quinta-feira, 14 de março de 2013

Nas montanhas

Quando pensamos em fronteiras políticas artificiais, referimo-nos aos países africanos ou então às pretensões autonómicas dos bascos, catalães ou irlandeses. Às vezes nós, portugueses, falamos de Olivença, sem levar o caso muito a sério, mas dificilmente temos noção de que há outras regiões no centro do continente que vivem ainda anexadas por direito de guerra ao país errado.

Uma dessas regiões fica no Alto Adige ou, como preferem os habitantes, no Südtirol: pertence à Itália mas tem muito mais em comum com a Áustria ou a Suíça, a começar pela língua: se é certo que nos mapas as povoações se chamam Glorenza ou Malles Venosta, quando lá chegamos deparamo-nos com Glurns e Mals am Vinschgau.

(Valle Venosta/Vinschgau, Março 2013)

O ponto mais alto ;-) desta curta visita ao Tirol do Sul foi a subida em tele-ski até às pistas de Plantapatsch, a 2150 metros de altitude:

(Plantapatsch, Março 2013)

Como não pratico ski, não continuei a subida até Watles, a 2555 metros, mas assisti à evacuação por helicóptero de um desportista magoado...

(Plantapatsch-Hütte, Março 2013)

Em baixo, no vale, sem neve, fazem-se caminhadas a pé pelo campo. As cidadezinhas estão meio desertas: visita-se a igreja com o cemitério em redor, cheio de campas de famílias com nomes alemães.

(Burgusio/Burgeis, Março 2013)

Não sei de que vive aquela gente. A época alta de turismo é, ao contrário do que se pode imaginar, o Verão. Mas o que me pergunto é o que fazem as populações na época baixa. Suspeito que lá, como cá, a solução passe por subsídios.

6 comentários:

Paulo disse...

Quando estive em Lugano, também me parecia sempre que estava no Norte da Itália. E uma vez, no milénio passado, fiquei muito assustado quando me disseram que ia trabalhar com italianos de Bolzano. Afinal vinham de Bozen.

Joao Quaresma disse...

É uma parte da Áustria que foi anexada pelos italianos nas negociações no final da Primeira Grande Guerra. Por exemplo, o verdadeiro nome de Cortina d'Ampezzo é Hayden. A bebida local não é o vinho, mas a cerveja (bebida em grandes copos em forma de bota). Não faltam exemplos destes pela Europa fora.

Gi disse...

Paulo, também me faz um bocadinho de confusão Lugano ser na Suíça, sobretudo porque um dos meus hoteis preferidos é logo ali ao lado, em Itália :-)

Gi disse...

JQ, no entanto, num restaurante em Burgeis recomendaram-me uns vinhos e quando perguntei se eram italianos; responderam-me prontamente: Nein, von Südtirol!

Helena Araújo disse...

Outro caso semelhante é a Alsácia.
Quanto ao Südtirol: para além do turismo, muito importante, vivem muito da agricultura, da pecuária e das indústrias ligadas a esses sectores. Maçãs do Südtirol, queijos do Südtirol, etc. - o nome é uma marca e um laço afectivo nos mercados que falam alemão. Parece-me.

Gi disse...

Helena, percebo. As actividades económicas sazonais fazem-me sempre alguma confusão - ver aquelas cidadezinhas praticamente desertas foi estranho.