terça-feira, 30 de junho de 2009

Eufemismos

Notícia do Observatório do Algarve:

FARO: Homem detido com três mil doses de haxixe no organismo
29-06-2009 17:25:00
A PSP de Faro deteve sexta-feira um homem que transportava no organismo o equivalente a cerca de três mil doses de haxixe, droga que foi detectada durante uma radiografia no Hospital de Faro.
O homem, de 35 anos e nacionalidade marroquina, deu entrada no hospital com "fortes dores intestinais", sendo submetido a uma radiografia que revelou a presença de "elementos estranhos" no seu organismo.
(...)


Esta mania de chamar organismo ao intestino, que começou pudicamente com a publicidade aos iogurtes dirigida às mulheres, parece estar a espalhar-se.

Que os carregue

Notícia do Euronews:

EUROPE
Telecommunication

Universal phone charger deal done
29/06 19:34 CET
The world’s leading mobile phone manufacturers have agreed a deal to create a universal charger.
Most manufacturers now produce chargers that only work with their own brand handsets.
From 2010, in EU countries, a universal charger fitted with a micro USB port will be available. The device will consume 50 per cent less stand-by energy than today’s models.
(...)the new charger will eliminate several thousand tonnes of waste each year.


Já não é sem tempo. Não é só cada companhia produzir carregadores que só funcionam com os seus modelos, mas é quase cada modelo com seu carregador, o que me parece uma imbecilidade completa.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Sonhos /Dreams

Deixei de sonhar com outra vida mas ainda sonho com outros mundos.

I stopped dreaming of another life but I still dream of another world.

Logo à noite / Tonight

Oslo, manhã cinzenta, chuva pegada. A recepcionista do hotel diz:
"Ah, mas logo à noite a chuva pára e vai fazer um sol radioso."

E faz mesmo.

Oslo, a gray morning sky, a steady rain. The hotel receptionist says:
"Ah, but tonight the rain will stop and the sun will shine beautifully."

And so it does.

domingo, 28 de junho de 2009

Museus noruegueses / Norwegian museums

(Viking Museum, Oslo, Junho 2009)

Dois pequenos museus que gostei de visitar em Oslo foram o Viking, que contém três barcos, carros e vários artefactos encontrados em túmulos medievais, e o Kon Tiki, dedicado às expedições de Thor Heyerdahl que pretendiam provar a possibilidade de contacto entre as antigas civilizações separadas pelos grandes oceanos.
Tanto a jangada Kon Tiki como o barco Ra II parecem em tão boas condições que parece impossível que tenham de facto atravessado respectivamente o Pacífico e o Atlântico.

Comprei a autobiografia de Heyerdahl.

ra ii Two small museums I enjoyed visiting in Oslo were the Viking, which displays three longships, chariots and several artifacts found in medieval tombs, and the Kon Tiki, dedicated to Thor Heyerdahl's expeditions with which he wanted to prove the possibility of ancient civilizations having had contact across the great oceans.
Both the Kon Tiki raft and the Ra II boat appear to be in such good condition that it seems almost impossible for them to really have crossed the Pacific and the Atlantic respectively.

(Kon Tiki Museum, Oslo, Junho 2009)

I bought Heyerdahl's autobiography.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Bad

Michael Jackson morreu ontem. Para mim ele significava, mais que qualquer outra coisa, tudo o que pode fazer-se mal na cirurgia plástica, quando a vontade e o dinheiro do paciente se sobrepõem à indicação clínica.

Foto newsday.com

Vigeland Park

Até há bem pouco tempo a Noruega era um país periférico (menos que Portugal), pobre e pindérico, e com um clima impossível. Não tem monumentos mas tem museus - muitos pequenos museus disto e daquilo, todos eles com entrada bem paga, à excepção do Vigeland Park que é uma espécie de museu ao ar livre das esculturas de Gustav Vigeland, um artista sortudo pago pelo município de Oslo para modelar bonecos em barro que agora, transpostas para pedra ou bronze, marcam as pontes e alamedas do jardim público.

(Oslo, Junho 2009)


Man playing with 4 children Until not so long ago Norway was a far-off, poor and rustic land with an impossible climate. It does not have monuments but it has museums - many small museums for this and that, all charging fat entrance fees except for the Vigeland Park which is a sort of open-air museum for the sculptures of Gustav Vigeland, a lucky artist paid by the city of Oslo to make clay dolls which now, translated into stone or bronze, mark the bridges and alleyways of this public garden.

