Certas povoações, de tão bonitas, entregaram-se completamente ao turismo e perderam outros interesses. Quando arrancam os autocarros, as lojas de lembranças e artesanato fecham, os cafés também e, como já não há residentes, as ruas ficam desertas.
Há disso em Portugal como em Itália. Eu gosto das cidades com vida própria, à qual os turistas se acrescentam sem parecerem ser a razão da existência. Parafraseando Pompeu o Grande: as qualidades não estão nos lugares e nas casas, mas nos homens*.
Lucca é um exemplo, que visitei finalmente e pela primeira vez. Conhecia-a sobretudo por nela ter tido lugar, na primavera de 56 a.C, uma famosa reunião entre os homens mais poderosos da época, na qual César, Pompeu e Crasso negociaram apoios e definiram tarefas para os cinco anos seguintes. Da antiguidade clássica não sobra porém muito na Lucca de hoje: a forma e o nome da Piazza dell'Anfiteatro e algumas ruínas na cave da Chiesa di SS. Giovanni e Riparata.
Da cidade medieval há muito mais: as muralhas, a Torre Guinigi com o seu jardim a dezenas de metros de altura (antes que me perguntem: não, não subi), o labirinto das ruas pedonais onde andei de carro perdida e, por outro lado, possivelmente uma das igrejas mais feias de Itália, que no entanto possui um belíssimo quadro de Filippino Lippi.
E muito mais: o Duomo, o Teatro del Giglio, e a partir de ontem, se tudo tiver corrido bem, a casa natal restaurada de Puccini.
*Appianus, As Guerras Civis, II,5.37
Há disso em Portugal como em Itália. Eu gosto das cidades com vida própria, à qual os turistas se acrescentam sem parecerem ser a razão da existência. Parafraseando Pompeu o Grande: as qualidades não estão nos lugares e nas casas, mas nos homens*.
Lucca é um exemplo, que visitei finalmente e pela primeira vez. Conhecia-a sobretudo por nela ter tido lugar, na primavera de 56 a.C, uma famosa reunião entre os homens mais poderosos da época, na qual César, Pompeu e Crasso negociaram apoios e definiram tarefas para os cinco anos seguintes. Da antiguidade clássica não sobra porém muito na Lucca de hoje: a forma e o nome da Piazza dell'Anfiteatro e algumas ruínas na cave da Chiesa di SS. Giovanni e Riparata.
Da cidade medieval há muito mais: as muralhas, a Torre Guinigi com o seu jardim a dezenas de metros de altura (antes que me perguntem: não, não subi), o labirinto das ruas pedonais onde andei de carro perdida e, por outro lado, possivelmente uma das igrejas mais feias de Itália, que no entanto possui um belíssimo quadro de Filippino Lippi.
E muito mais: o Duomo, o Teatro del Giglio, e a partir de ontem, se tudo tiver corrido bem, a casa natal restaurada de Puccini.
(Lucca, Setembro 2011)
*Appianus, As Guerras Civis, II,5.37
3 comentários:
Bom, mas este seu passeio foi MUITO bem planeado! Lucca, um dos meus grandes amores de Itália, é daquelas cidades que se percorrem a pé (não de carro! e é difícil estacionar!) 500 vezes, de onde não apetece mais sair, onde cada esquina é um novo deslumbramento, cada praça um lugar de pasmo, cada loja uma vontade irresistível de comprar, está no meu top de cidades-onde-um-dia-hei-de-viver...
Nem a igreja que diz é feia. Diferente, desiquilibrada - mas gloriosamente italiana!
Relembro aquela piazza, irregularmente oval, que é linda em qualquer sítio do mundo!
Mário, mais uma vez estamos de acordo (menos na igreja hehe). Imagine perder-nos de carro, à chegada, à procura do hotel, naquelas ruazinhas pedonais, e ninguém se aborrecer connosco!
Mfc, a piazza é encantadora, e foi vê-la em fotos (por exemplo, aqui - obrigada, Rachelet!) que me decidiu a fazer a visita desta vez.
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