quarta-feira, 2 de julho de 2014

Bourges

Quando Vercingetorix levou os gauleses a incendiar as suas cidades para evitar que os romanos se pudessem aprovisionar, os bituriges intercederam pela sua capital, Avaricum, a mais bonita cidade de quase toda a Gália*, por ser, segundo eles, fácil de defender pela natureza do local, rodeado por quase todos os lados por um rio e por pântanos e com um único acesso, e esse muito estreito.* Vercingétorix acabou por ceder aos seus pedidos e à compaixão geral* e César, após vinte e cinco dias de um cerco em condições duríssimas, sob um mau tempo constante, tomou a cidade.

Avaricum chama-se hoje Bourges. Os pântanos e o rio ainda lá estão:



e a cidade, se não a mais bonita, é sem dúvida uma graça


Eu julgava ter de ir à Alsácia para ver em França barrotes de madeira nas fachadas das casa, mas afinal nesta viagem não faltaram: aqui são originais do fim do século XV/princípio do XVI.

Mas há mais: a catedral de St. Étienne, do século XII (foto composta)


e o palácio de Jacques Coeur, um grande comerciante, conselheiro e argentier (uma espécie de director do banco central) do rei Charles VII até cair em desgraça.


A propósito, este rei devia ter sido cognominado o ingrato: deixou condenar Jacques Coeur por inveja da sua riqueza, e foi também ele que deixou condenar Joana d'Arc, cujas vitórias militares o levaram ao trono.

Finalmente, uma surpresa ao fim da tarde, no jardim de um simpático restaurante chamado Au Nez du Vin que, oh estranheza! não tem um website:


(Bourges, Junho 2014)



* C.I.Caesar, Commentarii de Bello Gallico, VII, 15

4 comentários:

Catarina disse...

Novas terras, novas riquezas. : )

Gi disse...

Catarina, :-)
Isso até se pode dizer de Jacques Coeur, que quando saiu da prisão foi refazer fortuna para terras de Levante...

Paulo disse...

(Muito engraçada, a foto composta!)

Gi disse...

Obrigada, Paulo. Demasiado pindérica para usar Photoshop...