domingo, 30 de novembro de 2008

Pop-up or not pop-up

Hoje fiz uma pequena modificação ao blog: a caixa de comentários não aparece como pop-up mas sim abaixo do post a que se refere.
Da mesma forma, quando se quer ler os comentários, estes não aparecem como pop-up mas abaixo do post.

Isto parece ter vantagens (não é preciso configurar o bloqueador de pop-ups) e inconvenientes (a janela principal deixa de mostrar a página principal do blog para apresentar só o post comentado).

Parece haver alguma diferença (mas será substancial?) no processo de assinatura dos comentários.

Não sei o que é preferível. O que acham os meus amigos e visitantes?

Gordura é formosura

Notícia do Público:

Decisão do Supremo Tribunal do Canadá
Obesos têm direito a dois lugares nos aviões
27.11.2008 - 02h37 Reuters, PUBLICO.PT
A intenção de várias companhias de aviação cobrarem dois bilhetes por viagem a pessoas com obesidade clinicamente severa sofreu um derrota, na semana passada, quando o Supremo Tribunal do Canadá rejeitou avaliar um recurso das empresas Air Canada, Air Canada Jazz e WestJet contra uma decisão da Agência Canadiana de Transportes.
Este organismo decidiu que pessoas “funcionalmente desabilitadas por obesidade” têm direito a dois lugares só com o custo de uma passagem. As companhias recorreram para o Tribunal Federal, em Maio, mas perderam. Tentaram então um recurso no Supremo, mas a decisão desta instância judicial mantém em vigor, no Canadá, a regra de cobrar apenas o preço de uma passagem por cada passageiro.


Há anos havia uma campanha publicitária no Brasil com cartazes que diziam Gordinha também é filha de Deus. Sou certamente politicamente incorrecta, mas que tal comparar esta política pró-gordura com a anti-altura que foi publicada outro dia?
É caso para se dizer que Deus tem filhos e enteados.

sábado, 29 de novembro de 2008

Velas sem vento

Soube pelo blog Opera Chic que morreu hoje aos noventa anos o arquitecto dinamarquês Jørn Utzon que desenhou o belíssimo edifício da ópera de Sydney.
Para os curiosos como eu, uma biografia de Utzon e fotos de obras suas.

Foto por Enoch Lau

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O que fazer com os piratas?

A propósito da pirataria ao largo da Somália, um dos episódios de que mais gosto na vida de Júlio César é o da sua captura por piratas a caminho de Rhodes onde planeava estudar retórica.

Nessa altura ele ainda não tinha trinta anos e ainda não tinha feito nada que o notabilizasse especialmente aos olhos do mundo. Era apenas um Romano pelo qual os piratas pediram um resgate de cinquenta talentos* (Plutarco diz que foi o próprio César que aumentou o pedido inicial de vinte talentos).

Enquanto os seus acompanhantes procuravam obter um empréstimo nas cidades da Ásia Menor, César instalou-se o mais confortavelmente que pôde, apenas com um médico e dois criados, na aldeia que servia de quartel-general aos piratas, e ficou à espera, entretendo-se a escrever discursos e poemas que seguidamente declamava: uma espécie de treino para as lições que esperava ter em Rhodes. Chamava burros e ignorantes aos piratas quando não apreciavam as suas obras, e ameaçava em tom jocoso crucificá-los a todos quando ficasse livre. Eles riam-se.

Ao fim de quarenta dias os amigos e escravos voltaram com os cinquenta talentos; César foi libertado perto de Mitilene e imediatamente recrutou uma pequena força militar com a qual perseguiu os piratas, os capturou e, conforme prometera, executou.

Suetónio nota que César, que não era cruel por natureza, antes de os crucificar os mandou estrangular.

