sábado, 29 de março de 2008

A frase do dia

Ocorrido esta manhã, na baixa de Lisboa:

À porta de uma loja, um homem cego, com uma bengala branca na mão, e uma mulher chocam penosamente.
Diz ela, muito aflita:
"Ai desculpe, desculpe, não o vi!"

quarta-feira, 26 de março de 2008

Idosos na noite

Notícia do Sol:

24 MAR 08
Valpaços

Projecto 'Afectos' combate isolamento dos idosos
A Câmara de Valpaços lançou o projecto Afectos para combater o isolamento dos idosos e proporcionar-lhes várias actividades, nomeadamente ginástica, idas à discoteca e acções de sensibilização contra burlões

Ya bro, baril, abanar a carola, bora lá.

A campanha eleitoral já começou

Notícia do Público:

Nova taxa entra em vigor a 1 de Julho
Governo baixa taxa do IVA de 21 para 20 por cento

26.03.2008 - 15h35
Por Eduardo Melo, Vítor Costa

O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou hoje que o Governo vai baixar a taxa do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) para 20 por cento, com efeitos práticos a partir de 1 de Julho. A taxa actual é de 21 por cento depois de o actual Governo a ter aumentado em dois pontos percentuais no início da legislatura.

Olha que bom. Para as empresas é igual: tanto deduzem 21% como 20%. Para o valor final dos bens, é igual - os preços não vão descer por causa disto. Mas sempre desvia as atenções de outros problemas, e põe o pessoal à espera do biscoito seguinte.

domingo, 23 de março de 2008

O trânsito no Cairo

Há lugares em que o trânsito é mítico: Nápoles, e pior que Nápoles, Palermo, onde os semáforos indicam aos motoristas que talvez possam parar ou andar, se lhes apetecer; Delhi que não existe, e onde os motoristas sobrevivem se tiverem good horns, good brakes, and good luck, e o Cairo, onde vi a maior concentração de carros a circular amolgados e sem faróis.

Os que tinham faróis tinham-nos de várias cores: não só brancos ou amarelos, como cá, mas encarnados, verdes ou azuis. Às vezes um de cada cor.

(Cairo, Março 2005)

A certa altura a carrinha em que ia meteu-se por uma rua em contra-mão; não houve protestos: só quando entrámos numa rua no sentido normal é que alguém apitou.

O seguro morreu de velho?

Talvez... Mas a propósito da revista de segurança ontem à porta do estádio que pouco havia de detectar, e das revistas nos aeroportos que nos obrigam a tirar os sapatos e a deixar em terra shampoos e garrafas de água mas duvido que sirvam realmente para alguma coisa excepto obrigar as pessoas a passarem tempo em filas, lembrei-me dos portais de segurança à entrada dos sítios arqueológicos no Egipto.

(Sakkara, Março 2005)

Quando mais uma vez passámos ao lado de um portal e perguntei para que servia o aparato, obtive um sorriso, um encolher de ombros e a seguinte resposta: Para os americanos se sentirem felizes.

Abençoados.

Espelho, espelho meu...

A propósito de mais uma corrente blogosférica, dei por mim a pensar na dicotomia a imagem-que-eu-tenho-de-mim vs a-imagem-que-os-outros-têm-de-mim.

É engraçado que, se os outros souberem que imagem eu tenho de mim, isso possa alterar a imagem que eles têm de mim.

E o inverso igualmente.

Tristeza de jogo

Fui ontem à noite pela primeira vez, e suponho que pela última, ver um jogo de futebol ao estádio do Algarve.

O estádio é um desastre: o pessoal de riba-Tejo, que só vem à mourama no mês de Agosto, julga que aqui nunca chove, e desenha estádios e centros comerciais sem protecção. Bem, o Calatrava também desenhou a estação do Oriente como se em Lisboa nunca chovesse nem fizesse frio; se calhar andam todos a sonhar com a Califórnia. Adiante.


Parques de estacionamento também é coisa que os portugueses não sonham como se faz. Transportes públicos, praticamente desconhecidos no Algarve, não existem para o estádio; trinta mil espectadores (pelo menos) implicam muitos carros, mal parados até à autoestrada ou no meio do campo (e da lama).

