quinta-feira, 30 de abril de 2009

Onde nascem os escovilhões

Não sei como se chama este arbusto: as flores parecem uns escovilhões de limpar frascos, mas são de um encarnado lindíssimo.

(Pera, Abril 2009)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Instruções de uso

O meu colega L.A. comprou uns instrumentos para a cozinha, e trouxe-me os papéis com as instruções, possivelmente traduzidas directamente do chinês (ou não).

Perdão? Para comer o sapateiro?

Este então é demais. Desde o alho vaze até ao design leve e jeitoso, ao aparecimento elegante e praticável e às garantias (contra artesanato e pelas saúdes dos produtos), é um mimo.

Tradutores de todo o mundo, uni-vos.


(Albufeira, Abril 2009)

Ser ou não ser celebridade

Notícia da CBS News (via Obama Dog e O País do Burro):

Bo Has Left The Building
Obama Discovers When You Hang Out With Celebrities, People Don't Always Notice You're There
April 26, 2009
(CBS)
Weekly commentary by CBS Evening News chief Washington correspondent and Face the Nation host Bob Schieffer.
(...)
[The president] told this story on himself: Late one evening he was walking the dog and some White House visitors with small children saw him.
"Look," said one of the kids, "it's Bo!"


Hehehe. Salvas as devidas distâncias, já me aconteceu passar férias num lugar onde rapidamente toda a gente passou a cumprimentar o meu cão pelo nome, embora ninguém soubesse o meu.

A ignorância mata

Notícia do Expresso:

Egipto vai sacrificar todos os porcos como prevenção
Deputados egípcios pediram no Parlamento para se proceder à chacina de cerca de 350 mil porcos.
13:42 Quarta-feira, 29 de Abr de 2009
Matar todos os porcos país. Foi este o pedido de vários deputados egípcios no Parlamento, que pretendem sacrificar cerca de 350 mil animais, informa hoje a imprensa local.
(...)

Vai sacrificar
- talvez não. Espero que alguém com autoridade no Egipto tenha um bocadinho de bom-senso. A gripe suína já pouco tem que ver com os pobres porcos. Estas matanças preventivas de milhares de animais (porcos, galinhas, vacas) por supostos perigos para os humanos parecem-me uma selvajaria. Há com certeza outros métodos de evitar os eventuais contágios - podem é ser mais caras.

E já agora, parece que todas as primaveras, de há uns anos a esta parte, surgem ameaças de doenças terríveis para as quais não há tratamentos nem vacinas e que desaparecem como apareceram, depois de matarem algumas pessoas mais debilitadas...

terça-feira, 28 de abril de 2009

Lá de Laurinda

Sou só eu que encontro semelhanças entre esta canção (que conhecia cantada por Vitorino) e o primeiro andamento do concerto para piano em lá menor de Robert Schumann?

Nota: não é preciso ouvir a canção toda. Quanto ao concerto, aqui está a porção relevante, tocada por Martha Argerich.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Tecnologia de papel

Notícia do Expresso:

Portugueses inventam transístor que muda a cor de qualquer superfície
Dispositivos podem ser aplicados em superfícies de papel, vidro, cerâmica, metal ou plástico.
Virgílio Azevedo
12:10 Domingo, 26 de Abr de 2009

Quer mudar, sempre que lhe apetecer, a cor das paredes ou dos tectos da sua casa, dos vidros das janelas, dos electrodomésticos ou do seu carro? Num futuro próximo tudo isto será possível graças à última invenção de Elvira Fortunato e Rodrigo Martins: o transístor electrocrómico, que muda a cor a qualquer superfície contínua onde é implantado.
O casal de cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (UNL) - que já tinha inventado o transístor e a memória (electrónica) de papel - registou a nova patente internacional deste dispositivo no início de Abril.(...)
E podem ser produzidos por jacto de tinta através de uma vulgar impressora cujos tinteiros foram cheios com uma solução de cor amarelada que contém nanopartículas electrocrómicas - material que, por aplicação de uma tensão eléctrica, muda de estado de oxidação, isto é, muda de cor.(...)
A grande vantagem desta nova tecnologia é a redução de custos de produção.(...)
"As aplicações em papel são feitas na óptica da electrónica descartável, porque o papel é de longe o material mais barato e, portanto, o tempo de vida interessa muito pouco (...)"


Tudo isto me parece fantástico. Sim, quero. A única coisa que me preocupa é que, quando parecia que entre jornais online e e-books, estávamos a aproximar-nos do dia em que deixaríamos as florestas em paz, afinal vamos continuar a precisar de papel.

A eles! A eles!

