sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Transexualidade

O meu amigo João Décio Ferreira é neste momento, julgo eu, o único cirurgião português a realizar cirurgias de reatribuição de sexo, no Hospital de Santa Maria.
É um homem bom e modesto, um cirurgião brilhante e criativo, e tem pelos pacientes um grande carinho.

Se alguém sabe do que fala quando fala de identidade de género é ele. E fala assim:

(...)
Um Transexual é alguém que nasceu com um corpo que corresponde de facto ao que indicam os seu cromossomas, XX = Feminino e XY= Masculino, mas que por uma "falha" no desenvolvimento embrionário o cérebro que se formou é do sexo oposto. Podemos assim ter um individuo com um corpo masculino e um cérebro feminino ou visse versa.
(...)
Foi assim esta situação classificada como uma doença e para a qual só havia uma solução. Como não podíamos transformar um cérebro masculino num cérebro feminino, ou visse versa, só restava pedir à Cirurgia Plástica, à Urologia e à Ginecologia que, em conjunto ou cada um por si, transformassem o corpo para o adaptar ao cérebro.
(...)
Já agora e para esclarecer todos sobre esses casos vindos nos Jornais e TVs sobre Transexuais que engravidaram, etc., posso afirmar que: pelos padrões internacionais que regem o diagnóstico de transexualidade esses indivíduos não são nem nunca foram Transexuais. Nenhum Especialista nesta área, Médico ou Psicólogo, faria tal diagnostico. O que um transexual mais quer é adaptar o seu corpo ao seu Género (ao género do cérebro com que nasceu). O facto de terem engravidado voluntariamente exclui o diagnostico de Transexual.


Uma nota final e não menos importante:

Nada há aqui de homosexualidade como muitos "pseudo peritos ignorantes" dizem nos seus comentários baralhando uma coisa com a outra (...). A Homosexualidade é uma Orientação Sexual e a Transexualidade é uma Disforia de Género. (...) São coisas completamente diferentes mas que, por serem coisas diferentes, até podem coexistir. De facto na população de Transexuais pode existir orientações sexuais Homossexuais, Heterossexuais e Bissexuais nas mesmas proporções que na população não Transsexual.

Ou seja, o facto de cada um se ver como homem ou mulher é independente de se sentir atraído por homens ou mulheres.

Quando as coisas são assim explicadas com clareza, acho difícil que se mantenham os preconceitos. E não vejo razão para quem escreve profissionalmente sobre um tema complicado não fazer primeiro uma investigação profunda. Evitava-se muito mal ao mundo.

5 comentários:

Joao Quaresma disse...

Talvez assim se justifique que o Estado comparticipe a 50% estas operações. Ainda assim...

Gi disse...

JQ, o Estado comparticipa operações muito menos justificáveis do que estas. Sem esse apoio muitas destas pessoas não poderiam de outra maneira escapar a um grande sofrimento. Enquanto noutras situações se poderia falar de falta de esforço ou empenho dos pacientes, aqui essa questão não se pode pôr.

sem-se-ver disse...

desc a picuinhice (que não o é), mas... visse versa??

Gi disse...

Sem-se-ver, :-)
Ele escreve mesmo assim, não há nada a fazer... Penso que é uma forma ligeira de dislexia.

sem-se-ver disse...

ah, ok

(...)