terça-feira, 3 de março de 2009

Milk

Comecemos pelo princípio: Milk é um filme político, interessante, com uma excelente interpretação de Sean Penn no protagonista. Passa-se em S. Francisco nos anos setenta do século passado, antes do aparecimento do HIV e da explosão da SIDA na comunidade gay daquela cidade.

Imagem Wikimedia Commons

Talvez a localização e a datação precisas contribuam para nos arriscarmos a reagir com um Felizmente estas coisas já não acontecem. Mas não é verdade: basta lembrarmo-nos da aprovação há poucos meses da Proposition 8 que cancelou o direito ao casamento gay na Califórnia.

Se pensarmos que em Portugal não se matam homossexuais, nós que temos amigos ou colegas homossexuais tenderemos a negar a existência de homofobia. Mas não é verdade: basta lembrarmo-nos de que na recente discussão sobre o casamento gay houve quem argumentasse comparando a homossexualidade à bestialidade, à poligamia ou ao incesto.

E se pensarmos nisso, quando é que um candidato a um cargo público neste país ousou assumir-se como homossexual?

3 comentários:

Moura Aveirense disse...

A ler, a crónica da Inês Pedrosa no último Expresso (pode-se ler por exemplo aqui )...

Destaco o seguinte pedaço: «Todos sabemos de casos de famílias que desprezaram e abandonaram um dos seus filhos ( ou filhas) por causa da sua homossexualidade, e que, depois de morto o pecador, aparecem para lhe ficar com todas as posses – enquanto a pessoa que com ele partilhou a vida, os problemas do quotidiano e a doença fica espoliada de tudo, a começar pela casa que era morada do casal. É isto humano? É isto admissível, no século XXI? É isto cristão? ». Eu, pessoalmente, acho que não.

Alvaro Santos Pereira disse...

Nem mais, Gi.
A verdade é que ainda existe muita discriminação entre nós. E uma das provas disso é, sem dúvida, a inexistência de políticos de renome que assuma a sua homossexualidade

Alvaro

Paulo disse...

Acho o filme essencialmente importante do ponto de vista documental e pedagógico. Vale a grande interpretação de Sean Penn e o tempo de antena na cerimónia dos Óscares, muito bem aproveitado por ele e pelo argumentista.

De resto, se não existisse homofobia não seria necessário continuarmos a debatê-la. E o facto é que o tema está aí para durar.