos visto tenores fantásticos nestas transmissões, de Alagna a Calleja a Kaufmann, e este Marcello Giordani tem uma voz feia, agreste, que pode chegar onde deve mas não apetece voltar a ouvir. A soprano Angela Meade, em Elvira, foi decididamente belcantista, tem voz e técnica e, penso, possibilidades de progredir. Soou sempre metálica, mas como noutras ocasiões não sei se o é realmente ou é um problema da transmissão. Emagrecer era capaz de lhe fazer bem: estou convencida de que, para uma cantora, não há vantagem nenhuma em ser obesa, já que obriga os músculos respiratórios a um trabalho muito maior* e, do ponto de vista cénico, também complica a vida.
Don Carlo, rei de Espanha, foi cantado pelo barítono Dmitri Hvorostovsky, um menino querido do público do Met, a quem basta aparecer e produzir uns sons bonitos para receber uma ovação, mas que me pareceu frio e inexpressivo. É certo que a direcção de cena foi, para os principais, completamente inexistente. É triste hoje em dia ver cantores prantarem-se de frente para o público e não terem qualquer interacção em palco, como foi por exemplo o caso do confronto entre Ernani e Carlo, de espadas na mão, a ladrarem mútuas ameaças sem a mínima convicção nem o mínimo movimento.
No meio disto tudo brilhou como Silva Ferruccio Furlanetto, que é um senhor, cantou lindamente e passou as emoções todas que lhe competiam, paixão, orgulho, decepção, raiva. Não faço ideia se ainda tem voz para encher o Met porque, mais uma vez repito, a amplificação altera a realidade, mas é uma voz muito bonita e distinta.
Afinal nem tudo o que vem do Met é ouro, mas a próxima temporada, apresentada num dos intervalos, traz mais uma série de transmissões a não perder.
* Sei que há quem não concorde comigo (o Paulo, por exemplo), mas estou convencida de que a perda de qualidade da voz de alguns sopranos famosos que emagreceram teve mais a ver com o desgaste e a passagem dos anos do que com a perda de peso.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
O ferro e a ferrugem
Em meia dúzia de semanas fui duas vezes ao cinema (ena, ena, que fartura) ver duas fitas mais ou menos biográficas: J. Edgar, de Clint Eastwood, sobre o criador e patrão do FBI, com Leonardo DiCaprio no protagonista, e The Iron Lady, de Phyllida Lloyd, acerca da primeira-ministra britânica, interpretada por Meryl Streep.
Os pontos mais fortes do primeiro foram, para mim, a história, a recriação dos ambientes, o que me ensinou sobre o FBI e Hoover; do segundo uma certa visão de autor e a fotografia. Em ambos é notável o trabalho dos actores principais, mas na perspectiva da linguagem corporal é evidente que DiCaprio estudou e copia os tiques de Hoover, enquanto Streep se transforma praticamente na sua personagem. A caracterização em The Iron Lady é muito superior à de J. Edgar, o que talvez ajude, mas Streep está, sem dúvida, noutro campeonato.
Entretanto, saí de The Iron Lady bastante deprimida. Ultimamente a velhice preocupa-me, não por ela mesma mas porque para algumas (muitas?) pessoas é uma época sem projectos nem objectivos, em que se passa o tempo à espera de morrer. Há quem não se reforme por medo disso mesmo. Começa a parecer-me que não se deve concluir o que se planeou fazer na vida senão muito, muito tarde.
Será possível que um dia eu me retire da vida como um conviva saciado que se retira de um banquete? Ou terei sempre a mesma sede, a mesma fome, o mesmo desejo dos momentos e dos dias?
Sophia de Mello Breyner Andresen, Os Três Reis do Oriente, in Contos Exemplares, Lisboa, 1962
Os pontos mais fortes do primeiro foram, para mim, a história, a recriação dos ambientes, o que me ensinou sobre o FBI e Hoover; do segundo uma certa visão de autor e a fotografia. Em ambos é notável o trabalho dos actores principais, mas na perspectiva da linguagem corporal é evidente que DiCaprio estudou e copia os tiques de Hoover, enquanto Streep se transforma praticamente na sua personagem. A caracterização em The Iron Lady é muito superior à de J. Edgar, o que talvez ajude, mas Streep está, sem dúvida, noutro campeonato.