Notícia d'El País:

La inseguridad en las rutas marítimas
Un crucero italiano repele a tiros un ataque de piratas somalíes
Guardias de seguridad impiden el asalto con armas y mangueras - Un buque español escolta al barco, que navega con 1.500 ocupantes
MIGUEL MORA - Roma - 27/04/2009
Tras el abordaje de cargueros, yates, petroleros y pesqueros, los piratas que siembran el pánico en las aguas del Índico y el Cuerno de África dieron el sábado un salto cualitativo al intentar abordar un crucero italiano en el que viajan 1.527 personas, 991 de ellas pasajeros y 536 tripulantes. El asalto sucedió a las 21.35, hora española, 170 millas al norte de las islas Seychelles y a 600 millas de las costas de Somalia. Seis hombres armados con fusiles Kaláshnikov acostaron su lancha zodiac al crucero de lujo italiano Melody, una embarcación de la empresa MSC, y trataron de subir a cubierta mientras disparaban contra el barco.
El capitán del Melody, Ciro Pinto,(...) ordenó repeler el ataque, hizo rolar el barco (dar vueltas en redondo) y mandó apagar las luces.
(...) El capitán repartió pistolas entre los guardias de seguridad. "Comenzamos a disparar, vieron que estábamos disparando, incluso les rociamos con mangueras, entonces lo dejaron y se fueron"(...)

Se os navios militares na área não chegam para as encomendas (horas después del ataque al Melody, grupos de piratas lanzaron una gran ofensiva en el Golfo de Adén. Los atacantes lograron tomar el control de cuatro barcos), talvez seja tempo de os civis andarem armados.

Por muitas razões de queixa que os Somalis tenham dos países ocidentais (que lhes lançam lixo no mar, que lhes roubam a pesca...) o que ali se está a passar não é aceitável, até porque não há sequer reclamações políticas (caso em que se trataria de terrorismo, o que também não é aceitável) mas apenas monetárias.

Vamos lá acabar com isso. E dar uma medalha ao capitão Pinto.

domingo, 26 de abril de 2009

Dias da Música

Os Dias da Música não são a Festa da Música, tradução autorizada da Folle Journée de Nantes: faltam-lhes o ambiente de festa, a correria no fim dos aplausos para chegar a tempo ao concerto seguinte, a concepção original e coerente.

Mesmo assim, esta manhã assisti a dois bons concertos, um dos quais o C1 (Mozart: Sinfonia concertante para sopros e orquestra em Mi bemol maior K297b; Beethoven: 1ª Sinfonia em Dó maior, op.21) pela orquestra residente do CCB, a Divino Sospiro, bem dirigida por um expressivo Massimo Mazzeo.

Não conhecia nem uma nem outra obra. De Mozart constatei mais uma vez o carinho com que tratava os instrumentos de sopro. De Beethoven, como ele apresenta situações e as resolve de forma harmoniosa, às vezes surpreendente mas sempre lógica, levando-me a pensar que ninguém conseguiria encontrar melhor solução.

Um exemplo: no segundo movimento desta primeira sinfonia, há uma série de acordes muito bonitos tocados pelos violinos em diálogo com os sopros (a partir do minuto 2:27). E como acaba esta sequência? Com os tímbales a agarrarem o tema dos violinos. Os tímbales!
No clip talvez não se note tanto, mas ali, ao vivo, fiquei quase sem fôlego.

A propósito dos Dias da Música

Receio um dia ser parada na auto-estrada por excesso de velocidade e só ter como desculpa Estava a ouvir Beethoven.

sábado, 25 de abril de 2009

Agrippina no S. Carlos

Quase levei tampões para os ouvidos, tal a apreensão que as críticas de Henrique Silveira, de Augusto M. Seabra, de Manuel Pedro Ferreira e a horrífica transmissão da Antena2 me tinham causado. Afinal, excepto pontualmente, não precisei deles.
Esta é, por conseguinte, uma crítica um bocadinho em contra-corrente.

Já aqui o disse: o S. Carlos é um teatro de província, onde há tempo não se ouvem cantores estelares. Mas é o que temos, e podemos decidir não ir lá, ou ir ouvir coisas medianas.

A Agrippina tem uma música lindíssima, que inclui ecos de Vivaldi, sementes de outras óperas Haendelianas, e até, para meu pasmo, uma espécie de valsa. A orquestra, a meu ver, esteve muito bem, e só notei uma descoordenação numa ária de Ottone (Vaghe fonti) e, pareceu-me, noutra de Nerone (Quando invita la donna). Gostei particularmente do clarinete que dialoga com Agrippina no Pensieri, voi mi tormentati.

Quanto aos cantores: Alexandra Coku, na Agrippina, foi bem: sabe obviamente o que anda ali a fazer, o que é música barroca, e cumpriu. A sua interpretação de Pensieri... foi um bom momento.
O tenor Musa Nkuna (Nerone) é fraco, embora tenha uma voz clara e audível; o baixo Reinhard Dorn (Claudio) tem uma extensão limitada mas um timbre agradável. O contra-tenor Andrew Watts também mas esganiça nos agudos. Quanto a Manuel Brás da Costa (Narciso), tem um falsete áspero, a pedir reforma, e Chelsey Schill é um óbvio erro de casting numa ópera barroca: não tem cor nem coloratura para Poppea.

