sábado, 15 de dezembro de 2007

Rigoletto

É difícil, hoje em dia, ir ao S. Carlos de coração aberto, sobretudo se previamente se lerem as críticas arrasadoras de HS no Crítico.
Obviamente não vou de partitura atrás, nem seria capaz de a ler, e embora conheça o Rigoletto quase de cor, é apenas porque já o ouvi tantas vezes e gosto tanto.

Lá fui, ontem, um bocado a medo, o que se calhar foi bom por ter expectativas tão baixas que só podiam ser superadas.

A verdade é que não foi uma récita memorável, nenhum dos cantores me impressionou muito (gostei mais do tenor, Saimir Pirgu), mas a não ser em algumas cenas específicas (e cruciais, de facto) não tive a noite estragada.

Alexandru Agache, no Rigoletto, esteve razoavelmente bem excepto quando lhe foi pedida uma intensidade dramática que não teve. No final da cena do rapto, quando tirou a venda e percebeu que fora enganado, a reacção foi de tal modo mansa que só faltou dizer, bem, agora vou ali tomar um café. O mesmo no final, depois da morte de Gilda.

Entre a Gilda (Chelsey Schill) e o Duque faltou química no dueto; podem ter-se beijado e apalpado mas não convenceram. Pena; são os dois jovens e a coisa podia ter resultado. As cenas de cama do último acto entre o Duque e Maddalena também foram forçadas: não sei quem achou que havia naquilo algum erotismo.
Deve ter sido quem pôs uma cama em destaque na primeira cena do segundo acto, ainda estou para saber porquê, visto que não se passa lá nada de especial; se o tenor queria sentar-se bastava uma cadeira.

Mauzinho foi também o quarteto do último acto, que normalmente me deixa maravilhada: desta vez não passou de quatro pessoas a cantar cada uma para seu lado. A Maddalena de Malgorzata Walewska aliás mal se ouvia.

Bem, já pareço quase o HS! Posso ainda contar que o público estava cheio de celebridades, vestidas e penteadas a rigor, da maioria das quais não sei o nome pelo que se poupa aqui um relato tipo revista de cabeleireiro. Aplaudiram as árias e os duetos do costume. Na fila à minha frente, contudo, havia um desgraçado que se contorcia de desespero (o desespero que faltou ao Rigoletto), sumindo-se às vezes nas profundezas para depois se elevar numa exaltação indignada. Saiu a correr antes dos aplausos finais.

3 comentários:

Paulo disse...

Pensar que vamos ter de aguentar Chelsey Schill como cantora prima-dona residente é um pesadelo. Consegui ir, à última hora... Não a vi.

Xantipa disse...

E à Biblos? Foste?

Gi disse...

Paulo, também não o vi embora tivesse olhado em volta just in case. Foi pena.

Xantipa, acabei por não ir à Biblos; só fui à fnac Chiado onde não encontrei o que procurava :-(