Entretanto, saí de The Iron Lady bastante deprimida. Ultimamente a velhice preocupa-me, não por ela mesma mas porque para algumas (muitas?) pessoas é uma época sem projectos nem objectivos, em que se passa o tempo à espera de morrer. Há quem não se reforme por medo disso mesmo. Começa a parecer-me que não se deve concluir o que se planeou fazer na vida senão muito, muito tarde.
Será possível que um dia eu me retire da vida como um conviva saciado que se retira de um banquete? Ou terei sempre a mesma sede, a mesma fome, o mesmo desejo dos momentos e dos dias?
Sophia de Mello Breyner Andresen, Os Três Reis do Oriente, in Contos Exemplares, Lisboa, 1962
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Contas feitas
A Casa do Médico de S. Rafael, em Sines, é uma espécie de lar de terceira idade concebido para médicos e seus familiares, podendo também funcionar como hotel para médicos de passagem, à semelhança de uma mais antiga que existe no Porto.
Estive a ler o respectivo regulamento na Medi.com de Janeiro, o mesmo que se enconta aqui e, quando cheguei ao tarifário, fiquei perplexa. É que sempre que se dividem as pessoas em escalões para fins monetários, saem aberrações.
No caso, se um médico tiver rendimentos no valor de dois mil euros e quiser ter um quarto só para si, terá de pagar 1155 euros, o que lhe deixa para despesas pessoais 845 euros.
Mas se tiver uma reforma de dois mil e um euros, para ter o mesmo quarto desenbolsará 1755 euros, e ficará então com 246 euros para si.
Por outro lado, se receber entre 526 e 704 euros, ou entre 1001 e 1154 euros não tem direito a quarto individual, porque não conseguirá pagar a mensalidade correspondente ao seu escalão. Mais vale receber só 525 euros, porque tem quarto individual e ainda lhe sobram 225 euros!
Curioso igualmente é que, numa Casa do Médico, assistência médica e de enfermagem poderá ser fornecida, se necessário, sendo o seu custo suportado pelo hóspede (5.5).
Estive a ler o respectivo regulamento na Medi.com de Janeiro, o mesmo que se enconta aqui e, quando cheguei ao tarifário, fiquei perplexa. É que sempre que se dividem as pessoas em escalões para fins monetários, saem aberrações.
No caso, se um médico tiver rendimentos no valor de dois mil euros e quiser ter um quarto só para si, terá de pagar 1155 euros, o que lhe deixa para despesas pessoais 845 euros.
Mas se tiver uma reforma de dois mil e um euros, para ter o mesmo quarto desenbolsará 1755 euros, e ficará então com 246 euros para si.
Por outro lado, se receber entre 526 e 704 euros, ou entre 1001 e 1154 euros não tem direito a quarto individual, porque não conseguirá pagar a mensalidade correspondente ao seu escalão. Mais vale receber só 525 euros, porque tem quarto individual e ainda lhe sobram 225 euros!
Curioso igualmente é que, numa Casa do Médico, assistência médica e de enfermagem poderá ser fornecida, se necessário, sendo o seu custo suportado pelo hóspede (5.5).
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Sair do euro
Greek politicians keep repeating that leaving the euro would be an economic disaster. As opposed to what, precisely? The present Wirtschaftswunder?
(...)
Because Brussels has been kind to the politicians, they genuinely struggle to see that it isn’t in the interests of their constituents.
(...)
Daniel Hannan, no seu blogue, hoje.
(...)
Because Brussels has been kind to the politicians, they genuinely struggle to see that it isn’t in the interests of their constituents.
(...)
