sexta-feira, 11 de novembro de 2016

sábado, 15 de outubro de 2016

Carnaval dos animais

Cheguei a pensar que o príncipe herdeiro da Tailândia tinha nomeado o seu (já falecido) cão Foo Foo marechal da Força Aérea para evitar que o bicho tivesse de bater pala ao brigadeiro Sir Nils Olav, o pinguim mascote da Guarda Real norueguesa, mas afinal parece que foi por despeito por a sua segunda (ex-)mulher ter tido um caso com um outro marechal, esse humano.

Demasiada confusão, mesmo para quem, como eu, gosta de animais.

Um escritor sobre a escrita

"A instrução mais rigorosa sobre como escrever em prosa que alguma vez recebi [...] veio dos agentes seniores com estudos clássicos no último andar da sede do MI5 [...] que liam os meus relatórios com um pedantismo deleitado, manifestando desprezo pelas minhas orações incompletas e pelos meus advérbios desnecessários e riscando as margens da minha prosa chã com comentários como: redundante — omita — justifique — vago — quer realmente dizer isto? Nenhum editor que encontrei desde então foi alguma vez mais exigente ou teve tanta razão."

"Primeiro vem a imaginação, depois a busca da realidade. De seguida, o regresso à imaginação e à secretária à qual agora estou sentado."

(...) Le Carré acabara de entregar o romance "A Toupeira" à tipografia. No livro havia uma perseguição de ferry no estreito de Kowloon que o escritor criara com a ajuda de um velho guia turístico na Cornualha. Mas em Hong Kong, acabadinho de chegar, descobre de imediato que existe um túnel nesse mesmo sítio. Não a tempo, porém, de parar a impressão do novo livro para alterar a cena, ajustando-a à realidade: "Jurei que nunca mais voltaria a descrever uma cena num local que não tivesse visitado [...] A meio da vida, eu estava a ficar gordo e preguiçoso e a viver à custa de um fundo de experiência passada que estava a esgotar-se. Chegara o momento de abordar mundos não familiares."


John Le Carré, em entrevista a Cristina Margato, publicada na Revista do Expresso de 15/10/2016 (edição 2294, pg E|40)

terça-feira, 20 de setembro de 2016

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

A Fuga de Cameron

Isto não é o que parece (ou talvez seja).
Quando David Cameron se demitiu em Julho passado, na sequência do referendo que aprovou o Brexit, trauteou quatro notas e fechou a porta com um "Right!", cena filmada e transmitida inúmeras vezes.

Vários músicos se divertiram a compor peças baseadas nesse do-dooo-do-do, e um deles foi a venezuelana Gabriela Montero, que se saiu com esta pérola barroca (via Samizdata):


Há composições para todos os gostos, do clássico ao rock. Ide ver no YouTube, ide.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Forretice

Ouvido na praia, este fim-de-semana:

"O cúmulo da forretice é mandar pôr meias-solas nas havaianas."

Imagem © havaianas

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Cirurgia

Tenho para mim há muito tempo que só há duas pessoas realmente interessadas numa qualquer cirurgia: o doente e o cirurgião.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Um ano de segundas-feiras

Finalmente completei este projecto: durante um ano, entre solstício de Inverno e solstício de Inverno, a caminho do trabalho, aproximadamente à mesma hora de segunda-feira (sete e meia da manhã), parei no mesmo sítio para fotografar o sol a nascer sobre o mar.
As fotos foram feitas com o telemóvel, sem filtros ou alterações excepto, em alguns casos, o acerto da linha do horizonte, já que tenho tendência para fazer escorregar as coisas para um dos lados...

Anyway... Acabei de juntar as fotos em sequência cronológica, pôr-lhes a marca de água (que tanto desespera a Catarina) e juntar-lhes o adagio da Gran Partita de Mozart, e aí está.
Para quem fizer contas e achar que faltam segundas-feiras, lembro que durante as férias o projecto sofreu inevitáveis interrupções.

sábado, 26 de março de 2016

A escolha de deus

Nós amamos a beleza. Somos capazes de nos deter a contemplar a Natureza em todas as suas facetas: forte, tranquila, ampla, íntima... Fascina-nos indomada, e apraz-nos transformada por nós à nossa medida.
Criamos beleza e regozijamo-nos com a beleza criada. Há milhares de anos pintamos, esculpimos, compomos, construímos obras de arte. Os nossos abrigos deixaram há muito de ser simples cavernas e rodeamo-nos de arte e conforto.
Procuramos o conhecimento e a sabedoria. Elaboramos um modelo do mundo que está muito além do imediato.
Procuramos ser melhores. Longe da perfeição, longe mesmo da bondade, esforçamo-nos por percorrer o caminho. Queremos tratar melhor as crianças, os animais, os mais frágeis.

