Mais que apagada e vil*, esta tristeza
É uma manta mansa, larga, densa,
Que cobre o que se diz e o que se pensa
E extingue sem remorso a chama acesa
Da esperança. Estende devagar
Os dedos de silêncio em cada canto,
Esmorece a raiva, o sonho e o pranto
E parece que come o próprio ar.
Transforma as cores todas em cinzento,
Fecha à chave as portas e janelas
Num quase imperceptível movimento.
Põe selos, puxa fitas, ata os nós:
Ficam fora todas as coisas belas
E dentro, embrutecidos, estamos nós.
* como dizia Luiz de Camões, in Os Lusíadas, Canto X, 145
Nota: Ninguém se aflija, por favor: este é um poema político, não pessoal.
É uma manta mansa, larga, densa,
Que cobre o que se diz e o que se pensa
E extingue sem remorso a chama acesa
Da esperança. Estende devagar
Os dedos de silêncio em cada canto,
Esmorece a raiva, o sonho e o pranto
E parece que come o próprio ar.
Transforma as cores todas em cinzento,
Fecha à chave as portas e janelas
Num quase imperceptível movimento.
Põe selos, puxa fitas, ata os nós:
Ficam fora todas as coisas belas
E dentro, embrutecidos, estamos nós.
* como dizia Luiz de Camões, in Os Lusíadas, Canto X, 145
Nota: Ninguém se aflija, por favor: este é um poema político, não pessoal.
10 comentários:
Este ano, nem na "silly season" nos deram tréguas.
Foi o que inicialmente pensei... que fosse um poema pessoal quando li o título.
Mas 'não há mal que sempre dure', pois não?
(GRRRRRRRRRRRR)
JQ, silly estão eles, cada vez mais.
Catarina, de certo modo é pessoal porque é assim que eu sinto a depressão, mas felizmente não me sinto assim neste momento.
Mário, oxalá!
"Silly but harmful"
Paulo, indeed.
Mas que belo soneto!
Muitíssimo bem escrito.
Parabéns!
Bjs
Obrigada, querida. Bjs.
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