Daniel Hannan, no seu blogue, hoje.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
domingo, 12 de fevereiro de 2012
O Crepúsculo de Lepage
Este sábado a Fundação Gulbenkian transmitiu em directo mais uma produção MetLive in HD, desta vez o Götterdämmerung, o capítulo final da tetralogia do Anel dos Nibelungos, na concepção de Robert Lepage.
Dos três que vi (Die Walküre, Siegfried e este), foi aquele de que menos gostei e o que me deixou mais cansada, embora não esteja com isto a dar-lhe uma nota negativa. Penso que o efeito surpresa da máquina se desvaneceu, e que neste episódio valeram mais as projecções video que os movimentos da dita, sendo que no terceiro acto, nas cenas com as Filhas do Reno, a conjunção máquina+vídeo resultou muito bem. No final, a destruição do Valhalla foi interessante; já o suicídio de Brünnhilde foi de uma tibieza total. Aliás o cavalo mecânico foi patético, quando as valquírias tinham cavalgado a própria máquina.
Posto isto, a música: achei o prólogo uma seca desnecessária e, depois disso, talvez faltasse alguma vivacidade habitual à direcção de Fabio Luisi, ou simplesmente eu não estivesse tão disponível para me entusiasmar. Ainda assim, houve momentos de magia nos metais e nos violoncelos, e o prazer de reconhecer alguns leit-motive preferidos. Gostei menos dos coros do que dos de outras óperas de Wagner (Tannhäuser, Lohengrin).
Quanto às vozes, eu sou uma wagneriana em construção, pelo que não tenho o conhecimento e a nostalgia das vozes wagnerianas de referência. Achei muito bem Debbie Voigt, no seu papel super-exigente, com um notável controle da emissão. Já Jay Hunter Morris, que fora uma agradável surpresa no herói de Siegfried, que continuo a apreciar cenicamente e neste aspecto achei mais confiante, pareceu-me ter como que estacionado do ponto de vista vocal. Não sei explicar isto muito bem, mas faltou-me algum heroísmo (e potência?) naquela voz.
Não faltou nada aos baixos Hans-Peter König e Eric Owens, duas vozes lindíssimas para dois personagens maléficos (Alberich e Hagen), maravilhosos desde as primeiras notas, e que fizeram um dueto excelente. König, que já cantara o Hundig da Walküre e o Fafner de Siegfried, impressionou-me mais de cada vez. Bem o Gunther de Iain Paterson e a Gutrune de Wendy Bryn Harmer, bem as Nornas e as Filhas do Reno, destacando-se a soprano Heidi Melton na terceira Norna (ainda que eu tivesse dispensado toda a cena das Nornas). E bem, embora um bocadinho envelhecida, Waltraud Meier na valquíria Waltraute.
Dos três que vi (Die Walküre, Siegfried e este), foi aquele de que menos gostei e o que me deixou mais cansada, embora não esteja com isto a dar-lhe uma nota negativa. Penso que o efeito surpresa da máquina se desvaneceu, e que neste episódio valeram mais as projecções video que os movimentos da dita, sendo que no terceiro acto, nas cenas com as Filhas do Reno, a conjunção máquina+vídeo resultou muito bem. No final, a destruição do Valhalla foi interessante; já o suicídio de Brünnhilde foi de uma tibieza total. Aliás o cavalo mecânico foi patético, quando as valquírias tinham cavalgado a própria máquina.
Posto isto, a música: achei o prólogo uma seca desnecessária e, depois disso, talvez faltasse alguma vivacidade habitual à direcção de Fabio Luisi, ou simplesmente eu não estivesse tão disponível para me entusiasmar. Ainda assim, houve momentos de magia nos metais e nos violoncelos, e o prazer de reconhecer alguns leit-motive preferidos. Gostei menos dos coros do que dos de outras óperas de Wagner (Tannhäuser, Lohengrin).
