quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sobre Santorini

Esta visita a Santorini foi breve, uma curta escala na viagem de Naxos para Creta. Há quatro anos passei lá uns dias, instalada num daqueles hoteis feitos de quartos escavados na rocha e terraços debruçados sobre o abismo.

Pode-se ficar por ali, a ler e a olhar o mar, a serenidade incrível da caldera, a antiga cratera do vulcão invadida pelo mar após uma catastrófica explosão há 3500 anos. Mas pode-se alugar um carro, ou um táxi, e visitar as escavações de Akrotiri ou da antiga Thira (cedo: cuidado com os horários dos sítios arqueológicos na ilha) ou ver as peças aí encontradas agora expostas nos museus da capital, Fira. Pode-se descobrir fantásticos restaurantes em aldeias perdidas ou ali mesmo ao lado, na rua principal de Ia. Pode-se descer para o lado de Kamari ou Perissa e experimentar as praias de areia negra, embora aí seja certo que encontraremos hordas de ingleses e alemães tatuados. Perto de Akrotiri há uma praia de areia encarnada, frequentada por gente mais nova. Também se pode fazer um passeio de barco até aos ilhéus Kameni, produto de erupções mais recentes.

Santorini é tão bonita, tão diferente e impressionante, que não há um navio de cruzeiro no mediterrâneo oriental que não atraque ali durante umas horas, expelindo pelo menos um milhar de passageiros que prontamente são levados de autocarro até Fira e Ia, onde porta sim porta sim são tentados a comprar desde ourivesaria a T-shirts ou esponjas naturais.

Quando os navios partem a ilha é de quem fica: os turistas de praia, nas suas praias de areia negra, e os contemplativos, que prescindem de entrar no mar para o admirarem de longe, do alto dos 400 metros de falésia. O pôr-do-sol atrás dos terraços e das cúpulas de Ia é magnífico; a ocasional trovoada nocturna espectacular.


O inverno deve ser estranho, melancólico ou medonho. Os nativos, quando acaba a estação, em muitos casos também vão embora, para o continente, e não sei mesmo se Santorini continua a existir.


(Todas as fotos: Santorini, Setembro 2005)

5 comentários:

Mário R. Gonçalves disse...

:) muito bom post! e é isso, tal qual diz, parabéns!

mfc disse...

É um verdadeiro paraíso!

Moura Aveirense disse...

Grrrrrrrrrrr ;)

Paulo disse...

Uma vez também estive numa ilha fora da época, em fins de Março, e o tempo estava tão mau que o barco já não saiu de lá durante cerca de uma semana. Tive de regressar a Atenas de avião, quando o aeroporto reabriu. Entretanto tinha nevado e eram visíveis alguns estragos na cidade: a placa do hotel tinha sido derrubada pelo vento.
Mas sobre a ilha, gostei da sensação de não estar lá mais ninguém senão nós, um casal brasileiro e os locais. Só dois ou três restaurantes estavam abertos e quando chegávamos éramos tratados por "os Portuguesos". A ilha parecia estar ainda em plena hibernação. No dia do feriado nacional, em que os Gregos comemoram a sua libertação, um restaurante tinha apenas um prato de bacalhau frito, que, segundo nos afiançaram, é o prato do dia da festa.

Gi disse...

Mário, obrigada, ainda bem que se reviu na descrição.

MFC, pois é :-)

Moura, como diria o Jr, rrrrraaaauuu :-)

Paulo, essa experiência deve ter sido muito interessante. Lembras-me um fim-de-semana no lago de Como em Dezembro, sem hotel marcado, tudo fechado, e eu com medo de só encontrar uma pensão michuruca, o que felizmente não aconteceu.
Acabaram por ser dois dias lindíssimos e tranquilos.