(Rhodes, Rhodes, Setembro 2005)

* 1 talento = 100 libras romanas (de ouro ou de prata)

Sem meias medidas

Notícia do Telegraph:

Gay penguins steal eggs from straight couples
A couple of gay penguins are attempting to steal eggs from straight birds in an effort to become "fathers", it has been reported.
Last Updated: 2:06PM GMT 27 Nov 2008
The two penguins have started placing stones at the feet of parents before waddling away with their eggs, in a bid to hide their theft.
But the deception has been noticed by other penguins at the zoo, who have ostracised the gay couple from their group.(...)
A keeper at Polar Land in Harbin, north east China explained that the gay couple had the natural urge to become fathers, despite their sexuality.
(...)


Ah se isto vira moda na Califórnia! ;-)

Se é S, S é. Esse é.

Eu bem digo que se descobrem coisas interessantes ao copiar as letras que o blogger usa como filtro anti-spam.

Hoje, ao deixar um comentário no Amor e Outros Desastres, deparei-me com sessese. Lixo? Nem pensar! Uma pesquisa Google leva-nos à tradução turca de Point Counter Point de Aldous Huxley, Ses Sese Karşı.

Huxley, huh? É uma ideia.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Onde é que já ouvi isto?

Notícia do Público (e do Expresso):

Programa vale 1,5 por cento do PIB da União Europeia
Comissão Europeia propõe estímulos fiscais de 200 mil milhões de euros
26.11.2008 - 12h19
Por Reuters

O programa de estímulo fiscal apoia o sector automóvel em cinco mil milhões de euros
A Comissão Europeia aprovou hoje uma proposta de estímulos fiscais, avaliada em 200 mil milhões de euros, para reanimar as economias da União Europeia, que na sua maioria estarão em recessão no próximo ano.
(...)
Tal como já fez o Reino Unido, o presidente da Comissão Europeia sugeriu a baixa temporária do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) e de incentivos fiscais dirigidos aos consumidores e a sectores económicos mais vulneráveis ao actual período de recessão económica.
(...)
Para Durão Barroso, o pacote de medidas hoje proposto "é a melhor forma de devolver a confiança aos cidadãos" e "protegê-los", recolocando a Europa "no trilho do crescimento e emprego".



Não foi este homem que em 2002 prometia em campanha eleitoral baixar os impostos sobre quem vive do seu salário e sobre as empresas que investem porque [s]ó assim Portugal poderá ganhar a batalha da competitividade?

E não foi este homem que meses depois, ao ganhar as eleições, subiu o IVA de 17 para 19% (um aumento de quase 12%)?

Tenhamos medo. Tenhamos muito medo.


NB: A proposta da Comissão Barroso está aqui. O sr. Sousa apoia e aplaude! Mas parece só ter lido o que lhe convinha (surprise, surprise!)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Giulio Cesare in Ispagna

Sevilla está a duas horas de distância, sem portagens, o Teatro de la Maestranza estreou anteontem o Giulio Cesare in Egitto de Haendel com Lawrence Zazzo e Elena de la Merced, e o simpático Hotel Inglaterra aceita cães.

A encenação foi criada em 2001 para o Teatro del Liceo em Barcelona e agora reposta, e tem achados muito bons (o tecto que vai descendo sobre Cornelia e Sesto na cena final do primeiro acto, a acentuar o desespero deles) e outros de gosto duvidoso (a cabeça de Pompeu que anda de mão em mão durante toda a ópera). Do crocodilo (um extraordinário bailarino que se movia como um verdadeiro réptil) achei que era um surpreendente e benvindo interesse cómico que não teria se calhar ofendido Haendel. Bjorn Jensen, responsável pela reposição, explica no entanto que é mais do que isso: simboliza o choque entre duas culturas e como actuamos frente a alguém totalmente diferente.

Também não teriam provavelmente ofendido Haendel alguns cortes feitos (no segundo acto cena e meia até à revelação de Lídia de que realmente é Cleópatra) nem algumas árias repescadas a outras óperas, embora hoje sejam opções discutíveis.

