segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Canção da crise

Com que então preocupado
Porque além do outro lado
Do mundo um operário
Vive e morre escravizado
Com trinta euros por mês
Sem folgas e sem horário
Sem direitos laborais
Sem protecções sindicais
A produzir esses bens
Que ficam por dois vinténs
E matam a comp'tição,
Deixando por sua vez
Sem ter alma ou coração
O Ocidente enrascado

Lembre-se do que estudou
Do tempo do bisavô
Quando a Europa crescia
E se industrializou
A mão-de-obra da altura
Labutava a pão e vinho
Sem direitos sem ventura
Sem saúde ou luz do dia
Assim foi duzentos anos
Quem dera que os humanos
Aprendessem mais depressa
A China na sua pressa
Vai seguindo p'lo caminho
Que a Europa já trilhou

Melhor fora que pensasse
No desolador impasse
Da vida que o arrasta
De casa para o trabalho
Do trabalho para casa
Sem o menor golpe de asa
A pagar a prestações
Férias e televisões
E o colégio das crianças
Sem tempo para pensar
Sem poder dizer já basta
'té ao dia em que as finanças
o retiram do baralho
num tremendo desenlace

Vai para o desemprego
Põe umas coisas no prego
Mas não deixa de fumar
À espera que a crise passe
Como se ela passasse
Só por você desejar
Mas quando se senta à mesa
As notícias não são boas
Andam doidas as pessoas
O governo desgoverna
Tentando passar a perna
Aos mercados.
     Sem pensar
Compra na loja chinesa
Um vago desassossego.

Fugas de informação

Andam governos, diplomatas e jornalistas num alvoroço porque foram divulgados documentos confidenciais da Secretaria de Estado e das embaixadas dos Estados Unidos no mundo.

Se os relatórios só dizem o que a imprensa relata (é difícil aceder-lhes no site da Wikileaks) não percebo porquê. Que o senhor Berlusconi gosta de festas pela noite fora e chega ensonado ao trabalho? Que a senhora Merkel é pouco creativa? Que Sarkozi é só garganta? Que os árabes gostariam que os Estados Unidos invadissem o Irão? Que os diplomatas americanos espiam os governos aliados? Que quem manda na Rússia é Putin? Mas isto é novo? Alguém ignorava?

Berlusconi, segundo parece, riu-se. What else?

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A quarta emenda

Notícia do Expresso:

Roupa interior com recados para scanners de aeroporto
(...)
Jorge Fonte (www.expresso.pt)
20:51 Quinta feira, 25 de Novembro de 2010

(...)
As mais recentes políticas da TSA (Agência de Segurança de Transportes) são os principais alvos de quem viaja e se vê obrigado a passar por um scanner corporal, que despe virtualmente e por completo a pessoa (que pode ser qualquer um, mesmo que não apresente motivos de suspeita). (...)
Os críticos põem em causa a legalidade deste tipo de controlo, apoiando-se na 4ª emenda da Constituição do país, que protege os cidadãos norte-americanos de buscas e revistas não autorizadas por um mandado ou por suspeita de ato ilegal.
É essa 4ª emenda da Constituição norte-americana que agora é impressa em t-shirts, meias e roupa interior masculina e feminina e pode ser comprada por todos.
(...)

Imagem daqui


É pena a roupa ser tão feia, porque a ideia é bem engraçada.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Thanksgiving

Os americanos celebram hoje o dia de Acção de Graças, e embora isso não tenha nada que ver com a nossa história ou tradição, não deixa de ser interessante e se calhar agradável, como sugerem a Moura Aveirense e a Opera Chic, lembrarmo-nos das coisas pelas quais podemos estar gratos.

Hoje já é um bocado tarde para me pôr à procura de motivos de gratidão, por isso fica para o próximo ano, se me lembrar, e se ainda os houver.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dardos

Anda aí meio mundo dardejando outro meio, numa corrente que quer ser

o reconhecimento dos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc.... que, em suma, demonstrem a sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre as suas letras e as suas palavras. Estes selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre blogueiros, uma forma de demonstrar o carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web

e olhem bem, o Garden of Philodemus também foi agraciado pela Luisa, do À Esquina da Tecla, um blog assumidamente algarvio, simpático e sem peneiras, a quem muito agradeço a gentileza.

