Notícia do Público:
Saúde
Ministério revela que faltam entre 300 e 400 médicos de família e em 2013 poderá ser pior
16.12.2009 - 07:42 Por Alexandra Campos
Afinal, há ou não há falta de médicos em Portugal? A questão voltou ontem a colocar-se, a propósito da formalização de um novo curso de Medicina na Universidade de Aveiro. O Ministério da Saúde (MS) e o primeiro-ministro garantem peremptoriamente que sim, que há falta de clínicos. "Estamos a importar médicos. Temos de criar novas ofertas de cursos de Medicina para que o país disponha mais rapidamente dos médicos necessários", justificou ontem José Sócrates, na cerimónia de oficialização do curso.
(...)
Criticando a criação de mais um curso, o nono em Portugal, a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) contrapõe que não existe um défice no número total de médicos em Portugal, mas sim problemas na distribuição por região e especialidade. E é isso mesmo que provoca na população "insatisfação" e "percepção da falta de médicos".
A ANEM cita, a propósito, os dados mais recentes publicados em Julho no Relatório Anual da OCDE que colocam Portugal acima da média, com 3,5 clínicos por mil habitantes.
(...)
"Dizer que se cria uma faculdade porque há falta de médicos não faz sentido", uma vez que os que vão começar a ser formados a partir de 2011 - altura em que arranca o curso de Aveiro - apenas serão médicos depois de 2020, retorque o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, para quem Portugal vai começar a formar médicos "para o desemprego".
(...)
Se o problema fosse de falta de médicos, bastaria aumentar cuidadosamente o número de vagas nos cursos clássicos de Medicina. Mas o que se pretende é implantar este novo curso, certamente igual àquele que começou este ano na Universidade do Algarve, e que foi comprado a uma empresa do Reino Unido (se bem me lembro), que o patenteou e o vendeu para meia dúzia de Universidades no país, no Canadá e na Austrália.
É um curso de quatro anos, em que os alunos, pessoas entre os vinte e poucos e os trinta e poucos anos, já com uma licenciatura, acompanharão clínicos gerais e médicos hospitalares e tentarão aprender na prática, com os casos que forem aparecendo e consoante a disponibilidade e capacidade dos ditos médicos para ensinar.
Terão também aulas com manequins, onde suponho que praticarão injecções e técnicas de reanimação, e com actores que fingirão ser doentes (!). O resto, a anatomia, a bioquímica, a microbiologia - as chamadas ciências básicas - imagino que lerão nos tratados.
Pode ser que resulte. Espero que sim, porque daqui a uns anos, quando eu for velha e os médicos a quem hoje recorro estiverem reformados, é este pessoal que vai tratar de mim.
Saúde
Ministério revela que faltam entre 300 e 400 médicos de família e em 2013 poderá ser pior
16.12.2009 - 07:42 Por Alexandra Campos
Afinal, há ou não há falta de médicos em Portugal? A questão voltou ontem a colocar-se, a propósito da formalização de um novo curso de Medicina na Universidade de Aveiro. O Ministério da Saúde (MS) e o primeiro-ministro garantem peremptoriamente que sim, que há falta de clínicos. "Estamos a importar médicos. Temos de criar novas ofertas de cursos de Medicina para que o país disponha mais rapidamente dos médicos necessários", justificou ontem José Sócrates, na cerimónia de oficialização do curso.
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Criticando a criação de mais um curso, o nono em Portugal, a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) contrapõe que não existe um défice no número total de médicos em Portugal, mas sim problemas na distribuição por região e especialidade. E é isso mesmo que provoca na população "insatisfação" e "percepção da falta de médicos".
A ANEM cita, a propósito, os dados mais recentes publicados em Julho no Relatório Anual da OCDE que colocam Portugal acima da média, com 3,5 clínicos por mil habitantes.
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"Dizer que se cria uma faculdade porque há falta de médicos não faz sentido", uma vez que os que vão começar a ser formados a partir de 2011 - altura em que arranca o curso de Aveiro - apenas serão médicos depois de 2020, retorque o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, para quem Portugal vai começar a formar médicos "para o desemprego".
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Se o problema fosse de falta de médicos, bastaria aumentar cuidadosamente o número de vagas nos cursos clássicos de Medicina. Mas o que se pretende é implantar este novo curso, certamente igual àquele que começou este ano na Universidade do Algarve, e que foi comprado a uma empresa do Reino Unido (se bem me lembro), que o patenteou e o vendeu para meia dúzia de Universidades no país, no Canadá e na Austrália.
É um curso de quatro anos, em que os alunos, pessoas entre os vinte e poucos e os trinta e poucos anos, já com uma licenciatura, acompanharão clínicos gerais e médicos hospitalares e tentarão aprender na prática, com os casos que forem aparecendo e consoante a disponibilidade e capacidade dos ditos médicos para ensinar.
Terão também aulas com manequins, onde suponho que praticarão injecções e técnicas de reanimação, e com actores que fingirão ser doentes (!). O resto, a anatomia, a bioquímica, a microbiologia - as chamadas ciências básicas - imagino que lerão nos tratados.
Pode ser que resulte. Espero que sim, porque daqui a uns anos, quando eu for velha e os médicos a quem hoje recorro estiverem reformados, é este pessoal que vai tratar de mim.
2 comentários:
Desde que a Dra Ana Jorge é ministra que a nossa saúde anda muito britânica. Curso inglês, milhões para vacinas da gripe A comprados à Glaxon Smith Kline. Porque será?
hehehe Ontem tive pouco tempo de ver TV, mas senti que havia um frenesim por causa do anúncio do novo curso, estava tudo muito nervoso! LOL
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