Quanto aos cantores: gostei muitíssimo de Elena de la Merced (Cleopatra), com uma voz muito bonita, doce e ágil, assim como do contra-tenor Lawrence Zazzo (Cesare), expressivo tanto do ponto de vista vocal como teatral - excelente em Aure deh per pietà. Marina Rodríguez-Cusí (Cornelia) e David Sagastume (Nireno) muito bem; Lola Casariego (Sesto, em substituição de Tuva Semmigsen) nem tanto: o personagem pede (e oferece) muito mais.

Parece que está na moda os barítonos despirem-se em cena, e assim tivemos um momento de exposição para José Julián Frontal (Achilla) que se pôs em cuecas. Infelizmente, para barihunk falta-lhe corpo e voz ;-)

Gostei do som da Orquestra Barroca de Sevilha e notei o solo de oboé (?) a introduzir a ária de Cleopatra Se pietà di me non senti, um dos pontos fortes da noite, repetida da capo com ornamentações distintas durante todo o tempo que foi preciso para mudar de cenário.


O público, que enchia praticamente a sala no início, debandou ao segundo intervalo e depois, durante os aplausos, foi saindo, o que sempre me parece desagradável para os intérpretes. Vi gente bem arranjada - os espanhóis cuidam-se! - e alguns sapatos espantosos...

domingo, 23 de novembro de 2008

Desabafo

Na minha humilde opinião, tanto Haendel como Wagner bem podiam ter encurtado as suas óperas para uma duração decente, tipo Verdi.

Perdia-se boa música? Claro que não: os pedaços cortados podiam ser usados na criação de mais algumas óperas :-)

Rosas em Janeiro?

vimos que sim. Mas papoilas em Novembro?




(Ontem, em Albufeira. Juro.)

Ilusionismo Parte II

Notícia do Jornal de Notícias:

CGD já injectou mais de 800 milhões de euros no BPN desde Setembro
2008-11-14
A CGD já injectou mais de 800 milhões euros desde Setembro no BPN revelou o presidente do banco público português.

(Nota: a edição impressa do Expresso desta semana refere mil milhões)

Notícia do Portugal Diário:

21-11-2008 - 08:14h
CGD pede garantia ao Estado de dois mil milhões
(...)
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) pediu uma garantia ao Estado para obter um financiamento, através da emissão de obrigações, no valor de dois mil milhões de euros.


Parece haver quem julgue que a Caixa Geral de Depósitos é uma espécie de cartola de ilusionista da qual se podem ir tirando coelhos. Não é.

Imagem daqui

sábado, 22 de novembro de 2008

Mentiroso

If he said the sky was blue I'd look up to check
Mark Moore, sobre Gordon Brown, nos comentários a este post

Podia estar a referir-se a outro primeiro ministro.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Doença das casas loucas?

Há arquitectos que se preocupam em harmonizar os seus projectos com a paisagem rural ou urbana que os envolve. Há arquitectos que gostam de deixar a sua marca.

Quase todos os que desenharam estas casas pertenciam obviamente à segunda fornada (via Samizdata).

(NB: Até acho graça a algumas hehe)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Seis meses sem democracia

Os antigos Romanos acabaram com a monarquia por não suportarem atitudes tirânicas dos seus últimos reis, e criaram uma série de cargos executivos eleitos por um ano para evitar novas tiranias.

No entanto, quando havia uma situação excepcionalmente grave, podia-se nomear um ditador que estaria no cargo por seis meses durante os quais tomaria as decisões que entendesse, não sujeitas a veto, e pelas quais não responderia criminalmente após o fim do mandato, ao contrário do funcionamente normal da república.

Andará Manuela Ferreira Leite a estudar história da antiguidade?

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Andaram na mesma escola?

