Já há muitos anos que não via um filme de Woody Allen, suponho que desde o século passado; neste fim de semana, por recomendações várias, entre as quais a da Helena, resolvi ver o mais recente, To Rome with Love, e encontrei um filme leve e divertido.
É óbvio que Allen está mais velho: a ironia não o abandonou, mas serve-lhe agora para desmontar os excessos da intelectualidade com que nos entreteve e fascinou nos anos setenta e oitenta. Diverte-se, e diverte-nos, a arrasar clichés, e nisso tanto vale Alec Baldwin, espécie de génio da lâmpada a denunciar a actriz supostamente inteligente, como o absurdo da personagem de Roberto Benigni, a celebridade instantânea. Mas Allen não se livra, ele mesmo, de clichés.
A Roma que nos oferece é a de um postal ilustrado de há cinquenta anos: a música italiana é Volare, as cenas concentram-se entre a Piazza di Spagna e a Fontana di Trevi, as mulheres italianas usam vestidinhos à Anna Magnani e cozinham, ou têm mamas como a Sofia Loren e são putas. O actor italiano é um personagem de Fellini. Já vimos (eu já vi) boa parte daquelas histórias.
A surpresa, e a razão por que fui ao cinema, é o cangalheiro que canta ópera no duche: porque é nada mais nada menos que Fabio Armiliato, e quem esperaria que um tenor se desembaraçasse tão bem como actor de cinema?
Quanto à ópera, a visão de Woody Allen, que encenou Gianni Schicchi na Ópera de Los Angeles em 2008, é uma visão americana. Ou então não é nada disso: o filme é que tem como público-alvo os americanos. Esta é a Roma que eles querem, a ópera que eles reconhecem, as piadas que pagam as contas.
Eu saí bem disposta. Nestes dias, isso já é muito bom.
É óbvio que Allen está mais velho: a ironia não o abandonou, mas serve-lhe agora para desmontar os excessos da intelectualidade com que nos entreteve e fascinou nos anos setenta e oitenta. Diverte-se, e diverte-nos, a arrasar clichés, e nisso tanto vale Alec Baldwin, espécie de génio da lâmpada a denunciar a actriz supostamente inteligente, como o absurdo da personagem de Roberto Benigni, a celebridade instantânea. Mas Allen não se livra, ele mesmo, de clichés.
A Roma que nos oferece é a de um postal ilustrado de há cinquenta anos: a música italiana é Volare, as cenas concentram-se entre a Piazza di Spagna e a Fontana di Trevi, as mulheres italianas usam vestidinhos à Anna Magnani e cozinham, ou têm mamas como a Sofia Loren e são putas. O actor italiano é um personagem de Fellini. Já vimos (eu já vi) boa parte daquelas histórias.
A surpresa, e a razão por que fui ao cinema, é o cangalheiro que canta ópera no duche: porque é nada mais nada menos que Fabio Armiliato, e quem esperaria que um tenor se desembaraçasse tão bem como actor de cinema?
Quanto à ópera, a visão de Woody Allen, que encenou Gianni Schicchi na Ópera de Los Angeles em 2008, é uma visão americana. Ou então não é nada disso: o filme é que tem como público-alvo os americanos. Esta é a Roma que eles querem, a ópera que eles reconhecem, as piadas que pagam as contas.
Eu saí bem disposta. Nestes dias, isso já é muito bom.
6 comentários:
Dá-lhe, Gi, gostei do comentário! São poucos os norte-americanos capazes de enxergar além do próprio umbigo, e Woody Allen não foge à regra geral. Ficasse o filme dele restrito aos Estados Unidos, tudo bem, o problema é que os filmes são uma poderosa indústria que os distribui para uma boa parcela do planeta... Esse também achei leve, mas o anterior, sobre Paris, me pareceu francamente falso. Parece que ele está a filmar grandes cidades do mundo e o Rio de Janeiro está na lista. Ok, vamos ver no que isso dá. Acho tão perigoso pôr-se a dar palpite na vida alheia...
Ludmila, disseram-me que ele agora filma as cidades que o patrocinarem, não sei se é verdade, mas é pelo menos ben trovato.
Já se via um bocado dessa visão cliché no de Paris e Barcelona. Até gostei do Vicki. Cristina, porque tinha uma história, um fio condutor, mas quando ele se mete a fazer exercícios de cameo, a tentar meter o máximo de actores do box office que consegue num só filme, já se sabe que a coisa vai falhar. Era o problema de Robert Altman e ainda está por aparecer alguém que consiga meter o Rossio na Rua da Betesga.
Rachelet, és capaz de ter razão, e lembras-me a história dos "galacticos" do Real Madrid: eram muitas estrelas mas a equipa não ganhava.
Li algures que ele disse que não se importava de filmar em Lisboa se lhe pagassem.
Paulo, foi o que me disseram, e está aqui.
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