(A propósito, tanto o programa, como as legendas, como o comentador da Antena2 na terça-feira traduziram sistematicamente Poppea por Pompeia. Não há quem os corrija?)

Os barítonos Luís Rodrigues (Pallante) e Jorge Martins (Lesbo) são duas boas vozes mas se calhar melhor num repertório romântico.

A encenação, a cenografia e os figurinos importados transportam a história para o Império de Napoleão I. Escolhas... Anacronismo por anacronismo, porque não?

Por fim, sobre o intermezzo apresentado no princípio não tenho muito a dizer: não é o meu género de música, o libretto é medíocre, mas deve ter servido para os cantores aquecerem as vozes. Belos sotaques portugueses, diga-se em abono da verdade.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Hug

Já se sabe como eu gosto de abraços grátis :-)

Hug Today
Estes são mesmo grátis, pois as regras são:
Roubem este post e coloquem no vosso blogue. Introduzam a imagem abaixo sem qualquer referência* de onde foi retirada.
Vamos lá espalhar ternura...


*Mas isso eu não consigo fazer. Vem deste blog, através deste.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Petróleo - para memória futura

No mês de Março último o barril de Brent custava em média 47,60 U$ e o litro de gasolina 95 na Galp da Via do Infante no dia 23 custou 1.179€.

Recordemos que em Julho de 2008 o barril de Brent atingiu os 141 U$. Desceu vertiginosamente por causa da crise mundial e esperava-se que pudesse mesmo atingir os 25U$.

Agora, em Abril, o barril de Brent está em média nos 52.66U$ e o litro da mesma gasolina no mesmo local custou hoje 1.229€.

Não nos cuidemos, não.

Andorinhas

As andorinhas já cá andam a restaurar os ninhos.

Vai sendo tempo de se instalar a Primavera, não?

(Quinta do Lago, Abril 2009)

sábado, 18 de abril de 2009

Audições

Nota: texto concebido e escrito em colaboração valkirio/Garden of Philodemus e publicado em estereo.

Ontem de manhã na Antena2 o contra-tenor Manuel Brás da Costa dizia que o maestro Nicholas Kok, que iria dirigir a Agrippina no Teatro de S. Carlos, é um maestro habituado a música contemporânea que teve de se adaptar a uma ópera barroca.

Eu não entendo esta displicência com que nos tratam, permitindo-se andar a fazer experiências parvas deste jaez: já basta o seleccionador nacional de futebol não saber onde põe os jogadores no campo, mas a direcção do S. Carlos não tem ideia de quem vai buscar para tocar/cantar as obras com que nos brinda.

Christoph Dammann pediu a Elizabete Matos que fizesse uma audição* para a maestrina Julia Jones da qual dependeria a confirmação do convite feito por ele próprio à cantora para fazer a Salomé. Pelos vistos, não deve ter pedido audições nem a Kok nem aos cantores** que transformaram ontem a Agrippina num Haendel esquartejado, numA catástrofe, numa coisa que estou com medo de ouvir.

Não será tempo de alguém audicionar o senhor Dammann e subtraí-lo ao teatro?


*Uma Arbeitsprobe, contesta Dammann. A rose by any other name would smell as sweet, disse Shakespeare.
** Mais uma vez o Teatro substituiu a protagonista sem dar cavaco ao público: quem estava prevista era Kristina Wahlin. Não faço ideia se ganhámos se perdemos com a troca.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Portugal (im)produtivo?

Estou a ler O Medo do Insucesso Nacional, do Álvaro Santos Pereira, um estudo escrito de maneira muito clara e simples sobre a economia portuguesa, o que nela vai mal e o que se pode melhorar.

O Álvaro recusa-se a acreditar que temos o destino traçado por sermos o povo pouco instruído, desorganizado e corrupto que somos. Acha que podemos modificar-nos e sair do atoleiro. Eu também gostaria de acreditar que sim, mas tenho muitas dúvidas. Mas isso é outra conversa.

O que mais forte me tocou neste livro até agora foi o capítulo sobre a produtividade, que é logo um dos primeiros. Finalmente percebi que os lamentos gerais sobre a fraca produtividade dos trabalhadores portugueses passam ao lado do problema, porque a produtividade não se mede em número de horas de trabalho, nem sequer em número de objectos ou serviços executados, mas sim em dólares ou euros que esses objectos ou serviços valem.

Ou seja: se um trabalhador se esforçar à brava e trabalhar doze horas em vez de oito para produzir (um exemplo parvo) quatro Volkswagen Polo 1.2* em vez de três, será menos produtivo do que outro que trabalha oito horas e produz um único Porsche 911 Turbo**, porque este representa muito mais dólares ou euros.