Notícia do Expresso (e do Público):

Manuela Ferreira Leite questiona
"Não é bom seis meses sem democracia" para "pôr tudo na ordem"?
Defendendo a ideia de que não se deve tentar fazer reformas contra as classes profissionais, Manuela Ferreira Leite declarou: "Eu não acredito em reformas, quando se está em democracia...".
16:56 Terça-feira, 18 de Nov de 2008

(...)
"Quando não se está em democracia é outra conversa, eu digo como é que é e faz-se", observou em seguida a presidente do PSD, acrescentando: "E até não sei se a certa altura não é bom haver seis meses sem democracia, mete-se tudo na ordem e depois então venha a democracia".


O Álvaro escandalizou-se no Desmitos e vaticinou a iminente morte política de M. F. Leite. Eu, por mim, fazia um pacotinho com ela e George W e mandava-os para o Alasca...

Ilusionismo

Notícia do Sol (via O país do Burro):

3a-feira, 18 Novembro 2008
Educação
Sócrates entregou Magalhães só para a fotografia

Por Margarida Davim
José Sócrates esteve na Escola do Freixo, em Ponte de Lima, a entregar computadores aos alunos do 1.º ciclo. Mas, depois de o primeiro-ministro ir embora, as crianças tiveram de devolver os Magalhães
A Escola do Freixo, em Ponte de Lima, foi o palco escolhido por José Sócrates, na passada quarta-feira, para mais uma acção de promoção dos computadores da JP Sá Couto para o 1.º ciclo. Sócrates chamou os jornalistas e distribuiu os Magalhães pelas crianças. Mas, terminada a cerimónia oficial, os portáteis tiveram de ser devolvidos.
Contactado pelo SOL, o conselho executivo da Escola do Freixo explicou que as crianças não puderam ficar com os computadores, «porque há questões administrativas a tratar».
(...)
Antes da entrega real dos equipamentos, a escola vai ter de «preencher toda a papelada e os pais que não estiverem abrangidos pelo 1.º escalão da acção social escolar vão ter de fazer o pagamento do computador». (...)


Mas para este género de ilusões prefiro o David Copperfield.

Da economia como religião

Cinco da manhã, uma insónia e mau feitio: boa altura para resumir a minha ideia da crise internacional. Se antigamente de médico e de louco todos tínhamos um pouco, se depois passámos todos a ser treinadores de bancada, agora somos todos economistas amadores. Eu também, sobretudo a esta hora.

Voilà: o sistema financeiro transformou-se num monstro incontrolável desde que as operações financeiras deixaram de se referir a dinheiro concreto e passaram a ser feitas de intenções. Quando peço um empréstimo de cem mil euros, o banco diz que me põe cem mil euros à disposição, e eu digo aos meus fornecedores que lhes pago dez mil euros a um, cinco mil a outro, e por aí adiante, e eles dizem que os receberam (os bancos afiançam que sim), e todas estas transferências são feitas sem que alguma vez se veja a cor desse dinheiro.
De repente entraram no circuito cem mil euros que não existem na realidade.
No entanto eu tenho que pagar o empréstimo: do meu ordenado que o meu empregador diz que me paga o banco diz que tira uma quantia mensal para reaver os cem mil euros e respectivos juros.

Um amigo americano, republicano e conservador, diz-me que o banco federal continua a imprimir dólares sem qualquer controle, mas eu não sei se isso é verdade. Não é necessário imprimir dólares, só cartões Visa ou American Express.

Do mesmo modo os governos têm dito que garantem as operações dos bancos, e os depósitos dos clientes, e que disponibilizam milhões de dólares para tal. Não é necessário que tenham essses milhões de notas: mais uma vez lidamos com intenções. Se há algum nome que o sistema mereça é o de fiduciário, porque andamos todos a viver da confiança nas promessas uns dos outros.

Neste momento, contudo, o monstro já é tão grande que já não basta ter confiança, é preciso fé para acreditar que tudo isto vai dar certo.

A crise chegou à economia. Na verdade a crise teve origem na economia, enquanto governos e bancos assobiavam para o lado, mas agora que alguém gritou que o rei ia nu já toda a gente faz coro. A economia mundial vive do consumo, e quando o consumo abranda a economia treme. Quando o consumo pára as empresas abrem falência e despedem trabalhadores.