Quanto às vozes, eu sou uma wagneriana em construção, pelo que não tenho o conhecimento e a nostalgia das vozes wagnerianas de referência. Achei muito bem Debbie Voigt, no seu papel super-exigente, com um notável controle da emissão. Já Jay Hunter Morris, que fora uma agradável surpresa no herói de Siegfried, que continuo a apreciar cenicamente e neste aspecto achei mais confiante, pareceu-me ter como que estacionado do ponto de vista vocal. Não sei explicar isto muito bem, mas faltou-me algum heroísmo (e potência?) naquela voz.
Não faltou nada aos baixos Hans-Peter König e Eric Owens, duas vozes lindíssimas para dois personagens maléficos (Alberich e Hagen), maravilhosos desde as primeiras notas, e que fizeram um dueto excelente. König, que já cantara o Hundig da Walküre e o Fafner de Siegfried, impressionou-me mais de cada vez. Bem o Gunther de Iain Paterson e a Gutrune de Wendy Bryn Harmer, bem as Nornas e as Filhas do Reno, destacando-se a soprano Heidi Melton na terceira Norna (ainda que eu tivesse dispensado toda a cena das Nornas). E bem, embora um bocadinho envelhecida, Waltraud Meier na valquíria Waltraute.
Imagem Metropolitan Opera
Uma nota para quem não sabe: há cinemas em Portugal que passam em directo transmissões da Royal Opera House. Ainda não experimentei, mas não deixarei de o fazer.quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Outra vez a idade da reforma
Notícia do Jornal de Negócios:
Proposta de reforma aos 75 anos na Suécia provoca polémica
07 Fevereiro 2012 | 19:24
Carla Pedro - cpedro@negocios.pt
O chefe do governo sueco, Fredrik Reinfeldt, defendeu que os cidadãos trabalhem até aos 75 anos, em vez de o fazerem aos 65.
(...)
O governante, que preside à coligação de centro-direita, afirmou que a Suécia tem de enfrentar o facto de as pessoas estarem a viver mais anos e que, para se manterem os actuais níveis de bem-estar social e de pensões, deverão trabalhar mais tempo.
(...)
Estes filhos-da-mãe não têm dois neurónios para pensar? Ainda não perceberam que quando falam em reformas estão a falar de pessoas com as mais diversas profissões? Ainda não perceberam que eles, enquanto vendedores de banha da cobra, podem debitar discursos até morrerem mas que os relojoeiros, os pedreiros, as mulheres de limpeza, os estivadores, etc, hão-de ter com essas idades limitações físicas que os impedirão de exercer capazmente as suas actividades? Ainda não perceberam que o ritmo com que se trabalha hoje não se consegue manter até essas idades? Ainda não perceberam que as capacidades intelectuais também diminuem, e que há riscos em manter no activo cirurgiões, motoristas e professores?
Caramba que isto está difícil de entender!
Proposta de reforma aos 75 anos na Suécia provoca polémica
07 Fevereiro 2012 | 19:24
Carla Pedro - cpedro@negocios.pt
O chefe do governo sueco, Fredrik Reinfeldt, defendeu que os cidadãos trabalhem até aos 75 anos, em vez de o fazerem aos 65.
(...)
O governante, que preside à coligação de centro-direita, afirmou que a Suécia tem de enfrentar o facto de as pessoas estarem a viver mais anos e que, para se manterem os actuais níveis de bem-estar social e de pensões, deverão trabalhar mais tempo.
(...)
Estes filhos-da-mãe não têm dois neurónios para pensar? Ainda não perceberam que quando falam em reformas estão a falar de pessoas com as mais diversas profissões? Ainda não perceberam que eles, enquanto vendedores de banha da cobra, podem debitar discursos até morrerem mas que os relojoeiros, os pedreiros, as mulheres de limpeza, os estivadores, etc, hão-de ter com essas idades limitações físicas que os impedirão de exercer capazmente as suas actividades? Ainda não perceberam que o ritmo com que se trabalha hoje não se consegue manter até essas idades? Ainda não perceberam que as capacidades intelectuais também diminuem, e que há riscos em manter no activo cirurgiões, motoristas e professores?
Caramba que isto está difícil de entender!
