quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O casamento gay Parte II

O sr. José Sousa, cujo partido há três meses atrás votou contra uma proposta do Bloco de Esquerda para permitir o casamento civil aos homossexuais, promete agora que se for reeleito mandará legislar a favor desse casamento.

Se por um lado isto não é mais que uma manobra eleitoral primária e condescendente (assume que os homossexuais são estúpidos e desmemoriados), por outro parece ter levado a uma reacção igualmente primária do pessoal da direita, sobretudo o PP (Partido do Portas), que assumindo-se em oposição julga defender os valores conservadores e a estabilidade familiar e social condenando o casamento gay.

A direita está assim a cair na armadilha. O que a direita deveria dizer é que o Estado não deveria meter-se na vida das pessoas, e que por isso mesmo deveria permitir o casamento a quem quisesse contraí-lo. Por isso mesmo a definição de casamento deveria ser alterada para ser independente do sexo. Já apresentei aqui argumentos a favor dessa alteração.

E sou só eu que acho estranha esta aparente homofobia quando é voz corrente que dirigentes partidários à esquerda e à direita são ou têm práticas homossexuais?

10 comentários:

motociclista disse...

Sem querer entrar em polémicas, pelo menos, por agora, gostaria apenas de a remeter para uma entrevista, na RTP2, àcerca da homossexualidade, ocorrida há uns anos, em que eram entrevistados, AL BERTO(com obra que, aliás, muito aprecio), GUILHERME DE MELO e o companheiro deste, cujo nome não recordo.
Da conversa entre entrevistador e AL BERTO, retive apenas, por me parecer uma afirmação extremamente lúcida, ter este manifestado o seu desencanto e desagrado pelos homossexuais que, à viva força, pretendem e reclamam, para si,Instituições criadas,exclusivamente, para heterossexuais.
O modo desapaixonado como redigiu o seu comentário ao Sr. J. Sousa, leva-me a perguntar:"Quer comentar a posição de AL BERTO "?

Gi disse...

Motociclista, obrigada pela visita e pela contribuição para o debate.

Como me diz que essa entrevista foi há uns anos, lembro que já foi muito mais difícil para os homossexuais assumirem a sua homossexualidade (não digo que agora seja fácil, por exemplo para um adolescente, mas será com certeza mais fácil), e que portanto houve uma época em que aquilo que eles desejavam era o direito à diferença.

Agora, talvez se sintam mais à vontade para desejarem o direito à igualdade de tratamento.

Paulo disse...

Penso que tem toda a razão, Gi.

Paulo disse...

Enviesadamente a propósito, já aqui tínhamos falado disto.

Fernando Vasconcelos disse...

Celá vá de soi que é como quem diz obviamente que o estado deveria deixar estas questões à vontade livremente expressa de cada um. Costumo dizer que o amor nunca é problema. Já do ódio não poderemos dizer o mesmo.

Gi disse...

Paulo, continua a haver grandes confusões nas cabeças das pessoas.

Fernando, havia um legislador grego antigo que dizia que para bons cidadãos não são precisas muitas leis, e eu ainda acredito nisso.

Gi disse...

Paulo, o debate sobre dádivas de sangue parece continuar aqui.

Paulo disse...

Já lá fui ver. Para mim, não faz sentido o IPS não querer aceitar o sangue de quem o quer dar, partindo do princípio que todas as dádivas têm de ser devidamente analisadas. Ou não será assim? Talvez a Gi me possa esclarecer.

Gi disse...

A única razão mais ou menos compreensível será a económica: como as análises custam dinheiro, tenta-se logo à partida eliminar amostras que não valham o custo da análise.
Claro que as perguntas devem ser claramente sobre comportamentos e factores de risco.

Paulo disse...

Ora aí está, Gi. O pressuposto dos grupos de risco deveria ser reavaliado porque já não faz sentido.
E a discussão também anda por aqui, onde alguém coloca a mesma questão que eu:
"o sangue dos dadores não é testado para verificar a existência de possíveis doenças?..."