A indústria automóvel está em crise e pede ajuda aos governos. Que ajuda pode o governo dar? Dinheiro? Para quê? Para pagar ordenados? Para pagar fornecedores de peças? Para continuar a produzir carros que não se vendem?
O que a indústria automóvel quer é ser nacionalizada, passar a responsabilidade de pagar ao governo, passar a ser função pública. Os russos devem estar a rir: afinal o Estado é que está a dar.

Os bail-outs não resolvem nada. As injecções de dinheiro são tratamentos paliativos enquanto a doença avança. Enganam as dores, disfarçam a febre, mas o paciente vai morrer.

Às seis e meia da manhã, o prognóstico é reservado. Este sistema não resulta. As empresas têm de falir e as pessoas vão sofrer. É preciso inventar um mundo novo, porque a fé já não nos salva.

domingo, 16 de novembro de 2008

O casamento gay

Já se sabem os resultados da votação da Proposta nº8 na Califórnia, que visava revogar a lei que permitia o casamento entre pessoas do mesmo sexo naquele Estado. A maioria votou sim. Pode parecer estranho, mas não esqueçamos que se há Estado cheio de contradições é a Califórnia, cujo governador é o Republicano conservador Arnold Schwarzenegger.

Os apoiantes da Proposta nº8 tinham a mesma visão do casamento de Manuela Ferreira Leite: é um compromisso entre um homem e uma mulher para a produção de filhos. E mais nada.

Ora mesmo se historicamente essa definição tem sido usada, o casamento está longe de ser só isso, ou mesmo de ser isso: quantos homens e mulheres se casam sem intenção, ou sem possibilidade, de ter filhos? Alguém já se lembrou de proibir o casamento entre pessoas de mais de cinquenta anos?
E, já agora, que impede, a não ser eventualmente a lei, um casal gay de ter filhos, próprios ou adoptados? E para os que se arrepiam com a ideia: não será muito melhor para uma criança viver numa família estável e afectuosa com dois pais ou duas mães do que numa família disfuncional ou numa instituição de acolhimento?

Quanto à possibilidade de uma criança educada por um casal gay se tornar também gay, isso é grave? Além de que seria interessante que os tais que se arrepiam explicassem, nessa perspectiva, como se tornam gay as crianças educadas por casais hetero.

Na verdade, o casamento talvez devesse definir-se como um contrato reconhecido por um grupo social ou religioso que envolve duas pessoas que prometem partilhar experiências de vida, incluindo normalmente afecto e sexo, e pretendem proteger determinados direitos sociais ou económicos.
Isto, julgo eu, incluiria os casamentos por amor, as alianças familiares, os casamentos por puro interesse material, quer entre pessoas do mesmo sexo quer não.

E se me disserem que estamos a quebrar uma tradição histórica, respondo: e porque não? A luta contra a desigualdade é relativamente recente, e a nossa noção do que constitui desigualdade tem mudado desde que os Founding Fathers redigiram a Declaração de Independência, sem lhes passar pela cabeça o paradoxo de a igualdade que lhes parecia evidente não se aplicar aos seus escravos.

sábado, 15 de novembro de 2008

Allegro ma non troppo

Dito isto, lá fui esta sexta feira à Igreja Matriz de Albufeira e ontem, sábado, à Sé Catedral de Faro, para ouvir respectivamente as sonatas para violino e piano nºs 2, 8 e 9 de Beethoven tocadas por António Rosado e João Pedro Cunha, e várias peças de compositores barrocos tocadas no órgão de tubos por João Vaz.

Os públicos eram bastante diferentes, talvez reflectindo o tipo de população das duas cidades: em Albufeira predominavam os estrangeiros, em Faro os portugueses. A propósito, acho óptimo que se tragam as crianças, mas seria bom os pais explicarem-lhes antes que não devem falar para não incomodar os restantes ouvintes. Infelizmente os próprios pais não parecem ter noção disso.