Eles gostam de explodir bombas e matar pessoas. Venha deus e escolha.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Al-Zika

Há duas pragas que, na minha opinião, deviam ser exterminadas sem mais discussão: os terroristas (muçulmanos ou outros) e os mosquitos. Não têm qualquer mais-valia evolutiva e só nos atormentam.

Direcção temporal

(Albufeira, Janeiro 2016)


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O Google armado em polvo

Diz o Google que vai ser mais complicado seguir blogues na sua plataforma (Blogger) se não tiver uma conta Google.
Isto dito assim é um bocado irritante; na realidade já se tinha tornado praticamente impossível fazer comentários se não se tivesse uma conta Google. Fica aqui o aviso à navegação.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

E vão dois

Depois de David Bowie também se foi o actor Alan Rickman, com a mesma idade e a mesma causa de morte. Semana nefasta esta.


Os jornais ligam Rickman ao filme Die Hard e aos da série Harry Potter. O primeiro já vi há tanto tempo que não me lembro do vilão, mas sei perfeitamente que a primeira vez que notei a existência de Rickman foi em Sense and Sensibility, e achei-o bastante sexy embora um bocado zombie... Fazia o admirador da personagem de Kate Winslet, que mal dava por ele.
Lembro-me também dele como chefe do partido nacionalista irlandês em Michael Collins e como o adúltero professor em Love Actually.

Imagem de We ♥ it

Em nenhum dos casos era o protagonista, mas ainda assim era uma presença. No IMDb encontrei uma citação sua que o define como actor:

I approach every part I'm asked to do and decide to do from exactly the same angle: who is this person, what does he want, how does he attempt to get it, and what happens to him when he doesn't get it, or if he does?

Parece-me bem.

Doçura ou travessura

Notícia do Público:

Açúcar no café? Saúde quer reduzir quantidade dos pacotes para metade
Alexandra Campos
14/01/2016 - 07:16

Esta é a primeira proposta de um lote de medidas idealizadas pela Direcção-Geral da Saúde para reduzir o consumo de açúcar em Portugal. Embalagens individuais vão passar de oito para quatro gramas de açúcar.
(...) e tornar obrigatório que estes pacotes apenas sejam disponibilizados aos clientes se o pedirem expressamente.
(...)


Ora que medida tão inteligente. Só serve para tornar os pacotes de açúcar mais caros para os comerciantes (o dobro do papel para a mesma quantidade de açúcar). As pessoas que usavam um pacote simplesmente pedirão dois, duh.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Ascensão e morte de David Bowie

David Bowie foi um dos ídolos da minha juventude. Primeiro pela imagem: loiro, esguio, andrógino, exótico, decadente. Depois pelas canções, mistura de riffs de rock pesado com teclados dissonantes, saxofone jazzy e na voz as melodias pop envolvendo poemas. Sempre me fascinou o outro lado, negro, insano, dionisíaco, que nunca toquei por na realidade o saber muito menos belo do que o seu espectáculo. Bowie esteve à beira de se perder na cocaína, salvou-se e mudou.

Era o homem das mudanças, desde Ziggy Stardust a Aladdin Sane, à trilogia de Berlim, mas sempre com uma angústia subjacente; no entanto tinha imenso humor e foi, acredito, feliz. Também fez teatro e cinema: vi The Man who fell to Earth num cinema que já não existe e adorei Mr. Christmas Mr. Lawrence.

Tive na parede do meu quarto um enorme poster a preto e branco, com ele vestido de calças largas de pregas e suspensórios.

Em meados dos anos 80, perdi o interesse, talvez com a morte definitiva do Major Tom. Fui vê-lo mais tarde a Alvalade no seu primeiro concerto em Portugal, que não me entusiasmou. Contudo, ainda consigo ouvi-lo com algum prazer.

Não sei se e que parte da sua música ou dos seus poemas será recordada pela posteridade. Mas no dia da sua morte, três dias depois de completar 69 anos e publicar o seu último álbum, celebro-o como um dos grandes performers da sua época.