Competitividade
Notícia do Público:
Fábricas do México, Finlândia e Hungria afectadas
Nokia despede 4000 trabalhadores para produzir na Ásia
08.02.2012 - 10:28 Por Lusa
A Nokia, o maior fabricante mundial de telefones móveis, anunciou hoje a intenção de deslocar para a Ásia a montagem dos smartphones (telefones inteligentes) ainda este ano, despedindo 4000 trabalhadores nas fábricas do México, Finlândia e Hungria.
Com esta medida, de acordo com a agência EFE, o gigante finlandês pretende aumentar a sua competitividade (...)
Continuem que vão bem. Quando todas as empresas que puderem passarem a produção para a Ásia, desempregando assim os trabalhadores europeus, quando os europeus não tiverem dinheiro nem para comprar produtos feitos na Ásia, vai vir charters de asiáticos visitar os palácios e as igrejas (e os bonitos túneis e auto-estradas) europeus, tirar fotografias e perguntar, como nós fazemos agora diante das pirâmides de Chichen Itza ou nas cavernas de Altamira, quem seriam e como viveriam os povos extintos que construíram tão extraordinário património.
Fábricas do México, Finlândia e Hungria afectadas
Nokia despede 4000 trabalhadores para produzir na Ásia
08.02.2012 - 10:28 Por Lusa
A Nokia, o maior fabricante mundial de telefones móveis, anunciou hoje a intenção de deslocar para a Ásia a montagem dos smartphones (telefones inteligentes) ainda este ano, despedindo 4000 trabalhadores nas fábricas do México, Finlândia e Hungria.
Com esta medida, de acordo com a agência EFE, o gigante finlandês pretende aumentar a sua competitividade (...)
Continuem que vão bem. Quando todas as empresas que puderem passarem a produção para a Ásia, desempregando assim os trabalhadores europeus, quando os europeus não tiverem dinheiro nem para comprar produtos feitos na Ásia, vai vir charters de asiáticos visitar os palácios e as igrejas (e os bonitos túneis e auto-estradas) europeus, tirar fotografias e perguntar, como nós fazemos agora diante das pirâmides de Chichen Itza ou nas cavernas de Altamira, quem seriam e como viveriam os povos extintos que construíram tão extraordinário património.
Merkel e a Madeira
Notícia do Diário de Notícias:
União Europeia
Merkel: Madeira é exemplo de má aplicação de fundos
por Lusa Ontem
A chanceler alemã, Angela Merkel, deu hoje a Madeira como um mau exemplo da aplicação dos fundos estruturais europeus, sublinhando que naquela região autónoma estas verbas "serviram para construir túneis e autoestradas, mas não para aumentar a competitividade".
Na opinião de Merkel, os referidos fundos devem servir para apoiar financeiramente as pequenas e médias empresas (...)
Não vale a pena indignarmo-nos contra Angela Merkel que, como qualquer mortal, tem apenas a informação que lhe dão. E a ela disseram, como de resto a todos nós, que a Madeira, entre túneis e buracos orçamentais, parece hoje cada vez mais um queijo Gruyère.
Julgo que a senhora Merkel nunca foi à Madeira, e decerto nunca lá foi antes de os fundos estruturais terem sido gastos em bonitos túneis e auto-estradas.
Ora o meu pai, que era engenheiro civil, esteve envolvido na construção de algumas das estradas que se fizeram na Madeira nos anos quarenta/cinquenta, e foi com essas que a Madeira se aguentou até chegarem os fundos estruturais. Essas estradas colavam-se à rocha em curvas apertadas porque não havia dinheiro nem tecnologia para fazer viadutos; os túneis eram abertos a dinamite e a picareta e a sangue de homens. A viagem do Funchal para a costa norte (28km à vol d'oiseau), de carro, demorava duas horas e meia de aflição e enjoo. Antes das estradas, as comunicações eram feitas por mar, e as populações do interior, se tivessem mesmo que vir à capital, vinham a pé ou, se doentes, de liteira.