Se havia trinta mil ou mais não sei, mas sei que havia longas filas para entrar por acessos improvisados (há algum mal em as ruas levarem directamente às portas?), que estava muita gente em pé apesar dos lugares marcados, que a Juve Leo tinha ocupado os lugares do meu grupo (não teria sido reservado um sector para as claques?), que as escadas e os acessos estavam bloqueados de tal modo que se tivesse havido algum problema hoje provavelmente não haveria este post. E nem os pastores-alemães nem os rottweilers da polícia serviriam para muito além de aumentar a confusão.

Quanto ao jogo propriamente dito, foi uma tristeza. Parece-me que os putos deixaram de saber jogar à bola. Não vi um passe decente; vi jogadores parados a ver a bola passar. Remates? Devem estar a brincar. A brincar também deve estar o José Medeiros Ferreira, ao dar a entender que o Setúbal mereceu ganhar por jogar bem: o Sporting é que mereceu perder por jogar mal.

Como animação musical, esqueçam as cheerleaders patéticas: alguns adeptos encarregaram-se de cantar ininterruptamente as únicas palavras que provavelmente conhecem na língua materna: Vai para o c*, seu filha-da-p*!

Para quê discutir acordos ortográficos? E no entanto, eles votam...

quinta-feira, 20 de março de 2008

Brevemente numa praia perto de si

Notícia do Sol:
Hoje
Praia

Moda do 'burquini' pode chegar a Portugal no Verão

A versão fashion do fato de banho utilizado pelas mulheres muçulmanas, inspirado na 'burca', fato que as cobre da cabeça aos pés, por questões culturais e religiosas, pode chegar a Portugal já no próximo Verão
(...)

O 'burquíni' foi criado pela australiana de origem libanesa Aheda Zanetti, que pensou nas muçulmanas mais activas que gostam de praticar desporto e ir até à praia ou à piscina, sem que para isso tenham de desrespeitar os seus valores religiosos e culturais.
Ahiida, nome da empresa de Zanetti, exporta a partir da Austrália para todo o mundo, sendo que a empresa retalhista que possui os direitos de venda na Europa é a holandesa Woortman Sportswear.
(...)


Engraçado isto vir da Austrália, onde, depois de o primeiro-ministro John Howard afirmar publicamente que os imigrantes, nomeadamente os muçulmanos, se deveriam integrar na cultura predominante ou partir, foram muito discutidas as hipóteses integração vs multiculturalismo.

Perguntas ao contrário

Notícia do Euronews:

Comissão Europeia 19/03 19:45 CET
Bruxelas quer pôr termo à impunidade nas estradas europeias

Acabar com a impunidade dos condutores europeus que cometem infracções nas estradas de outros Estados-membros, este é o objectivo (...)
Esta harmonização diz respeito a quatro infracções bem precisas que de acordo com Bruxelas são responsáveis por 75 por cento das vítimas mortais nas estradas europeias. São elas o excesso de velocidade, o álcool ao volante, o não uso do cinto de segurança e o não respeito dos semáforos.


Pergunto eu: qual é a percentagem de automobilistas em excesso de velocidade que se envolve em acidentes mortais? A que velocidade vão?

Suponho que o mesmo se pode perguntar sobre os automobilistas com álcool no sangue, sem cinto de segurança ou que não respeitam os semáforos. Mas comecemos pela primeira, pode ser?

O Porto à noite

O Douro faz muito do encanto do Porto. Jantei melhor em Gaia, a olhar a Ribeira, do que o contrário. O D. Tonho do Rui Veloso já tem sucursal na margem sul, mas há outros lugares: experimentei O Bacalhoeiro, que recomendo.