Trolls noruegueses / Norwegian trolls III


Outro exemplo de troll norueguês é o peão de Oslo que precisa de dois sinais encarnados nos semáforos para perceber que deve parar.

(Oslo, Junho 2009)

Another example of a norwegian troll is the Oslo inhabitant who needs two red traffic lights to understand he must stop.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Trolls noruegueses / Norwegian trolls II

Exemplos de trolls noruegueses:
  1. funcionários do aeroporto de Oslo que se agarram às regras quando confrontados com factos;
  2. lavadores de janelas que trabalham em dias de chuva;
  3. pais que levam bebés ao Vigeland Park em dias de chuva
  4. jovens que fumam e falam alto à porta das discotecas às três da manhã;
  5. limpadores de ruas que passam em carros barulhentos às três e meia da manhã para limpar a porcaria deixada pelos trolls anteriores

(Oslo, Junho 2009)


Examples of norwegian trolls:

  1. airport officials who cling to rules when confronted with facts;
  2. window cleaners who work in the rain;
  3. parents who take babies to Vigeland Park on rainy days;
  4. young people who smoke and talk noisily outside discos at three in the morning;
  5. street cleaners who drive their noisy cars at three thirty in the morning to clean the mess left by the previous trolls

Trolls noruegueses / Norwegian trolls I

troll
Um troll é uma figura da mitologia norueguesa: vive em cavernas, é horrendo, mau e estúpido.
É igualmente uma auto-representação dos noruegueses. Eu, que os achei simpáticos, educados, prestáveis, e até em vários casos bonitos, temo que lá no fundo tenham realmente um bocadinho de troll.

(Bergen, Junho 2009)

A troll is a character in Norse myth: it lives in caves, is heinous, evil and stupid.
It is also a norwegian self-representation. I, who found them pleasant, polite, helpful and even, in several cases, handsome, am afraid they may at the bottom be something of a troll.

domingo, 14 de junho de 2009

Liberalismo e colectivismo

O que me impressionou nestas eleições europeias foi a diferença de atitude entre os cidadãos que diziam/escreviam Eu abstenho-me e os que apelavam Vamos todos votar.
Curiosamente, isto funcionava da mesma forma à esquerda e à direita.

Mais um cão algarvio

Notícia do Observatório do Algarve:

Estes cães querem ser reconhecidos
14-06-2009 6:12:00
O Cão do Barrocal Algarvio espera obter o reconhecimento de cão de raça portuguesa. Companheiro de caçadores e pastores, é um símbolo do interior da região.
(...)
A ACCBA mostrou pela primeira vez a raça algarvia na primeira Feira de Peça e Caça do Algarve, em 2004, onde apenas contavam com 20 espécimes. Hoje já existem mais de mil na região e nas feiras chegam a participar 100 cães.
O Cão do Barrocal Algarvio era conhecido como 'lanudo', 'fraldado' e 'guedelhudo'. Tem como principais características físicas o pelo macio, orelhas levantadas e peludas na base e a cauda 'em bandeira'(...) Rogério Teixeira (...) realça a característica mais diferenciadora: “Quando pressentem um coelho dentro da toca 'sapateiam'” (...)


Parabéns. São de louvar as iniciativas que procuram aumentar a dignidade e o respeito devido aos cães, e definir uma raça pode ser importante. Nunca tinha reparado nestes cães, que até são muito elegantes: vejam-se aqui algumas fotos - pena que alguns estejam presos com correntes.

A propósito, quem estiver no Algarve nos próximos dias 19, 20 e 21 de Junho e 3, 4 e 5 de Julho, vá até Faro e contribua para a Ajuda Alimentar Animal.

E son venuta

Don Giovanni é uma das óperas de que gosto há mais tempo, desde que vi a versão filmada por Losey. É difícil estragarem-ma - mas não impossível.

Na penúltima récita da temporada, isso esteve perto de acontecer, principalmente por conta de Katharina von Bülow que foi um verdadeiro desastre como Dona Elvira. A certa altura dei por mim a estremecer em uníssono com Don Giovanni quando ela entrava em cena para desafinar. Juro. Quanto a Carla Caramujo na Dona Anna, não desafina e tem uma voz audível, mas é o melhor que posso dizer dela. Em comparação Chelsey Schill não me pareceu mal na Zerlina, para a qual criou uma sexyness sem sensualidade, que suspeito mais natural que premeditada, mas que é plausível.