Há muito tempo que perdi a paciência para correntes e selos, mas este Prémio Dardos declara querer promover a confraternização entre blogueiros, o que de vez em quando é uma boa ideia, por isso aceitei e, conforme as regras, repasso a mais dez:

ao A Voz da Abita (na reforma), que cumpre magnificamente a função que se propôs de manter informados os nossos Marinheiros, sobretudo os reformados;
ao Beira-Tejo, que nos encontra todos os dias um novo deslumbramento em Lisboa;
ao Delito de Opinião, que fala do bom e do mau, do passado e do presente;
ao Dias com Árvores, que nos vai desfolhando a flora linda e humilde dos nossos campos;
ao Poplex, um blog de gaja que não é igual aos outros blogs de gajas, e além disso tem um cão giro;
ao Van Dog, que nos mantém acordados para os problemas dos nossos animais;
ao We have Kaos in the Garden, que há anos infatigavelmente nos mostra com bonecos fantásticos os podres da desgovernação;
ao Zé do Telhado, que anda há tempos e repetidamente a tentar explicar porque é que isto vai de mal a pior;
ao Valkirio e ao Livro de Areia, que são oásis de serena beleza.

Lede-vos uns aos outros e pode ser que gosteis.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Animais modernos

A sério, só quem não anda atento não se apercebe de que os animais adaptam os seus comportamentos para reagir a novos estímulos e tecnologias.


Recebido por email (obrigada, amigo Joaquim)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Confiança

Se não visse no site do BES não acreditava (via O Cachimbo de Magritte)

Máquina Infernal

Notícia de The Telegraph:

Ambrose Evans-Pritchard
Portugal next as EMU's Máquina Infernal keeps ticking
The Portuguese seemed baffled - and pained - that investors should link their country in any way with Greece or Ireland. I am afraid they must come to terms very soon with some unpleasant facts.
By Ambrose Evans-Pritchard 6:00AM GMT 22 Nov 2010
So must Europe’s leaders, who comfort themselves that Greece is a special case because it cheated, and that Ireland is a special case because it allowed its "Anglo-Saxon" banks to go berserk. They have yet to acknowledge the deeper truth that monetary union has insidiously destabilised much of Europe and trapped a ring of largely innocent countries in depression.
(...)
So with some trepidation, let me point out that Portugal will have a current account deficit of 10.3pc of GDP this year, 8.8pc in 2011, and 8.0pc in 2012, according to the OECD. That is to say, Portugal will be unable to pay its way in the world by a huge margin even after draconian austerity.
This is the worst profile in Europe.(...)
The origins of this crisis go back to Portugal’s fateful decision to push for euro membership at least 20 years before it was ready.(...)
Portugal saw its competitiveness destroyed by the boom, and has never been able to get it back. (...) It has lost swathes of low-tech industry to Chinese and East European rivals faster than it can create high-tech alternatives.
Portugal has in a sense been the victim of EMU, a casualty of ideology, wishful thinking, and untested academic theories by Nobel laureates about optimal currency unions.
(...)


É bom perceber-se que a retórica dos nossos políticos não engana quem eles julgam. Há quem saiba fazer contas. E há analistas sem papas na língua.

Evans-Pritchard termina com uma proposta que, embora já me tivesse passado pela cabeça, ainda não tinha visto escrita preto-no-branco: que em vez de serem Portugal e os restantes PIIGs a sair do euro, saia antes a Alemanha, que tem capacidade para se aguentar sozinha e até valorizar a sua moeda, enquanto talvez os países do Sul conseguissem fazer adequar o euro às suas economias mais frágeis.

E por falar em Antero

Dera-se, com efeito, durante o século XVI, uma deplorável revolução nas condições económicas da sociedade portuguesa, revolução sobretudo devida ao novo estado de coisas criadas pelas conquistas. O proprietário, o agricultor, deixam a charrua e fazem-se soldados, aventureiros: atravessam o oceano, à procura de glória, de posição mais brilhante ou mais rendosa. Atraída pelas riquezas acumuladas nos grandes centros, a população rural aflui para ali, abandona os campos, e vem aumentar nas capitais o contingente da miséria, da domesticidade ou do vício. A cultura diminui gradualmente. Com essa diminuição, e com a depreciação relativa dos metais preciosos pela afluência dos tesouros do Oriente e América, os cereais chegam a preços fabulosos. O trigo, que em 1460 valia 10 réis por alqueire, tem subido, em 1520, a 20 réis, 30 e 35! Por isso o preço nos mercados estrangeiros, nem sequer pode cobrir o custo originário: a concorrência doutras nações, que produziam mais barato, esmaga-nos. Não só deixamos de exportar, mas passamos a importar.

Antero de Quental, Causas de Decadência dos Povos Peninsulares, Lisboa, 2010, pg 37

Substitua-se as conquistas pelo turismo, a afluência dos tesouros do Oriente e América pela facilidade de crédito e pela inundação de papel-moeda, e parece-me que a actualidade deste discurso proferido em 1871, na sessão inaugural das "Conferências Democráticas", não deixa dúvidas.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A crise e os animais

Diante das dificuldades económicas, muitos estrangeiros que vivem no Algarve estão a regressar aos seus países e não levam os animais que aqui adoptaram.

Não consigo entender as razões desta atitude: afinal parece que não são só os mouros quem abandona os animais quando a vida se complica. O certo é que cães e gatos estão a sofrer com esta crise para a qual não contribuíram minimamente.

