Subscrevo inteiramente a excelente crítica feita pelo Joaquim no blog In Fernem Land a esta ópera de 1987, vista no último sábado no grande auditório da Fundação Gulbenkian em transmissão diferida do Met.
Eis os pontos principais:
O libretto de Alice Goodman, com "mais qualidade literária que eficácia teatral" como diz o Joaquim, evolui desde uma apresentação razoavelmente objectiva dos factos e personagens que protagonizaram a histórica visita do presidente dos EUA à China de Mao Zedong, até uma interpretação simbólica e quase onírica.
A música orquestral de John Adams, que também dirigiu, é típica do chamado minimalismo musical, repetitiva e obsessiva, "com pequenas e significativas variações graduais" (mais uma vez nas palavras do Joaquim - pelo contrário, em entrevista no intervalo, o encenador Peter Sellars encontra-lhe "enormes variações e contrastes") o que se torna cansativo numa obra desta duração. As partes vocais, por outro lado, parecem fortemente influenciadas por Wagner e Strauss. O resultado é um bocadinho complicado. A propósito, leia-se a opinião do próprio Adams no seu blog Hell Mouth.
As vozes são boas, embora James Maddalena, no protagonista, revele desgaste; as mais interessantes são as das mulheres, em especial a escocesa Janis Kelly (aos 55 anos!) como Pat Nixon e a sul-coreana Kathleen Kim, espectacular como Chiang Ch'ing, a senhora Mao.
A encenação e direcção de Peter Sellars é, para citar mais uma vez o Joaquim, "impecável" e perfeitamente adequada (com algumas coisinhas irritantes como o avião descer na vertical): afinal, a ideia original para esta ópera é dele... Os bailados coreografados por Mark Morris são excelentes.
Pode ser que a Gulbenkian transmita, na próxima temporada, a Satyagraha de Phillip Glass, que seria interessante comparar.
Fica aqui o início da grande ária de Chiang Ch'ing no segundo acto, I am the wife of Mao Zedong:
Eis os pontos principais:
O libretto de Alice Goodman, com "mais qualidade literária que eficácia teatral" como diz o Joaquim, evolui desde uma apresentação razoavelmente objectiva dos factos e personagens que protagonizaram a histórica visita do presidente dos EUA à China de Mao Zedong, até uma interpretação simbólica e quase onírica.
A música orquestral de John Adams, que também dirigiu, é típica do chamado minimalismo musical, repetitiva e obsessiva, "com pequenas e significativas variações graduais" (mais uma vez nas palavras do Joaquim - pelo contrário, em entrevista no intervalo, o encenador Peter Sellars encontra-lhe "enormes variações e contrastes") o que se torna cansativo numa obra desta duração. As partes vocais, por outro lado, parecem fortemente influenciadas por Wagner e Strauss. O resultado é um bocadinho complicado. A propósito, leia-se a opinião do próprio Adams no seu blog Hell Mouth.
As vozes são boas, embora James Maddalena, no protagonista, revele desgaste; as mais interessantes são as das mulheres, em especial a escocesa Janis Kelly (aos 55 anos!) como Pat Nixon e a sul-coreana Kathleen Kim, espectacular como Chiang Ch'ing, a senhora Mao.
A encenação e direcção de Peter Sellars é, para citar mais uma vez o Joaquim, "impecável" e perfeitamente adequada (com algumas coisinhas irritantes como o avião descer na vertical): afinal, a ideia original para esta ópera é dele... Os bailados coreografados por Mark Morris são excelentes.
Pode ser que a Gulbenkian transmita, na próxima temporada, a Satyagraha de Phillip Glass, que seria interessante comparar.
Fica aqui o início da grande ária de Chiang Ch'ing no segundo acto, I am the wife of Mao Zedong:
1 comentário:
Tinha alguma curiosidade em relação a esta ópera, embora calculasse que a música se tornasse cansativa, mas não pude ir à Gulbenkian.
Obrigado pela tua opinião e pela ligação ao blogue de John Adams. Curioso o que ele diz sobre a sua inexperiência em relação à escrita vocal quando compôs "Nixon in China". Curioso também que, actualmente, poucos compositores saibam como compor para voz.
Enviar um comentário