Por isso: sim, houve muito dinheiro esbanjado, gastou-se como se não houvesse amanhã, há construções completamente supérfluas, houve gente a enriquecer à custa do descontrole dos dinheiros públicos (emprestados), mas como pode negar-se que aproximar as comunidades e facilitar as trocas de pessoas, mercadorias e ideias, só pode aumentar a competitividade?
Já sem discutir a natureza e benefícios da competitividade.
União Europeia
Merkel: Madeira é exemplo de má aplicação de fundos
por Lusa Ontem
A chanceler alemã, Angela Merkel, deu hoje a Madeira como um mau exemplo da aplicação dos fundos estruturais europeus, sublinhando que naquela região autónoma estas verbas "serviram para construir túneis e autoestradas, mas não para aumentar a competitividade".
Na opinião de Merkel, os referidos fundos devem servir para apoiar financeiramente as pequenas e médias empresas (...)
Não vale a pena indignarmo-nos contra Angela Merkel que, como qualquer mortal, tem apenas a informação que lhe dão. E a ela disseram, como de resto a todos nós, que a Madeira, entre túneis e buracos orçamentais, parece hoje cada vez mais um queijo Gruyère.
Julgo que a senhora Merkel nunca foi à Madeira, e decerto nunca lá foi antes de os fundos estruturais terem sido gastos em bonitos túneis e auto-estradas.
Ora o meu pai, que era engenheiro civil, esteve envolvido na construção de algumas das estradas que se fizeram na Madeira nos anos quarenta/cinquenta, e foi com essas que a Madeira se aguentou até chegarem os fundos estruturais. Essas estradas colavam-se à rocha em curvas apertadas porque não havia dinheiro nem tecnologia para fazer viadutos; os túneis eram abertos a dinamite e a picareta e a sangue de homens. A viagem do Funchal para a costa norte (28km à vol d'oiseau), de carro, demorava duas horas e meia de aflição e enjoo. Antes das estradas, as comunicações eram feitas por mar, e as populações do interior, se tivessem mesmo que vir à capital, vinham a pé ou, se doentes, de liteira.
(Madeira, 1950/51: fotos da colecção do meu pai)
Por isso: sim, houve muito dinheiro esbanjado, gastou-se como se não houvesse amanhã, há construções completamente supérfluas, houve gente a enriquecer à custa do descontrole dos dinheiros públicos (emprestados), mas como pode negar-se que aproximar as comunidades e facilitar as trocas de pessoas, mercadorias e ideias, só pode aumentar a competitividade?
Já sem discutir a natureza e benefícios da competitividade.
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Não há charters de chineses
Notícia do Público:
Governo chinês proíbe companhias aéreas de pagar taxa de carbono à UE
06.02.2012
AFP, PÚBLICO
O Governo de Pequim proibiu as companhias aéreas chinesas de pagar a taxa pelas emissões de carbono que emitem, uma medida que entrou em vigor a 1 de Janeiro e que abrange todos os voos de e para os países da União Europeia.
(...)
Desde 1 de Janeiro, as emissões de dióxido de carbono de todos os voos domésticos e internacionais com partida ou chegada a qualquer aeroporto na União Europeia passaram a estar abrangidas pelo comércio de emissões europeu. O objectivo é limitar as emissões de gases com efeito de estufa da aviação internacional.
(...)
Faz o governo chinês muito bem. A direcção (nem sei como lhe hei-de chamar) da União Europeia só pensa em lançar impostos sobre tudo e mais alguma coisa. É evidente que o objectivo deste não é limitar a emissão de gases, que continuarão a ser emitidos desde que os aviões voem. O objectivo é angariar mais dinheiro para pagar o monstro em que se está a tornar a União Europeia.
Os voos vão ser mais caros, mas Durão Barroso, van Rompuy, a baronesa Ashton, assim como Merkozy e seus lacaios e mais os eurodeputados e burocratas da UE continuarão a viajar. Em executiva. Pagos por nós, claro.