Nenhum dos concertos me entusiasmou, desde logo pela música. Na sexta-feira os instrumentistas tocaram de costas um para o outro, o que me incomodou: eles lá sabem se se entendem melhor assim, mas o facto é que houve de parte a parte algumas tentativas de indicações visuais que falharam. De qualquer forma J. P. Cunha pareceu-me de início frio e ensimesmado.

(Faro, Sé, Novembro 2008)

Fiquei com dúvidas quanto a certos tempos, pois alguns allegri pareciam mais andanti ou mesmo adagi. A partir do segundo andamento da sonata nº 8 as coisas melhoraram bastante; este e o primeiro da sonata º 9 Kreutzer foram os que mais me agradaram, tanto musicalmente como na interpretação.

No sábado achei interessante aperceber-me dos diversos registos do órgão, que é uma máquina infernal cheia de cavilhas (lembra uma daquelas centrais telefónicas antigas): na primeira peça, de Diogo da Conceição, parecia um pato a grasnar. Tive pena que não houvesse uma explicação no programa sobre os compositores ou as peças: se toda a gente sabe quem foi Beethoven, quem saberá quem foi Pedro de Araújo, ou o que quer dizer Obra de 5º tom?

Espero que o padre de Albufeira, que de resto tem uma igreja muito simpática, um dia destes perceba que se mantiver a pombinha pintada sobre o altar-mor nada o livrará do Inferno.

(Albufeira, Igreja Matriz, Novembro 2008)

Quanto à Sé de Faro, é a maior confusão de estilos que já me foi dado ver.

O império da luz Parte II

ῥοδοδάκτυλος Ἠώς

a madrugada de róseos dedos

Homero, Odisseia, 2.1.1

(Albufeira, Novembro 2008)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O império da luz

Estes dias de Outono no Algarve têm sido lindos de morrer. Ontem a lua nasceu cheia por volta das cinco e meia da tarde: estava enorme logo acima do horizonte.
Hoje não sei por onde andava, mas o pôr-do-sol era um espectáculo de cor, a fazer lembrar L'Empire des Lumières de Magritte, com as casas a destacarem-se quase negras sobre o vermelho-chama e o céu ainda azul.

(Albufeira, Novembro 2008)


A partir da próxima Primavera haverá todo um museu dedicado a Magritte em Bruxelas.

Rafeiro como ele

Notícia da CNN (via Jornal de Notícias e email):

November 7, 2008
Obama: New dog could be 'mutt like me'

Posted: 03:33 PM ET
From CNN Assignment Editor Lauren Kornreich

(CNN) – In his first press conference since winning the race to the White House, President-elect Barack Obama addressed a pressing question: who is going to be the first dog?
Obama told a group of reporters in Chicago on Friday that since his 10-year-old daughter, Malia, is allergic, the Obama family is looking for a hypoallergenic breed. But Obama also said the family wants to adopt one from a shelter.
“There are a number of breeds that are hypoallergenic, but on the other hand our preference is to get a shelter dog, but obviously, a lot of the shelter dogs are mutts like me,” Obama said. “So, whether we are going to be able to balance those two things I think is a pressing issue on the Obama household.”


É bonito. Infelizmente na América também há muitos animais de raça abandonados nos canis. Ficamos à espera de ver que espécie de cão vai entrar na Casa Branca. Não esperemos, no entanto, que Obama dê muita atenção aos problemas dos animais.

Afinal, ele é só um rafeiro como nós.

Sem nada para vestir

Agora que a primeira loja inteiramente dedicada à Barbie abriu em Buenos Aires, reparei que a minha Barbie ainda está com roupa de Verão e não me lembro de onde guardei a roupa de Inverno dela!

Ainda por cima é um modelo já considerado vintage (#1070 de 1965): a minha mãe trouxe-ma de Paris quando em Portugal não se sonhava que existia. Da roupa que também trouxe já só existe a camisola cor-de-rosa, e como entretanto mudaram as medidas para outras mais politicamente correctas (!) a roupa nova não lhe assenta bem. E para complicar o caso, hoje em dia é raro haver à venda roupa sem a boneca.
(Hoje, no meu jardim)

Que seca!