Por conseguinte, não são os trabalhadores portugueses que são pouco produtivos mas sim as empresas portuguesas. A solução não está em exigir dos trabalhadores ritmos acelerados se continuarmos a apostar em produtos de pouco valor. O que vale a pena é criar produtos inovadores, de qualidade, cuja imagem possamos promover, e que os consumidores estejam dispostos a valorizar.

É isto, não é, Álvaro?


*Preço do VW Polo 1.2 em causa: 14,835€ segundo o Guia do Automóvel online
**Preço do Porsche Turbo Cabrio: 190.280€ segundo a mesma fonte

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Marcar os tempos

Depois de uma visita ao Banco em que confirmei que as melhores taxas para os depósitos a prazo são aos 3 meses, pergunto-me: se há tanta falta de crédito e liquidez para os próprios Bancos, não deviam eles encorajar os depósitos a longo prazo?

Ou têm mesmo medo que tudo se acabe na quarta-feira?

O amigo

Lido no blogOperatório:

Obama, o orgulhoso dono, confessou aos jornalistas que finalmente tinha um amigo. E a gente a pensar que toda a gente era amiga de Obama.

My thoughts exactly.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Guerrilla Gardening

Notícia do Telegraph:

The secret life of the 'guerilla gardener'
Guerilla gardening is illegal - but that's not stopping the middle classes from prettifying their neighbourhoods
By Louise Gray
Last Updated: 10:43AM BST 15 Apr 2009

(...)
The act of illicit gardening has a long history in Britain; some date it as far back as the Diggers, a group of socialists who fought for the right to cultivate land in the 17th century.(...)
But guerrilla gardening does not have to be a political protest. It can be as genteel as planting cowslips on a neglected verge – which may be why it is being taken up by people who have never broken the law before.
(...)
Richard Reynolds, a strategic planner for an advertising agency who learned how to garden from his mother and grandmother, is the unofficial leader of a growing movement in London. Frustrated by his lack of a garden in Elephant and Castle, one of the roughest areas of south London, in 2004 he decided to brighten up its notorious roundabouts.
Within months, he had caught the attention of the media. When the council finally cottoned on to what he was doing, it was too embarrassed to ask him to stop, and sanctioned the activity as a form of community gardening.
(...)


Como talvez já se tenha notado, fascinam-me estas iniciativas de cidadãos a favor do bem-estar da comunidade. Como a campanha dos abraços grátis, acho fantástica esta Guerrilla Gardening, e apetecia-me fazer parte disto.

Um caveat: Reynolds avisa que só resulta em locais em que alguém esteja disposto a tomar conta do canteiro ou jardim, de contrário este transforma-se em matagal e é pior a emenda que o soneto.

Felicidade

Ao princípio da tarde, o perfume dos laranjais na recta da Sumol à saída de Faro.

(Faro, Abril 2009)

terça-feira, 14 de abril de 2009

Greve de fome

Notícia d' Al Jazeera:

UPDATED ON:
Tuesday, April 14, 2009
17:22 Mecca time, 14:22 GMT

NEWS AMERICAS
Morales ends hunger strike

Evo Morales, the Bolivian president, has ended his five-day hunger strike after Bolivia's congress approved a new election law.
The law permits Morales to stand again for election on December 6, reserves 14 congressional seats for indigenous candidates and permits expatriates to vote.
The Bolivian president spent several nights on a mattress on the floor of Bolivia's presidential palace, surrounded by banners and supporters and chewing coca leaves to ward off hunger after beginning the strike.
(...)


Há quem sniff coca para ajudar a dieta. Pelos vistos há quem a mastigue para os mesmos efeitos.

domingo, 12 de abril de 2009

Ovos moles de Aveiro

Notícia do Público (via Maria Pudim):

Produtos com denominação de Indicação Geográfica Protegida
"Ovos moles de Aveiro" passam a estar protegidos pela legislação comunitária
07.04.2009 - 12h11 Lusa
(...)
Os ovos moles de Aveiro são o primeiro produto português de padaria/confeitaria ao qual é atribuído uma protecção no âmbito da legislação da União Europeia relativa à protecção das indicações geográficas e das denominações de origem dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios.
A lista de Indicações Geográficas Protegidas já incluía cerca de 60 produtos portugueses de carne ou à base de carne, queijos, frutas e produtos hortícolas.


Acho muito bem. Mas os pastéis de nata, senhores? Vão esquecer os pastéis de nata?