(Vila Nova de Gaia, Março 2008)

Na Foz, recomendo igualmente o Al Forno Caffé. A propósito, uma vez ultrapassado o obstáculo que é a maioria dos hoteis não aceitar cães, o Porto é realmente mais dog-friendly do que Lisboa ou o Algarve.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Primavera em Serralves

Na minha primeira (!) visita à Fundação de Serralves vi duas exposições, uma de colagens de Júlio Pomar, incluindo alguma arte erótica, e outra de objectos de Robert Rauschenberg. Achei-as fraquinhas: brinquedos, disjuntores e outras velharias não acrescentavam nada às telas de Pomar, e nunca achei graça a um pneu velho encarrapitado sobre um pau comprido. Será simbólico, mas não é le grand art.

Francamente gostei mais do espaço do museu, desenhado por Siza Vieira, do que dos conteúdos. E gostei sobretudo do parque - o que se calhar não é difícil, nesta altura do ano.

(Fundação de Serralves, Porto, Março 2008)

As Fontes do Paraíso

O livro de Arthur C. Clarke que mais me impressionou foi The Fountains of Paradise, acerca da vontade de chegar mais alto, à lua ou ao céu.
Desde que o li, há muitos anos, fiquei com vontade de ir ao Sri Lanka.
Hoje vou apenas sentar-me no jardim a relê-lo.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Mercado do Bolhão II

Às vezes, quando fotografo crianças desconhecidas, lembro-me que talvez os pais não levem a bem, e lhes venham à ideia histórias de pedófilos e raptores.
Seja como for, às vezes fotografá-las é irresistível.

(Mercado do Bolhão, Porto, Março 2008)

Mercado do Bolhão I

O Mercado do Bolhão precisa mesmo de obras de recuperação, e quem lá trabalha precisa de formação em higiene alimentar.
Mas o Porto não precisa de mais um centro comercial: precisa de
preservar este lugar bonito, que é parte da sua graça tradicional.

(Mercado do Bolhão, Porto, Março 2008)

Skate and a Kool House

Já não ia ao Porto há cinco anos, e a última vez apenas como ponto de partida e chegada para um passeio no Douro. Este fim de semana foi altura de visitar coisas que ainda não tinha visto e outras que já não tinha presentes.


Lembrava-me da Rotunda da Boavista como uma praça sem graça nenhuma (a não ser, claro, a sova que o leão dá à águia) por isso a
Casa da Música parecer um meteorito ali esborrachado não me chocou. Achei-a até arquitectonicamente interessante, mas o espaço interior pareceu-me feio, pobre e mal aproveitado.


Os miúdos, cá fora, treinam para as próximas olimpíadas de skate, de que o Porto parece ter muitos cultores.

(Casa da Música, Porto, Março 2008)

quinta-feira, 13 de março de 2008

Papoila para o JB

Como o JB não vem ao Algarve, vai o Algarve ao JB. Pelo menos em forma de papoila. A foto não é grande coisa, mas foi tirada com telemóvel, da berma da estrada e através duma vedação - uma aventura!

(Faro, Março 2008)

quarta-feira, 12 de março de 2008

Casa onde não há pão

Notícia de Al Jazeera:

UPDATED ON:
WEDNESDAY, MARCH 12, 2008
22:59 MECCA TIME, 19:59 GMT

NEWS MIDDLE EAST
Warning over world food shortages

The UN secretary general has warned that millions of people are at risk of starvation as global food stocks have fallen to their lowest levels for decades.
In a letter to a US newspaper Ban Ki Moon warned that shortages are forcing prices to rise which may have devastating consequences for the world's most vulnerable communities
The most acute effects have been seen in Egypt, where thousands of people have resorted to violence due to shortages of basic food commodities and rising food prices.
(...)
Egypt is one of the world's largest importers of wheat and this year alone spent $2.6 billion on its wheat-import.
(...)
Meanwhile, the Egyptian government has added an additonal 15 million names to the register of people who are eligible to receive subsidies on basic products such as sugar, rice and oil, which has compounded the problem.


Pensar que o Egipto foi o celeiro do Mediterrâneo...

(Vale do Nilo, Março 2005)

segunda-feira, 10 de março de 2008

Bye Bye Blackbird

Não sou muito apreciadora de jazz, mas encontrei no Youtube esta versão da que o Álvaro Santos Pereira considera uma das canções mais bonitas do jazz, e aqui lha deixo porque a acho, de facto, muito bonita (não direi o mesmo de outras versões que por ali andam, da Shirley Bassey à Liza Minelli).


domingo, 9 de março de 2008

Entreposto

Fiquei muito chocada, porque não fazia ideia, ao ler aqui, via Desmitos, como a Guiné-Bissau se tornou um entreposto para o tráfico intercontinental de drogas.

