Escondido num centro comercial na Ku'Damm fica uma espécie de museu chamado The Story of Berlin, que conta a evolução da cidade desde as origens medievais até à reunificação de 1989.
É uma proposta ambiciosa realizada com relativamente poucos recursos, e cujo ponto alto é a visita guiada a um bunker anti-atómico subterrâneo, construído nos anos 70 do século XX, em plena Guerra Fria, (mal) pensado para abrigar até três mil e seiscentas pessoas (as primeiras que conseguissem chegar, de qualquer sexo e idade) durante duas semanas, após a eventual queda de uma bomba atómica perto da cidade.
Desde a entrada, uma sala nua em que era suposto as pessoas despirem-se completamente e tomarem duche para se descontaminarem (inevitáveis as lembranças de outros duches colectivos),
antes de vestirem fatos de treino que não mais seriam lavados nem despidos, até aos beliches básicos de metal e rede que ocupariam quase todo o espaço disponível, sobrepostos quatro a quatro (esqueci-me de perguntar como subiam e desciam os inquilinos de cima) na quase escuridão
às duas cozinhas tamanho caseiro e aos alimentos enlatados
às quatro casas de banho colectivas e aos dois rolos de papel higiénico atribuídos a cada pessoa, aos dezasseis supervisores encarregados de preservar a ordem e cuidar da manutenção, ao posto médico rudimentar onde eventuais médicos presentes entre os refugiados tentariam tratar diarreias, feridas, desidratações e o mais que aparecesse
É uma proposta ambiciosa realizada com relativamente poucos recursos, e cujo ponto alto é a visita guiada a um bunker anti-atómico subterrâneo, construído nos anos 70 do século XX, em plena Guerra Fria, (mal) pensado para abrigar até três mil e seiscentas pessoas (as primeiras que conseguissem chegar, de qualquer sexo e idade) durante duas semanas, após a eventual queda de uma bomba atómica perto da cidade.
Desde a entrada, uma sala nua em que era suposto as pessoas despirem-se completamente e tomarem duche para se descontaminarem (inevitáveis as lembranças de outros duches colectivos),
antes de vestirem fatos de treino que não mais seriam lavados nem despidos, até aos beliches básicos de metal e rede que ocupariam quase todo o espaço disponível, sobrepostos quatro a quatro (esqueci-me de perguntar como subiam e desciam os inquilinos de cima) na quase escuridão
às duas cozinhas tamanho caseiro e aos alimentos enlatados
às quatro casas de banho colectivas e aos dois rolos de papel higiénico atribuídos a cada pessoa, aos dezasseis supervisores encarregados de preservar a ordem e cuidar da manutenção, ao posto médico rudimentar onde eventuais médicos presentes entre os refugiados tentariam tratar diarreias, feridas, desidratações e o mais que aparecesse
(Berlin, Março 2015)
ao que aconteceria quando os filtros deixassem de funcionar e fosse necessário sair pela mesma sala por onde tinham entrado (e onde entretanto teriam ficado empilhadas as roupas contaminadas de três mil e seiscentas pessoas?) só posso ficar ainda mais feliz por nunca ter sido preciso usá-lo e desejar ainda mais ardentemente que nunca seja preciso.
2 comentários:
Já estive tão perto, várias vezes, mas nunca lá fui.
Paulo, acho que valeu a pena.
É assustador imaginar três mil e seiscentas pessoas, incluindo crianças e bebés, enfiadas naquele aperto durante duas semanas até que os filtros de ar deixassem de funcionar.
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