terça-feira, 30 de março de 2010

Novo cão em Glyndebourne

Se temos de ser conhecidos por alguma coisa, antes pelos nossos cães-de-água que por causa do rating da nossa dívida pública, não?

Saiba-se pois (via Opera Chic) que a cantora Danielle de Niese, recentemente casada com o director da ópera de Glyndebourne, onde ainda espero ir um dia fazer um piquenique, adoptou um simpático cão-de-água português, raça que The Times já chama chien du jour.

Ora isto não é um bom pretexto para pôr aqui um clip com a Cleópatra mais sexy vista em palco lírico?

segunda-feira, 29 de março de 2010

Teclado


O teclado do meu computador exige um entusiasmo que não tenho, ou então come espaços, letras, e chega a trocar sílabas.

Ou o mato à pancada ou começo simplesmente a escrever sem espaços nem pontuação e com abreviaturas incompreensíveis, como faziam os antigos Romanos.



(Ourense, Abril 2007)

Versão beta

Se há uma versão da Time Out Lisboa para betos, haverá outra para freaks?

Gajos de hoje

Um gajo qualquer que não conheço manda-me um pedido de amizade no Facebook. Dou-me ao trabalho de lhe responder delicadamente e explicar porque não aceito e o tipo responde: Ok, não há problema.

Acham normal?

(Pois, se calhar é, mas eu ainda acho estranho. Ou parvo. Sei lá.)

Ruas de Sevilha

A visita guiada à Catedral foi adiada em troca de um calcorrear das estreitas ruas a aprender as grandes casas senhoriais, os conventos onde ainda hoje se cumpre a clausura, e os templos reclamados para a cristandade e que antes eram mesquitas ou sinagogas.

Há, como é hábito nas cidades com história milenar, materiais reutilizados, alguns sem explicação que não o capricho do decorador, outros acompanhados de lendas, como a antiga estátua romana transformada no hombre de piedra castigado por ofender o santíssimo recusando ajoelhar à passagem da procissão.

(Sevilha, Março 2010)


Há, também, lugares feios, estragados e descaracterizados, como a alameda de Hercules, onde ainda assim se vai para gozar o primeiro dia de sol enquanto um copo de tinto con blanca acompanha um paté de cabrales ou um de cabracho, que só nos nomes se assemelham.

domingo, 28 de março de 2010

Sevilha novamente

Poderia até tornar-se uma tradição: reunir-me anualmente com o J.A. e os amigos para passear pela cidade, ir de tapas e assistir ao Miserere na Catedral. Tradições como esta, criadas por repetição prazenteira, podem servir de âncoras num mundo em rápida mudança.

A visita deste ano foi ajudada por um tempo de primavera como já não me lembrava, anunciado pelo perfume das laranjeiras bravas (azahares) que são outra característica de Sevilha.

Aproveitei para ver, no Museo de Bellas Artes, uma exposição temporária com quadros de Murillo trazidos das mais diversas proveniências, incluindo um do Museu Nacional de Arte Antiga, para juntar aos da colecção própria. É interessante notar como Murillo pegou na mesma composição mais do que uma vez e enfatizou detalhes diferentes: por amor ou enfado? por falta de tempo? por simplesmente serem entregues a diferentes colaboradores ou aprendizes?

(Sevilha, Março 2010)

quinta-feira, 25 de março de 2010

Os velhos

Ainda o editorial do Diário de Notícias:

Os seniores são o futuro?
A Europa está a transformar-se num continente de velhos e em alguns países já nascem menos pessoas do que aquelas que morrem. Foi o que aconteceu com Portugal em 2007 e 2008.(...)
Os governantes já despertaram há muito para a situação, até porque a sustentabilidade da Segurança Social passa por haver população activa suficiente para garantir as reformas dos mais velhos. E por isso tanto debate sobre o aumento da idade da reforma. Mas, se o envelhecimento da população é um desafio para os governos, é também uma oportunidade para muitas empresas. Essa faixa etária tem necessidades específicas, sobretudo ao nível da saúde e do conforto. E nos próximos anos, em Portugal, teremos entre os idosos um razoável número de pessoas com um rendimento apreciável e hábitos de consumo enraizados. (...)


E se nos entendêssemos? Afinal os velhos ficam ou não sem reformas? É que se a Segurança Social não é sustentável não vai haver rendimento apreciável que aguente quaisquer hábitos de consumo enraizados.
É aproveitar, suponho, enquanto não somos obrigados a desenraizar.

