Sou capaz de estar muito e muito tempo sem ir ao cinema. Desde que a indústria assumiu como público-alvo o pessoal entre os dezoito e os vinte e quatro anos que me retirei desse jogo. As receitas são sempre as mesmas, porque os espectadores que ao fim de seis anos passam a reconhecê-las saem das salas e são substituídos por novos inocentes a quem são dados os mesmos ingredientes em proporções semelhantes.
Todavia, quando passo muito tempo sem que um único título me atraia, começo a achar que sou eu que não estou bem, e lá arrisco mais uma vez. Neste fim de ano fiz várias tentativas, e todas me deixaram aquele sabor a nada.
Vi o feel-good-movie que foi The Soloist. O enredo e a solução eram evidentes, mas havia música e uma boa representação. Viu-se.
Depois um desastre, The Brothers Bloom, anunciado como uma história de vigaristas vigarizados que me fez esperar por um guião complicado à David Mamet. Aguentei até ao fim na ideia de que não era possível ser tão mau, alguém havia de dar a volta àquilo. Não deram.
A seguir a encantadora Michelle Pfeiffer arrastou-me a uma fita de época, Chéri, em que mais uma vez se põem em cena a prostituta de bom coração e o jovem apaixonado. Porque gostam tanto os contadores de histórias de putas, chulos e bandidos ainda estou para saber. Cenários e vestidos em tons pastel, rapazinhos depilados, a senhora Pfeiffer feita pele e osso, não havia necessidade.
Ontem foi a vez de Ágora, uma espécie de panfleto politicamente correcto: contra a intolerância religiosa, a favor da independência das mulheres, pelo conhecimento contra o obscurantismo, contra as discriminações sociais, que sei eu... Saí a meio, a sentir que o realizador andava à deriva e sem vontade de o acompanhar. Hoje li uma crítica que sugere que a partir do intervalo é que valia a pena. Oh well.
Na próxima semana ainda hei-de aturar o Sherlock Holmes para o qual foi solicitada a minha companhia. E depois disso volto ao iPod, aos livros, e aos meus pesadelos, que são bem mais intrigantes do que todas estas tretas e não cheiram a pipocas.
Todavia, quando passo muito tempo sem que um único título me atraia, começo a achar que sou eu que não estou bem, e lá arrisco mais uma vez. Neste fim de ano fiz várias tentativas, e todas me deixaram aquele sabor a nada.
Vi o feel-good-movie que foi The Soloist. O enredo e a solução eram evidentes, mas havia música e uma boa representação. Viu-se.
Depois um desastre, The Brothers Bloom, anunciado como uma história de vigaristas vigarizados que me fez esperar por um guião complicado à David Mamet. Aguentei até ao fim na ideia de que não era possível ser tão mau, alguém havia de dar a volta àquilo. Não deram.
A seguir a encantadora Michelle Pfeiffer arrastou-me a uma fita de época, Chéri, em que mais uma vez se põem em cena a prostituta de bom coração e o jovem apaixonado. Porque gostam tanto os contadores de histórias de putas, chulos e bandidos ainda estou para saber. Cenários e vestidos em tons pastel, rapazinhos depilados, a senhora Pfeiffer feita pele e osso, não havia necessidade.
Ontem foi a vez de Ágora, uma espécie de panfleto politicamente correcto: contra a intolerância religiosa, a favor da independência das mulheres, pelo conhecimento contra o obscurantismo, contra as discriminações sociais, que sei eu... Saí a meio, a sentir que o realizador andava à deriva e sem vontade de o acompanhar. Hoje li uma crítica que sugere que a partir do intervalo é que valia a pena. Oh well.
Na próxima semana ainda hei-de aturar o Sherlock Holmes para o qual foi solicitada a minha companhia. E depois disso volto ao iPod, aos livros, e aos meus pesadelos, que são bem mais intrigantes do que todas estas tretas e não cheiram a pipocas.