First Dog

Notícia do Washington Post:

The First Puppy Makes a Big Splash
Bo, the Portuguese Water Dog, Is All Over the Web Before His Official Debut
By Manuel Roig-Franzia
Washington Post Staff Writer
Sunday, April 12, 2009; Page A01

Foto Washington Post

(...)
The little guy is a 6-month-old Portuguese water dog given to the Obama girls as a gift by that Portuguese water dog-lovin' senator himself, Edward M. Kennedy of Massachusetts. The girls named it Bo (...)
The choice of a Portie raised one complication. The Obamas have long said they wanted a rescue dog. But the carefully bred PWDs almost never end up in shelters. Bo had been living with another family, but it wasn't a good fit, so the Kennedys acquired him for the Obamas.
As for the rescue pledge, the Obamas came up with a solution intended to lend a serious symbolic note: They're going to make a donation to the D.C. Humane Society.


Resgatar um cão de um abrigo não é bem o mesmo que dar dinheiro a uma associação. Eu entendo: o meu cão também tem pedigree e é difícil prever com que se conta ao adoptar um rafeirinho. Infelizmente este volta-atrás é um sinal negativo e potencialmente prejudicial para as adopções.

Aviso: politicamente incorrecto

Notícia do Público:

Dez dos 16 tripulantes são italianos
Piratas na Somália: mais um barco americano capturado no Golfo de Aden
11.04.2009 - 15h19 PÚBLICO, com agências
Piratas somalis capturaram ao fim da manhã de hoje mais outro barco, desta feita um rebocador norte-americano de bandeira italiana, com 16 tripulantes a bordo, no Golfo de Aden, revelou responsável do Programa de Assistência no Mar, citado pela Reuters, avançando que a tripulação não estava armada.
Da fragata portuguesa Corte Real, que está a participar nas missões da NATO de vigilância dos mares na região, veio a indicação que dez dos 16 tripulantes da embarcação são de nacionalidade italiana. A Corte Real estava na zona onde o rebocador foi capturado, mas longe de mais para conseguir prestar socorro.
(...)


Desculpem, mas pirataria é coisa nojenta, nem tem desculpas idealistas possíveis. Declare-se guerra à pirataria Somali, e destrua-se qualquer barco mais sofisticado que uma canoa.
Querem pescar? Pesquem à linha.

A fome de uns e de outros

Soube ontem pelo blog O Mundo Perfeito e pela edição impressa do Jornal de Notícias (pode ler-se a mesma história no Sol, no Destak, e na TVi24) que o Banco Alimentar contra a Fome exigiu que o Banco Alimentar Animal mudasse de nome para que não houvesse confusão entre as duas organizações, «porque poderá ofender os milhares de dadores e voluntários do Banco Alimentar Contra a Fome (...) criando ainda a ideia de que a contribuição e ajuda das pessoas mais carenciadas [sic] se poderá equiparar ao apoio a animais, o que não é aceitável»

O que não é aceitável é continuar a fazer-se crer que a solidariedade para com as pessoas é incompatível com a solidariedade para com os animais, e que ajudar uns impede que se ajude as outras, ou vice-versa.

Mas o Banco Alimentar contra a Fome, cujos advogados são Tomás Vaz Pinto e Vasco Stilwell d’Andrade, é especial, tem uma consciência moral tão exigente que pode até recusar duas toneladas de alimentos por serem angariadas por um partido político...

O Banco Alimentar Animal, que não se pode dar ao luxo de entrar num processo criminal, cedeu e chama-se agora Projecto de Ajuda Alimentar Animal. Nos dias 17, 18 e 19 de Abril estará no Continente de Loulé a aceitar comida e outros materiais* para entregar a associações do Algarve e resto do País.

*Ração seca e húmida para cão/gato, trinca de arroz
Medicamentos veterinários e outros
Desparasitantes (pó, líquido, pastilha, shampoo, coleira)
Casotas, abrigos, comedouros/bebedouros
Mantas, cobertores, telas, tapetes
Biscoitos, ossos, trelas, coleiras, escovas, etc.

sábado, 11 de abril de 2009

Corín Tellado

As criadas lá de casa liam dois tipos de coisas: os romances de Corín Tellado e as letras das canções de Roberto Carlos.

Como nessa época eu lia tudo o que me aparecesse à frente, também marcharam, às escondidas dos meus pais. Não me lembro de nada dos romances, tenho ideia que eram histórias de amor entre meninos maus de famílias ricas e meninas boas de famílias pobres, ou vice-versa, mas talvez essas fossem as fotonovelas que enchiam um quarto inteiro em casa de uma amiga da minha mãe e que me entretiveram pelo menos durante uma longa tarde, e que se calhar também eram escritas por ela.

Imagem Amazon

Corín Tellado morreu hoje. O Expresso e o Público dão a notícia sob o título Literatura. Pois sim. Julgo que, ao contrário de Paulo Coelho, não era pretenciosa.

