quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A Bolsa ou a Vida

Quando o nosso banco nos telefona a sugerir-nos que compremos acções da enésima fase de privatização da Brisa, ou da EDP, ou doutra empresa do género, quer aceitemos quer não sentimo-nos sofisticadíssimos por jogarmos, ou recusarmos jogar, na Bolsa.

Mas isto não é nada. Comprar acções de uma empresa nunca nos tornará ricos. Os mercados a sério lidam com derivados, futuros, fundos, fundos de fundos e coisas de que nunca ouvimos falar nem fazemos ideia do que sejam. Short-selling é um conceito que só a semana passada aprendi: vendem-se activos que não são nossos mas que pedimos emprestados para os readquirir quando valerem menos e os devolvermos a quem no-los emprestou. Isto não é mefistofélico?

Um clip com muito humor sobre este assunto, que me foi indicado por e-mail, está aqui.

A Bolsa é realmente um jogo, mas um jogo para profissionais, para aqueles que fazem da especulação modo de vida. O que se vende e compra em Bolsa não é moeda nem papel: são promessas. Os valores no mercado não reflectem a solidez das empresas. Isto, como dizia outro dia o Miguel Castelo Branco no Combustões, já não tem nada que ver com capitalismo. Acrescento eu: isto é realidade virtual, da mesma forma que as instalações são arte virtual, ou o Pacheco Pereira é um político virtual.

E pergunto: para aferir a gravidade e a evolução da actual crise financeira, que é consequência e causa da crise económica que vamos sentindo, não seria melhor usarmos também outros indicadores para além das subidas e descidas das Bolsas internacionais?

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