quarta-feira, 18 de março de 2009

Poço sem fundo?

No meio de tanto pacote de estímulo que parece escoar-se para as mãos de alguns, e da discussão sobre regulação dos mercados com uma tendência maioritária para a aprovação de um maior peso do estado (via Desmitos), pareceu-me interessante esta perspectiva do economista brasileiro Ladislau Dowbor.

Alguns extractos:

A moeda representa direitos sobre produtos comerciais. São papéis, e mais recentemente puros sinais magnéticos nos computadores. É fácil de produzir. Quanto aos bens da economia real, estes têm de ser, de facto, produzidos com esforço, matérias-primas, factores de produção.(...)
[Há] 680 biliões de dólares (...) emitidos no mercado de derivados, sob várias formas. Ora, o PIB mundial é da ordem, apenas, de 60 biliões.(...)
Quem garante que depois da descida há uma subida? Se houver mudanças estruturais, sim. Mas através dos mecanismos oligopolizados de finanças internacionais existentes, e que chamamos por alguma confusão mental de "mercados", seguramente que não.(...)
Quanto aos organismos reguladores, Joseph Stiglitz já mostrou como são as mesmas pessoas que ora estão no Tesouro, ora no FMI, ora na Wall Street, ora na Reserva Federal. Em vez de prestarem serviços financeiros, essencialmente se serviam, e ninguém gosta de estragar festas, sobretudo quando participa.(...)
Neste sistema, se não houver controlo externo, político, sobre como são manejados os nossos recursos, simplesmente continuaremos a nos matar de trabalho para produzir um mundo de coisas idiotas, em vez de reduzir a jornada de trabalho, evoluir para um consumo menos denso em Barbies e mais denso em cultura, com maior presença dos bens gratuitos (família, passeios, festas, eventos culturais). (...)
Ninguém perderia nada em se fechando os grandes sistemas de especulação.(...)
Há um pano de fundo em todo o processo, é que o sistema capitalista exige uma permanente dinâmica de expansão para não cair.(...)

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