Era uma vez um hotel jovem, que para entreter os seus hóspedes contratou uma série de músicos.
Ainda não se falava de hoteis all-inclusive, nem havia animação a toda a hora, mas depois do jantar, no bar, em cada noite da semana havia uma actuação diferente, e nos jantares de Natal e fim-do-ano tocavam os entertainers mais apreciados.
Ao longo dos anos criaram-se relações de fidelidade: entre os hóspedes e o hotel, entre os músicos e o hotel, entre os hóspedes e os músicos.
O hotel renovou-se; os hóspedes e os músicos envelheceram. Mas continuaram fieis entre si.
Já lá vai muito tempo. Alguns dos músicos já só se ouvem com amplificação, outros passaram a tocar sentados. Deveriam talvez reformar-se, mas provavelmente, como independentes, pouco terão descontado para a Segurança Social, e pouco terão poupado. Vão tocando o que sempre tocaram.
E no entanto... No jantar de Natal alguém elogia a acordeonista, outra pessoa pede-lhe que toque um clássico, e ela toca uma coisa que ninguém sabe o que é, mas que a inspira, e improvisa, ornamenta. Os olhares dos hóspedes mostram um respeito renovado, os aplausos reconhecem que há mais para além do Malhão malhão e do Cheira bem cheira a Lisboa.
No fim da noite, a acordeonista pede uma cadeira, senta-se, toca. É aplaudida. Fecha os olhos, embalada pelo respeito e pelo apoio dos presentes. Há quem vá saindo, os empregados começam a levantar as mesas. O pequeno grupo junto da acordeonista fica. A acordeonista toca. É uma jam-session de uma música só a tocar o que lhe vai na alma.
Foi assim mesmo, como fica escrito.
Ainda não se falava de hoteis all-inclusive, nem havia animação a toda a hora, mas depois do jantar, no bar, em cada noite da semana havia uma actuação diferente, e nos jantares de Natal e fim-do-ano tocavam os entertainers mais apreciados.
Ao longo dos anos criaram-se relações de fidelidade: entre os hóspedes e o hotel, entre os músicos e o hotel, entre os hóspedes e os músicos.
O hotel renovou-se; os hóspedes e os músicos envelheceram. Mas continuaram fieis entre si.
Já lá vai muito tempo. Alguns dos músicos já só se ouvem com amplificação, outros passaram a tocar sentados. Deveriam talvez reformar-se, mas provavelmente, como independentes, pouco terão descontado para a Segurança Social, e pouco terão poupado. Vão tocando o que sempre tocaram.
E no entanto... No jantar de Natal alguém elogia a acordeonista, outra pessoa pede-lhe que toque um clássico, e ela toca uma coisa que ninguém sabe o que é, mas que a inspira, e improvisa, ornamenta. Os olhares dos hóspedes mostram um respeito renovado, os aplausos reconhecem que há mais para além do Malhão malhão e do Cheira bem cheira a Lisboa.
No fim da noite, a acordeonista pede uma cadeira, senta-se, toca. É aplaudida. Fecha os olhos, embalada pelo respeito e pelo apoio dos presentes. Há quem vá saindo, os empregados começam a levantar as mesas. O pequeno grupo junto da acordeonista fica. A acordeonista toca. É uma jam-session de uma música só a tocar o que lhe vai na alma.
Foi assim mesmo, como fica escrito.
2 comentários:
O respeito pelos outros sempre me comove.
Que tenhas um grande grande 2010 com tudo que desejas!
Toma um beijinho.
Muito obrigada, MFC, e um ano novo muito feliz para ti também. Bj.
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