Uma desculpa

rosa
(Hoje, no meu jardim)

A quarta planta

A enigmática planta resolveu florir e assim contribuir para a sua identificação. Eu achava que nunca lhe tinha visto flores: espero ter alguma desculpa porque são muito discretas e outras mais espectaculares povoam o jardim.

taupata
taupata
taupata
Das sugestões emitidas, parece-me que a da Maria Carvalho deve andar bem próxima da verdade: se aparecerem as tais bagas avermelhadas (essas juro que nunca vi) acho que ficará provada a sua tese de se tratar de uma Coprosma repens, nativa da Nova Zelândia, conhecida também por planta-espelho ou taupata.

Obrigada à Maria, ao Ez e ao Paulo.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sonhos de reabilitação urbana

Notícia do Público:

Pedido de autorização legislativa segue para o Parlamento
Governo aprovou regime de reabilitação urbana que prevê venda forçada e obras coercivas
09.04.2009 - 13h50 Lusa
O Governo aprovou hoje uma proposta de autorização referente ao regime de reabilitação urbana, prevendo em casos extremos situações em que os proprietários serão forçados a vender ou arrendar os seus imóveis, ou a fazer obras coercivas.
(...)
De acordo com o ministro do Ambiente, tal como no regime da expropriação, também nas vendas forçadas de imóveis “haverá uma avaliação que, em última instância, será dirimida em tribunal”. No entanto, referiu logo a seguir que, nas situações de venda forçada, “o bem é posto em hasta pública”.
(...)
“Este tipo de medidas de venda forçada não se aplica em todo o país, mas apenas em áreas concretas de reabilitação urbana, que serão delimitadas por iniciativa do município respectivo”, explicou (...)
Por outro lado, segundo João Ferrão, os casos de obras coercivas, venda ou arrendamento forçado, “não se aplicarão a todas as áreas de reabilitação urbana”.
(...)
Interrogado sobre a dificuldade de muitos proprietários reunirem meios para procederem a obras de reabilitação (...) o secretário de Estado referiu que se encontra em vigor “um regime de estímulo fiscal” para reabilitação, “assim como há um pacote financeiro no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e haverá agora uma componente de regulação”.
(...)


Ainda assim. Sabendo que há rendas por aí de pouco mais de trinta euros por mês (e provavelmente ainda mais baixas) parece-me que alguns proprietários dificilmente conseguirão pagar obras de reabilitação.
Talvez um dia algum governo opte por liberalizar o mercado de arrendamento e subsidiar os inquilinos mais necessitados, dando assim um verdadeiro incentivo à reabilitação dos prédios urbanos. Sim, porque não acredito que algum proprietário tenha o seu prédio degradado por gosto.

Por outro lado, esta história de este tipo de medidas de venda forçada não se aplica[r] em todo o país parece-me estranha - se não for mesmo inconstitucional.

E uma perguntinha: os construtores civis, que já não conseguem vender o que constroem, andarão agora interessados em dedicar-se ao restauro dos prédios antigos?

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Rodopios

A propósito deste rodopio do Paulo também me lembrei de um filme, sobretudo desta cena:

Rotundas de Albufeira

Desde este post no valkirio que tenho querido fotografar as rotundas "artísticas" de Albufeira: fi-lo hoje. Também as há sem obras de arte, por enquanto, e a do Centro de Saúde está em reconstrução pelo que lhe retiraram, temporariamente, suponho, a arte (uma pedra grande com o símbolo dos Rotários em cima).

A primeira, para quem vem da Via do Infante, é esta:

Rotunda de Valparaíso

Ou, se se entrar por uma ponta, de nascente para poente:

Rotunda do IRS


Rotunda das minhocas


Rotunda dos relógios


Rotunda dos golfinhos


Rotunda da barca solar
(esta deve ter outro nome, mas é o que me faz lembrar)


Além destas, há também rotundas descentradas e quadradas, e uma com um buraco no meio que é uma espécie de poço da morte. Já nem falo dos triângulos redondos, que é preciso contornar, porque agora são todos assim.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Qual é a coisa qual é ela?

Graças a este post no jardinagens achei que consiguia atribuir nomes à maioria das minhas suculentas, mas afinal não é assim tão simples.
Por isso, aqui ficam fotos tiradas hoje no meu jardim, e um pedido de ajuda ao Ez, e a quem mais conhecer estas plantas.






Estas duas penso que sei o que são, estarei certa?

aeonium arboreum atropurpureum

Aeonium arboreum atropurpureum


crassula portulacea

Crassula portulacea


Mais tarde: segundo o Ez e o Paulo, a 1ª é uma aloe mitriformis, a 2ª uma aeonium, possivelmente mascaense; a 3ª uma agave attenuata, a 4ª uma ficus lyrata (esta não fiquei muito convencida) e a 5ª uma yucca.
Muito obrigada a ambos.

