Notícia do Expresso:
Os BRIC vão dominar o mundo ou este bloco não tem futuro?
O futuro do grupo alternativo ao G7 continua envolto em polémica. A crise empurrou-o para a ribalta, mas os problemas internos que afligem Brasil, Rússia, Índia e China suscitam muitas dúvidas sobre a sua força real e futuro.
Jorge Nascimento Rodrigues (www.expresso.pt)
15:36 Domingo, 16 de dezembro de 2012
(...) Ruchir Sharma, diretor da área de Mercados Emergentes e Macroeconomia global da Morgan Stanley, é perentório, em entrevista ao Expresso: "Na realidade, nunca pertenceram ao mesmo acrónimo". O especialista indiano vai mais longe: nunca foram e nunca serão um bloco nem geopolítico nem económico.
(...)
Olhando os números divulgados em outubro pelo Fundo Monetário Internacional para este conjunto que deveria ser o novo farol sem mácula, as desilusões são muitas: o trambolhão monumental do Brasil vai continuar, de 7,5% em 2010 para uma previsão de 1,5% este ano; a Rússia abranda de 4,3% para 3,8% no mesmo período; a Índia também dará um trambolhão de 10,1% para 4,9%; e o crescimento na China descerá, este ano, abaixo do limiar político dos 8%, com as estimativas a variar entre 7,7% e 7,8%, depois de ter crescido 10,4% há dois anos.
Preocupados como andamos com a nossa própria economia, com as medidas de austeridade e os problemas da zona euro, é raro lermos notícias sobre o que se passa com os países para os quais temos vindo a perder competitividade. Enquanto nunca acreditei que estivessem ao abrigo de intercorrências, não tive consciência disto: de que apesar de serem metidos no mesmo saco de economias emergentes, não têm realmente nada que ver uns com os outros.
Ontem li um cenário supostamente alarmante sobre a substituição do dólar e do euro na cena internacional por um yuan baseado no padrão ouro (não percebo nada deste tema, mas li em tempos um artigo de Oliver Kamm, hoje suponho que só disponível para subscritores do Times, que afirmava precisamente a vantagem de se ter desligado a moeda desse padrão). Hoje leio sobre a bolha imobiliária chinesa e a sua economia sem fundações sólidas, e parece-me fazer mais sentido.
Estarei a ver bem ou não passará de wishful thinking?
Os BRIC vão dominar o mundo ou este bloco não tem futuro?
O futuro do grupo alternativo ao G7 continua envolto em polémica. A crise empurrou-o para a ribalta, mas os problemas internos que afligem Brasil, Rússia, Índia e China suscitam muitas dúvidas sobre a sua força real e futuro.
Jorge Nascimento Rodrigues (www.expresso.pt)
15:36 Domingo, 16 de dezembro de 2012
(...) Ruchir Sharma, diretor da área de Mercados Emergentes e Macroeconomia global da Morgan Stanley, é perentório, em entrevista ao Expresso: "Na realidade, nunca pertenceram ao mesmo acrónimo". O especialista indiano vai mais longe: nunca foram e nunca serão um bloco nem geopolítico nem económico.
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Olhando os números divulgados em outubro pelo Fundo Monetário Internacional para este conjunto que deveria ser o novo farol sem mácula, as desilusões são muitas: o trambolhão monumental do Brasil vai continuar, de 7,5% em 2010 para uma previsão de 1,5% este ano; a Rússia abranda de 4,3% para 3,8% no mesmo período; a Índia também dará um trambolhão de 10,1% para 4,9%; e o crescimento na China descerá, este ano, abaixo do limiar político dos 8%, com as estimativas a variar entre 7,7% e 7,8%, depois de ter crescido 10,4% há dois anos.
Preocupados como andamos com a nossa própria economia, com as medidas de austeridade e os problemas da zona euro, é raro lermos notícias sobre o que se passa com os países para os quais temos vindo a perder competitividade. Enquanto nunca acreditei que estivessem ao abrigo de intercorrências, não tive consciência disto: de que apesar de serem metidos no mesmo saco de economias emergentes, não têm realmente nada que ver uns com os outros.
Ontem li um cenário supostamente alarmante sobre a substituição do dólar e do euro na cena internacional por um yuan baseado no padrão ouro (não percebo nada deste tema, mas li em tempos um artigo de Oliver Kamm, hoje suponho que só disponível para subscritores do Times, que afirmava precisamente a vantagem de se ter desligado a moeda desse padrão). Hoje leio sobre a bolha imobiliária chinesa e a sua economia sem fundações sólidas, e parece-me fazer mais sentido.
Estarei a ver bem ou não passará de wishful thinking?
2 comentários:
Tmbém me parece que os BRIC são mais uma fantasia de economistas armados em videntes.
Mas dos paises referidos, a Rússia será o único que não apresenta desequilíbrios internos monumentais capazes de inviabilizar crescimento e estabilidade. Lembro que a Rússia, para além de imensos recursos energéticos e minerais, tem uma mão de obra bem qualificada, um sistema de ensino avançado, e mais: produz os seus próprios reactores (o Brasil importa, a India importa), os seus aviões , os seus navios, os seus combóios, a sua maquinaria, e em bons anos agrícolas é autosuficiente em cereais. Tem um território imenso em vias de crescimento acelerado.
E depois tem o património arquitectural, a música, a literatura e os museus que os outros nem sonham.
O Brasil tem o carnaval. E, se algum património cultural tem, é colonial.
Tenho a Rússia como a grande economia emergente para a segunda metade do século. O resto são "tigres de papel".
Mário, veremos o que acontece nos próximos anos.
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