Os homens estiveram melhor: Nicola Ulivieri em boa voz foi um Don bastante aceitável, irresponsável, poltrão, talvez demais para ser credível a redenção final - no sentido da coragem e da dignidade com que enfrenta o Commendatore, e não no de um ataque de moralidade.
Kevin Short foi exactamente o que eu esperava depois de o ter visto como Méphisto no Faust: um comparsa gingão e divertido, mas a quem o fôlego chega à justa para a ária do catálogo. Musa Nkuna esteve muito melhor do que como Nerone na Agrippina. Fiquei com a impressão que teve uma boa ajuda do maestro Johannes Stert e da orquestra. Leandro Fischetti, o Masetto, fraquinho, esperemos que melhore porque agora também é cantor residente. Andreas Hörl, pelo contrário, foi um Commendatore devidamente impressionante, e a maravilhosa cena final do jantar, na qual tivemos direito a figurantes com as maminhas à mostra (oh que ousados estamos, praticamente berlinenses), passou-se muito bem.

Cenários a fazer moderno, misturando um Hotel Alfonso XIII com grafitti que diziam Vive la Liberté, figurinos variando entre o razoável e o horrível, com alguma tese mas sem coerência, e na encenação umas excentricidades (as maminhas, o rapaz vestido de marinheiro que andava por ali às vezes com o único propósito aparente de andar por ali às vezes).

Da orquestra gostei, e entretive-me muito a observá-la e a acompanhar a sua articulação com o que se passava no palco. A propósito, encontrei ontem este post sobre a interacção do maestro Stert com a OSP na anterior temporada do S. Carlos.

O restante público gostou. Muito. De tudo. Fartou-se de aplaudir, ária a ária, inclusive a von Bülow. Vá lá, no fim houve alguém com ouvido que a pateou.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Canções da minha vida

Uma das raras ocasiões em que a versão é mais interessante que o original: Summertime, de Ira e George Gershwin, cantada por Janis Joplin.

domingo, 7 de junho de 2009

Osgas

Assustam-se facilmente mas desta vez não se mexeram e deixaram-me fotografá-las. Comem insectos, o que aprovo e aplaudo. Quem tem um jardim só pode desejar ter estas simpáticas auxiliares.

(Albufeira, Junho 2009)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Das acções do sr. Silva

Quando li no Expresso de 30 de Maio que o sr. Silva tinha tido 147 mil euros de lucros em 2003 na venda de acções da Sociedade Lusa de Negócios a 2.40€ cada uma dois anos depois de as ter comprado por 1€ cada, a minha reacção foi E então? O homem não pode ter comprado e vendido acções e ganho com isso?

Hoje, lendo o ...bl-g- -x-st-, vi que, mais uma vez, fui ingénua. O Expresso explicava, eu é que não li com atenção, que a ordem de venda das tais acções da SLN fora dada ao presidente da SLN, e que quem comprara as mesmas acções fora a SLN - e não um anónimo qualquer numa operação de bolsa.

É tão bom ter amigos. É sim.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Grupite

Reparo que há nas organizações, em todos os sectores da sociedade, questões de ego e de poder, que se manifestam às vezes com a criação de novos grupos para que os seus criadores possam ter uma importância que não conseguem adquirir em associações já antigas e com hierarquias estabilizadas.

No Facebook isto nota-se na quantidade de grupos e fans disto e daquilo: em vez de se ser mais um num grupo com 437 membros, faz-se um novo que não passa de cinco elementos, mas do qual se é o chefe, administrador, criador, etc.

Embora o centralismo monopolista não seja desejável, a dispersão excessiva fragiliza. Num mundo ideal os grupos diferentes com objectivos semelhantes existiriam por convicções diferentes quanto aos meios a usar para chegar aos objectivos, e não porque o sr. Manuel não conseguiu, no clube a que inicialmente pertencia, colocar as suas iniciais no quadro de honra.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Advogados

Vi ontem na televisão, aos pedaços, no programa Prós e Contras, ilustres advogados tratarem-se por meu querido amigo e praticamente esfaquearem-se uns aos outros.
Fiquei aliviada: afinal se se tratam assim entre eles, já se percebe melhor como nos tratam a nós.*


*Os advogados amigos, obviamente, não contam para estas estatísticas.