Iskander

Se Alexandre, o Grande, tivesse conquistado a Índia em vez de voltar para trás, os hindus em vez de sânscrito teriam aprendido grego, se calhar latim, e a empresa sueca Securitas não mudaria agora o nome para um imemorável Niscayah.

Caminhos da globalização.


sábado, 8 de março de 2008

Melros e pardalitos

Gosto de melros. Há dois anos nasceram dois no meu jardim; um deles saiu do ninho precocemente e apareceu-me à porta, a olhar-me muito espantado, cinzento sarapintado, nem percebi de início que espécie de pássaro era. Dali a pouco entrou em casa e perdeu-se, num pânico, enquanto eu tentava guiá-lo para a saída. Foi direito à piscina e caiu lá dentro: tive de o pescar.

(Albufeira, Maio 2006)

Andou uns dias por aqui, assustadíssimo, a correr de arbusto em arbusto até conseguir voar.

Estava com medo que, tendo tido de cortar a palmeira, os melros não voltassem este ano, mas aí estão eles, todos contentes a petiscar de manhã e à tarde. Os pardais também páram por aqui, mas esses visitam-nos o ano inteiro, e tomam banho no cinzeiro onde ponho água para eles.

Fotografá-los é que é complicado. Enquanto foco e disparo já eles voaram para outro lado.

Há um poema famoso de Catullo, sobre um passarinho que morreu - mas também é possível que não seja sobre passarinhos. The birds and bees, and all that jazz. Aqui vai:

Lugete, o Veneres Cupidinesque
et quantumst hominum venustiorum!
passer mortuus est meae puellae,
passer, deliciae meae puellae,
quem plus illa oculis suis amabat:
nam mellitus erat suamque norat
ipsam tam bene quam puella matrem
nec sese a gremio illius movebat,
sed circumsiliens modo huc modo illuc
ad solam dominam usque pipiabat.
qui nunc it per iter tenebricosum
illuc, unde negant redire quemquam.
at vobis male sit, malae tenebrae
Orci, quae omnia bella devoratis:
tam bellum mihi passerem abstulistis.
o factum male, o miselle passer,
tua nunc opera meae puellae
flendo turgiduli rubent ocelli.


(Chorai, oh Vénus e Cupidos
e tudo o que os homens acham belo!
Morreu o pardal da minha miúda,
o pardal que era o deleite da minha miúda,
que ela amava mais que os próprios olhos:
era doce e conhecia-a
tão bem como uma menina conhece a mãe
e não se mexia do colo dela,
mas saltitando aqui e ali
só para a sua dona chilreava
quem agora vai para a viagem tenebrosa
de onde dizem que ninguém regressa.
Sede amaldiçoadas, crueis trevas
do Orco, que tudo o que é belo devorais:
assim me roubastes o lindo pardal.
Oh feito cruel, oh pobre pardal,
agora por obra tua da minha miúda
avermelham a chorar os olhitos inchados. )


G. V. Catullus,
Carmina, III

Le radeau de la Coccinelle

No meu jardim há uma praga de joaninhas. Não me aborreço porque são os únicos insectos de que gosto e em que sou capaz de pegar com as mãos nuas. Ainda por cima, acabei de descobrir aqui, comem outros insectos que me incomodam de verdade.

Estão por todo o lado, caem na piscina donde as tenho retirado quando possível. E algumas, mais empreendedoras, descobriram no termómetro uma jangada.