(Praia da Galé, Dezembro 2006)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Terroristas à Portuguesa

Notícia do Público:

Cimeira da Nato
Dois detidos na fronteira do Caia com armas brancas e panfletos anarquistas e anti-polícia
16.11.2010 - 13:59 Por Lusa
A GNR deteve hoje de madrugada na fronteira do Caia (Elvas) duas pessoas que tinham armas brancas e vários panfletos com mensagens anarquistas e anti-polícia, disse à Lusa fonte daquela força de segurança.
Segundo a mesma fonte, os dois cidadãos, um homem de nacionalidade espanhola e uma mulher portuguesa, foram detidos cerca das 4h45 na fronteira do Caia.
A GNR encontrou no interior do carro armas brancas, designadamente uma navalha, uma catana de 40 centímetros e um estilete, e vários panfletos com mensagens anarquistas e anti-polícia, adiantou.
(...)


Oh pr'ós perigosos terroristas, com uma navalha, um estilete e uma catana de quarenta centímetros. Oh pr'ás nossas forças de segurança a fazer notícia. Oh pr'á Europa a olhar-nos cheia de respeito:

Portugal, dizia-se há anos, é o país mais liberal da Europa! A Europa, diziam os correspondentes dos jornais provincianos, inveja a nossa sorte, e acha-a única! A Europa, diziam no Grémio os jogadores de bilhar, estuda com afinco as nossas instituições, e duvida se chegará a imitá-las! A Europa quase que não compreende a nossa fenomenal liberdade de pensamento! Somente, meus senhores, ninguém se lembrava de pensar.

Antero de Quental, Carta ao Ex.mº Senhor António José d'Ávila, Marquês d'Ávila, Presidente do Conselho de Ministros

Já então era assim. O resto da carta é uma resposta maravilhosamente bem escrita à portaria com que o marquês proibira as "Conferências Democráticas" de que Antero era promotor, portaria que Antero definiu como um acto contrário à lei e ao espírito da época, e um acto tolo. A carta acaba asssim:

(...) supondo por um momento que alguma destas coisas possa passar ao século xx, folgo de deixar aos vindouros com este escrito a certeza duma coisa: que em 1871 houve um ministro que fez uma acção má e tola, e um homem que teve a franqueza caridosa de lho dizer.

O que, diz o Paulo, é uma maneira elegantíssima de mandar o marquês à merda.

Cogumelos

Não sei se se podem comer ou não, e de qualquer maneira não sou apreciadora de cogumelos, mas estes são originais e divertidos, a despontar no meio do fairway, espelhando em modo grunge as facetas das bolas que por ali rolam.

(Albufeira, Novembro 2010)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Don Pasquale

Ir à Fundação Gulbenkian assistir a uma transmissão televisiva directa da Metropolitan Opera House não é a mesma coisa que assistir a uma récita ao vivo, mas é o melhor que se arranja sem sair de Portugal, já que não perspectivamos ter tão cedo no S. Carlos espectáculos de primeira qualidade.

Dito isto, só tenho que alegrar-me e agradecer ao Met e à Gulbenkian o prazer que me deram no sábado com a transmissão do Don Pasquale de Donizetti.

A encenação de Otto Schenk, cenografia e figurinos sem arrojo mas muito bons - às vezes é mesmo o que apetece - e mesmo com alguns clichés como a cena em que Anna Netrebko / Norina calça as meias, decalcada de uma Manon em que fez furor, quando era mais jovem e mais magra e fazia personagens sexy sem precisar da suspensão da incredulidade que se usa habitualmente na Ópera. A voz, no entanto, mau grado a dicção tão incompreensível quanto a de Joan Sutherland, continua firme, ágil e sem esforço aparente nos trilos e agudos - sexy - e é sem dúvida uma forte presença no palco.

De Mariusz Kwiecien conhecia o nome e a reputação de barihunk, merecida tanto pela figura elegante e movimentação em cena quanto pela belíssima voz. O tenor Matthew Polenzani fez um Ernesto inocente, cuja única qualidade parece ser igualmente o único defeito, estar perdidamente enamorado. Achei a voz bonita, um bocadinho metálica às vezes, mas podia ser efeito do microfone.

Quanto ao protagonista, foi muito bem retratado pelo baixo-barítono John Del Carlo tanto do ponto de vista cénico como vocal, dando-lhe uma dignidade muito simpática. O divertido dueto com Kwiecien no 3º acto teve direito a repetição, nesta como em récitas anteriores.

Finalmente, coro e orquestra portaram-se lindamente, sob a direcção do maestro Levine que, diminuído ainda após a cirurgia, conduziu sentado mas aparentemente bem disposto.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

No jardim do vizinho

Na realidade, este vizinho mora no Canadá... e não sei que planta é, mas tem a graça das bagas alaranjadas a aparecer de surpresa de dentro da casca, tentando passar por azevinho em antecipação do Natal.