É só fumaça

Notícia do Diário de Notícias:

Negociações
PSD ameaça chumbar o PEC
por EVA CABRAL Hoje
PS assegura estar disponível para alterar proposta de resolução. Se esta "chumbar", crise política avança.
Manuela Ferreira Leite está a ser pressionada por boa parte da bancada do PSD para rejeitar a proposta de resolução do PEC.(...)
Dois dos candidatos à liderança - Pedro Passos Coelho e Paulo Rangel - manifestaram a posição de que o PSD deve rejeitar o texto socialista.(...)


Ao menos que houvesse coragem para o chumbar! Mas como diz o título do editorial do mesmo DN, tudo isto não passa de fintas e cálculos políticos. O sentido de Estado está completamente ausente porque o que interessa é ser capaz de conseguir jobs for the boys.
É isso que interessa aos partidos. Não sou a primeira a dizê-lo, mas não é demais recordar que é isso, e mais nada, que está em causa na competição pela liderança do PSD, e no apoio do PS ao actual primeiro-ministro e sua equipa.

terça-feira, 23 de março de 2010

Viajar por procuração

Gosta de viajar e não pode? Não tem tempo nem dinheiro?
Mande o seu ursinho de peluche em seu lugar: sai mais barato e também traz fotografias.

(Há gente que se lembra de cada coisa)

Debate

Vi ontem na rtp1 o debate entre os quatro candidatos à liderança do PSD.
Imaginei o sr. Sousa a assistir também.

Se tivesse antidepressivos em casa, tinham marchado.

domingo, 21 de março de 2010

Schumann precursor

Nesta versão do Concerto para violoncelo em lá menor de Schumann, com Christine Walevska como solista, ouvem-se perfeitamente logo no início, depois dos sopros, pelos 09:00s, as cordas que anunciam os acordes obsessivos de Philip Glass.


Idem, aos 12:00s, nesta versão com Jacqueline du Pré. Já nesta outra com Rostropovitch, dirigida por Bernstein, mal se adivinham.

Razões para se ouvirem várias versões da mesma peça.

Limpar Portugal Parte II

Balanço do dia de ontem aqui e aqui: cem mil voluntários removeram entre cinquenta e setenta mil toneladas de lixo de treze mil lixeiras.

É muito lixo! E certamente quem lá o pôs não esteve entre os voluntários de ontem: será que alguém aprendeu alguma coisa?

sábado, 20 de março de 2010

Gasolina a subir

Anda tudo tão calado quando o litro de gasolina se está a aproximar sorrateiramente dos máximos de 2008?

Só o João Quaresma, no Regabophe, parece ter-se também apercebido.




(Hoje, na Repsol de Albufeira)

Limpar Portugal

Hoje é dia de limpar Portugal: limpar fisicamente, do lixo que os grupos de voluntários identificaram. O pequeno grupo de que partiu a iniciativa, inspirada numa semelhante ousada na Estónia, conseguiu apoios importantes: espero que façam um bom trabalho.

Eu estou de serviço, e espero que ninguém se magoe.

Pudéssemos nós todos limpar a alma de Portugal.

Imagem Limpar Portugal

sexta-feira, 19 de março de 2010

Bzzzz

Notícia do Telegraph:

Genetically modified mosquitos could be used to spread vaccine for malaria
A genetically engineered mosquito that vaccinates as it bites has been developed by scientists.
By Richard Alleyne, Science Correspondent
Published: 7:30AM GMT 19 Mar 2010

Scientists in Japan have engineered an insect producing a natural vaccine protein in its saliva which is injected into the bloodstream when it bites.
The "prototype" mosquito carries a vaccine against Leishmania, another potentially fatal parasite disease spread by sand flies.
(...)
Mice bitten by the vaccinating insect generated antibodies against the Leishmania organism, indicating immunisation.
(...)
"What's more, continuous exposure to bites will maintain high levels of protective immunity, through natural boosting, for a life time. So the insect shifts from being a pest to being beneficial."
(...)
Scientists are still working on developing an effective malaria vaccine, so Prof Yoshida's study was very much a "proof of concept".
(...)


O conceito é interessante, mas até que seja praticável, e admito que mesmo que o seja, o único mosquito bom é o mosquito morto - ou nem isso, pois o normal é já ter picado alguém, e nem sequer tem como desculpa ter polinizado alguma flor na vida.

