Sobre a actual "crise migratória " talvez fosse bom que se dissesse meia dúzia de coisas que não tenho ouvido se não raramente em todo este festival mediático:
1. As dezenas de milhar de pessoas que vão chegando às nossas costas e às nossas fronteiras são apenas a vanguarda: há muitas mais desesperadas em países destroçados ou arruinados.
2. Todas estas pessoas vêm na esperança de uma vida melhor: quer sejam refugiados de guerra quer não, procuram paz, estabilidade e, na maioria dos casos, imagino, emprego. Não querem certamente ser "acolhidas" em acampamentos nem viver de rações.
3. Há quem sugira o contrário: que querem viver de subsídios. É provavelmente uma redução do que acredito seja a verdade: que queiram os benefícios e direitos que sabem ou sonham existir na Europa.
4. A chanceler Merkel quer fazer a distinção entre as pessoas que têm o direito de ser recebidas e as que não têm. Essa distinção tem a ver com a proveniência ou não de países em guerra. Mas isso relaciona-se com a história e os fantasmas da Europa e não com as necessidades dessas pessoas.
5. Enquanto não chegarem ao seu destino, serão como disse Cameron, uma praga. Com falta de higiene e deixando atrás lixo que outros apanharão.
6. O presidente húngaro afirmou que este não é um problema europeu mas sim alemão. O certo é que estas pessoas querem ir para a Alemanha que, ouviram certamente dizer, é a maior economia da Europa, e da qual esperam melhores condições para viverem; não são gado para ser dividido em quotas e levado para a Eslováquia ou para Portugal independentemente da sua vontade.
7. Portugal, um pequeno país de dez milhões de pessoas, conseguiu integrar cerca de meio milhão de "retornados" quando fez a descolonização. Isso faz-nos esperar que a Europa consiga integrar uns milhões de sírios e africanos. No entanto, os valores culturais destes estão muito mais longe dos europeus do que os dos nossos "retornados" estavam. E não devemos esquecer quão longo foi o processo. Pergunto-me se a Alemanha já integrou a sua metade oriental.
1. As dezenas de milhar de pessoas que vão chegando às nossas costas e às nossas fronteiras são apenas a vanguarda: há muitas mais desesperadas em países destroçados ou arruinados.
2. Todas estas pessoas vêm na esperança de uma vida melhor: quer sejam refugiados de guerra quer não, procuram paz, estabilidade e, na maioria dos casos, imagino, emprego. Não querem certamente ser "acolhidas" em acampamentos nem viver de rações.
3. Há quem sugira o contrário: que querem viver de subsídios. É provavelmente uma redução do que acredito seja a verdade: que queiram os benefícios e direitos que sabem ou sonham existir na Europa.
4. A chanceler Merkel quer fazer a distinção entre as pessoas que têm o direito de ser recebidas e as que não têm. Essa distinção tem a ver com a proveniência ou não de países em guerra. Mas isso relaciona-se com a história e os fantasmas da Europa e não com as necessidades dessas pessoas.
5. Enquanto não chegarem ao seu destino, serão como disse Cameron, uma praga. Com falta de higiene e deixando atrás lixo que outros apanharão.
6. O presidente húngaro afirmou que este não é um problema europeu mas sim alemão. O certo é que estas pessoas querem ir para a Alemanha que, ouviram certamente dizer, é a maior economia da Europa, e da qual esperam melhores condições para viverem; não são gado para ser dividido em quotas e levado para a Eslováquia ou para Portugal independentemente da sua vontade.
7. Portugal, um pequeno país de dez milhões de pessoas, conseguiu integrar cerca de meio milhão de "retornados" quando fez a descolonização. Isso faz-nos esperar que a Europa consiga integrar uns milhões de sírios e africanos. No entanto, os valores culturais destes estão muito mais longe dos europeus do que os dos nossos "retornados" estavam. E não devemos esquecer quão longo foi o processo. Pergunto-me se a Alemanha já integrou a sua metade oriental.
8. Fala-se do contributo que estas pessoas e as suas crianças darão à força de trabalho europeia e à sua demografia envelhecida. Como se entre os nossos principais problemas não estivessem a carência de emprego para os que já cá viviam e a deslocação da produção para o Extremo Oriente.
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