domingo, 7 de outubro de 2007

Só me faltou ir a Fátima

Sexta feira fui ver Fados de Carlos Saura: acredito que Saura goste de fado, mas este filme não vai atrair ninguém para esta música: não há argumento nem história, não há cenários, não há explicações, há uma tentativa de modernidade com um rap de homenagem a Alfredo Marceneiro, e de resto alguns excelentes cantores já envelhecidos e um clip lamentável de Amália a ensaiar, já sem voz nem encanto.

A fotografia em tons sépia, embora muito bonita, encoraja-nos a pensar no fado como uma canção de outros tempos. Na sequência na casa de fados os cantores parecem um bando de ceguinhos (é impressionante como a maioria dos fadistas canta de olhos fechados).

Para nostálgicos de fados.

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Sábado ofereceram-me bilhetes para o jogo Sporting x Vitória de Guimarães. Ainda não tinha ido ao novo estádio; é divertido, com as cadeiras de diversas cores que dão ideia de que a casa nunca está vazia (estava a três quartos). É também muito íngreme mas confortável.

Na primeira parte o Sporting jogou pessimamente, com os jogadores sem saber o que fazer à bola, falhando passes, chutando para fora... O Guimarães dominou claramente.

Paulo Bento fez duas substituições no intervalo, e a tendência mudou na segunda parte, com algumas exibições decentes (Izmailov) e culminando nos três golos do Sporting.

Comprei finalmente um cachecol :-)

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Domingo visitei a exposição O Corpo Humano como nunca o viu; para mim, como cirurgião, foi bastante interessante, mas não recomendo a estômagos sensíveis. No departamento de Anatomia da Faculdade de Medicina de Lisboa/Hospital de Santa Maria há algumas preparações do mesmo género, embora não tão completas.

Há uns anos, em Barcelona, vi uma ou duas peças semelhantes, etiquetadas como arte.

6 comentários:

Paulo disse...

A Fátima tive de ir eu. De Fados e de Futebol consegui escapar-me, o que já foi uma vitória, porque estive rodeado de gente que foi ora a uns, ora ao outro. E por muito pouco me livrei da tourada.
Saudações.

Gi disse...

Que horror. Fados e futebol, ainda vá, mas há que traçar limites. Touradas, levaram-me a ver duas quando era muito novinha, jurei que nunca mais.

A propósito, porque será que a maioria dos monárquicos é católica e gosta de touradas? Não é com certeza um sine qua non!

Miguel G Reis disse...

Sportinguista? Bom, todos temos os nossos defeitos! ;-)

Também tenho curiosidade de dar uma vista de olhos ao filme do Saura, mas estando longe vai ser difícil.

Uma boa semana!

Beijinho.

Paulo disse...

Mas há momentos em que não podemos escolher e dizer não, se o nosso trabalho a isso nos obrigar. Pode acreditar que é com muito sacrifício que vou com alguma frequência aos fados. Já para não falar de Fátima, onde voltei a assistir à triste cena dos crentes que se arrastam puxando o corpo com os cotovelos (já não é só de joelhos).

Na minha opinião, pode ser monárquica e ateia ou praticar qualquer religião que não o catolicismo. Os holandeses que adoram a sua rainha não são católicos e devem achar a tourada um costume bárbaro. Logo, não há incompatibilidades desse género. Diria antes que temos por cá uma grande maioria de monárquicos conservadores e tradicionalistas porque sim. Sousa Tavares, o marido de Sophia, era monárquico e esteve preso em Caxias. Se calhar não gostava de touradas.

Gi disse...

Suponho que o filme do Saura há-de eventualmente sair em DVD, pelo menos para o mercado português.

Seguir as conversas sobre futebol sem ter um clube preferido é uma seca. O Sporting é o mais civilizado, e os adeptos torcem, torcem até ao fim da época.

Pois é, Paulo, às vezes os nossos trabalhos castigam-nos. E quanto aos monárquicos, referia-me aos portugueses, claro. Caçadas, touradas, não há arte que os redima aos meus olhos.

Paulo disse...

Não há.