O PEC

Notícia do Público:

Descida do rating português é o cenário mais provável
PEC não muda a opinião da Moodys sobre Portugal
19.03.2010 - 07:29 Por Sérgio Aníbal
O Programa de Estabilidade e Crescimento apresentado pelo Governo esta semana não foi suficiente para mudar a opinião da Moody"s, uma das três grandes agências internacionais de notação do risco de crédito, mantendo-se a descida do rating português como o cenário mais provável.
(...)
Para mudar esta opinião, aquilo que o analista da Moody"s pede nesta fase é "mais detalhes sobre a forma como o Governo pretende atingir os objectivos que traçou". Ainda assim, permanecem muitas dúvidas quanto ao realismo das projecções governamentais. "As autoridades estão a assumir que as receitas vão recuperar fortemente depois da queda repentina do ano passado. Em teoria, é possível, mas não é provável, uma vez que as perspectivas de crescimento são bastante modestas", afirma Anthony Thomas.
(...)


Abraham Lincoln bem terá dito que se pode enganar algumas pessoas todo o tempo e todas as pessoas algum tempo, mas não se pode enganar todas as pessoas o tempo todo.

Outro assunto: porque usará o Público aspas em vez de apóstrofos?

Entulho

Quando uma empresa empilha terra e rochas na estrada, tapando completamente uma das vias, e deixa tudo assim por dias e dias, eu pergunto: já não sabia que ia precisar de remover o entulho? Não podia ter trazido um camião logo no primeiro dia para o retirar como mais cedo ou mais tarde terá de fazer?

Bem se fala em aumentar a produtividade...

(Albufeira, Março 2010)

terça-feira, 16 de março de 2010

segunda-feira, 15 de março de 2010

Fornos

Era giro ou não que ainda houvesse nos nossos bairros fornos comunitários para cozer pão? E fontanários, e mercados de rua como antigamente?

(S. Pedro de Sintra, Março 2010)

O portão

Passo com frequência diante desta casa. Ao longo dos anos tenho-a visto crescer, desde o reboco nas paredes às janelas novas, à pintura, e mais recentemente à colocação deste portão a fechar o pátio.

No pátio havia um cão grande, já não jovem, de pêlo mal tratado, amarrado com uma corrente, sempre sozinho, deitado. Mais tarde apareceu outro cão, também amarrado, deitado um bocado afastado do primeiro. Ao sol, à sombra, à chuva, dois cães amarrados com correntes, todo o dia deitados no pátio. Em Portugal, que eu saiba, não é proibido. Mas apertava-se-me o coração.

Quando instalaram o portão pensei, Ainda bem, assim já não vejo os cães, porque eu uso esta táctica de avestruz perante aquilo em que não posso interferir. Mas a verdade é que não os vejo mas suponho que estão lá, e que apesar de ter sido colocado o portão não lhes devem ter sido retiradas as correntes. E não tenho coragem para me certificar.

(Guia, Março 2010)

Flores

Reparei, no trajecto até ao carro, com este arranjo de flores que me ofereceram nas mãos, que praticamente todas as mulheres com quem me cruzei sorriram.

(Albufeira, Março 2010)

quinta-feira, 11 de março de 2010

As chuvas de Fevereiro

Por cá houve escândalo porque Alberto João Jardim quis manter as inundações na Madeira sem aparato mediático para não prejudicar o turismo, mas a verdade é que pouco antes tinha passado despercebida situação semelhante (menos as vítimas humanas) nas Canárias, talvez pela mesma razão.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Um toque de cravo

Difícil como é escapar-me para Lisboa a meio da semana, fui na terça-feira à Gulbenkian ouver as Variações Goldberg tocadas em cravo por Andreas Staier.

Gosto de cravo e adoro as Variações Goldberg, que só conhecia realmente em piano; em cravo ouvi-as nos últimos dias graças à Antena2, em gravação do próprio Staier.

Ao vivo percebem-se mais coisas, como o grau de virtuosismo exigido, como as trocas de mãos, ou como o facto de o cravo não ser de todo um instrumento básico, permitindo os seus diferentes registos obter diferentes sons, às vezes quase uma guitarra. Dei por bem empregue a viagem, apesar de o instrumento e a obra ficarem talvez mais valorizados num ambiente mais pequeno, e certamente num ambiente sem tosses. Muito tosse o público português! Já Angela Hewitt se queixou quando cá esteve.