Governo chinês proíbe companhias aéreas de pagar taxa de carbono à UE
06.02.2012
AFP, PÚBLICO
O Governo de Pequim proibiu as companhias aéreas chinesas de pagar a taxa pelas emissões de carbono que emitem, uma medida que entrou em vigor a 1 de Janeiro e que abrange todos os voos de e para os países da União Europeia.
(...)
Desde 1 de Janeiro, as emissões de dióxido de carbono de todos os voos domésticos e internacionais com partida ou chegada a qualquer aeroporto na União Europeia passaram a estar abrangidas pelo comércio de emissões europeu. O objectivo é limitar as emissões de gases com efeito de estufa da aviação internacional.
(...)
Faz o governo chinês muito bem. A direcção (nem sei como lhe hei-de chamar) da União Europeia só pensa em lançar impostos sobre tudo e mais alguma coisa. É evidente que o objectivo deste não é limitar a emissão de gases, que continuarão a ser emitidos desde que os aviões voem. O objectivo é angariar mais dinheiro para pagar o monstro em que se está a tornar a União Europeia.
Os voos vão ser mais caros, mas Durão Barroso, van Rompuy, a baronesa Ashton, assim como Merkozy e seus lacaios e mais os eurodeputados e burocratas da UE continuarão a viajar. Em executiva. Pagos por nós, claro.
Fantasia ao estilo barroco
Tenho a impressão que as óperas barrocas não estão tão em moda nos Estados Unidos como na Europa; de contrário o Met programá-las-ia com frequência, e só me lembro da Rodelinda, que de vez em quando é posta em cena com Renée Fleming na protagonista e a cuja transmissão em Dezembro passado teria ainda assim de boa vontade assistido, se a Fundação Gulbenkian a tivesse contratado.
Mas talvez o apetite americano seja estimulado por esta fantasia que foi The Enchanted Island, um pasticcio, ou seja uma colagem de pedaços de música de Händel, Vivaldi, Rameau, Purcell e outros, servindo um libretto moderno, inspirado em duas comédias de Shakespeare, The Tempest e A Midsummer Night's Dream, e que foi projectada em diferido no sábado passado.
Em primeiro lugar devo dizer que a encenação de Phelim McDermott é divertida, movimentada, que os cenários e os figurinos são bonitos, ricos e muito bem conseguidos, na linha da arte fantástica de um Nick Bantok ou, se quisermos, de Hyeronimus Bosch, e que a direcção de orquestra de William Christie conseguiu fazer fluir toda aquela manta de retalhos sem que por um momento se notassem as costuras.
No elenco destaco Joyce DiDonato, perfeita como sempre, na maturidade do seu talento e domínio técnico, entrando declaradamente na brincadeira com o gesto extravagante mas sem nunca baixar o nível da sua arte. David Daniels foi uma presença poderosa e sobretudo uma belíssima voz. Danielle de Niese surpreendeu-me positivamente, sem subtilezas mas muito engraçada em palco e saindo-se muito bem na coloratura da última ária, Can you feel the Heavens are reeling, originalmente a acrobática Agitata da due venti de Vivaldi que continua sem dúvida a pertencer a Cecilia Bartoli. Placido Domingo pareceu-me ter algumas dificuldades, talvez acrescidas por ter de cantar em inglês. Reencontrei Luca Pisaroni que me tinha deixado muito boa impressão a cantar o Leporello do Don Giovanni em Novembro passado, e fez um Caliban notável, se esquecermos a transcrição da ária Gelido in ogni vena, transformada em Mother, my blood is freezing.
Estiveram muito bem igualmente os outros cantores, em papéis em que puderam brilhar individualmente e em conjunto. Até gostei do bailado do segundo acto, eu que raramente acho os bailados oportunos em ópera.
