Caem no Algarve no mês de Agosto; na realidade julgam que o Algarve só existe no mês de Agosto. Enchem supermercados e restaurantes e protestam contra as multidões; nos dias em que chove engarrafam a EN125 a caminho dos centros comerciais, e nos dias de sol estendem-se na areia e só saem da praia com queimaduras do segundo grau. Acham a água fria mas dizem aos amigos que ficaram em casa que está óptima. Ferem as pernas ao saltar para as piscinas e as mãos a fazer arranjos caseiros; queimam-se nos churrascos e engasgam-se com as espinhas do peixe fresco. Acham os hoteis caros e os apartamentos bolorentos. Estranham os letreiros e as ementas em inglês porque não entendem que no resto do ano quem mantém a engrenagem são os turistas estrangeiros.
Não sabem como era a praia da Rocha quando havia a rocha e a Fortaleza vigiava a entrada do Arade, nem como era o centro de Albufeira ou o mercado do peixe; não se lembram das fábricas de conservas nem das carroças que faziam o caminho até às praias. A electricidade e a água já não faltam dia sim, dia sim, e não perdem o dia inteiro à espera de um telefonema para Lisboa. Vêm à procura de sol e encontram-no. Não lhes interessa nada que para eles se tenham construído toneladas de betão e descaracterizado uma província, porque nem lhes passa pela cabeça como era ou podia ser de outra maneira.
E a culpa não é deles: é dos espanhóis que, não tendo Albufeira nem a Meia-Praia nem Tavira, plantaram Torremolinos e Benidorm onde não havia nada, e convenceram o resto do mundo de que assim é que se fazia turismo.
Lixaram-nos bem lixados.
Não sabem como era a praia da Rocha quando havia a rocha e a Fortaleza vigiava a entrada do Arade, nem como era o centro de Albufeira ou o mercado do peixe; não se lembram das fábricas de conservas nem das carroças que faziam o caminho até às praias. A electricidade e a água já não faltam dia sim, dia sim, e não perdem o dia inteiro à espera de um telefonema para Lisboa. Vêm à procura de sol e encontram-no. Não lhes interessa nada que para eles se tenham construído toneladas de betão e descaracterizado uma província, porque nem lhes passa pela cabeça como era ou podia ser de outra maneira.
E a culpa não é deles: é dos espanhóis que, não tendo Albufeira nem a Meia-Praia nem Tavira, plantaram Torremolinos e Benidorm onde não havia nada, e convenceram o resto do mundo de que assim é que se fazia turismo.
Lixaram-nos bem lixados.
(madrugada em Albufeira, Agosto 2008)
4 comentários:
A minha resposta no http://regabophe.blogspot.com
Olá Gi
O que é necessário é não baixar os braços e pensar em algumas acções de Educação Ambiental e monitorização dos parâmetros ecológicos do Algarve.
Agora estou em férias, mas creio que gostará de conhecer o meu blogue,o Bioterra.
Abraço
Já li, JQ, obrigada, e vou responder.
Que fique claro que não englobo todos os portugueses que passam férias no Algarve no mesmo molde... mas há muitos que lá cabem.
João Soares, obrigada pela visita, já fui ver o Bioterra: quando voltar de férias podemos continuar a conversa?
Parece-me que há anos se anda a alertar para o desastre que se está a criar no Algarve mas quem pode não liga.
A culpa não é dos Espanhóis mas de nós que os seguimos...
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