segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Manifesto pela monarquia

Conforme prometi à Io, explico: sou monárquica porque prefiro, para representar o meu país, uma pessoa que tenha sido educada para o fazer, que sinta essa situação especial não como um trabalho nem um emprego temporário mas como algo que a define, que se identifique connosco e fale por nós, que não dependa de partidos políticos e possa assim ter e exprimir as suas opiniões considerando apenas o que pensa ser a melhor solução, sem calculismos eleitoralistas.

Por outro lado, como não sou religiosa (ao contrário do que parece, pode-se ser monárquica sem se ser católica e sem se gostar de caça nem de touradas, nem defender privilégios para a nobreza hereditária), prefiro um rei/uma rainha que o seja pela graça do povo, isto é, cuja nomeação seja confirmada por voto popular directo ou indirecto, e que reine conforme uma Constituição.

Se não puder ter uma monarquia, então prefiro uma república como a dos Estados Unidos da América, em que o presidente é eleito para formar um governo segundo um programa partidário, ou seja, é realmente um primeiro-ministro, e não anda por aí a fazer crer que é o presidente de todos os portugueses quando toda a gente sabe que ainda na véspera trocava insultos com perto de metade dos eleitores.

9 comentários:

Mário R. Gonçalves disse...

Gi

(Gulp) acho que meti água nm comentário qualquer...não a sabia tão convicta...desculpe-e
me, ok?

Não sei como consegue ser monárquica sem ser crente nem gostar de caça e touradas - o meu problema é semelhante: gostava de votar numa direita inteligente, mas sou ateu e iberista...e não existe tal coisa como "direita inteligente" em Portugal.

A monarquia é sem dúvida um regime...bonito. Príncepes e princesas, caçadas e passeios de iate. Pode facilmente ser melhor que a república, tão decrépita ela anda. Pode - lá fora, na Dinamarca. Mas olhe bem para os nossos candidatos a rei e a sua corte. Acha que ficávamos bem servidos ? Acha que faziam essa diferença que refere?

Em Portugal, creio eu, só uma coisa nos pode fazer sair do atoleiro: a unificação com Espanha. Mas não é para os nossos dias...

ematejoca disse...

Acabo de ouvir a TRANSMISSÃO directa do Teatro Nacional de São Carlos da ópera de Wagner GÖTTERDÄMMERUNG | O CREPÚSCULO DOS DEUSES, e devo esse grande prazer a si, Gi, pois foi aqui, que descobri a Antena 2. Antena, que sempre ouço, quando estou em Portugal.

Como estou muito cansada não queria dizer mais nada, mas ao ler no comentário acima "unificação com a Espanha" fiquei sem sono e horrorizada. Já o Saramago disse uma vez uma coisa assim.
Traição ou apenas burrice????!

Paulo disse...

Disse Saramago e muito bem. Eu subscrevo.
Não me importaria de ser monárquico se pudesse escolher o rei. Olha, se fosse o rei de Espanha, por exemplo.

Mas a monarquia acarreta um problema com ela: por definição, o rei (ou a rainha) é herdeiro do trono. Não vai a eleições.

Mas gostei da tua explicação, Gi.

Pitucha disse...

Compreendo-te. Tenho um assim lá em casa (mas gosta de touradas e acrescenta que a monarquia sai mais barata ao país).

Morena disse...

Bem, eu preferia, sem dúvida, ter um presidente-primeiro-ministo como nos EUA. Mas monarquia, uma coisa para toda a vida, e com direito a sucessão, isso, a uma pessoa que gosta de mudança, mete um bocado de medo.

Isabela

Joao Quaresma disse...

Mario: convido-o a informar-se sobre a Família Real Portuguesa, e Dom Duarte de Bragança em particular, ideias e tomadas de decisão. Olhe que é capaz de se surpreender pela positiva. Por alguma razão a propaganda republicana opta sempre pelo ataque pessoal para se lhe opor.

Eu sou daqueles monárquicos que, mais do que monárquico fervoroso, sou descrente no sistema republicano. Por várias razões (entre as quais as que a Gi citou) mas esta basta: a história do "presidente de todos os portugueses" e de "em República qualquer um pode ser Chefe de Estado, em vez de o critério ser o ter nascido numa dada família" é soa muito bem mas é um engano completo. Primeiro, porque uma coisa é a teoria outra é a prática, e para se chegar a presidente é preciso ser-se o escolhido por um dos dois partidos que dominam a política: PS ou PSD. Inevitavelmente. E em troca desse apoio, um presidente nunca poderá ser imparcial, "de todos os portugueses" e muito menos acima dos partidos.

Pelo contrário, numa Monarquia, a família real está completamente fora do controle dos partidos, pelo que actuará de forma independente das lógicas e das máquinas de poder dos partidos. É a excepção à partidocracia. Não é por acaso que os partidos são todos conveninentemente republicanos.

O resultado do sistema republicano (presidencialista) é sempre o mesmo: quando o PR é da cor do governo, limita-se a ser uma extensão do governo ("ditadura da maioria", costuma-se acusar); quando não é, é uma extensão da oposição ("força de bloqueio", etc..). Não é possível um PR ser um verdadeiro poder moderador e um árbitro do jogo político.

É a mesma coisa que um jogo de futebol em que o árbitro tem obrigatoriamente que vir de uma das equipas em jogo. Como é que alguma vez isto poderia funcionar?

Seele disse...

Peço desculpa se estiver a insultar o familiar de alguém que lê este blogue, mas quando oiço monarquia vem-me logo à ideia o D. Duarte e a Ixabelinha e perco logo a vontade de ser súbdita.

Gi disse...

Mário, não tem nada de que pedir desculpa. Quanto ao senhor D. Duarte (Seele, isto também é para si), não sei se ficaríamos assim tão mal servidos. Tire-lhe o sotaque e ouça-o, já tem dito coisas que fazem muito sentido, e não tem ponta de sobranceria.

A união com a Espanha (Mário, Teresa, Paulo) desagrada-me emocionalmente. Houve tanta gente a fazer tantos esforços para sermos independentes, parece-me que seria faltar-lhes ao respeito. E também não sei se ficaríamos bem ou seríamos apenas uma província secundária.

Paulo, obrigada. O rei não é eleito mas em Portugal tinha de ser confirmado pelas Cortes.

Pitucha, é bem provável que a monarquia nos ficasse mais barata, como lembrou o Antonio num comentário, já viste o que poupávamos em reformas, assessores, gabinetes e seguranças para os ex-presidentes?

Isabela, há coisas que não precisam de mudar todos os dias. Lembra-te que o Rei não governa, e os governos mudam.

João Quaresma, bem dito. Tem-se visto a incapacidade de candidatos independentes dos principais partidos chegarem a ser vistos e ouvidos, quanto mais terem uma hipótese de ser eleitos.

Teresa, que tal o Crepúsculo...?

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Narender, thank you. I visited your blog and am not sure why you're writing it.

mfc disse...

Bem mandada!