PS 5 horas mais tarde: Já encontrei a roupinha.

The age of consent

Notícia do Expresso:

Britânica quer morrer "com dignidade"
Adolescente conquista direito à eutanásia

Hannah Jones, 13 anos, conseguiu que a sua vontade fosse aceite: recusa submeter-se a um transplante de coração, a única hipótese para continuar a viver. A história está a comover a Inglaterra.
Maria Luiza Rolim
22:10 Terça-feira, 11 de Nov de 2008

(...)
No início, o Herefordshire Primary Care Trust quis obrigar a menina britânica a submeter-se à cirurgia e em Fevereiro levou o caso para o Supremo Tribunal de Justiça do Reino Unido.
Hanna ganhou o direito de morrer depois de ter sido entrevistada por um assistente social, que confirmou que a menina estava mesmo segura na sua decisão de morrer com dignidade".
Os pais de Hannah apoiam-na. (...) Entrevistados pelo jornal 'Daily Telegraph', dizem que é óbvio que desejaria ter a filha com eles por muito mais tempo, mas entendem que devem respeitar a sua vontade.


Isto é muito complicado. Não tenho ideia do que faria se fosse mãe desta criança ou médica dela, ou juíza do Supremo. Parece que a garota é capaz para decidir morrer, que é uma coisa que muito poucos adultos são capazes de decidir. No entanto se a mesma garota tivesse relações sexuais (sei lá, para experimentar antes de morrer?) com um adulto, este seria condenado por pedofilia e ela definida como menor e incapaz.

Onde está, afinal, o patamar do consentimento?

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Sleep like a baby

Jay Leno: It's been a week since the election; how're you doing?
John McCain: I've been sleeping like a baby: sleep two hours, wake up and cry, sleep two hours, wake up and cry.


Às vezes as pessoas dizem coisas que é suposto terem graça mas que a mim, pelo menos, deixam siderada.

A entrevista aqui.

Equaino

Para deixar um comentário no blog Travel Journal tive de copiar as letras que compõem o título deste post.

(Não sei porquê, há blogs que pedem quase-palavras mais engraçadas que outros)

O que é um equaino? É um cavalo madeirense. Basta dizê-lo assim mesmo em voz alta.

Liberdade para os melões

Notícia do Público:

Documento já foi votado pelos Estados-membros da UE
Propostas da Comissão sobre legumes e frutas entrarão em vigor em Julho
12.11.2008 - 13h59
Por PÚBLICO

A proposta da Comissão Europeia que deixa cair a obrigação de calibragem de 26 frutas e legumes, passando a ser autorizada a venda de produtos “deformados”, foi votada hoje pelos Estados-membros da União Europeia e deverá entrar em vigor a 1 de Julho de 2009.
(...)
A eliminação das normas de comercialização para 26 produtos hortofrutícolas, relativamente ao tamanho e forma, pretende simplificar as regras da União Europeia e reduzir a burocracia. Dizem, então, respeito a damascos, alcachofras, espargos, beringelas, abacates, feijões, couves-de-bruxelas, cenouras, couves flores, cerejas, aboborinhas (courgettes), pepinos, cogumelos de cultura, alhos, avelãs com casca, couves-repolhos, alhos franceses, melões, cebolas, ervilhas, ameixas, aipo de folhas, espinafres, nozes comuns com casca, melões e chicórias whitloof.
No entanto, vão manter-se as normas relativas a dez tipos de hortofrutícolas: maçãs, citrinos, kiwis, alfaces, pêssegos e nectarinas, peras, morangos, pimentos doces, uvas de mesa e tomates. Mas os Estados-membros poderão comerciar aqueles que não cumprirem as regras desde que sejam rotulados como forma de os distinguir.
(...)