Também houve quem dormisse, mas isso neste caso é até uma medida do seu sucesso, se for verdade que as Variações foram compostas como remédio para as insónias do conde de Keyserling.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Maomé e a montanha

Afinal qual é a frase correcta: Se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé ou Se a montanha não vai a Maomé, vai Maomé à montanha?

Obviamente não é igual: a primeira opção é uma fábula na qual a montanha tem consciência do primado da espiritualidade e se lhe submete; a segunda pode ser uma história real em que Maomé apenas demonstra bom-senso.

Ando há anos com esta dúvida, mas hoje, graças a S. Google, já tenho a resposta. Parece que a primeira referência escrita no Ocidente estará nos Ensaios do filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626) que aponta o milagre de Maomé como um exemplo de descaramento: é que tendo Maomé prometido o milagre de fazer vir a si a montanha, e não se tendo esta mexido, o profeta terá encolhido os ombros e dito que então iria ele à montanha. Noutras versões terá acrescentado que maior milagre era ela não se ter mexido, ou teria todo o povo ali presente morrido esmagado: graças eram pois devidas a Deus.

Vem isto a propósito desta tira do Van Dog, com a qual qualquer dono de cão se identifica.

sábado, 6 de março de 2010

Ribeira de Monchique

Quem diria, ao vê-la assim barrenta, que quando eu era miúda a roupa lá de casa era entregue a uma lavadeira e lavada nesta corrente?

(Monchique, Março 2010)

Na serra: arco-íris

Parecia tão perto que apetecia ir à procura do pote de ouro.
Até porque não ganhei o euromilhões.

(Monchique, Março 2010)

Na serra: urze

Graças ao TomTom ou a despeito dele percorri hoje um bom pedaço de serra. As plantas já anunciam a Primavera, os cheiros são deliciosos. Não faço ideia se as urzes pegam de estaca, mas não resisti a trazer um galho e enfiá-lo na terra num vaso do meu jardim.

urze

Erica lusitanica

(Corte Malhão, Março 2010)

Vende-se TomTom / TomTom for sale

Vende-se TomTom Go 930 com mapas da Europa, Estados Unidos e Canadá, com pouco mais de um ano, impecável, actualizações pagas até ao final de 2010.
Preço: 200 euros (+ p&p)
Motivo: julga que tenho um todo-o-terreno.

TomTom Go 930 for sale: Europe, United States and Canada maps, a little over one year old, condition new, map updates paid for until end of 2010.
Price: 200 euro (+ p&p)
Reason: it thinks I drive an SUV.

quinta-feira, 4 de março de 2010

A Grécia à venda

Notícia do i:

Alemães sugerem que Grécia deve vender as ilhas para pagar a dívida
por Sara Sanz Pinto, Publicado em 04 de Março de 2010 | Actualizado há 3 horas
Dois políticos alemães de direita defenderam hoje que a Grécia deverá colocar à venda
terra, edifícios históricos e obras de arte para reduzir a défice.(...)
“Aqueles que se encontram em processo de insolvência têm de vender tudo o que têm para pagar aos seus credores”, argumentou Josef Schlarmann, membro do partido de Angela Merkel. “A Grécia tem edifícios, empresas e ilhas não habitadas, que podiam ser usadas para amortizar a dívida”, disse.
(...)


Eu sou modesta: ofereço-me para comprar uma das ilhas desabitadas, desde que tenha uma fonte de água doce. Mas primeiro vou ali entregar o boletim do euromilhões.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Processo nulo

Notícia do Diário de Notícias:

Crime de associação criminosa
No Name Boys: defesa pede nulidade de parte da acusação
por Lusa Ontem
A defesa de três arguidos do processo No Name Boys pediu hoje a nulidade de parte da acusação, alegando que a investigação do crime de associação criminosa é da competência da Polícia Judiciária e não da PSP.
Elementos do núcleo duro da claque não legalizada do Benfica No Name Boys começaram hoje a ser julgados por associação criminosa, tráfico de droga, posse de armas e ofensa à integridade física, furto, roubo e outros crimes.
(...)


Ah pois. O. J. Simpson também utilizou esse tipo de defesa, anulação das provas conseguidas por métodos ilegais, e há muito mais quem se escude nesses aspectos processuais.
Têm provavelmente as leis do seu lado, mas será bom que nunca cheguem a ser inocentados de verdade?
A muitos tanto lhes faz, que a vidinha continua igual, e até são reeleitos por voto popular.

