sábado, 29 de setembro de 2012

Impressões da Alemanha Parte VIII

A Helenatinha falado das Stolpersteine ou pedras no caminho, literalmente pedras de tropeço, as placas de latão que diante das casas recordam as pessoas (principalmente judias, mas não só; ciganas, homossexuais, negras, etc.) que nelas viviam e foram deportadas pelos nazis. Vi-as em Berlim e também em Hamburgo. Toca-me esta maneira de recordar e expiar aquele crime que não se quer repetir nunca mais.



Na St.Johanniskirche, em Hamburgo, encontrei também esta placa:


1933/45 não está assim tão longe, as crianças e adolescentes daquela altura são os reformados de hoje: é uma culpa colectiva recente com que ainda deve ser complicado viver.

(Fotos: Hamburg, Setembro 2012)

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Impressões da Alemanha Parte VII

Há cerca de um ano notei a nova cara dos vidrões lisboetas, mas os recipientes de lixo berlinenses estão muito intelectuais:

(Berlin, Setembro 2012)

Que tal estes molhos de cebolas? Custam 6 euros, mas são quase irresistíveis:

(Weimar, Setembro 2012)

As cebolas vendiam-se numa mercearia normal, mas há mercadinhos de rua por todo o lado. Foi no entanto a primeira vez que vi uma rua ser vedada ao trânsito e ao estacionamento automóvel, com pré-aviso, para se fazer um mercadinho desses:

(Hamburg, Setembro 2012)

Outra coisa que nunca tinha visto, um desfibrilhador em plena rua:

(Koblenz, Setembro 2012)

Mas único, único, na minha experiência, foi este chuveiro (música acrescentada por mim):

(Hotel am Rothembaum, Hamburg, Setembro 2012)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Impressões da Alemanha Parte VI

O tempo nesse dia não estava grande coisa, mas ainda assim o passeio de barco pelo porto de Hamburgo, o segundo maior da Europa apesar de ficar a cerca de oitenta quilómetros do mar, foi muito interessante.
Há ali de tudo, e eu não vi um centésimo. Gruas enormes, por supuesto:


navios de cruzeiro:


mas também praias:


cargueiros tão atulhados que me perguntei como é que metade daqueles contentores não cai ao mar durante as tempestades do mar do Norte:


arquitectura moderníssima, como o edifício da Unilever*:


ou a nova Elbphilharmonie:


Quando esta estiver pronta, volto a Hamburgo. Pode ser que tenha a sorte de apanhar um concerto como este:


que teve críticas fantásticas, como o Paulo descobriu aqui, aqui, aqui...

(Todas as fotos: Hamburg, Setembro 2012)


*Só a ponho no blogue porque diz que está a fazer um grande esforço para abandonar os testes em animais.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Impressões da Alemanha Parte V - Jardins

Flores no degrau à porta da Goethes Gartenhaus (ali onde fiz o piquenique)

Outro ponto do Park an der Ilm em Weimar:


O jardim vertical da livraria Dussmann em Berlim:


O Alsterpark em Hamburgo:


Não fotografei o Tiergarten em Berlim, porque andei tão contente por ter visto uma das mil e oitocentas raposas que lá vivem (não sei quem as contou) que nem me lembrei de mais nada :-)

(Todas as fotos, Setembro 2012)

domingo, 23 de setembro de 2012

Impressões da Alemanha Parte IV

Restauradas, reconstruídas, certas ou em dúvida de autenticidade, mais ou menos interessantes, não têm conta as casas de celebridades que se podem visitar.

a de Thomas Mann em Lübeck, que só vi por fora;

a de Händel em Halle, muito aldrabada;

a de Liszt em Weimar, pobrezinha, mas os pianos eram mesmo dele;

a de Goethe em Weimar, abastada mas com algum mau gosto, com peças autênticas, incluindo a biblioteca:

(Weimar, Setembro 2012)

a de Schiller em Weimar, na qual pouco mais que os armários é genuíno;

a de Bach em Eisenach, talvez a mais interessante como museu, mas provavelmente a casa errada. Tem o único objecto caseiro que se sabe ter pertencido a Bach, este copo de vidro:

(Eisenach, Setembro 2012)

a de Lutero em Eisenach, onde o maior destaque é dado à vida num vicariato.

Divertido mesmo foi fazer um piquenique junto da porta de serviço da outra casa de Goethe em Weimar (a casa no parque, Goethes Gartenhaus), fechada nesse dia, enquanto os passantes nos olhavam espantados.

(Weimar, Setembro 2012)

Impressões da Alemanha Parte III

A Alemanha destruída, dividida e reunificada foi entendida como um maná de oportunidades para os arquitectos. Já na minha primeira viagem a Berlim me tinha encantado com os pátios reconstruídos e requalificados dos Hackeshen Höfe.

(Berlim, Fevereiro 2003)

Desta vez, achei particularmente interessante a visita à Philharmonie. A Verena Alves é uma guia portuguesa com um sorriso luminoso, que nos conduziu através dos conceitos assimétricos e das influências várias do arquitecto Hans Scharoun. No auditório pricipal afinavam-se instrumentos e no mais pequeno (Kammermusiksaal) assistimos a parte de um ensaio: a acústica pareceu-me tão extraordinária que fiquei com mais vontade ainda de lá voltar para um concerto.


(Berlim, Setembro 2012)

Curiosamente encontrei outro edifício bem diferente que de certo modo quebra tanto a tradição como a Philharmonie: a Frauenkirche de Dresden, com as suas galerias que parecem balcões de um teatro. A igreja barroca foi totalmente destruída em 1945 e só reconstruída depois da reunificação alemã, utilizando materiais modernos combinados com os originais resgatados das próprias ruínas.