(Fotos de hoje, no meu jardim)

sexta-feira, 7 de março de 2008

O bluff da Sibila


A Sibila de Cumae ofereceu ao rei Tarquínio nove livros de profecias por um determinado preço. O rei recusou, dizendo que achava caro.
A Sibila queimou três livros e voltou a oferecer os outros seis ao rei pelo mesmo preço. O rei ficou indignado e recusou novamente.
A Sibila queimou mais três livros e ofereceu os últimos três pelo mesmo preço. O rei, em pânico por poder estar a perder alguma coisa especial, comprou-os.
A Sibila de Cumae, foto André Koehne,
Não percebo nada de negócios, mas esta Sibila agrada-me :-)

quinta-feira, 6 de março de 2008

Acácias

Agora que as amendoeiras já se disfarçaram de árvores normais, o Algarve enche-se de amarelo com as acácias a florir até ao exagero.

(Praia do Evaristo, Março 2008)

Instalações

A propósito deste post lembrei-me de uma instalação que vi em Istambul, na cisterna subterrânea (Yerebatan Sarayi) e que não desfeava nada o local, pelo contrário, lhe dava graça.

A cisterna foi construída no tempo de Justiniano e tem duas cabeças de Medusa a servir de base a duas das mais de 300 colunas que a sustentam. Curiosamente, uma das cabeças está de pescoço para o ar, e a outra de lado.

(Yerebatan Sarayi, Istambul, Setembro 2004)

terça-feira, 4 de março de 2008

Uma outra voz

Giuseppe Di Stefano morreu ontem. Como tantos outros, cantou e gravou quando já não tinha voz. Mas enquanto a teve, era puro mel. Se este clip não é representativo do melhor Di Stefano (mesmo no YouTube vale a pena ouvi-lo em Pagliacci ou Rigoletto), é o que me apetece pôr aqui em memória duma voz solar.

domingo, 2 de março de 2008

Música na igreja

A igreja matriz de Albufeira é muito simples, neoclássica, de uma só nave, com pintura original apenas no tecto da entrada, debaixo do coro, tendo o resto sido estucado e submetido a umas pinturecas de fugir, sobretudo a pomba atroz por cima do altar mor.

Na sexta feira à noite encheu e sobre-encheu, à custa de estrangeiros (residentes, penso eu) que constituíam 90 a 95% da assistência.


Foto daqui

Tive lugar no penúltimo banco, pelo que pouco consegui ver dos músicos, mas a acústica não é má, e passei um excelente serão com a Orquestra do Algarve sob a direcção segura de Laurent Wagner.

Não conhecia a primeira peça, Los Esclavos Felices, composta aos treze anos por um Arriaga que morreu aos vinte, mas pareceu-me muito bem para abrir. O Concierto de Aranjuez e as Quatro Estações agradaram; os solistas, o guitarrista
Eudoro Grade e o violinista russo Sergej Bolkhovets, foram sóbrios mas expressivos, tendo este no último andamento do Verão arrancado um aplauso espontâneo e entusiástico ao público. No fim do primeiro andamento do Concierto o contrabaixo desafinou-se, mas isso resolveu-se logo a seguir.

(Assisti uma vez a um concerto, também no Algarve, em que o violino do solista se desafinou, o pobre músico tentou afiná-lo enquanto tocava e só conseguiu piorar a situação; deve ter sido super embaraçoso para ele - a peça era o concerto nº 1 em Sol menor de Max Bruch)

Inevitavelmente, houve algumas tosses; os sinos da igreja tocaram às dez e às onze, originando alguns risos da segunda vez. Mas tudo se passou muito bem: o banco era de pau e nem o senti.

sábado, 1 de março de 2008

A primeira cinza

A Io, do blog Amor e outros desastres, dedicou-me um poema de Meleagro de Gadara traduzido por David Mourão Ferreira.

Como responder a esta gentileza? Talvez com um epigrama do conterrâneo de Meleagro que dá o nome a este blog, Filodemo. A tradução para português é minha, com a ajuda italiana de Marcello Gigante.

As canções, as palavras, o olho radioso, o canto
de Xantippe e o fogo primordial
oh alma, hão-de incendiar-te. Não sei por obra de quem, ou quando
ou como. Sabê-lo-ás tu, desesperada, ardendo.

Marcello Gigante, Il Libro degli Epigrami di Filodemo, Nápoles, 2002

A propósito, como é que se põem caracteres gregos nestes blogs? Alguém sabe? Xantipa?