Depois de ler este post no valkirio, não resisti a uma viagem ao S. Carlos para ouvir a penúltima ópera da temporada e da direcção Dammann.
(TNSC, Lisboa, Junho 2010)
O Paulo, como de costume, tem razão: a encenação é idiota, os músicos duma maneira geral estiveram benzinho, e o baixo Alexei Tanovitski é um caso à parte: uma voz linda, potente, melodiosa. Eu gostei também da soprano Natalija Kovalova, no papel de Tatiana, com um timbre claro e competente na evolução do primeiro para o terceiro acto. O tenor Musa Nkuna já é nosso conhecido: tem entusiasmo qb mas a voz, sobretudo nos graves, falta-lhe um poucochinho. Quanto ao barítono, Albert Shagidullin, as coisas até iam menos mal até ser confrontado com Tanovitski a cantar o príncipe Gremin do camarote real: a partir daí praticamente deixou de se ouvir, abafado pela orquestra (que de resto, dirigida por Michail Jurowski, tocou com delicadeza e sensibilidade) como já antes fora abafado nos ensembles.
Achei os figurinos, como tem sido hábito, confusos e feios. Entre outros pontos, e para além de Tatiana se vestir de criada e Olga de rapaz, alguém saberá explicar porque andam ambas de gabardina dentro de casa?
Quanto à encenação, repito, é idiota, e se posso imaginar alguns dos conceitos subjacentes, o que não quer dizer que acerte, acho injustificável fazer o intervalo antes do duelo, separando uma unidade temporal e criando outra onde ela não deve existir.
Mas valeu a pena a viagem para assistir a uma récita decente, com um bom soprano e um baixo que em cinco minutos mostrou do que falamos quando falamos de música. Oiçam-no aqui neste video amador:
(TNSC, Lisboa, Junho 2010)
O Paulo, como de costume, tem razão: a encenação é idiota, os músicos duma maneira geral estiveram benzinho, e o baixo Alexei Tanovitski é um caso à parte: uma voz linda, potente, melodiosa. Eu gostei também da soprano Natalija Kovalova, no papel de Tatiana, com um timbre claro e competente na evolução do primeiro para o terceiro acto. O tenor Musa Nkuna já é nosso conhecido: tem entusiasmo qb mas a voz, sobretudo nos graves, falta-lhe um poucochinho. Quanto ao barítono, Albert Shagidullin, as coisas até iam menos mal até ser confrontado com Tanovitski a cantar o príncipe Gremin do camarote real: a partir daí praticamente deixou de se ouvir, abafado pela orquestra (que de resto, dirigida por Michail Jurowski, tocou com delicadeza e sensibilidade) como já antes fora abafado nos ensembles.
Achei os figurinos, como tem sido hábito, confusos e feios. Entre outros pontos, e para além de Tatiana se vestir de criada e Olga de rapaz, alguém saberá explicar porque andam ambas de gabardina dentro de casa?
Quanto à encenação, repito, é idiota, e se posso imaginar alguns dos conceitos subjacentes, o que não quer dizer que acerte, acho injustificável fazer o intervalo antes do duelo, separando uma unidade temporal e criando outra onde ela não deve existir.
Mas valeu a pena a viagem para assistir a uma récita decente, com um bom soprano e um baixo que em cinco minutos mostrou do que falamos quando falamos de música. Oiçam-no aqui neste video amador:
7 comentários:
Parabéns pela descoberta do clip, se bem que ele tenha estado muito melhor em Lisboa, pelo menos na récita que eu vi. Mais seguro.
Há uns dias li uma crítica já nem sei onde que mencionava exactamente o gosto dos encenadores alemães por gabardinas. Uma praga.
Ele é o Alexei, claro.
Também gostei mais dele em Lisboa, Paulo. Lembro-me dessa crítica, falavam em casacos de cabedal, devia ser no Parterre.
Aqui nem eram de cabedal, eram mais trench-coats.
Sim, era isso, mas vai dar ao mesmo. Sobretudos também servem quando eles querem fazer variações sobre o tema.
Marlene Dietrich? Será que é algum trauma subjacente não ultrapassado? É que eu por exemplo sempre que penso em Marlene também penso em gabardines.
A sério, Fernando? Eu lembro-me mais desta imagem.
De qualquer maneira, o que tem Tchaikovsky a ver com a Dietrich?
Que giro este vídeo! O "meu" Alexei também cantou e encantou uns furinhos acima.
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