Do que gostei menos? Talvez do libretto de Jeremy Sams, que fugia ao espírito barroco, parecendo ignorar que ali as árias valem pela música e que as variações e ornamentações devem ser feitas sobre uma estrutura literária simples, ou não fosse uma das peças mais extraordinárias da época construída sobre dez palavras apenas: Ombra mai fù/ Di vegetabile/ Cara ed amabile/ Soave più. Mas vou agora ali reler Shakespeare, não vá dar-se o caso de me estar a queixar do texto inexpurgado do Bardo...
Mas talvez o apetite americano seja estimulado por esta fantasia que foi The Enchanted Island, um pasticcio, ou seja uma colagem de pedaços de música de Händel, Vivaldi, Rameau, Purcell e outros, servindo um libretto moderno, inspirado em duas comédias de Shakespeare, The Tempest e A Midsummer Night's Dream, e que foi projectada em diferido no sábado passado.
Em primeiro lugar devo dizer que a encenação de Phelim McDermott é divertida, movimentada, que os cenários e os figurinos são bonitos, ricos e muito bem conseguidos, na linha da arte fantástica de um Nick Bantok ou, se quisermos, de Hyeronimus Bosch, e que a direcção de orquestra de William Christie conseguiu fazer fluir toda aquela manta de retalhos sem que por um momento se notassem as costuras.
No elenco destaco Joyce DiDonato, perfeita como sempre, na maturidade do seu talento e domínio técnico, entrando declaradamente na brincadeira com o gesto extravagante mas sem nunca baixar o nível da sua arte. David Daniels foi uma presença poderosa e sobretudo uma belíssima voz. Danielle de Niese surpreendeu-me positivamente, sem subtilezas mas muito engraçada em palco e saindo-se muito bem na coloratura da última ária, Can you feel the Heavens are reeling, originalmente a acrobática Agitata da due venti de Vivaldi que continua sem dúvida a pertencer a Cecilia Bartoli. Placido Domingo pareceu-me ter algumas dificuldades, talvez acrescidas por ter de cantar em inglês. Reencontrei Luca Pisaroni que me tinha deixado muito boa impressão a cantar o Leporello do Don Giovanni em Novembro passado, e fez um Caliban notável, se esquecermos a transcrição da ária Gelido in ogni vena, transformada em Mother, my blood is freezing.
Estiveram muito bem igualmente os outros cantores, em papéis em que puderam brilhar individualmente e em conjunto. Até gostei do bailado do segundo acto, eu que raramente acho os bailados oportunos em ópera.
Do que gostei menos? Talvez do libretto de Jeremy Sams, que fugia ao espírito barroco, parecendo ignorar que ali as árias valem pela música e que as variações e ornamentações devem ser feitas sobre uma estrutura literária simples, ou não fosse uma das peças mais extraordinárias da época construída sobre dez palavras apenas: Ombra mai fù/ Di vegetabile/ Cara ed amabile/ Soave più. Mas vou agora ali reler Shakespeare, não vá dar-se o caso de me estar a queixar do texto inexpurgado do Bardo...
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Recorde
Notícia do Expresso:
Aniversário da morte de Gandhi com recorde mundial
Passados 64 anos sobre o assassinato de Mahatma Gandhi, uma marcha realizada em Calcutá, reuniu 485 crianças e entrou para o Guinness como a reunião com mais pessoas vestidas como o líder da libertação indiana.
17:22 Segunda feira, 30 de janeiro de 2012
(...)
Tenho a certeza que não é com uma patetice destas que Gandhi gostaria de ser celebrado.
Aniversário da morte de Gandhi com recorde mundial
Passados 64 anos sobre o assassinato de Mahatma Gandhi, uma marcha realizada em Calcutá, reuniu 485 crianças e entrou para o Guinness como a reunião com mais pessoas vestidas como o líder da libertação indiana.
17:22 Segunda feira, 30 de janeiro de 2012
(...)
Tenho a certeza que não é com uma patetice destas que Gandhi gostaria de ser celebrado.
Equidade
Curioso como, com a proposta para acabar com os feriados de 5 de Outubro e 1 de Dezembro, o governo conseguiu irritar simultaneamente republicanos e monárquicos.
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