15 comentários:
Achei graça a essa parte:
"Porque gostam tanto os contadores de histórias de putas, chulos e bandidos ainda estou para saber"
Eu acho que dá para entender, mesmo que não seja por razões estritamente comerciais... como normalmente é, aí dou-lhe razão.
Veja o meu blogue. Se gosta de livros tem de ir à antiga Bucholz.
Quase que mais vale fazer como eu e dizer que não gosto de tudo... cinema, música...
Eu não sei bem o que dizer sobre o tema. Muitas vezes o meu gosto é simplório, não há nada a fazer. Outras é um pouco mais refinado. Ainda há dias estava a dar um suposto bom filme, velho de décadas, recheado de bons actores chamado The Deer Hunter (aqui não traduzem os títulos dos filmes para holandês) - não aguentei. Apanhei uma seca descomunal e a meio mudei de canal. Adorei o Gran Torino, outro com boa fama e um bom actor, por outro lado. Mas quem me tira uma Bridget Jones, um Piratas das Caraíbas ou um Arma Mortífera tira-me tudo. Gostos. Cada um tem de descobrir o seu e viver com ele.
E o "bem-vindo ao Norte"?
Uma comédia engraçada.
Os alemães fizeram alguns filmes engraçadinhos (mas já nada tipo Fritz Lang).
E ando há que tempos para ir ver o vencedor da Berlinale do ano passado: la teta assustada.
Pensando bem, este ano também não fui muito ao cinema.
Gi, gostei imenso do Abrazos Rotos (finalmente achei a Penélope actriz).
O Séraphine é um filme espantoso, em minha opinião.
Maria Helena
Nádia, já me tinham contado sobre a Buchholz, mas não tenho hipótese de ir a Lisboa antes do dia 18.
Goldfish, há filmes que se viram bem na sua época e agora são insuportáveis. Dito isto, também gostei da Arma Mortífera (I - as sequelas normalmente não prestam).
Helena, não sei qual é o "benvindo ao Norte". E também é verdade que alguns filmes que me interessariam não passam nos multiplexes do Algarve.
Maria Helena, ditto, mas talvez consiga apanhar os Abrazos Rotos nalgum clube de vídeo (espécie em vias de extinção e com horários incompreensíveis).
Gi: os saldos da Bucholz só devem acabar a 23. Eu é que não tenho paciência para confusões e já falta espaço para livros.
Filmes? Desde há muito tempo que só na Cinemateca. O resto vejo em DVD e assim já não tenho que aturar décibeis brutais, ruminantes de pipocas, joelhos a embalarem o meu banco e aqueles gargalhadores profissionais que são contratados para convencerem o público que o filme tem muita piada.
João, assim talvez dê lá um salto no sábado, se não houver muita confusão - também não gosto, nem de filas para pagamento. Provavelmente descobrirei que os livros que me interessavam já foram há muito tempo.
Espaço para livros nunca há suficiente, ando há cerca de um ano a pensar fazer uma doação à biblioteca local.
JQ, sou eu ou os decibeis são particularmente altos durante os 15 minutos de publicidade prévia?
Gostei do post. Eu, que sou cada vez menos audio-visual (excepto no e-reader) rendi-me ao conforto do lar e vejo os filmes em casa. Sempre dá para fazer pausa para mudar de ares se a coisa estiver para o chata!
Pitucha, ir ao cinema também é uma maneira de sair de casa e arejar... mas a maioria das vezes não vale realmente a pena.
No meu caso é só nos 5 minutos inicais, porque depois vou bater à porta do projeccionista para me queixar dos decibéis e dos graus a menos no ar condicionado.
Mas ultimamente já não me dou a esse trabalho: simplesmente não vou. El Corte Inglês, nunca mais (é pena porque são boas salas, e o público é normalmente civilizado).
PS. Pesadelos intrigantes?..
JQ, pois são. Já pensei escrevê-los mas tenho medo que os meus amigos psis leiam e me mandem internar ;-)
Bienvenue chez les Ch'tis, Gi. É uma excelente comédia. A não perder, se a encontrares algures.
Paulo, tentarei encontrar.
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