(Dresden, Setembro 2012)

Não era permitido fotografar o interior, mas pode ver-se as galerias aqui. Como (felizmente) só me apercebi da proibição depois de já ter fotografado o altar, ei-lo:

(Dresden, Setembro 2012)

Impressões da Alemanha Parte II

Outra coisa (muito) impressionante na Alemanha é o seu património cultural. Em qualquer sítio onde se vá existe uma casa, um museu, uma igreja que vale a pena visitar. É interessante distinguir o que é antigo, o que foi restaurado e o que foi totalmente reconstruído nos últimos sessenta anos: para um país totalmente devastado por várias guerras, a teimosia em repôr o património é extraordinária.

Numa pequena exposição de fotos de antes, durante e depois do bombardeamento de 1942, a catedral de Lübeck apresenta-se como exemplo:




(Lübeck, Setembro 2012)

Impressões da Alemanha Parte I

O que me impressiona na Alemanha é, em primeiro lugar, o civismo e a gentileza das pessoas. Apesar do meu alemão básico e enferrujado, sinto-me bem ali.

Mais: sinto-me bem ali com o meu cão. Não sei se há alguma lei anti-cães (vou investigar isso brevemente - parece-me possível, dado o unionismo europeu), mas o certo é que o Jr. conheceu mais cães em dez dias do que num ano em Portugal, foi aceite na grande maioria dos restaurantes e das lojas, passeou de barco no porto de Hamburgo e até visitou a Philharmonie.

(Koblenz, Setembro 2012)


Em Eisenach, na casa-museu de Bach, onde não pôde entrar, ficou protegido num canil especial que lá está de propósito à entrada.

(Eisenach, Setembro 2012)

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Perdida

Fui só eu que perdi a navbar do Blogger no Firefox, e só no Firefox? Ou seja, não vejo as opções iniciar sessão e criar novo blog na página principal do meu próprio blogue? :-(

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Os responsáveis

Em véspera do que se espera seja a maior manifestação de protesto vista em Portugal nos últimos anos, sob o lema Que se lixe a troika, queremos as nossas vidas, seria bom levarmos a sério o que o representante da missão da Comissão Europeia, Jürgen Kröger, disse no princípio de Setembro: que o programa de ajustamento financeiro não é da troika, mas do Governo.

Quem leu o memorando e ainda não tem a memória tão curta como o primeiro-ministro gostaria, só pode confirmar: praticamente tudo o que lá está constava das propostas que PSD e CDS tinham avançado como soluções na altura em que eram oposição ao desgoverno do Sr. Sousa.

E nem podia deixar de ser assim, ou alguém acredita que foi da cabeça iluminada de três fulanos caídos de pára-quedas num país que desconheciam, que saíram propostas para reduzir o número de autarquias, alterar as leis dos arrendamentos ou controlar a assiduidade dos médicos?

Haja bom-senso. A troika exigiu que se controlassem as contas públicas; quanto à forma de o fazer, foram os partidos e parceiros sociais, que com ela reuniram, que propuseram medidas e com elas se comprometeram.

Alguém está a dar cabo das nossas vidas, mas sabemos bem quem é, quem tem sido e quem será. Não inventemos bodes expiatórios.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Diferente

As palavras são do A., mas eu não diria melhor:

Desta vez vai ser diferente. Na minha próxima viagem que farei brevemente, não irei viajar com um cão. Para além do meu, levarei mais 4 cães. São cães abandonados no Algarve e recolhidos por estrangeiros neste país de selvagens, e que entregarei na Alemanha a uma organização que recolhe os animais abandonados em Portugal, para serem adoptados por famílias alemãs.


(Albufeira, Setembro 2012)

E isto acontece depois de neste fim de semana passado ter tentado almoçar numa das esplanadas do paredão do Tamariz, no Estoril. Em nenhuma da 3 esplanados existentes no paredão, completamente ao ar livre e sobre a praia, me deixaram sentar pois estava acompanhado do meu cão. De facto, neste país de mouros, ter um cão continua a ser um crime e uma tarefa impossivel.

Férias!

Heil dir, Sonne!
Heil dir, Licht!
Heil dir, leuchtender Tag!
Lang war mein Schlaf;
ich bin erwacht.


O resto da letra e respectiva tradução pode ser encontrado aqui e aqui, assim como algumas excelentes interpretações, mas a música mesmo antes das primeiras palavras de Brünnhilde é igualmente gloriosa.

domingo, 2 de setembro de 2012

Empreender


Leio que este ano há mais cinco mil professores no desemprego por não terem conseguido colocação no ensino público, e acho que o verdadeiro problema não é o Estado não dar emprego a essas pessoas mas sim os entraves que coloca a que se juntem, se organizem e criem as suas próprias escolas - cooperativas ou não.

Enquanto os ministros apelam ao empreendorismo e o chefe do governo aconselha os portugueses a serem menos piegas, vão crescendo as pilhas de leis e normas que castram as iniciativas. Não é hoje possível fazer uma escola numa casa qualquer com salas de aula e casas-de-banho. Da mesma forma, não posso, como às vezes sonho, ter um consultório onde faça umas pequenas cirurgias, com uma autoclave para esterilizar os instrumentos: tenho de ter áreas de limpos e de sujos, casas-de-banho para homens, mulheres e deficientes, desinfectantes e produtos de limpeza em arrumações separadas, registos e licenças, pessoal e segurança social, seguros, rendas, empréstimos e garantias. Calculo que para uma escola seja parecido, e que tenha de haver zona de recreio e refeitório, vigilantes e magalhães.

Por isso o investimento em Portugal diminuiu 40% nos últimos dez anos e há-de continuar a diminuir, afastando-nos cada vez mais das metas que nos dizem ser as nossas.