(Toronto, 2010)

Mozart forever

Notícia do Diário de Notícias:

Nova Zelândia
Música clássica ajuda a diminuir violência em 'shopping'
por DN.pt Hoje
A introdução de altifalantes a emitir música clássica reduziu a violência no centro comercial City Mall, em Christchurch, Nova Zelândia, contou a gerência aos media locais.
(...)

Ora vai-se a ver e depois dos bebés e dos enterococos Mozart também acalma os energúmenos que atormentam os centros comerciais. Pois muito bem, dai-lhes Mozart, e depois Beethoven e Tchaikovsky, e até eu ficarei muito mais feliz quando tiver que me meter num desses lugares inóspitos para as compras que já não encontro nas ruas do meu bairro.

domingo, 7 de novembro de 2010

Cold Song

What power art thou, who from below
Hast made me rise unwillingly and slow
From bed of everlasting snow?
See'st thou not how stiff and wondrous old
Far unfit to bear the bitter cold,
I can scarcely move or draw my breath?
Let me, let me freeze again to death.


Da ópera King Arthur, libretto de John Dryden, música de Henry Purcell


Para outra versão, alternativa e arrepiante, ver aqui.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Ilusionismo a bordo

Notícia de The Globe and Mail:

Disguised man boarded Air Canada flight
ADRIAN MORROW and JILL MAHONEY
Globe and Mail Update
Published Friday, Nov. 05, 2010 12:17AM EDT
Last updated Friday, Nov. 05, 2010 11:22AM EDT

It wasn't until several hours into the long flight from Hong Kong to Vancouver that Air Canada staff knew they'd been had.
A passenger went into the bathroom elderly and white – his face wrinkled, eyes scrunched nearly shut, only a few wisps of white hair clinging to his otherwise bald scalp – and emerged a fresh-faced, young Asian.
(...)


Não foram divulgados nem os motivos nem os objectivos do passageiro, que pediu o estatuto de refugiado ao chegar ao Canadá, mas mais uma vez se verifica quão ilusórias são as medidas de segurança que actualmente nos fazem perder tempo e paciência nos aeroportos.

Mais uma reforma ortográfica

Afinal não somos só nós, os que escrevemos português, a enfrentar uma reforma ortográfica: os espanhóis também vão ter uma alterações, mesmo sem a desculpa da uniformização trans-oceânica.

Na verdade a confusão que El País faz neste artigo com os acentos é tão grande que me parece que estão mesmo a precisar de uma reforma.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

The Circus

Um irlandês um bocado maluco chamado George Clarke anunciou outro dia que tinha descoberto uma personagem a falar ao telemóvel num filme de Charlie Chaplin de 1928.

O video do próprio Clarke é um bocado seca, por isso fica aqui o fragmento que interessa, mesmo assim com várias repetições incluindo em câmara lenta:


E agora há duas hipóteses:
  1. as imagens são verdadeiras, e têm uma explicação racional (a senhora vai a falar sozinha e está a coçar a cara, por exemplo);

  2. as imagens não são verdadeiras e foram inseridas pelo próprio Clarke, que trabalha em cinema.

De qualquer maneira, se non è vero è ben trovato.

Canto secular

[Em 1892] No ambiente de alarme financeiro, [o ministro da Fazenda, Oliveira] Martins agravou os impostos, cortou os ordenados dos funcionários (até 20%), deduziu 30% nos juros da dívida pública interna e suspendeu as admissões na função pública. Depois de dois anos de agitação, ninguém protestou, para divertimento de Oliveira Martins: «Isto nem forças tem para se sublevar. O cáustico dos impostos e deduções quase que foi recebido com bênçãos. Somos um povo excelente cujo fundo é a fraqueza bondosa e uma grande passividade.»

Rui Ramos, História de Portugal, Lisboa, 2009, pg 554

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quem preside

Notícia do Diário de Notícias:

Eleições no Brasil
Dilma é a primeira 'presidenta' do Brasil: "Sim, a mulher pode"
por Susana Salvador Hoje
(...)

Presidenta foi o termo usado pela Srª Rousseff no seu discurso de vitória, e segundo o jornal Folha de S. Paulo, foi igualmente utilizado em comícios da campanha. O Folha cita a sua própria consultora de língua portuguesa para aceitar que as duas formas estão corretas, mas ainda assim informa que vai referir-se a Dilma Rousseff como presidente. Obrigada, Folha!

Espero que presidenta fique fora do acordo ortográfico. Ou já não há palavras uniformes, independentes do género? Ou o politicamente correcto ataca de novo sem temer o ridículo? Ou é simplesmente nisto que dá o esquecimento do latim como fundamento da língua portuguesa?