A greve do governo

A propósito do post anterior, achei delicioso rever esta entrevista do almirante Pinheiro de Azevedo na época já longínqua, e hoje muito esquecida, do PREC:

A culpa é dos médicos

Seja-me permitido o desabafo.

Nesta terceira fase da República tem-se criado a ideia de que o sistema corporativo é uma invenção maléfica do Estado Novo, que há que destruir de qualquer maneira para bem do povo.

As corporações são muito antigas. Em Roma eram conhecidas como collegia e agrupavam, como agora, profissionais do mesmo ofício ou outros colectivos de interesses. Tinham os seus regulamentos e promoviam a formação, valorização e protecção dos associados, incluindo até por vezes a realização dos respectivos funerais.
Na Idade Média foram as corporações as introdutoras do conceito de obra-prima, que na altura era o trabalho que o artesão executava perante o juízo corporativo para aceder ao grau de mestre, isto é, de chefe de projecto.

Eram, têm sido, uma forma de auto-regulação das colectividades. A Ordem dos Médicos reune aqueles que estão autorizados, após formação adequada, a exercer medicina, e tem autoridade para repreender, suspender e até expulsar aqueles que entende, após processo de averiguações, não estarem a proceder correctamente.

Diz um ditado popular que de médico e de louco todos temos um pouco mas na realidade ninguém percebe nada de medicina a não ser os médicos, e é isso que assusta um bocado o comum dos mortais, embora eu não entenda porquê: ninguém percebe nada de engenharia a não ser os engenheiros, é deles que depende a nossa vida diária pois é segundo os seus cálculos que se constroem as casas, as estradas, as pontes, os carros, as máquinas que usamos todos os dias.
No entanto a culpa nunca é deles mas sempre dos médicos. O ano passado também foi dos professores, vá lá, mas já passou. Agora é outra vez dos médicos.

Vem este arrazoado a propósito de três notícias que hoje li em três jornais portugueses: o Diário de Notícias, o i e o Público.

Diz o DN que Falta de provas iliba médicos suspeitos de negligência: isto deveria significar que os médicos em causa estão inocentes, já que o DIAP de Lisboa investigou 63 casos de negligência médica em 2009 e concluiu que em 15 não havia prova para incriminar, mas não: o que se depreende é que o corporativismo médico os leva a não falar uns contra os outros e a dificultar o acesso aos processos clínicos e assim não se conseguem condenar.

Isto é dar a volta ao segredo médico e aos factos que a medicina não é uma ciência exacta e que nem os médicos nem os doentes são máquinas perfeitas, pelo que nem sempre as coisas correm bem apesar de se fazer o melhor que se sabe.

O i noticia que a Saída de médicos obriga a contratar aposentados, devido à corrida às reformas antecipadas dos médicos, esses mercenários (como lhes chama alguém nos comentários ao artigo) que deixam os serviços à beira do colapso para, aceitando reduções na reforma que chegam aos 50 e 60 por cento, irem ganhar a vida noutro lado.

Se calhar os médicos não se reformariam se tivessem melhores condições de trabalho. Ninguém parece lembrar-se que já não há praticamente clínica privada em Portugal, que os consultórios e clínicas vivem de contratos com as seguradoras e, até, com o Estado, e que a estratégia para a Saúde dos últimos governos tem sido, e é, e se calhar será, acabar discretamente com o Sistema Nacional de Saúde que lhe custa milhões, e dividir o mal entre as seguradoras, para quem tem dinheiro, e as Misericórdias, para os indigentes. O que até talvez nem esteja errado, mas não é assumido.

Finalmente a notícia do Público, que consegue ser a mais populista e ridícula das três: Governo preocupado por médicos não perguntarem a doentes se podem comprar medicamentos. A isto só há uma resposta possível, que é le mot de Pinheiro de Azevedo, primeiro-ministro de Portugal em 1975. Os médicos fazem aos doentes perguntas relacionadas com a sua situação clínica, e não com o saldo da sua conta bancária.

Quando três jornais nacionais, no mesmo dia, exibem notícias destas, a mim parece-me uma cabala muito negra ;-). Vão lá chatear o sr. Sousa e deixem os médicos trabalhar.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Bolas

A alegria dos adeptos do Sporting Clube de Portugal pela vitória de ontem diante do FC Porto só é mitigada pela alegria que assim foi dada aos lampiões ;-)

Imagem Best Animations