Este sábado a Fundação Gulbenkian transmitiu em directo mais uma produção MetLive in HD, desta vez o Götterdämmerung, o capítulo final da tetralogia do Anel dos Nibelungos, na concepção de Robert Lepage.
Dos três que vi (Die Walküre, Siegfried e este), foi aquele de que menos gostei e o que me deixou mais cansada, embora não esteja com isto a dar-lhe uma nota negativa. Penso que o efeito surpresa da máquina se desvaneceu, e que neste episódio valeram mais as projecções video que os movimentos da dita, sendo que no terceiro acto, nas cenas com as Filhas do Reno, a conjunção máquina+vídeo resultou muito bem. No final, a destruição do Valhalla foi interessante; já o suicídio de Brünnhilde foi de uma tibieza total. Aliás o cavalo mecânico foi patético, quando as valquírias tinham cavalgado a própria máquina.
Posto isto, a música: achei o prólogo uma seca desnecessária e, depois disso, talvez faltasse alguma vivacidade habitual à direcção de Fabio Luisi, ou simplesmente eu não estivesse tão disponível para me entusiasmar. Ainda assim, houve momentos de magia nos metais e nos violoncelos, e o prazer de reconhecer alguns leit-motive preferidos. Gostei menos dos coros do que dos de outras óperas de Wagner (Tannhäuser, Lohengrin).
Quanto às vozes, eu sou uma wagneriana em construção, pelo que não tenho o conhecimento e a nostalgia das vozes wagnerianas de referência. Achei muito bem Debbie Voigt, no seu papel super-exigente, com um notável controle da emissão. Já Jay Hunter Morris, que fora uma agradável surpresa no herói de Siegfried, que continuo a apreciar cenicamente e neste aspecto achei mais confiante, pareceu-me ter como que estacionado do ponto de vista vocal. Não sei explicar isto muito bem, mas faltou-me algum heroísmo (e potência?) naquela voz.
Não faltou nada aos baixos Hans-Peter König e Eric Owens, duas vozes lindíssimas para dois personagens maléficos (Alberich e Hagen), maravilhosos desde as primeiras notas, e que fizeram um dueto excelente. König, que já cantara o Hundig da Walküre e o Fafner de Siegfried, impressionou-me mais de cada vez. Bem o Gunther de Iain Paterson e a Gutrune de Wendy Bryn Harmer, bem as Nornas e as Filhas do Reno, destacando-se a soprano Heidi Melton na terceira Norna (ainda que eu tivesse dispensado toda a cena das Nornas). E bem, embora um bocadinho envelhecida, Waltraud Meier na valquíria Waltraute.
Dos três que vi (Die Walküre, Siegfried e este), foi aquele de que menos gostei e o que me deixou mais cansada, embora não esteja com isto a dar-lhe uma nota negativa. Penso que o efeito surpresa da máquina se desvaneceu, e que neste episódio valeram mais as projecções video que os movimentos da dita, sendo que no terceiro acto, nas cenas com as Filhas do Reno, a conjunção máquina+vídeo resultou muito bem. No final, a destruição do Valhalla foi interessante; já o suicídio de Brünnhilde foi de uma tibieza total. Aliás o cavalo mecânico foi patético, quando as valquírias tinham cavalgado a própria máquina.
Posto isto, a música: achei o prólogo uma seca desnecessária e, depois disso, talvez faltasse alguma vivacidade habitual à direcção de Fabio Luisi, ou simplesmente eu não estivesse tão disponível para me entusiasmar. Ainda assim, houve momentos de magia nos metais e nos violoncelos, e o prazer de reconhecer alguns leit-motive preferidos. Gostei menos dos coros do que dos de outras óperas de Wagner (Tannhäuser, Lohengrin).
Quanto às vozes, eu sou uma wagneriana em construção, pelo que não tenho o conhecimento e a nostalgia das vozes wagnerianas de referência. Achei muito bem Debbie Voigt, no seu papel super-exigente, com um notável controle da emissão. Já Jay Hunter Morris, que fora uma agradável surpresa no herói de Siegfried, que continuo a apreciar cenicamente e neste aspecto achei mais confiante, pareceu-me ter como que estacionado do ponto de vista vocal. Não sei explicar isto muito bem, mas faltou-me algum heroísmo (e potência?) naquela voz.
Não faltou nada aos baixos Hans-Peter König e Eric Owens, duas vozes lindíssimas para dois personagens maléficos (Alberich e Hagen), maravilhosos desde as primeiras notas, e que fizeram um dueto excelente. König, que já cantara o Hundig da Walküre e o Fafner de Siegfried, impressionou-me mais de cada vez. Bem o Gunther de Iain Paterson e a Gutrune de Wendy Bryn Harmer, bem as Nornas e as Filhas do Reno, destacando-se a soprano Heidi Melton na terceira Norna (ainda que eu tivesse dispensado toda a cena das Nornas). E bem, embora um bocadinho envelhecida, Waltraud Meier na valquíria Waltraute.
Imagem Metropolitan Opera
Uma nota para quem não sabe: há cinemas em Portugal que passam em directo transmissões da Royal Opera House. Ainda não experimentei, mas não deixarei de o fazer.
5 comentários:
Também assisti na Gulbenkian e, confesso, gostei muito. Sou daqueles que acho que a ópera também é para se ver e, em termos cénicos, foi o melhor Crepusculo que vi. A máquna não teve um uso tão sofisticado como em óperas anteriores, mas criou os ambientes adequados. Gostei em particular da pira funerária de Siegfried e da destruição do Wallhala que, embora não explícita, teve aquele apontamento muito interessante do desmonoramento das estátuas dos deuses.
E também gostei da falta de uma mensagem final de esperança, como já vi com regularidade (Brunhilde grávida, criancinhas a brincar no final de tudo, etc.)
Em relação aos cantores, apesar do enorme respeito e admiração que tenho pelos do passado, temos que nos focar nos que estão no activo, pois é com esses que podemos ver os espectáculos. Acho que não é fácil, na actualidade, arranjar muito melhor, talvez com a excepção da Brunhilde (Nina Stemme é avassaladora) mas a Deborah Voigt cantou muito bem, sem dúvida a sua melhor interpretação em todo o Anel.
Já li opiniões muito diferentes da minha, mas ainda bem que nem todos gostamos do mesmo.
Para mim, um excelente espectáculo, que só tenho pena de não ter visto ao vivo.
FanaticoUm, ao vivo, pois é...
Essa da Brunnhilde grávida e das criancinhas nunca tinha ouvido. Espantoso.
Creio que sair-se ou não encantado/a de um espectáculo tem que ver não só com a qualidade do mesmo como com a disposição com que se vai e com as espectativas, e estas com as experiências anteriores, não acha?
Plenamente de acordo Gi.
Pois não vi. Mas o prólogo é tão bonito, Gi...
Welcome back, Paulo.
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