terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Joyce DiDonato em Lisboa

Finalmente realizou-se o meu desejo de ver esta senhora no grande auditório da Fundação Gulbenkian. Acompanhada pelo agrupamento de Alan Curtis, Il Complesso Barocco, no sábado sob a direcção do violinista e contra-tenor Dmitry Sinkovsky, veio apresentar o seu mais recente CD, Drama Queens.

Que dizer mais acerca de Joyce DiDonato? Talvez que, quando faz qualquer coisa, é para a fazer bem. Recentemente vi parte da transmissão directa de uma lição que deu aos alunos da Juilliard School, na qual recomendava a um jovem barítono que fosse às fontes. Explicava: procura saber em que se inspirou o compositor. Quem é Figaro? Como eram os barbeiros daquela época? O que faziam? Como se vestiam? Vai aos museus: há retratos? Que atitude mostram, que gestos?

DiDonato resolveu assumir neste recital o papel de rainha do drama, e apareceu de cabelos presos ao alto, numa espécie de coroa, e num vestido extraordinário (mais do que bonito) desenhado pela estilista inglesa Vivienne Westwood em seda escarlate, com laços e folhos, mangas amovíveis e ancas isabelinas adicionadas no intervalo. Com esta encenação dedicou-se a percorrer as paixões e emoções excessivas de que tanto gosta. Como já escrevi antes, ela nunca me decepciona, e que prazer é poder sentar-me, descontrair-me e acompanhar a riqueza de uma voz belíssima e de uma técnica excepcional, sem recear qualquer agressão aos meus ouvidos.

Este filme pirata repescado no Youtube mostra um bocadinho do que também aconteceu cá:


O público respondeu aplaudindo-a como nunca ouvi, chamando-a inúmeras vezes ao palco pelo prazer e pela necessidade de a aplaudir, muito mais do que a pedir os encores (quatro, dois deles repetidos) que no entanto, obviamente, apreciou.

Depois do espectáculo recebeu os admiradores e assinou programas e discos. Estava radiosa, e eu devia tê-la fotografado, mas esqueci-me. Ofereci-lhe pastéis de Belém: espero que tenha gostado.

11 comentários:

Fanático_Um disse...

Foi um concerto excelente, Gi. Não é todos os dias que temos uma cantora deste calibre entre nós. E a Joyce é também um ser humano único. Desta vez não pude ficar para os autógrafos, mas já me encontrei com ela nas ruas de Londres e foi de uma simpatia inexcedível.
Os verdadeiramente grandes são, frequentemente, assim.

Mário R. Gonçalves disse...

:) sabe bem ler estas coisas, Gi. A Joyce tem o meu entusiasmo inquestionável já há alguns anos.

Parece que o Complesso Barocco também esteve excelente. Foi? Nunca os ouvi.

Que lhe hei de oferecer em Madrid, Gi? Levar uns ovos moles de Aveiro? As natas não aguentam a viagem :)

Gi disse...

Fanático_Um, lembro-me bem desse seu encontro. Reparei no sábado que ela ainda sabe dizer "obrigada" :-)

Gi disse...

Mário, obviamente também sou fã há muito tempo. Comecei a interessar-me quando descobri o blogue dela, e depois de a "ouver" em Bruxelas fiquei agarrada.

Os músicos do Complesso Barocco estiveram muito bem, com muita energia, apoiando-a sempre. Reparei no concertino, num instrumentista alto que, lá atrás, me pareceu passar tranquilamente do oboé para a viola (mas posso estar enganada) e... na cor das meias, a dizer com o vestido da Joyce.

Paulo disse...

Papinhos de anjo, Mário.

Ainda bem que foi excelente, Gi. No Sábado passado, Lisboa parecia uma grande capital, com dois grandes concertos esgotados à mesma hora.
Sempre vens no Sábado ao Pizarro?

Paulo disse...

Gi e Fanático_Um, claro. Também li lá as opiniões fanáticas.

Mário R. Gonçalves disse...

Crítica entusiástica no Público também.

http://www.musica.gulbenkian.pt/cgi-bin/wnp_db_dynamic_record.pl?dn=db_musica_press&sn=all&orn=1408

"timbre dourado e luminoso", é isso.

Gi disse...

Paulo, pois parecia...
Não devo ir ao concerto do Artur Pizarro. Por outro lado, procurei saber o que tem agendado nos próximos tempos e nos websites da editora e do agente não encontrei nada!

Gi disse...

Mário, obrigada pelo link, está muito bem.

Em relação a presentes: a Joyce está bastante mais magra (está óptima) por isso não a engorde ;-) Também lhe pode levar flores, se quiser, foi o que eu fiz em Bruxelas.

Paulo disse...

O Pizarro volta em Março ao CCB.

Gi disse...

Obrigada, Paulo, vou estudar o assunto ;-)