quarta-feira, 21 de maio de 2008

Sem cicatrizes

Convenceram-se as pessoas de que têm direitos, e de que têm direitos iguais: está provavelmente na constituição de todos os países que têm constituição. Todos têm direito à habitação, ao trabalho, à saúde, à educação, ao amor, à beleza.
Tivéssemos sido mais modestos, mais realistas, e saberíamos que não há direitos, há combates. Nenhum animal selvagem tem direito à vida: tem que se esforçar por sobreviver. Os direitos das sociedades humanas têm sido conquistados. Mas hoje as pessoas habituaram-se aos direitos e não querem combater, querem receber.

E assim mulheres de várias idades, com metro e meio de altura e trinta quilos de peso a mais, em vez de fazerem dieta e exercício físico, consultam o cirurgião plástico nos hospitais públicos para reduzir o volume mamário a fim de, dizem elas, diminuir as dores nas costas. À borla, claro. E já, que o Verão vem aí.

Devia-se explicar-lhes que é mais fácil com o
Photoshop.

3 comentários:

Fernando Vasconcelos disse...

Hum, por acaso não sei se concordo. Isto é concordo que a utilização de bens comuns (hospitais) para operações com outro tipo de soluções e quando há outras bem mais urgentes a realizar é errado, porém não concordo com a dicotomia direitos/combates. Porque o facto de termos direitos (e penso que temos alguns direitos básicos) não nos deveria fazer desvalorizá-los. Eu sei que isto é dificil porque o que é oferecido é normalmente desvalorizado mas é precisamente aí que está o problema. Pode ser gratuito, pode ser um direito mas exige que o mereçamos. Exige o combate por essas e outras coisas para que amanhã estejamos a combater não pela habitação (por exemplo) mas por outras coisas ... sei lá (e agora isto até parece um discurso de Miss ...) pela paz :-)

Moura Aveirense disse...

Que paranóia com as dietas, uffffffffff...

Bom fim de semana, Moura Aveirense

Gi disse...

Fernando, o problema é esse mesmo, que as pessoas não se esforçam por merecer o que lhes aparece como um direito e levam essa ideia de direitos a extremos irrazoáveis.

Moura, o Photoshop está a dar cabo de nós: não há foto em revista que não tenha sido alterada e temos diante de nós imagens de mulheres irreais que só servem para nos baixar a auto-estima e encher de sonhos irrealizáveis.