O património vai ser daqui a uns anos a nossa única fonte de rendimento. Portugal foi um país que não atravessou guerras mundiais, não teve guerras civis*. Tem, portanto, um património edificado que é absolutamente notável e se não cuidarmos dele a nossa principal fonte de rendimento pode ir abaixo. De resto, é um objetivo que temos defendido que no próximo Quadro Comunitário de Apoio, o restauro e conservação do património seja considerado um desígnio nacional.
Francisco José Viegas, Secretário de Estado da Cultura, em entrevista ao Expresso (caderno principal da edição impressa, pg 21)
Ainda bem que ele o diz, que aqui na casa já se tem batido nesta tecla. Esperemos que não aconteça a este desígnio nacional o mesmo que à paixão pela educação de António Guterres.
* Nota: podemos não ter passado pelas guerras mundiais, mas e o terramoto de 1755? E as invasões napoleónicas? E a lei salazarista dos arrendamentos? E sobretudo a associação de malfeitores entre autarcas e empreiteiros?
Francisco José Viegas, Secretário de Estado da Cultura, em entrevista ao Expresso (caderno principal da edição impressa, pg 21)
Ainda bem que ele o diz, que aqui na casa já se tem batido nesta tecla. Esperemos que não aconteça a este desígnio nacional o mesmo que à paixão pela educação de António Guterres.
* Nota: podemos não ter passado pelas guerras mundiais, mas e o terramoto de 1755? E as invasões napoleónicas? E a lei salazarista dos arrendamentos? E sobretudo a associação de malfeitores entre autarcas e empreiteiros?
11 comentários:
Penso que o nosso maior problema depois de 1755 foi precisamente a associação de malfeitores. Nada como eles conseguiu dar cabo de tantas coisas.
Quanto a desígnios nacionais, estamos conversados.
Concordamos, Paulo.
Já somos três.
Que a conservação do patrimônio seja tratada com seriedade não se discute, toda nação deve fazê-la. O que me causa espanto é a afirmação de que "o património vai ser daqui a uns anos a nossa única fonte de rendimento"...
É capaz de fazer sentido: não teremos agricultura, não teremos pescas, não teremos indústria, não teremos música, nem ciência, nem arte, nem mão de obra, nem massa cinzenta...sobra o quê ?
Em breve. Uns 30 ou 40 anitos, ou nem tanto.
Se algum do "património" que o Estado tem construído nas últimas décadas viesse abaixo, isso sim seria uma boa notícia para a paisagem. O problema é mesmo o Património com P maiúsculo. Ao que parece agora é um dos torreões da Praça de Comércio que apresenta problemas de solidez depois das obras de construção do metro.
A lei do arrendamento é da I República, data de 1919, do governo Domingos Pereira (coligação entre o democráticos, evolucionistas, unionistas e socialistas).
Ludmila, quem sabe FJV leu este meu post do mês passado ;-)
Deve ser isso mesmo, Mário.
JQ, não sabia isso da lei do arrendamento, sempre estive convencida que era de Salazar, obrigada pela correcção.
O que aconteceu com a "paixão pela educação"? Deu "com os burros n'água"?
Foi isso mesmo, Ludmila. Passou a dar-se importância às estatísticas e, para diminuir taxas de insucesso e de abandono escolar, foi-se facilitando as coisas de tal modo que os alunos passam de ano sem aproveitamento real e cada vez se sabe menos e se lê e escreve pior.
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