Ainda bem que por uma vez se acaba com regulamentação excessiva. Mas poderá alguém explicar-me quais os critérios pelos quais os damascos e as ameixas têm tratamento diferente das maçãs e dos pêssegos?

domingo, 9 de novembro de 2008

À vela

O Algarve tem paisagens que os "agostinhos" não sonham. Velejar na ria de Faro e observar as mudanças de luz de uma tarde de Outono é uma experiência inebriante.



(Faro, Novembro 2008)

À pesca

Esta manhã muitas dezenas de gaivotas chamavam a atenção na praia de Armação de Pêra.


Chegavam os pescadores e, depois de rebocados os barcos pelo tractor até acima da linha da maré, depois de escolhido o peixe e arrumadas as redes, devolviam ao mar ouriços, estrelas-do-mar e as cavalas que tinham usado como isco.


As gaivotas são uma espécie de hienas penudas e estavam à espera do festim.

(Armação de Pêra, Novembro 2008)

sábado, 8 de novembro de 2008

O preço das pernas

Notícia do Telegraph:

Passengers to be charged for extra legroom
Tall airline passengers who ask for extra legroom when flying in economy class will be charged £40 for the privilege.
By Peter Allen
Last Updated: 7:56AM GMT 08 Nov 2008

Air France has become the first airline to introduce a supplement for the seats next to emergency exits or at the front of rows.
These are the ones without other seats immediately in front, meaning long legs can be stretched out.
Until now, experienced passengers have often been able to reserve the seats through nothing more than a polite request at check in.
Now, however, they will be sold, with surcharges payable online or in phone bookings.
(...)
The idea is likely to be copied by many other airlines, as their industry struggles in the harsh economic climate.


Em tempos li a história duma rapariga que queria por força ser modelo e para isso convenceu um cirurgião a fracturar-lhe as pernas e colocar aparelhos para as tornar mais compridas (sim, é possível, mas bastante arriscado e eu não o faria por motivo tão idiota).
Agora o pessoal vai passar a pedir pernas mais curtas?

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Not gay


Voltei hoje a ver Mamma mia. Claro que não é um grande filme mas é divertido.

Colin Firth, de quem gosto imenso, faz contudo o homossexual menos convincente que vi em toda a minha vida, na tela ou fora dela.

Foto daqui

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Tango Quattro em Lagos

Confesso que falho muitos dos meus projectos de ir aqui ou ali ouvir música ou ver um espectáculo.

Às vezes por preguiça minha, outras por falta de coragem de pedir companhia a quem chega à noite exausto.

Mas para quem gostar de tango e puder, há amanhã e depois no Centro Cultural de Lagos o agrupamento Tango Quattro com os bailarinos veteranos Jorge e Nélida, que vi dançar em tempos no Teatro da Trindade.


(Tango, ou Jorge e Nélida pintados por mim há nove anos)

A mudança chegou à América

Barack Obama venceu as eleições norte-americanas. Pelo que isto significa, uma América menos preconceituosa, mais aberta à mudança e talvez mesmo ao mundo exterior, este resultado é bom e fico contente.

Do ponto de vista prático, vamos a ver. Do fundo do coração faço votos para um futuro feliz para a América.

domingo, 2 de novembro de 2008

Momento de promoção

Notícia do Público:

Sócrates: Magalhães «é o primeiro grande computador ibero-americano»
31.10.2008
Fonte: Público

O primeiro-ministro, José Sócrates, fez da sua primeira intervenção na Cimeira Ibero-Americana um momento de promoção do computador Magalhães (...)


Nem sei o que dizer: que o sr. Sousa tem emprego assegurado na JP Sácouto? Talvez mesmo na Intel? Que pode sonhar com um contrato para substituir Bryn Terfel como Dulcamara?

De qualquer forma, depois de afirmar que foi pensado para as crianças e que todos os seus assessores usam diariamente o Magalhães para o seu trabalho, muita coisa ficou explicada.