O remédio

Notícia do Público:

Serviço Nacional de Saúde
Ministério não vai comparticipar medicamentos substituídos pelas farmácias

07.04.2009 - 13h41 Lusa
A ministra da Saúde anunciou hoje que o Serviço Nacional de Saúde não pagará às farmácias a comparticipação dos medicamentos que forem substituídos pelo genérico mais barato sem autorização do médico.(...)
No entanto, desde quarta-feira passada, as farmácias começaram a substituir medicamentos receitados pelos médicos por genéricos mais baratos, mesmo contra a vontade dos médicos, uma medida que o Ministério da Saúde considerou "ilegal".
(...)
Questionada sobre o que vai fazer perante esta ilegalidade, Ana Jorge anunciou que as receitas alteradas e que seguem para as Administrações Regionais de Saúde (ARS) até ao dia 10 de cada mês vão ser devolvidas às farmácias.(...)


Típico deste desgoverno. Se é ilegal, em vez de se processar os responsáveis, simplesmente não se paga. Deve haver um grupo de trabalho no ministério das Finanças (ou noutro qualquer, que sei eu?) que se dedica a estudar as melhores formas de sacar dinheiro ao pessoal: ou se lhe prega multas ou não se lhe paga. Et voilà.

Uma vela...


... pelas vítimas do terramoto no Abruzzo.

Imagem Animation Library

terça-feira, 7 de abril de 2009

Vai passar a procissão

A Semana Santa em Sevilha é vivida com empenhamento mesmo de quem não é religioso. As pessoas vestem-se e enchem as ruas: de manhã vão de templo em templo visitar os andores que vão sair à tarde. Consultam o guia com os horários de saída das procissões e os itinerários, porque nem todos estão dispostos a sentar-se ao longo da Avenida de la Constitución para a parte final dos percursos que se dirigem todos para a Catedral.

nazarenos
Os andores (pasos) são impressionantes de peso e de riqueza. São, na minha opinião, medonhos no seu expressionismo maneirista, mas reconheço a tradição que vem de antes do cristianismo: na antiga Roma este tipo de homenagem aos deuses era quase diária, e nos grandes Jogos Romanos, que tinham lugar em Setembro e celebravam Júpiter o Melhor e o Maior, desfilavam os cônsules, os pretores, os outros magistrados, os senadores, os sacerdotes do deus, o andor com a estátua do deus apropriadamente decorada, outros deuses subsidiários, bailarinos e músicos, e toda esta gente com grinaldas de flores nos cabelos descia o Capitólio, seguia através do Forum e ao longo da Via Sacra, entre magotes de gente e casas com colchas penduradas nas janelas, até ao Circo Máximo, onde as festas prosseguiam com corridas de cavalos, e nos diversos teatros de madeira havia espectáculos de ópera, exibições atléticas, leituras, palestras... Além dos Jogos Romanos havia os Jogos Plebeus (em Novembro), os Jogos Apolíneos (em Julho), os Saturnais, os Lupercais, os Cereais, os Florais, e por aí fora, tantos que um visitante grego uma vez se interrogou em voz alta, Quando é que esta gente trabalha?

andor: borriquita
Mas os Romanos não prescindiam destas festas. Como os Sevilhanos, viviam na rua, comiam uma espécie de tapas nas tabernas e bebiam, senão tinto de verano, vinho diluído em água.

(Sevilla, Abril 2009)

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Pequeno conto moral

Depois de ser operada às cataratas, passou a ver a merda que fazia.

Meses mais tarde, reformou-se.

No jardim! No jardim!

datura + acanto
Nos jardins do Alcázar convivem plantas de várias origens, algumas das quais conhecia de nome, outras nem isso, e algumas bem familiares mas a quem foram dadas formas diferentes.

Datura e Acanthus

A propósito, a Datura (ou a Brugmansia, que é parente), que aqui pelo Algarve perfuma inúmeros jardins, é venenosa. Para quem recusa os medicamentos de farmácia por serem químicos e só gosta de produtos naturais, recomendo uns pozinhos desta menina...

clivia

Clivia

(Alcázar, Sevilha, Abril 2009)

O Alcázar bem caçado

O J.A., nativo amigo e conhecedor, passeou-nos por Sevilha e mostrou-nos o Alcázar como quem é íntimo de cada pedra, cada azulejo, cada escultura, cada resto de policromia. Mostrou-nos detalhes de engenharia e perfumou-nos com tomilho e laranja.

patio de las doncellas A seguir levou-nos de tapeo, a provar vino de naranja, tinto de verano, montaditos, lagrimas de faisano, de rua em rua e de tasquinha em tasquinha até ao café no terraço do hotel Doña María, envolvendo-nos no abraço de amigos e conhecidos.

(Alcázar, Sevilla, Abril 2009)

Para o Miserere veio guapissimo e recusou ensinar-nos a Catedral que fica, diz ele, agendada para a próxima vez. Só não percebeu porque foi o Ayuntamiento quem pagou o jantar, mas não serei eu a explicar-lhe.

Miserere na Catedral

A breve visita a Sevilha em Novembro passado tinha-me deixado vontade de regressar, e o J.A., que está novamente a morar na cidade, desafiou-me a assistir ao Miserere de Hilarión Eslava que tradicionalmente se canta na Catedral a abrir os festejos da Semana Santa.

catedral
Não sendo uma obra-prima, é uma peça curiosa e muito agradável de ouvir: escrita em 1835 especialmente para a Catedral, onde Eslava era maestro de capilla, e revista dois anos depois, tem ecos de Rossini e Donizetti.

(Sevilla, Novembro 2008)

catedral Gostei da voz do contratenor Flavio Oliver; o tenor Jorge de Léon, cuja larga experiência em zarzuelas transparece, contemplou o público com o dó de peito esperado; as duas crianças desafinaram mas lá se recompuseram; o barítono Federico Gallar, o Coro de la asociación de amigos del Teatro de la Maestranza e a Real Orquesta Sinfónica de Sevilla sob a direcção de Pedro Halffter estiveram muito bem.

A acústica da Catedral é maravilhosa, sem qualquer ressonância mesmo no lugar onde eu estava, e a arquitectura gótica, o enorme retábulo barroco, os gigantescos tubos dos órgãos, a assistência bem vestida e civilizada*, criaram uma experiência memorável.


*O concerto foi interrompido entre dois andamentos para que uma mãe saísse com o bebé que não aguentou calado...

sábado, 4 de abril de 2009

Envelhecer


BODY, REMEMBER

Body, remember not only how much you were loved,
not only the beds you lay on,
but also those desires that glowed openly
in eyes that looked at you,
trembled for you in the voices -
only some chance obstacle frustrated them.
Now that it's all finally in the past,
it seems almost as if you gave yourself
to those desires too - how they glowed,
remember, in eyes that looked at you,
remember, body, how they trembled for you in those voices.


C. P. Cavafy, Collected Poems, Princeton, New Jersey, 1992

rose_20032009
rose_27032009
rose_03042009
Sempre a mesma rosa, no meu jardim, ao longo de duas semanas

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Orquestra Sinfónica de Kinshasa

Descobri no 2 Dedos de Conversa, e é demasiado bonito para não pôr aqui.

Haja maneiras

O filme do encontro entre o presidente Obama e a Rainha Isabel II pôs-me algumas interrogações e algumas certezas:

1. Não houve quem ensinasse um bocadinho de protocolo aos Obamas? Sobretudo a Michelle? São ambos muito simpáticos, mas por muito feminista que se seja não haverá a noção de que o presidente é mais importante que a primeira dama e passa à frente dela?

Os jornais ingleses contam que Michelle Obama passou um braço por trás da rainha: isso não se vê neste filme, mas vê-se aqui.

No primeiro filme, contudo, vê-se Michelle passar à frente do príncipe Filipe para se colocar na foto...

2. Se tivessem sido os Bush a cometer estas falhas, seria um escândalo e uma risota. Os Obamas, aparentemente, can do no wrong.

3. A propósito, já houve comentários sobre o humor do príncipe (Could you tell them apart?) mas não pareceu mal que Obama se orgulhasse de não ter adormecido nos encontros.

4. A rainha e o príncipe resolvem as situações de forma impecável - é certo que têm mais de oitenta anos de experiência. Olhe-se para eles e aprenda-se.
armas reais portuguesas
É uma parvoíce sugerir que a rainha abdique: aquilo não é um emprego, é o que ela é, e não se abdica do que se é.

5. A monarquia tem defeitos - sem dúvida - mas uma monarquia constitucional, com confirmação da sucessão pelas cortes, é um regime muito melhor do que uma república abandalhada como a nossa.

Imagem daqui

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Pássaros, passarinhos, passarões...

gaivotas
O meu cão convive pacificamente com os pardais que vêm procurar comida ao jardim.
Contudo, passa-se com as gaivotas empoleiradas nos muros, e ladra-lhes até que se vão embora.
(Albufeira, Abril 2009)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Elas estão aí

DE TARDE

N'aquelle «pic-nic» de burguezas,
Houve uma cousa simplesmente bella,
E que, sem ter historia nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarella.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão de bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima d'uns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.

Mas, todo purpuro a sahir da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!


Cesário Verde, in O Livro de Cesário Verde

papoilas
papoila

(Guia, Abril 2009)

Quem muito fala

O Miguel, do Combustões, escreve sobre a inveja, num post que lhe foi inspirado por alguém que [p]arecia culto e discorria com facilidade, sempre encavalitado em racionalidade e coerência, até que deixou cair, certeiro e implacável, o punhal sobre as suas anteriores afirmações: "eu só seria monárquico se tivesse nascido rei".

Deixai-os falar, digo eu, que eles espalhar-se-ão.